If You Still Believe escrita por Chibi Anne


Capítulo 1
Capítulo 1




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“Caso 361: O caso dos gêmeos Asakura. Peço para que o júri se organize e, também, as pessoas presentes. Sobre a acusação de homicídio qualificado, como o réu se pronuncia?” Foram as duras palavras do juiz Marco, que parecia mais impaciente do que nos dias comuns.


“Culpado, excelência.” O réu respondeu de uma forma tranqüila demais ou calma demais para uma acusação tão grave. Todos naquela sala pareceram tremer diante daquele olhar.


“E quanto às provas apresentadas pela promotoria?” O juiz perguntou, demonstrando todo o seu bom humor e a vontade de estar cuidando daquele caso.


“Nós encontramos estilhaços do copo ao lado do corpo da vítima, vossa excelência.” Tao Ren, defensor da promotoria, disse. “Encontramos,também, as digitais do réu presentes no corpo da vítima e ele estava na mesma sala da vítima na noite do crime.”


“Prossiga, senhor Ren.” O juiz disse, dando um longo suspiro.


“Nós, da promotoria, decidimos fazer um acordo com o réu se este mesmo se julgasse culpado. Todas as provas o apontam como principal suspeito, ao que tudo consta.” Ren prosseguiu.
“Ao que me parece, o vigia da casa e uma das empregadas o viram entrar meia hora antes do crime ser cometido.”


“E essas pessoas se encontram presentes?” Perguntou o juiz, passando seus olhos cuidadosamente por cada pessoa presente naquele tribunal.


“Sim, e estão dispostas a testemunhar.” Ren disse. “Eu chamo, primeiro, Ryunosuke Umemiya o vigia.” Ren chamou-o e o homem ergueu-se da platéia, caminhando até o policial que segurava um grosso livro.


“Jura dizer a verdade, somente a verdade e nada mais que a verdade durante este tribunal?”O policial perguntou.


“Eu juro.” Ryu respondeu, de cabeça baixa.


“Diga-nos o que houve na noite de 11 de novembro, senhor Ryunosuke.” Ren disse com calma.


“Eu estava no meu posto normal de vigia da casa e o patrão Hao chegou em sua moto. Eu estranhei o fato de o patrão Yoh não ter me avisado, mas deixei que ele entrasse. Eram irmãos, então não havia problema, não é?” Ele baixou o rosto para esconder as lágrimas. “Tudo o que eu me lembro, depois disso, foi de ver a patroa Anna chegando com o patrãozinho e, pouco depois, os gritos das empregadas foram ouvidos. Eu fui ver o que era e encontrei meu patrão morto na sala de música.”


“Sem mais perguntas, excelência.”Ren sentou-se em sua cadeira e Marco olhou bem para o advogado de defesa.


“Não há perguntas por parte da defesa?” O juiz perguntou, ajeitando os óculos.


“Não, excelência.” O próprio Hao respondeu, antes que o pobre advogado pudesse faze-lo.


“Muito bem.” O juiz Marco olhou para Ren, em sinal para que prosseguissem.


“Então eu chamo a segunda testemunha de acusação, Matilda Matisse.” Ren ajeitou a gravata e viu a mulher erguer-se na platéia e ir até o policial que segurava o livro.


“Jura dizer a verdade, somente a verdade e nada mais que a verdade?” O oficial repetiu todo o juramento.


“Eu juro.” Ela respondeu, assim como o outro.


“Então conte-nos o que se lembra daquela conturbada noite, senhorita Matilda.”


“Prefiro que me chame de Matie.” Ela piscou para Ren.


“Apenas prossigam, sem intimidades.”O juiz Marco disse, ajeitando os óculos.


“Ta, ta...” Matilda revirou os olhos e tornou a olhar para Ren.

“Eu estava me retirando para dormir, assim como as outras empregadas, quando ouvi a moto do senhor Hao chegar.” Ela disse com calma. “Eu resolvi atender a porta antes de terminar o meu turno e vi o senhor Hao entrar com mais seriedade do que de costume. Antes, ele costumava brincar conosco, mas...naquela noite ele sequer me cumprimentou.” Uma breve pausa. “Depois disso, eu subi junto com as outras empregadas, mas nós ouvimos o barulho do copo se quebrando e, logo depois, a senhorita Anna chegando. Ela estava numa viagem de negócios, portanto, nós fomos verificar o que houve.”


“Nós, quem?” Ren perguntou.


“Eu e as outras empregadas da casa.” Ela completou.


“Todas vocês?” Ren insistiu.


“Apenas eu, a Kanna e a Mari.” Matilda terminou.


“E estas duas, não irão testemunhar?” Marco perguntou.


“A Kanna está com caxumba e não pode sair de casa. A Mari não fala.” Matilda disse para o juiz.


“Isso não ajuda no caso.” Marco deu um longo suspiro e olhou para Hao. “Você não vai dizer nada em sua defesa, senhor Asakura?”


“Não. Eu apenas decidi aceitar o acordo com a promotoria.” O jovem rapaz concluiu.


“E o que o júri decide?” Marco perguntou, olhando na direção dos jurados.


Pequenos sons de cochichos podiam ser ouvidos enquanto cada jurado tomava sua decisão. Depois de algum tempo, um deles se levantou.


“O júri chegou a um acordo, vossa excelência.” A voz imponente de Silver soou naquela sala.


“E então?” Marco perguntou.


“Nós consideramos o réu, Hao Asakura, culpado pela morte do irmão.” Silver concluiu e tornou a sentar-se.


“Então como juiz, segundo o poder que me foi dado, eu condeno Hao Asakura por homicídio qualificado a quinze anos de prisão sem direito a condicional, pela morte de Yoh Asakura por meio de envenenamento. O caso está encerrado.” O martelo foi batido contra a madeira oca daquela mesa. O som ecoou por toda a sala que começava a esvaziar.


O réu se ergueu algemado. Ele estava sendo acompanhado por dois policiais, mas ela pareceu não se mover. Ela estava vestida de preto e apenas observava a cena. Os olhares dos dois se cruzaram uma última vez e ele falou.


“O que eu fiz, eu fiz por nós.” E ela não respondeu. Ele foi levado e nenhuma palavra foi dita por parte dela, até que um garoto pequeno demais para sua idade se aproximou.


“Não escute o que ele diz, Anna. É melhor nós irmos embora.” Manta disse, olhando para Anna, mas ela não respondeu. “O Hana não está com você? Sei que ainda está muito abalada por isso, mas...”


“O Hana está na casa dos avós.” Foi a única coisa que Anna disse, antes de deixar aquela sala.


“Ela ainda está muito abalada, Manta. Afinal...o Yoh era
marido da Anna.” A voz de Lyserg soou fraca e Manta entendeu porquê. O garoto estava com os olhos vermelhos e ainda chorava pela morte injusta do amigo.


“Não podemos culpa-la. Aquele Hao Asakura é um assassino.” Manta respondeu com seriedade e Lyserg concordou com isso.


Ela escutou, mas fingiu que não. Ignorou cumprimentos e passou por todo mundo. Ignorou o carro que a esperava e saiu andando com as próprias pernas.


O destino gosta mesmo de brincar, não é?
Parece que quanto mais nos esforçamos, mais distantes ficamos.


Anna deu um longo suspiro e parou sentada no balanço de um playground. Já era fim de tarde, por isso, não havia ninguém.


Fazem mais ou menos dois anos que eu te conheci, aqui, neste playground. Você não era ninguém em especial. Era apenas um músico daqueles que ganhava a vida tocando em bares e tirava uns trocos, nas horas vagas, tocando pelas ruas. Você podia ser muito mais do que isso. Claro que podia. Mas você era teimoso, teimoso como eu.


Eu me lembro que as suas primeiras palavras vieram em forma de nota. Você tocava violão e também cantava. Eu não sei se era o meu mau-humor constante, mas a sua música me irritava. Era algo do John Lennon, eu tenho quase certeza disso.


“Você está sozinha nesse parque?” Você perguntou em tom gentil. Eu não sabia se a conversa fiada era só para conseguir dinheiro, mas naquele dia, você me salvou.


“Não te interessa.” A minha resposta veio imediatamente. Isso, quase sempre, assustava as pessoas. Me espantou que você apenas esboçasse um sorrisinho quando lancei um dos meus olhares mortais.


“Você está mal-humorada com algo.” Você afirmou com um ar tipicamente calmo. Um ar que me causava irritação.


“Eu sou mal-humorada. Agora, se me dá licença...” Eu me levantei para sair dali. Você não deixou.


“Isso não traz frutos bons para a vida, moça.” Você disse com calma. “Deixe que eu toque uma música pra você. Prometo que esta eu não vou cobrar.” Não foi o olhar persuasivo que você tinha e nem mesmo o sorriso provocante que me fizeram sentar novamente naquele balanço. Foi o simples fato de eu saber que você me seguiria até os confins do Japão se eu não escutasse aquela maldita música. Pelo menos foi o que pensei.


“Seja breve. Eu tenho compromisso agendado.” Você sorriu novamente. Desta vez, um sorriso vitorioso, de quem conseguiu o que tanto queria. Eu ouvi você tocar, desta vez em silêncio. A música que você tocava era diferente. Era melodiosa. Como era mesmo o nome? If you...If you still believe! Era isso mesmo.

Eu não havia percebido mas, naquele instante, você já havia me conquistado. Foi besteira minha tentar resistir. Aliás, resistir é uma palavra errada, porque eu não resisti a você.


“Uma moça linda como você, deveria sorrir. Essa tristeza não combina com a sua beleza.” Você falou essas palavras como se me conhecesse. Eu não perguntei o seu nome naquele dia. Eu não perguntei quem você era e você não perguntou quem eu era.


“Isso não é da sua conta.” Foi a minha resposta. Eu gostaria de ter dito algo como Você tem razão, eu deveria sorrir mais vezes. Ou Como você sabe que estou triste? Mas não. Ao invés disso eu disse Não é da sua conta. E você não se mostrou abalado com a resposta. Você apenas sorriu e respondeu Nós voltaremos a nos encontrar.


“Senhorita Anna, o carro está esperando.” A voz do homem soou firme. Não fazia tanto tempo que Anna o conhecia, mas sabia que era motorista da família Asakura há anos.


“Eu já estou indo, Luchist.” Anna respondeu com tranqüilidade e se levantou do balanço, caminhando ao lado do motorista. Ela entrou na limusine e não se mostrou surpresa quando viu o filho sentado ali.


“Ele não parava de chorar, dizendo que queria ficar com a senhorita.” Luchist disse quando já dirigia o carro.


“Tudo bem. Eu pretendia que ele passasse a noite na casa dos avós para que eu pudesse preparar tudo. Mas talvez seja melhor que ele fique comigo.” Anna respondeu com tranqüilidade. Ela não era do tipo que se abalava por qualquer coisa.


“Ma-ma...” O garotinho murmurou baixo. Não devia ter mais que seus três anos e, por isso, não entendia bem a situação. Anna apenas suspirou e pegou-o nos braços.


“Para onde deseja ir, senhorita?” Luchist perguntou.


“Para casa.” A resposta foi imediata. “Não. Vamos para a minha casa.” Aquele minha Luchist compreendia. Apesar de não conhecer Anna há tanto tempo, ele sabia que local era este.


“Sim, senhorita.” A resposta dele foi curta, breve e educada.

Chegaram logo ao local. Uma bonita casa em um bonito bairro. Anna pegou Hana nos braços e saiu do carro. Nunca pedia para Luchist abrir ou fechar a porta e poucas vezes se despedia do motorista. Aquela era uma dessas.


“Boa noite, Luchist.” Ela disse. “Tome cuidado com o trânsito.”


“Boa noite, senhorita Anna. Jovem mestre.” Luchist disse e abriu um sorriso ao ouvir as últimas palavras. “Muito obrigado. E...” Ele disse quando Anna já havia dado alguns passos na direção da casa. Ela se virou arqueando as sobrancelhas. “O senhor Hao não era má pessoa, senhorita. Apesar de tudo...”


“Não importa.” A resposta foi curta e seca. Luchist apenas a viu entrar na casa e sumir de sua vista.


                                                     X


O nosso segundo encontro foi, no mínimo, estranho. Eu já morava sozinha naquela época. Depois dos meus dezessete anos, eu me recusei a ficar em casa. O meu pai comprou uma casa – exagerada – pra mim num bairro nobre de Tókyo. É onde estou morando agora com o Hana.


Ninguém ousou questionar o fato de eu vir pra cá. Achavam que eu estava perturbada e, de certa forma, isso era verdade.

Eu me lembro que foi numa noite de chuva a segunda vez que nos vimos. Eu estava com preguiça de cozinhar, então liguei pedindo uma pizza. Eu estava tentando instalar a tv, mas confesso que nunca fui boa nessa parte de eletrônicos. Você percebeu logo de cara. Quando eu ouvi a campainha, me desenrolei dos fios para abrir a porta. Acho que a minha cara denunciou a surpresa quando vi você entregando a pizza. Eu nunca vou me esquecer da sua cara de espanto.


“Aqui est...você?” Aquele jeito tranqüilo desapareceu quando você me viu naquele vestidinho curto, não é? Você tentou disfarçar mas, como homem, nunca conseguiu me enganar. Eu percebi bem o que você estava olhando.


“O cantor do playground.” Eu tentei esconder a surpresa e, também, os fios da tv.


“Dificuldades técnicas, minha dama?” Você perguntou com um sorrisinho estampado no rosto.


“Nada que eu não possa resolver sozinha.” Claro. Eu jamais admitiria e você sabe disso melhor do que ninguém.


“Sei, sei.” Sua resposta foi bem categórica e você não pediu para entrar. Simplesmente entrou.


“O que está fazendo?” Eu perguntei. Estou entrando. Você disse. Você entrou e descalçou os sapatos. Deixou a capa de chuva num canto qualquer e instalou a tv em cinco minutos, no máximo.

Estranho é o modo como tudo aconteceu. Eu admito que jamais esperaria me apaixonar a primeira vista. Isso é coisa que só acontece em filmes, não é?


Naquela noite de chuva, você não foi embora. Eu jamais admiti que fui eu quem não deixei, mas você também não queria ir. Eu não sei se foi porque bebemos um pouco demais mas, quando eu acordei, você estava do meu lado e na minha cama.


Acho que nenhum de nós entendeu direito o que estava acontecendo. Você só sorria o tempo todo. Um sorriso que eu aprendi a amar, assim como a você.


“Senhorita Anna? Está ouvindo? Senhorita Anna!” O último chamado de Jun foi o suficiente para despertá-la.


“Ahn? O que foi?” Ela perguntou distraidamente. Já fazia algum tempo que estava assim...tão distraída. Tão distraída quanto Yoh.


“Eu disse que sua viagem para Paris está programada para amanhã. Disse, também, que o jovem Hana pode ficar aos cuidados de Lyserg e Anne. Acho que ele adoraria brincar com a pequena Sophie.” Jun concluiu, deixando a papelada ao lado dela.


“Certo. É só isso?” Anna perguntou com tranqüilidade.


“Sim.” Ela respondeu com um suspiro. “Já fazem três meses, Anna. Você tem que se concentrar mais nos negócios da família. O seu pai está muito doente e você precisa assumir. Eu sei que a morte do senhor Yoh te afetou, mas...” Jun abaixou o rosto ao receber um olhar de reprovação da patroa.


“Se é só isso, a senhorita já pode se retirar.” Anna concluiu com frieza e a secretária nada pôde fazer diante disso. Apenas se retirou.


Anna suspirou pesadamente e fechou os olhos. Por um instante quis esquecer-se de tudo aquilo. Mas as lembranças dele sempre lhe vinham a mente, mesmo quando dormia. Abriu os olhos e revisou a papelada antes de sair dali para pegar o filho na casa dos avós.


                                                        X


Não demorou mais que um mês para nós morarmos juntos, não é? Você nunca aceitou um emprego na indústria de automóveis do meu pai. Era orgulhoso demais para isso. Preferia continuar com suas músicas e bicos para colocar algum dinheiro naquela casa. Eu disse que não era necessário, mas você sempre foi orgulhoso.


Eu não me importava e, na verdade, até preferia assim. Você nunca foi de falar da sua família, mas sempre perguntava da minha. Eu não falava mais do que você já sabia, mesmo assim, você perguntava.


Nós resolvemos namorar escondido para não causar polêmica. Você não tinha um padrão de vida bom, não seria nada ‘elegante’ a filha dos Kyoyama se casar com um pé rapado como você. Não me leve a mal, mas era essa a nossa realidade.


Quanto tempo nós tivemos essa felicidade? Acho que não durou mais do que seis meses. Tudo era bom demais. Perfeito demais. Como todo casal, nós brigávamos – até mais que o normal – as vezes. Mas tudo sempre acabava bem e, geralmente, depois que você tocava uma música, nós íamos pra cama.


Por culpa da família, eu tive um casamento arranjando com alguém do meu patamar social. Você disse que lutaria por mim, mas de que adiantaria? Seriamos nós dois contra ricos e poderosos. Era melhor colocarmos um ponto final nisso. Os contos de fadas não duram para sempre, você sabe bem, deveria saber.


“Isso não é justo, Anna! Não é justo!” Você me dizia.

Realmente, não era justo, mas de que importava?


“Não podemos fazer mais nada. Eu preciso cumprir com o meu dever.” Não era essa a resposta que eu queria dar. Mas eu não tive escolha, acredite em mim.


“Você não quer isso.” Você afirmou com convicção e o seu olhar não deixou a desejar.


O que aconteceu depois disso? Nós brigamos, claro. Nós brigamos e você tocou aquela mesma música do primeiro dia. If you still believe...é uma música muito bonita e eu a tenho gravada na sua voz. A rotina não mudou. Depois da música, cama.

Mas eu tinha que por um ponto final nisso. Eu não queria te fazer sofrer e eu não queria sofrer, sabe? Por isso eu preferi te deixar aquela carta. Os meses que passei com você foram os melhores da minha vida.Por isso eu pedi para que você não me seguisse. Pedi para que tentasse ser feliz de outra forma. Mas o destino é uma coisa maldita, não é? Você tinha que estar lá. Claro que sim.


“O que a senhorita acha?” O sotaque francês pareceu forçado demais para Anna.


“Acho que este modelo está ótimo.” Anna respondeu. Não que estivesse pensando naquilo. Ela só pensava nele.


                                                       X


O cheiro de velas a incomodava. Ter que sempre usar preto a incomodava. O fato de ter que fazer o discurso na frente de toda aquela gente a incomodava. Já faziam cinco anos desde o assassinato de Yoh e, todo santo ano, ela ficava responsável pelo maldito discurso.


Hana a assistia sentado em uma das cadeiras. Estava ao lado de Sophie. Os dois eram como unha e carne, não se separavam nunca. Depois do discurso, era sagrado que todos fossem a casa dos Asakura para um jantar. Era estranho que sempre chovesse em 11 de novembro.


Yoh Asakura. Atencioso, carinhoso e compreensivo eram poucas das qualidades que ele possuía. Era o tipo de homem que toda mulher desejava como marido. Toda mulher, menos eu.


Eu não sei qual choque foi maior. Se foi o choque por ele ser idêntico a você ou se foi o choque por ver você sentado ao lado dele na mesa do jantar.


A pergunta que se entalou na minha garganta, você entendeu pelo olhar. Depois de seis meses vivendo comigo, você aprendeu a me compreender não é mesmo, Hao?


Nossa sorte foi ninguém ter percebido e, de fato, soubemos disfarçar muito bem. A ovelha negra da família, era assim que você era conhecido. Saiu de casa com quinze anos porque não suportava que tentassem mandar em você. Isso eu descobri só depois. A única coisa que eu sabia, é que você estava lá só por causa do seu irmão.


O Yoh era um bom homem. Acho que poderia ter gostado dele em um tempo mais remoto. Se eu não tivesse te conhecido...não. Acho que nosso amor não seria algo possível. Acho que eu e você nos encontraríamos uma hora ou outra, Hao. Isso seria inevitável.
Tudo porque eu estava destinada a te amar, Hao.


Foi naquela mesma noite que se anunciou o meu noivado com o seu irmão. Você não ousou a protestar e tampouco eu. Você até parecia feliz por nós dois. Eu teria me convencido disso se não te conhecesse tão bem.


A sua habilidade para disfarçar era incrível, nisso você era quase tão bom quanto eu. Você manteve a calma e a pose mesmo depois que o Yoh te chamou para padrinho. Eu admiro você por isso até hoje.


“O carro está pronto, senhorita Anna.” Luchist disse com calma para Anna, que se encontrava sentada na sala junto com os demais convidados.


“Mas já vai tão cedo, Anna?” Kino perguntou com tranqüilidade.


“Eu gostaria de ficar mais, mas o Hana está cansado, vovó.” Anna respondeu, pegando o garotinho – já não mais tão pequeno – no colo.


“Ele poderia dormir em um dos quartos mas, tudo bem, entendo que tenha trabalho.” Kino disse.


“Nós também devemos ir, Lys. A Sophie está igualmente cansada.” Anne disse com calma, aninhando a menina sonolenta nos braços.


“Eu vou pedir para o motorista preparar o carro.” O rapaz respondeu com um sorriso dócil. “Me acompanha, Anna?”


“Claro.” Anna respondeu e acompanhou Lyserg.


Lyserg parou antes de chegarem aos carros. Anna compreendeu.


“Pode ir na frente, Luchist? Eu tenho assuntos a tratar com Lyserg.” Anna disse com calma e entregou Hana ao homem, para que o levasse até o carro.


“O que está acontecendo com você, Anna?” Lyserg foi direto na pergunta. “A cada dia que passa eu te sinto mais e mais distante de todos nós.”


“Não é nada com que deva se preocupar.” Ela também foi direta na resposta e não dava nenhuma brecha para que ele fizesse nova pergunta.


“Já fazem cinco anos desde que o Hao matou o Yoh. Eu achava que isso passaria e que a causa da sua distração era a morte dele. Mas começo a achar que meu palpite estava errado, Anna.” Lyserg disse com certo pesar.


“Acho que você está vendo chifre em cabeça de cavalo, Lyserg.” Anna respondeu categoricamente, como Hao faria.

“Eu só quero acreditar que você não está assim por causa do Hao, Anna.” Lyserg deu um longo suspiro.


“A Anne está vindo com a Sophie.” Ela disse. “Tenha uma boa noite, Lyserg.” E dito isso, Anna foi para o carro, sem esperar uma resposta do jovem inglês.


“Anna...” Lyserg viu a limusine partir e não pôde deixar passar despercebido que estava preocupado.


“Ainda preocupado com isso, Lyserg?” Anne perguntou com calma, ajeitando Sophie – que já dormia – no colo.


“Algo nessa história não parece certo, Anne. Acho que os negócios da família não foram os motivos pro Hao matar o Yoh.” Ele mordeu o polegar levemente, indicando que estava nervoso.


“Então está na hora do detetive Lyserg Diethel entrar em ação.” Anne disse com um sorrisinho. “Se isso está te incomodando, descubra a verdade, querido.” Anne deu-lhe um selinho leve antes de entrar no carro com Sophie.


“Talvez você tenha razão.” Foram as palavras dele antes de entrar no carro e dar ordem para que fossem para casa.


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Notas finais do capítulo

Esse é o fim do primeiro capítulo e acho que já dá uma boa idéia do que ocorre na fic. Btw, o segundo será postado em seguida.



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