Say Something escrita por Andreza Cullen


Capítulo 1
Chapter one


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoinhas, espero mesmo que gostem. Embora algumas coisas ainda não estejam muito explicadas (sobre as crianças, suas idades, essas coisas) elas vão ser melhores desenvolvidas no decorrer da história. Por favor, me deixem saber o que estão achando, okay? Comentários são extremamente importantes para mim.
Pretendo postar uma vez por semana, sempre no domingo antes das 22:00, então já comece a acompanhar a histórias e vamos virar uma grande família amantes dos casais injustiçados pelas JK haha



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/780935/chapter/1

Acordei com o despertador marcando 6:30 da manhã. Olhei em volta e percebi o outro lado da cama vazio, de novo. Ele deve ter dormido em frente à TV na sala outra vez. Suspirei, indo para o banheiro para um banho.   

Isso já havia virado rotina. Potter chegava do trabalho, esquentava sua janta no microondas, ajudava Scorpion com a lição de casa, e, quando nosso filho já estava dormindo, ia para TV assistir qualquer coisa ou jogar um daqueles jogos idiotas de futebol. Normalmente ele dormia por lá mesmo.   

Enquanto a água fria terminava de me despertar, olhei ao redor do banheiro percebendo a bagunça comum que agora era ali. Camisetas caindo do cesto de roupas sujas, meias por todos os lugares, e a maldita toalha úmida que ele não tinha a capacidade de estender no box para secar. Fechei o registro, me enrolando na minha própria toalha e colocando todas aquelas peças no cesto de roupa.   

Eu realmente não sei quando tudo isso aconteceu. Não era algo que eu pensava que aconteceria, e muito menos que eu não ligaria.   

Depois que escolhi a camisa que usaria aquele dia e peguei meu jaleco, desci para a cozinha e o estendi na cadeira da grande mesa de jantar no cômodo ao lado.   

comodo estava arrumado, impecável até. O nosso quarto parece mesmo ser o único cômodo que ele não se importa de estar desorganizado.   

Subi até o quarto de Scorpion para acordá-lo.   

Depois do final da guerra, decidi passar um tempo fora e acabei passando dois anos nos EUA. Precisava de um tempo para mim, para me encontrar e descobrir quem realmente era Draco Malfoy. A prisão do meu pai e eu ter “passado para o lado dos bonzinhos” pareciam abelhas dentro da minha cabeça cujo a única função eram me deixar confuso. Então, assim que terminamos a escola, não pensei duas vezes e aparatei em NYC. Foram anos de ouro! Me permiti ouvir aos meus próprios desejos, fazendo minhas próprias escolhas e procurando me conhecer. Quando voltei, já sabendo quem eu era e o que eu queria, não demorei a começar meu treinamento para me tornar um medibruxo, e em poucos anos eu já era um dos melhores no meu ramo.   

E foi assim que reencontrei Harry Potter.   

Como um digno Grifinório imprudente, não era de se espantar que ele fosse o Auror que mais dava entrada no St. Mungus, e eu, como era um dos melhores medibruxos, sempre era o escolhido para cuidar do caso grave do testa rachada.   

Não demorou muito para que as ofensas virassem piadas internas, que o silencio não fosse mais constrangedor, e que uma alta virasse um drink no três vassouras depois do meu expediente.   

E, de repente, Harry estava no hospital sem nenhum ferimento, apenas para me dizer um “oi” já que, segundo ele, “estava passando por ali”. Bom, ele ganhou acesso livre a minha sala, e eu uma cópia da chave da casa dele.   

Alguns meses depois um drink se tornou um beijo.   

Agora, um até logo vinha acompanhado de um selinho carinhoso e um “não quer subir?” assanhado da minha parte.   

É um assunto que eu não costumo pensar. Poderia até dizer que estaria empoeirado se fosse algo solido.   

Bom, depois de um ano que nos reencontramos veio o pedido, da parte dele, é claro.   

E imagina qual não foi a minha surpresa quando não tardei em dizer “sim!” e me jogar em seus braços, tendo certeza que aquele seria o momento mais feliz da minha vida, e depois me corrigindo, porque qualquer momento da minha vida seria o mais feliz daquele momento em diante, afinal, eu ia me casar com o homem que amo.   

Quão iludida duas almas jovens e cheias de amor podem ser?   

Adentrei o quarto do pequeno sem fazer barulho ou acender as luzes. Fui até sua cama, sentando na ponta do lado que ele dormia e não pude deixar de sorrir, eu nunca deixava.   

 O cabelo platinado não deixava nenhuma parcela de dúvida de que ele era um Malfoy, e o temperamento mimado também não estava atrás.    

Mas aquelas atitudes loucas de se jogar na frente de uma bicicleta para salvar um filhote de gatinho também não deixavam negar que ele era filho de um Potter.   

Levei minha mão até seus fios, fazendo um delicado cafuné.   

—Scorp, é hora de acordar. Papai vai fazer suas panquecas favoritas para o café...   

Não precisei terminar a frase para que os olhinhos coloridos iluminassem um pouco o breu daquele quarto. Bom, a fome também não deixava dúvidas de que ele era um Potter.   

— Bom dia! – ele falou, pulando em mim e me dando o melhor presente que eu recebo todas as manhãs, meu abraço de bom dia.   

— Bom dia, cobrinha! – lhe dei um beijo na testa e baguncei seus cabelos enquanto o erguia no colo e o levava até o banheiro do seu quarto.   

Era melhor eu fazê-lo perder esse costume, Scorp já estava com seis anos e ainda me fazia levar ele até o banheiro.   

O apelido de “cobrinha” foi uma forma “carinhosa” que o Wesley resolveu chamar meu filho depois que ele mordeu o dedo do padrinho com um ano de vida, arrancando sangue. Era uma lembrança bem divertida.   

O soltei no piso do banheiro e fui até as cortinas do seu quarto, abrindo-as.   

— 15 min Scorp, não precisamos acabar com a água do planeta – falei enquanto o quarto ganhava luz. Aquilo sempre funcionava com ele.   

Depois de separar um uniforme limpo e extremamente bem passado da sua escolinha trouxa, desci para preparar o café, não sem antes acordar o Potter.   

  

Quando Scorp completou quatro anos, decidimos que o colocaríamos em uma escola trouxa até que ele tivesse idade o suficiente para Hogwarts. Scorp era um garoto ativo, dinâmico, e aquele tempo na escolinha com mais crianças da sua idade faziam muito bem para ele.  

Eu também não sei quando “amor” virou “Harry” e “Harry” virou “Potter”. E eu não queria realmente saber.   

Abri as cortinas da sala fazendo aquele ambiente se iluminar, fui até ele e o chacoalhei de leve. Potter muitas vezes tinha pesadelos, e acordá-lo agressivamente não era uma opção.   

— Potter, acorda, já são 7:00 horas.   

Quando vi que ele abriria os olhos já me coloquei em pé. Aqueles olhos verdes, que antes para mim eram como um refúgio, me davam uma sensação extremamente dolorosa agora. 

A mesinha de centro que ficava em frente ao sofá estava repleta de garrafas de cerveja trouxa e batatas chips estavam espalhadas fora do saco. Quando vi que ele estava realmente acordado, me encaminhei para a cozinha.   

— E arruma isso, nossa casa não é um chiqueiro.   

Ele arrumaria sem eu mandar, mas algo em mim coçava para dizer essas coisas. E eram uma das únicas coisas que falávamos um com o outro.   

  

Coloquei minha playlist de Debussy para tocar e fui preparar o café.   

Quando decidi passar um tempo nos EUA eu não fazia a menor ideia no quanto eu pagaria minha língua por todas as coisas que eu disse sobre os trouxas 

Eles tinham uma coisa chamada “tecnologia”, e era como mágica! Dela surgiam várias coisas, como a maravilhosa internet, e televisão, e isso sem falar no iphone que salvou a minha vida e nunca mais precisei invadir a lareira de alguém ou enviar uma coruja para uma pergunta banal, já que fiz todos a minha volta adquirirem um.  

Mas nada se comparava a música, oh sim! Eles capturavam a música, e ela ficava lá, salva e viva nos CD’s, na internet ou no iphone para sempre! E eu fazia questão de sempre ouvi-la.  

— Scorp, você sabe que só seu pai cai nisso, né? – falei, percebendo que o garoto tentava, mais uma vez, me dar um susto. Ele bufou e foi para uma das cadeiras da mesa do café, que ficava na cozinha e era bem menor do que a de jantar.   

Scorp decidiu que eu era o papai e Potter era o pai, e isso facilitava bem a nossa vida.   

Não pude deixar de rir. Como eu amava aquele serzinho, amava-o mais do que já amei qualquer coisa na vida.   

Depois de dois anos de casados, percebemos que estávamos prontos para filhos e Pansy foi a primeira a se oferecer para ser nossa barriga de aluguel. Potter costumava brincar que o garoto era uma cobrinha porque tinha as personalidades de duas jararacas no sangue, e Scorp amava aquilo.   

Coloquei as panquecas para o loiro no prato e para Potter também. Nunca vi alguém com o paladar tão infantil quando ele. Me servi de café e algumas torradas enquanto arrumava a lancheira do meu filho.   

Escutei um estalo e soube que era ele dando um beijo na testa de Scorpion.   

Claro que não se deu ao trabalho de falar comigo.   

Potter terminou suas panquecas pouco depois de Scorp, e retirou as louças, levando-as até a pia e começando a lavar.   

— Sirius e Remus perguntaram se Scorp não pode dormir na casa deles hoje. Parece que Teddy vai fazer uma “festa do pijama” e as outras crianças também vão.  

— Tudo bem, eu levo ele para lá depois da escola – murmurei sem me importar em olhar para ele, sabendo que ele não se importou em olhar para mim.   

Com “outras crianças” poderia-se dizer...  

Bem, muitas coisas mudaram depois da guerra, ou simplesmente vieram à tona. 

  

Remus deixou enfim Sirius contar para as pessoas que eles se amavam dês do tempo dos marotos, e não tardaram em aumentar a família. Tonks foi a barriga de aluguel deles, já que era como uma irmã caçula para os dois. Imaginam a surpresa, mesmo que todos dissessem que era impossível ele herdar qualquer característica da mulher, quando o pequeno Teddy se revelou um metamorfo! Foi uma felicidade incontável. Ele e Scorp eram como unha e carne. 

E por falar em Tonks, a garota ficou estática quando, sete anos atrás, a ruiva Weasley jogou um “Será que eu vou ter que desenhar que eu estou a fim de você dês dos meus 17 anos?!”, por que, vamos lá, Tonks não é a pessoa mais esperta do mundo quando se trata desse tipo de coisa. Depois disso, foi um bom tempo de brigas e conselhos como “Tonks, você tem que entender que a Ginna não é mais uma criança, ela já tem 23 anos e é uma mulher independente”. Quando Tonks finalmente resolveu ceder aos seus desejos, as duas não demoraram nem 6 meses e já estavam casadas! Mas resolveram que não teriam filhos. 

Logo depois que Hermione e Rony deram o primeiro beijo e quase vomitaram, percebendo que era como beijar um irmão, a morena enfim se tocou o quão Fred era apaixonado por ela a um bom tempo e confessou que também tinha sentimentos pelo ruivo, mas achava que ele nunca olharia para ela. Ela e Fred haviam tido três crias sardentas, com cabelo de fogo que eram o capeta em forma de crianças angelicais e que gritavam grifinória. Helena, e os gêmeos Mattias e Brianna.   

Quando, enfim, depois que eu e Potter assumimos nosso relacionamento, George e Lino resolveram contar que estavam juntos desde Hogwarts, chocando o total de zero pessoas. Mione foi a barriga de aluguel para eles, e o casal de gêmeos ruivos e sardentos estavam conosco há quase quatro anos, Eloise e Benjamin. Nem preciso dizer que nunca confiávamos em nada que era oferecido por esses dois. 

Rony e Lilá tiveram uma garotinha gentil e tímida chamada Melanie. Porem os dois se separaram depois de dois anos de casados. Continuavam ótimos amigos e tinham uma relação muito boa. 

Pansy e Luna haviam tido uma garotinha que era outra jararaca, obviamente puxou a mãe, chamada Scarlett, e haviam adotado um casal de gêmeos – tão venenosos quando sua irmã -, Lenora e Louis quando os dois já tinham seis anos, há três anos atrás. Ambos os três tinham os cabelos escuros, incrivelmente parecido com o de Pansy, mas Scarlet tinha uma única mecha platinada como o de Luna. Assim que os gêmeos conheceram sua irmã, não deixaram suas mães em paz até que elas deixassem que eles fizessem uma mecha igual a da menor.   

Podíamos dizer que éramos a família dos gêmeos, ou dos ruivos. Ou dos casais menos prováveis do mundo.  

— Pais, vou dormir na casa do Teddy hoje? – Scorpion arriscou, sem conseguir conter a empolgação na voz dele.   

— Sim, seu papai vai levar você pra lá depois da escola – quando dei por mim, Potter já estava com Scorpion nos ombros girando. Esses dois ainda vão se matar. Sorri novamente, não para Potter, é claro, mas para a felicidade nos olhos do meu menino.   

— Ok, ok homem aranha, venha dar um beijo em mim que seu pai vai te levar hoje – falei, me agachando e banhando um beijo babado na bochecha.   

— Scorp! Potter, o que eu te falei sobre deixar esse menino perto dos gêmeos Weasley?! – nenhum dos dois me ouvir, já que saíram rindo e correndo direto para o carro antes que eu pudesse reclamar.   

Suspirei, pegando meu jaleco e seguindo para o hospital.   

  

   

  

 

  

   

  

Assim que sai do hospital fui para a casa e arrumei uma pequena mala com as coisas de Scorp, pelo menos o bom gosto para roupas ele herdara de mim. Vi um bilhete na porta da geladeira.   

“Vou trazer comida japonesa”   

Ele sabe que eu odeio comida japonesa.   

  

  

  

Senti meu celular tocando como uma chamada de vídeo da Pansy, e o atendi no suporte do carro, ainda dirigindo.   

— Fala naja – o rosto malicioso da morena apareceu no meu iphone.   

— Doninha doninha, olha o respeito – revirei os olhos, me amaldiçoando o dia em eu deixei Mione espalhar para todos os meus amigos esse maldito apelido – sua cobrinha também vai para a casa dos Black hoje?    

— Sim, Scorp nunca me perdoaria se eu o privasse da companhia do Tedd, sabe o quão bem aqueles dois se dão, não é? E as suas crias?   

— Exalando veneno, como a mãe – ela suspirou orgulhosa – e ainda tentando me fazer ver os zonzóbulos– ela soltou uma risada espontânea, e pareceu lembrar de uma coisa, pois me deu uma piscada – aliás, tenho que agradecer ao Black e ao Lupin, pois agora eu e Luna vamos passar a noite inteira...   

— Não termina a frase, por favor – ela riu, como sempre. Se tem uma coisa que essa mulher não tem, é vergonha na cara.   

— E vocês, o que vai ser? Jantar romântico? Filminho? Ou já vão partir direto para os finalmentes?   

— Pansy!   

E ela riu mais uma vez. Mas logo ela me olhou desconfiada.   

— O que anda acontecendo, Draco?   

— Nada.   

Ela apenas levantou uma sobrancelha e continuou a me encarar.   

— Eu só nem lembro qual foi a ultima vez em que fizemos um programa de casais – dei de ombros, virando na rua da escola e estacionando. Estava alguns minutos adiantado.   

— Por que não me contou isso antes? – tirei o telefone do suporte, segurando-o com a mão mesmo.   

— Por que contaria? Não é como se nos odiássemos. Potter e eu funcionamos bem juntos.   

— E desde quando ele é Potter para você?   

Não respondi. Eu não sabia.   

Era só um sobrenome, não sei porque de tanto estranhamento.  

— Já estamos a 8 anos casados Pansy, e nos conhecemos dês dos 12, é normal as coisas caírem um pouco na rotina.   

Falei, torcendo para que o assunto sumisse.   

— Claro que é normal. É normal um lavar a louça enquanto o outro serve a sobremesa ou normal brigarem pelo controle remoto, mas não isso Draco. Não é normal vocês se chamarem pelo sobrenome.   

A voz dela parecia quase que triste, mas isso era impossível vindo de Pansy.   

Escutei o sinal da escola tocar e dei graças a Merlin por isso, me despedindo apressadamente de Pansy e procurando aquele emaranhado prateado no meio da multidão.   

— Como foi a escola? – perguntei quando Scorp já estava arrumado no banco de trás.   

— Foi muito legal, eu tirei A em matemática e fizemos um desenho – olhei no retrovisor e vi ele remexendo na mochila do homem-aranha. Tirando de lá um sulfite um pouco amassado - vou deixar aqui no carro para você e pai verem depois – ele dobrou e colocou ao seu lado.   

Chegando lá, ele mal se despediu de mim e correu direto para Teddy enquanto Remus acenava da porta. A idade parecia não surtir efeito nele, que sempre tinha um sorriso tranquilo no rosto e ainda aquela postura de professor. 

— Não deixe ele beber nada depois da 23:00, se não ele vai levantar durante toda a noite com cólicas - falei, sem sair do carro, e ele concordou, entrando com os dois garotos.   

  

   

  

 

  

   

  

Potter chegou por volta das 20:00 horas com várias sacolas de comida japonesa deixandoas na cozinha e foi para o banho, me murmurando um “oi”. Decidi relaxar enquanto assistia TV. Passava um seriado bem interessante chamado “Bates Motel”.  

  

— Draaaco! – já estava na metade do episódio quando ouvi ele me chamar do banheiro do segundo andar, eu nem estranhava mais ele não ter tomado banho no banheiro do nosso quarto.   

  

Cheguei até a porta perguntando o que ele queria.   

  

— Esqueci a toalha.   

  

Revirei os olhos e fui buscar sua toalha na lavanderia, batendo na porta quando voltei. Ele abriu uma pequena brecha e a pegou, fechando a porta delicadamente.   

  

Esse seria o momento em que eu colocaria a mão na porta, impedindo que ele a fechasse e o agarraria.  

Seria, a algum tempo atrás.  

  

Se ele esqueceu as toalhas, provavelmente havia esquecido os chinelos também e sairia pingando por toda a casa. Decidi ficar ali só para tirar a prova.   

  

Dito e feito.   

  

— Será que todas às vezes você TEM que sair fazendo essa lambança por toda a casa?!   

  

Ele bufou quando eu exclamei mesmo ele mal saindo o banheiro.   

  

— Será que todas as vezes você TEM que ser esse insuportável? Mas que inferno!   

  

Potter bateu a porta e eu me coloquei na frente dele.   

  

— Insuportável?! Você viu o chiqueiro que você deixa o nosso quarto?! E, além do mais, aonde caralhos você estava até a essa hora?!   

  

A pergunta escapuliu antes que eu pudesse segura-la, e eu a estava segurando a umas boas semanas, já que o horário dele acaba as 18:00 e ele só chegava lá pelas 20:00.  

  

— Talvez o nosso quarto esteja um chiqueiro por que eu odeio casa momento que passo lá, já que você faz com que eu me sinta um intruso! – ele gritou, mas sem se aproximar mais – E não é da sua conta aonde eu estava ou deixei de estar!   

  

Potter tentou passar por mim, mas eu o impedi apontando um dedo no seu peito.  

  

— É da minha conta sim, por que eu sou o infeliz do seu MARIDO!   

  

Ouvi um som vindo ele, uma risada de escárnio.   

  

— Marido?! – agora ele estava se aproximando – MARIDO DRACO?! – ele me olhou de cima em baixo - Eu nem te conheço mais.   

  

Ele foi para o quarto, não sem antes me lançar um olhar de raiva.   

  

Não me lembro quando esse olhar parou de me magoar.   

  

Resolvi pegar uma aspirina e lavar a roupa.   

  

Segui para o quarto, e entrei no momento em que ele terminava de colocar a blusa do pijama. Segui direto para o criado mudo do meu lado da cama tomando o comprimido que sempre estava nas gavetas nos últimos tempos e fui para o banheiro.   

  

Limpo.   

  

Sem meias, sem roupas, seco.   

  

O cesto estava vazio.   

  

— O que aconteceu com as roupas que estavam aqui, Potter? – perguntei, ainda dentro do banheiro.   

  

— Lavei no meu horário de almoço – ele respondeu simplesmente, parecendo mais calmo.   

  

Sei que deveria sentir uma pontada de culpa, mas na verdade começava a ficar com raiva.   

  

Ouvi a porta do banheiro se abrindo, e logo em seguida lábios no meu pescoço.  Foi uma reação quase que automática me virar.   

  

Meus pelos não se eriçaram. Minhas pernas não ficaram bambas e eu não senti o frio na barriga. Apenas me virei.  

  

Sem olhar nos olhos, Draco. Sem olhar nos olhos.   

  

Ele me colocou em cima do balcão do banheiro e eu tirei a camiseta dele, mordendo seu pescoço enquanto ele desabotoava minha camisa.   

  

Sem beijar, Draco. Mantenha distância dos lábios dele.   

  

Eu já nem me lembrava da última vez em que nos beijamos.   

  

Tirei sua camiseta de flanela do pijama e entrelacei minhas penas na sua cintura, mordendo seus ombros com certa agressividade, e escutei ele soltar um gemido.   

  

Não demorou muito para que eu fosse tirado do balcão ele se livrasse da minha calça e da minha cueca, fazendo o mesmo com a dele.   

  

Me coloquei de costas e escutei ele abrir uma das gavetas 

  

Apoiei meus braços no mármore e arqueei minhas costas. Ele foi rápido e logo senti seus dedos lambuzados de lubrificante na minha estrada.   

  

Ele nunca ia direto ao ponto. No início, ele falava que era para que eu não me machucasse, mas depois acho que ele apenas se acostumou. Quer dizer, o que importa pra ele se eu me machuco ou não? Não era importante nem se estávamos em um clima tenso.  

  

Ouvi algo sendo rasgado, e alguns segundos depois ele estava dentro de mim, devagar.   

  

Não era como se fosse ruim, mas tampouco era como antes. Para mim, era como no meu tempo nos EUA. Sexo, apenas. E eu tinha que admitir, Potter era bom nisso.  

  

Senti que ele começava a aumentar o ritmo, ainda timidamente, e fui com o meu quadril de encontro com ele, aumentando o ritmo por mim mesmo.   

  

Não demorou muito para que eu tivesse que me segurar no balcão de tão frenético que era. Gemidos, palavrões, baixarias.   

  

Se eu ou ele chamávamos os nossos nomes? Claro, em um passado bem distante.   

  

Se nos beijávamos fervorosamente quando estávamos perto do ápice? Eu nem me lembrava mais que fazíamos isso.   

  

Não muito depois de mim, ele também gozou. E esperamos alguns segundos até as nossas respirações se acertarem para que ele saísse de dentro de mim.   

  

Se dizíamos “eu te amo” quando acabávamos, nos beijando e tirando um fio de cabelo grudado de suor na testa do outro?  

  

Ele não disse nada antes de sair, deixando aquele banheiro para mim.   

  

   

  

 

  

   

  

Eu sempre demorava mais para tomar banho, e nunca colocava o pijama se não fosse direto para a cama. Então coloquei uma jeans e uma camisa e fui para a cozinha.   

  

Potter já estava na sala, comendo aquela coisa fria que ele chama de comida japonesa e assistindo algum filme trouxa muito ruim com explosões.   

  

Comecei a pegar algumas panelas para fazer meu jantar.   

  

— O que você ta fazendo? – perguntou ainda da sala, provavelmente tinha ouvido as panelas batendo.   

  

Não respondi, estava com tanta raiva que eu não poderia me dar ao luxo de abrir a boca para falar nada.  

  

Ouvi a TV ser coloca no mudo e me virei, vendo que agora ele estava na porta da cozinha, repetindo a pergunta:   

  

— O que você ta fazendo? – ele não me olhava mais com a raiva de algum tempo atrás, parecia... curioso.   

  

— Janta, você sabe muito bem que eu odeio comida japonesa - Falei ríspido. Voltando minha atenção procurando uma frigideira.   

  

— Claro que sei, e foi por isso que passei no La Vita è Bella e te trousse Ravioli de espinafre. 

  

Me virei, e ele simplesmente tombou a cabeça para o lado, apontando uma caixa parda em cima da mesa.   

  

Era o meu prato favorito do meu restaurante favorito, que ficava bem longe do restaurante de comida japonesa. Ele deve ter feito isso por culpa, é claro.  

  

Potter já ia sair da cozinha quando não aguentei e perguntei baixo.   

  

— Porque você usou preservativo?   

  

Meu sangue estava pulsando, latejando nas minhas veias, mas mantive minha compostura.   

  

Ele parou no meio do caminho e se virou para mim, parecendo confuso.   

  

— O que?   

  

Caminhei até ele ainda tentando conter minha raiva.   

  

— Por. Que. Você. Usou. Preservativo?!   

  

— Que pergunta estúpida é essa?!   

  

Ele estava se alterando agora.   

  

Antes de sair do banheiro depois do banho, percebi uma coisa cintilando no cesto de lixo e vi que era uma embalagem de preservativo.   

  

Só usamos preservativos nas nossas primeiras vezes, mas depois de constatar que nenhum de nós tínhamos nenhuma doença erradicamos isso da nossa vida. Eu era o único parceiro dele e ele era o meu único, confiávamos um no outro.   

  

Isso era o que eu achava até aquele momento.   

  

— É só responder Potter, tenho certeza de que você consegue entender uma pergunta tão simples – minha voz saiu tão arrogante quanto eu queria que saísse.   

  

— Eu não acredito nisso! – ele falou em meio a uma risada descrente.   

  

— Você não acredita? Imagina então descobrir que seu marido está te traindo! – cuspi a frase sentindo minha mão coçar para apanhar minha varinha no bolso.   

  

— É ISSO QUE VOCÊ PENSA?! – Potter gritou, socando a parede logo em seguida – caralho Malfoy, e essa droga que você pensa de MIM?!   

  

Ele estava de costas, e minha raiva só aumentava.   

  

Ele ainda tinha a capacidade de negar?!    

  

— E me diz qual outro motivo eu tenho para pensar algo diferente Potter! Seja bruxo o suficiente e ASSUMA! Você chega tarde todos os dias! Todos! E hoje resolve me trazer isso! – apontei para o embrulho do restaurante – coincidência que você decidiu usar camisinha no mesmo dia, uh?!  

  

Sabia que se não extravasasse minha raiva faria algo com a minha varinha do qual me arrependeria, então peguei um prato qualquer e atirei com toda a minha força na parede contraria em que ele estava.   

  

Potter saiu da cozinha e vi ele pegando a carteira.   

  

— Aonde você PENSA que vai?   

  

— Sair.   

  

Ele respondeu seco e aparatou.   

  

Eu não me lembrava quando a confiança havia se acabado, mas foi naquele momento em que percebi que isso não vinha de hoje.   

  

Não era de hoje em que eu perguntava porque ele chegou tarde, ou porque ele tinha manchas rochas pela pele, mesmo sabendo que ele era um Auror. Que eu evitava lavar a camisa dele receando encontrar algum perfume que não fosse o meu ou o dele. Mesmo que até aquele momento não tivesse encontrado nenhum.  

  

E eu também não sei quando eu parei de esperar que ele fizesse algo, dissesse algo, já que eu estava desistindo, porque eu não sei bem em que momento eu desisti. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Se encontrarem algum erro, me avisem.
Até semana que vem



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Say Something" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.