Bebaça escrita por Akemihime


Capítulo 1
único




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Eles sempre bebiam demais.

Geralmente ele mais do que ela, mas não daquela vez. 

Não quando tinha uma aposta envolvida.

Não quando tinham apostado dinheiro em quem aguentaria beber mais.

E Nami não tinha a resistência que Zoro tinha para bebida, mas ela jamais perderia dinheiro, principalmente para ele.

O espadachim parecia pressentir isso quando a aposta surgiu entre eles, mas perder mais dinheiro para Nami não faria diferença (honestamente, já estava devendo tanto para ela há esse ponto que já até havia perdido a conta). 

Além do mais, era reconfortante ter outra pessoa para beber com ele. Luffy sempre focava apenas na comida, Franky preferia sua cola, assim como Brook o seu leite, Chopper era novo demais e Usopp fraco demais, Robin também dispensava bebidas fortes e Zoro preferia a morte do que dividir seu saquê com Sanji. Então… restava Nami.

— E se você não aguentar beber mais esse copo, ficará me devendo mais cem mil berries! — A ruiva exclamou, antes de soluçar, enquanto enchia novamente o copo dela e de Zoro.

Ele podia ver que a garota não aguentaria muito mais — embora ele mesmo já não estivesse completamente sóbrio há tempos. Porém, nada impedia Nami de continuar apostando dinheiro nisso, a cada copo que enchia para Zoro, se ele recusasse ficaria devendo um valor ainda maior.

Ele não reclamou — já tinha desistido de reclamar sobre como ela era uma bruxa há dez rodadas atrás —, ao invés disso apenas pegou o copo antes que Nami o derrubasse.

— Vai precisar mais do que isso para arrancar dinheiro de mim hoje — E virou, sentindo o líquido descer quente em sua garganta.

Nami xingou, as palavras já enrolando em sua língua, antes dela mesma virar seu copo.

Zoro olhou ao redor, percebendo que já era tarde demais e apenas eles restavam no deque do Sunny àquela hora. Eles e Luffy, que dormia em um canto com um osso na boca, sua barriga exageradamente cheia de comida.

— Já desistiu? — Perguntou, finalmente se virando para Nami ao notar que ela não tinha falado mais nada desde então.

E Zoro não aguentou o sorriso ao ver que a navegadora estava começando a adormecer, sua cabeça se abaixando enquanto seus olhos já se fechavam.

Se fosse em outra ocasião, ele provavelmente não perderia a oportunidade de zombar de Nami por perder uma aposta assim. Mas Zoro também já estava sentindo os sintomas da embriaguez baterem nele, o sono e a mente nublada não deixavam com que ele exagerasse naquele momento.

Zombaria dela no dia seguinte, quando todos estivessem despertos e Nami certamente com uma ressaca enorme (não ele, é claro, Zoro raramente ficava de ressaca).

Então ele suspirou, depositando o copo de lado no chão e colocando o copo de lado e ajeitando seus braços em torno de Nami. 

Zoro se levantou com ela em seu colo, se dirigindo ao quarto onde a navegadora ficava com Robin. A morena estava de vigia naquela noite e, enquanto andava para dentro do Sunny, Zoro podia jurar que sentia os olhos dela observando-os lá do ninho da gávea.

Ele só podia agradecer por Robin ser quieta demais para comentar aquele tipo de coisa na frente dos outros. Se Sanji soubesse que Zoro carregara Nami até seu quarto tarde da noite, certamente o espadachim nunca mais teria paz.

Deixando de lado seus pensamentos, abriu a porta do quarto das garotas e colocou Nami cuidadosamente em sua cama.

A ruiva se aconchegou entre os lençóis, suspirando e murmurando algo que soou como “berrie”.

Zoro revirou os olhos.

— Até dormindo você pensa em dinheiro… — Resmungou, mas sem conseguir conter o pequeno sorriso que brotou em seus lábios diante da cena.

Nami reclamava da agitação de Luffy o dia inteiro, mas ela por si só era uma pessoa barulhenta e agitada, de modo que era estranho vê-la assim tão quieta, dormindo de forma pacífica como estava naquele momento.

Zoro pegou a coberta, cobrindo a pirata e então se virando para sair do quarto. E ele sairia, se não fosse pela mão de Nami abruptamente segurando a sua.

— Fica. — Ela falou baixinho, antes mesmo que Zoro tivesse a chance de perguntar qual o problema.

Ele olhou surpreso.

Talvez estivesse bêbado demais, imaginando coisas, pois exceto pela mão da ruiva segurando a sua, ela não parecia estar acordada, seus olhos ainda fechados.

— Ahn? — Murmurou, sem conseguir pronunciar a pergunta de forma muito alta e clara.

— Fica aqui — Dessa vez a fala dela veio de forma inconfundível e Zoro viu os olhos castanhos se abrindo, olhando para ele.

As bochechas de Nami estavam rosadas e era impossível saber se era pelo álcool ou pela situação. E ele apostava que se encontrava na mesma condição também.

— Oi, Nami, você tá bem? — Perguntou, sentindo como se de repente estivesse realmente acordado e grande parte do álcool tivesse deixado seu sistema.

E ele estava confuso. E surpreso. Mas principalmente confuso.

O que Nami estava pensando, afinal de contas?

— Só cala a boca… deita aqui. — Ela murmurou, as palavras embolando ainda ao saírem de sua boca, em um sinal claro de que a embriaguez continuava presente. Nami deu espaço na cama para Zoro se deitar, completando então — Eu não vou te bater… só não quero ficar sozinha.

Zoro suspirou, tentando pensar no que fazer. E talvez fosse ainda pelo fato de realmente ter bebido muito ou pelo fato de toda aquela situação ser inédita para ele, que o espadachim decidiu não contestar mais.

— … Tudo bem — Ele respondeu, sentindo o rosto ainda mais quente e dessa vez tinha certeza que não era culpa do saquê.

E, enquanto se deitava ao lado de Nami que já parecia ter adormecido novamente, com a mão ainda segurando a dele, Zoro percebeu três coisas.

Primeira. Aquela cama era realmente muito macia.

Segunda. Se alguém o achasse ali, Zoro estaria morto pela manhã.

E terceira. Dormir com o corpo de Nami tão próximo ao seu fazia valer a pena ser morto.


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