The Sirens escrita por jduarte


Capítulo 11
Under Rocks


Notas iniciais do capítulo

Hello, people!

Espero que gostem!

Beijos,
Ju! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/780938/chapter/11

Nossa comemoração foi regada ao bom e velho cheesecake com chocolate da Cubana que morava apenas algumas quadras do Aquário, e salada de macarrão. E eu contei tudo o que podia contar, para Jack, omitindo, é claro, a situação desastrosa de ter vomitado nos sapatos de Carter. Inclusive sobre ter levado um estranho para dentro de minha casa, sem nem pensar nas consequências.

— Mas ele era gostoso? – Jack perguntou, lambendo a colher para sorver até a última mordida do cheesecake.

Olhei-o completamente chocada enquanto pegava mais um pedaço de meu próprio prato.

— Você está perdendo um pouco do contexto, Jack. Eu acabei de dizer que levei um estranho para minha casa, quase como se eu estivesse dopada de remédios, e você me pergunta se ele era gostoso?

Jack revirou os olhos e riu.

— É sério! E se eu estivesse morta? – cruzei as mãos em cima do peito. — Você sentiria muito minha falta, tenho certeza disso.

Ele revirou os olhos com meu drama, e eu tive que segurar para não bufar.

— Querida, sejamos realistas, ninguém seria capaz de enfrentar a sua fúria. Seus rins ainda estão no lugar, certo? Nenhum órgão muito importante faltando, não é mesmo? – ele me olhou enquanto arqueava as sobrancelhas delineadas.

Então Jack empurrou sua colher para longe, assim como o prato sujo de cheesecake e limpou a garganta.

— Qual é, Nessa. Dê-me ao seu pobre amigo pelo menos alguma imagem para que eu possa fantasiar sobre ele, mais tarde.

Fiz uma careta.

— Agora é que eu não falo mesmo!

Explodimos em gargalhadas e Jack limpou a boca com um dos guardanapos de papel que se encontrava em cima da mesa.

— Mas sério, Nessa. O que é que deu em você? – Jack perguntou. — Você anda tendo muitas “primeiras vezes” essas semanas.

Dei de ombros.

A verdade é que eu não sabia, e também não me importava muito. O fato de ter ajudado Wade já tinha sido um marco histórico, e eu nem ao menos sabia o porquê de ter feito aquilo.

Talvez ele fosse um tipo de mágico, e tivesse me hipnotizado para levá-lo para outro lugar. Algum lugar seguro. Ele até mesmo não havia deixado que eu o levasse ao hospital, para realmente checar se havia algo de errado com Wade.

Engoli seco e dei de ombros mais uma vez, tentando me convencer mentalmente de que eu realmente não sabia.

— Ah, qual é? Você nunca foi de esconder suas escapadelas.

Enfiei uma colherada na boca, usando aquilo como desculpa para não falar mais nada.

Jack cruzou os braços em cima do peito.

— Ok, senhorita. Não quer me contar, já entendi.

Quis gritar com Jack. Não havia nada para lhe contar. Porque nada havia acontecido.

— Vou te dizer uma coisa para acalmar esse seu fogo. – disse, quando engoli, bebendo um gole de água em seguida, limpando a garganta para o que sairia de minha boca. Olhei ao nosso redor e constatei que não haviam muitas pessoas para escutar o que eu diria. — Vomitei em Carter.

Jack riu. Não, ele gargalhou. De um jeito absurdamente alto, atraindo a atenção de todos os clientes, que nos olhavam como se fossemos completamente malucos. Dei um sorriso amarelo em direção à moça no caixa e arrastei Jackson para fora do estabelecimento, corada até a raiz do cabelo.

— Você... – ele se interrompeu em mais uma série de risos que me fazia querer enfiar a mão em sua cara. — Isso é piada, não é?

Apertei a ponte do nariz, esperando que o chão se abrisse sob meus pés e me engolisse.

— Mas é claro que não. – resmunguei. — Isso foi sério. Foi o momento mais constrangedor da minha vida.

Jack mordeu a mão, tentando impedir a si mesmo de rir e eu cruzei os braços em cima do peito.

— Okay, já deu de zoar com a minha cara. Eu entendi, foi patético.

— Querida, tá tudo bem... A maioria já vomitou em cima de alguém. – ele tentou me tranquilizar, apertando meus ombros com carinho. — Mas conte-me mais... O que aconteceu depois?

— Ele me levou para casa. E foi só isso. – respondi, abraçando meu próprio corpo por conta de uma brisa fria que soprara em nossa direção.

Já estávamos caminhando de volta para o Aquário quando no horizonte, a silhueta da praia fez com que meu coração batesse mais rápido. Algo fazia com que eu quisesse voltar para a beira da praia. Talvez até mesmo eu encontrasse Wade novamente.

— Garota, – Jack estalou os dedos em minha frente. — estou te chamando faz um tempo, e você continua olhando pro nada, se fazendo de surda!

Pisquei algumas vezes, um pouco pega de surpresa pelo volume da voz de Jackson.

— Não precisa gritar no meu ouvido. – resmunguei enquanto ele pegava em meu braço, levando-me até a entrada do Aquário. — Preciso alimentar os outros animais, te vejo mais tarde?

— Acho que sim, Emmanuel combinou de vir me buscar, mas não sei se ele vai cumprir o combinado...

Revirei os olhos e beijei-lhe a bochecha.

— Bom saber que continua correndo atrás de Emmanuel. – resmunguei, zombeteira, já me afastando de Jack.

— Hey, não me julgue. Uma vez que se encontra alguém que sabe o que fazer com que tem no meio das pernas, é difícil de largar o osso. – ele disse e eu escondi meu rosto no meio das mãos, andando mais para longe.

Jack gritou isso no meio do Aquário, e meu rosto ardeu de vergonha. Nossa sorte é que aquele horário quase não tinha cliente algum, e Jack sabia disso, e aproveitava para abusar daquele momento.

Fingi que não conhecia aquele maluco e me dirigi ao meu posto, pegando a comida dos tubarões e arraias, e vestindo minha roupa apropriada. A roupa era colada e os óculos grandes demais. A minha sorte é que todos já estavam acostumados com o procedimento, então não era nada de outro mundo.

Eu me lembrava da primeira vez que Fiona havia me dado esse trabalho, e eu não tinha experiência nenhuma com absolutamente nada em relação à alimentação daqueles animais.

— É só ter cuidado para eles não morderem o seu dedo por engano. – ela havia me dito e eu a encarei como se ela fosse maluca. Fiona abriu um sorriso largo e um tanto quanto amedrontador. — Estou falando sério, eles podem confundir seu dedo com comida.

Dizer que alimentá-los era um dos meus trabalhos preferidos, era mentira, mas era certamente uma das tarefas mais legais. Eles eram criaturas assustadoramente magníficas.

Depois de tê-los alimentado e ter me trocado, entre no aquário de água doce, e sentei no chão, respirando fundo para pensar em tudo o que havia acontecido em minha vida nos últimos dias. As novidades eram tantas que ficava um tanto quanto difícil de acompanhar.

Primeiro a notícia do trabalho, depois Wade, e então Carter. Tudo estava andando à um compasso que eu quase não conseguia acompanhar. Era maluquice dizer isso, não?

Se eu dissesse à Jack ou Pia sobre meus problemas, eles dariam risada na minha cara. Diriam que eu estava reclamando de barriga cheia. E essa era provavelmente a realidade.

Por um lado, eu havia encontrado Wade, um desconhecido maravilhoso e que eu provavelmente não veria nunca mais, e então havia Carter, e os eventos dos dias anteriores faziam com que eu não quisesse vê-lo nunca mais.

— Consigo sentir o cheiro dos seus neurônios queimando daqui. – a voz familiar fez com que eu tomasse um susto.

— Kai? – a confusão se fez presente em meu rosto. — O que diabos está fazendo aqui?

Meu irmão deu de ombros e se sentou ao meu lado.

— Só vim ver como você está. – ele disse sem me olhar.

Encarei Kai, sabendo que ele estava mentindo ou pelo menos me escondendo algo.

— Okay, o que está acontecendo de verdade? – perguntei, levantando uma das sobrancelhas acusadoramente.

Kai cruzou as pernas e respirou fundo.

— Papai veio conversar comigo enquanto você estava fora ontem.

Revirei meus olhos, cruzando os braços em cima do peito, bufando.

— Eu não quero ouvir nada do que ele tem para falar...

— Ele está preocupado com você, Nessa. – Kai começou colocando uma das mãos em minha perna, apertando de leve. — Sei que papai não é a pessoa mais sensata quando se trata de preocupação com os outros, mas ele parecia bem exasperado.

Bufei mais uma vez.

— Ele deveria estar drogado, ou bêbado. – respondi, sem um pingo de remorso na voz. — Nosso pai nunca ligou para nós, por que é que seria diferente agora?

Kai pareceu ponderar por alguns instantes, e respirou fundo.

— Desde que mamãe desapareceu...

— Kai, não quero reviver momentos passados... – tentei lhe interromper e ele continuou como se eu nem ao menos tivesse dito nada.

— ... nosso pai não é mesmo. Ele se perdeu num mundo só dele, nós dois sabemos disso. Mas ele está realmente preocupado com esse trabalho.

Estalei o pescoço e me sentei mais ereta, arrumando minha postura conscientemente.

Eu sabia que esse trabalho que Fiona tinha para mim, era um tanto quanto perigoso. Ela mesma já havia me dito isso. Não era uma surpresa.

— Papai está com medo dos riscos que você possa sofrer. Com o que nós dois possamos sofrer. – a voz de Kai ficou levemente embargada. — Eu escolhi ir com você, te apoiar em tudo o que você faria, mas é difícil.

Engoli seco.

Não, meu irmão não viraria as costas para mim, não agora, pensei comigo mesma, com o coração parecendo quase saltar pela boca.

Ele chamou você para morar com ele, não foi? – perguntei, mesmo contra minha vontade. As palavras pareceram pular de meus lábios, involuntariamente.

Kai abaixou a cabeça, sem me responder.

— E você aceitou... – era possível ouvir minha frustração em minha voz.

— Ainda não. – Kai respondeu.

Balancei a cabeça, desapontada com meu irmão, e completamente irritada com aquela conversa. Realmente não era o tipo de conversa que eu gostaria de ter com meu irmão, não naquele momento, pelo menos.

Não com tanta coisa acontecendo.

— Isso é uma piada, Lanikai, não é?

Foi quase possível ouvi-lo engolir seco e um formigamento começou no fundo de meu nariz, uma ardência familiar e incômoda.

— Você realmente está me trocando por nosso pai. Instável, bêbado, drogado e completamente incompetente. É por uma pessoa assim que você vai me trocar?

Ele não me respondeu de imediato.

— Eu preciso de você, Lanikai. Não somente como uma ajuda nesse trabalho, mas como suporte emocional. E você me desapontou demais. – disse em uma voz baixa e respirei fundo. Após alguns segundos de silêncio, disse: — Eu sou sua guardiã legal, mas se morar com nosso pai é o que você realmente quer, não vou me opor à isso.

Kai assentiu.

O silêncio ensurdecedor se instalou e eu me levantei.

— Nessa, – meu irmão começou. — eu amo você...

— Isso não é uma despedida, Lanikai. – revirei os olhos, irritada demais para controlar meus olhos. — Mas até o final da semana sairei do apartamento, você não precisa se preocupar com moradia, continuarei pagando.

Saí daquela área com meus sapatos na mão e o coração completamente partido, e fui diretamente para a sala de Fiona. Eu precisava resolver aquilo o mais rápido possível.

Com o coração nas mãos, – assim como meus sapatos – bati na porta de Fiona e entrei. Ela estava sentada na mesa, mexendo em algumas papeladas, e quando olhou para mim, sorriu como se tivesse visto a melhor pessoa do Universo.

— Ah, Nessa! Ia pedir para Jack te chamar. – ela disse e baixou o telefone que estava em sua orelha. — As chaves do laboratório chegaram, os decoradores acabaram de sair de lá.

Minha cara de confusão fez com que Fiona desse uma risada de leve.

— Achou mesmo que eu fosse colocá-la em um laboratório sem que ficasse no mínimo aconchegante para que você morasse? – ela perguntou, claramente achando engraçado.

— Não sei, mas não achei que fosse contratar um decorador...

— Não fui eu, – ela me confidenciou. — na verdade foi um dos financiadores do projeto sobre os Sirens.

Ela sorria de uma maneira animada demais, e eu continuava confusa.

— Fiona, não era preciso...

— Claro que era, Nerissa. Gostaria que você e seu irmão ficassem o mais confortáveis possível.

Engoli seco. Preferi não contar a ela que Kai não iria comigo.

— Isso é muita gentileza da sua parte. – respondi.

Ela me estendeu um molho de chaves.

— Na parte do laboratório, alguns dos cientistas trabalharão com você das 9 da manhã às 5 da tarde, de segunda-feira à sexta-feira, e você os auxiliará com o cuidado dos aquários e alimentação dos animais.

Meus dedos agarraram as chaves frias e eu as coloquei em meu bolso de trás. Ela pegou o telefone e procurou algo no aparelho fino.

— De acordo com meu calendário, você poderia se mudar para lá ainda amanhã, se quisesse. E começar a se ajeitar, para que os estudos comecem o mais cedo possível. – a voz de Fiona subiu um oitavo, de animação. — Ah, o que me lembra também: receberemos nossas primeiras notícias sobre os Sirens ainda na semana que vem.

Assenti.

— Entendi.

— Fico muito feliz que tenha aceitado trabalhar nessa pesquisa, Nessa. – Fiona disse e cruzou as mãos em cima do colo.

Fiona percebeu minha hesitação.

— Tem algo mais acontecendo? – ela indagou, com os olhos semicerrados. — Você parece incomodada com algo.

Balanceei o peso de uma perna para a outra e suspirei.

— Meu pai. Ele disse algumas coisas que não foram legais...

Fiona colocou a mão em cima da minha, afagando o dorso de minha mão.

— Querida, você tem certeza da escolha que fez?

Sua pergunta fez com que as chaves no bolso de trás parecessem pegar fogo. Com a notícia de Kai, eu tinha começado a duvidar de minha própria capacidade. E se eu não fosse capaz de fazer o que era esperado de mim?

E se eu fizesse com que Fiona se desapontasse comigo?

Realmente não era o que eu queria que acontecesse.

Mas eu faria o melhor que eu pudesse. Nem meu pai, e nem Kai poderiam tirar essa oportunidade de mim. E exatamente por isso acabei balançando a cabeça negativamente e disse, com a mentira pingando de meus lábios:

— Tenho. Tenho certeza, Fiona.

E ela sorriu para mim, satisfeita com minha resposta.

Mas não conseguia deixar de pensar:

Teria sido a melhor opção, mesmo?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Continua?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Sirens" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.