A chuva torrencial batia nos vidros do carro de forma quase violenta. Era madrugada, e a escuridão das ruas tornava o clima ainda mais pesado. A galeria de arte já estava há milhas de distância, mas o sentimento de fracasso ainda rodeava a dupla de falsários.

"Pare o carro" disse Marlene McKinnon, uma linda mulher de olhos verdes afiados e longos cabelos loiros. "Mandei você parar essa porcaria de carro!"

"Sinto muito Marls, não vou obedecer suas ordens agora", respondeu Sirius, observando-a pelo espelho retrovisor "Estaremos em Boston logo e então você poderá me matar."

A loira apenas bufou, batucando as unhas bem feitas no painel do veículo. O vermelho do esmalte reluzia na pele pálida e macia, prendendo a atenção de Black ao que pararam em um sinal vermelho. "O sinal já está aberto, querido. Você vai acelerar o carro ou continuar me admirando?" disse, em tom provocativo. A mulher sorriu de maneira triunfante ao ouvi-lo bufar, pisando fundo no pedal do acelerador.

A chegada em Boston foi marcada por discussões, já que a mulher continuava impaciente. Um bom plano era um plano sem falhas, e Marlene nunca falha. Ou falhava. O roubo das obras de arte havia sido um completo fracasso e a loira sabia que o único culpado disso estava ao seu lado, observando a paisagem. A dificuldade que seu parceiro tinha em manter as calças no lugar era uma das pedras em seu sapato de grife, mas geralmente ela sabia como lidar com aquelas situações. O lucro da venda das falsificações estava esgotando-se e logo iriam precisar de mais dinheiro.

E isso significava apenas uma coisa: um novo golpe.

A galeria La Fleur, conceituada na cidade é extremamente famosa, estava recebendo alguns dos mais procurados quadros do mundo e era lá que a dupla iria agir. Os atos calculados e exercidos com confiança e maestria foram a chave para o sucesso de Sirius e Marlene, que agora, outra vez, se encontravam no carro. Desta vez, porém, com o sentimento de glória estampado em seus rostos. A dupla de ladrões conseguiria reproduzir réplicas idênticas de seus furtos e o dinheiro estaria em suas mãos outra vez.

"Você tem sorte de ser bonito, Sirius" sussurrou a mulher, arqueando a sobrancelha bem desenhada.

"E por qual razão, baby?" perguntou, sorrindo ladino.

"Se tivesse fracassado dessa vez, teria matado você. Gosto de homens úteis." respondeu Marlene, sorrindo com seus dentes perfeitamente alinhados. "É brincadeira, querido."

Ele sorriu e concordou. Ambos sabiam que não era uma brincadeira.