Capítulo 09 - Eu realmente preciso que todos vocês entendam

|EDWARD|

Com tanta coisa acontecendo e o máximo de cuidado que dávamos a Rose, nossas semanas começaram a correr. 

Emmett começou a trabalhar de garçom em um Outback e, com a fisioterapia constante, o ombro dele estava bem melhor, aos poucos, ele ia deixando a tipoia de lado. 

Bella ainda estava desempregada, Emmett não falava, mas eu achava que ele torcia para ela continuar assim porque ela vivia com Rose agora. Fazia lanches, ajudava com os trabalhos e tudo o mais. Muitas vezes cheguei no quarto delas encontrando Rose ditando e Bella digitando trabalhos para ela, mas eu via que minha namorada estava aflita por ficar parada, então comecei a perguntar em todos os lugares sobre empregos.

Com a ajuda de um amigo da faculdade, Alice começou a trabalhar, como temporária, em uma loja de maquiagens do shopping. Ela estava torcendo para ser efetivada, mas por enquanto estava bom.

Com três salários, as contas eram pagas com maior facilidade.

Aidan e Victoria não cansavam de nos convidar para sair, mas com tudo o que acontecia durante a semana, os nossos finais de semana eram de pura preguiça. Nora e Nate viraram visitas constantes em casa e Rosalie adorava ficar conversando com a única grávida que conhecia. Bella também adorava Nora, já que seguiria a mesma carreira que ela.

Não foi até a metade de fevereiro que percebi o problema de Victoria e Aidan em virem nos ver e porque Bella era tão reticente em ir encontrar com eles, às vezes.

—Edward, você não pode ser tão distraído assim – Alice falou seguindo-me pela livraria.

—Eu, de verdade, não tenho ideia do que está falando – falei irritado com tanto mistério dela.

—Victoria e Aidan tratam Bella mal porque te viram sofrer por ela pelos últimos meses e são super secos com ela e a Bella, cabeça dura como é, não quer dar o braço a torcer, deve se sentir uma estranha no ninho quando estamos com os dois, porque eles fazem parte da nossa turma nova-iorquina e ela não – Alice disse e eu parei o que fazia, virando para minha irmã que me olhava com cara de entediada.

—Ela te falou alguma coisa? – perguntei preocupado.

—Não, mas eu tenho olhos, não estou cega pelo amor que sinto por ela – Alice ridicularizou.

Comecei a pensar, mas para mim não fazia sentido algum aquilo.

—Aidan e Vic vão bastante em casa – falei querendo provar que Alice estava errada.

—É? E quantas vezes você os viu interagindo com Bella? – perguntou séria.

Fiquei pensativo. Realmente, sempre que iam, Bella ia cuidar de algo, ficava distante e nem comigo falava direito. Achei que fosse somente a timidez dela, mas agora que Alice tinha falado aquilo, comecei a pensar em inúmeros pequenos detalhes que não tinha me preocupado antes.

—Sabia que a cafeteria em que Aidan trabalha está contratando? – minha irmã perguntou, encostada na estante de livros.

Senti-me traído por ele, porque ele sabia que Bella estava procurando muito um emprego.

—Você não está falando sério – falei bravo.

—Edward, não fique irritado, ele só queria cuidar de você de alguma forma, eu acho, não sei...

—Alice, para o inferno esse argumento, por que ele não falou comigo? Somos amigos – eu disse e ela deu de ombros.

—Esse é o tipo de coisa que você tem que perguntar a ele – ela disse e saiu de perto de mim, com os livros que tinha escolhido no braço.

Metade da livraria era biblioteca, então Alice foi falar com Aro para emprestar-lhe aqueles livros, meu chefe adorava minha irmã e, bem rápido, Alice passou mandando um beijo para mim.

—Pensa com a cabeça, está bem? – falou e eu assenti – Ah, e nada de brigas, porque o meu aniversário está chegando e eu gostaria que estivéssemos em paz para que pudéssemos sair – ela saiu saltitando da minha linha de visão.

Fui para o escritório ao fim do expediente e perguntei a Aro se ele se importaria se eu imprimisse um documento, quando ele liberou peguei o que precisava e fui até a cafeteria em que Aidan trabalhava – que era bem perto da livraria e, consequentemente, de casa -, liguei para ele pedindo que ele me esperasse e, quando cheguei, ele limpava o balcão.

—Qual foi, Ned? Estava com uma voz muito séria no telefone – ele disse e eu sorri de canto.

—Nada de mais, escutei dizer que estão precisando de gente para trabalhar aqui e trouxe o currículo da Bella – falei e ele não disfarçou a careta.

—Vou deixar com os outros – ele falou entrando com o currículo dela.

Suspirei esperando ele voltar, quando o fez, já estava sem o avental verde. 

—Que gentileza de me esperar – ele brincou.

—Qual é o seu problema com a minha namorada? – perguntei direto.

Ele franziu o cenho, mas reparou que eu não ia comprar a falsa surpresa, então bufou.

—Edward, desde que te conheci você sofre por essa menina que, do nada, decide voltar e vem para Nova Iorque com você, desculpa se eu estiver sendo insensível, mas ela parece uma oportunista e já vi como ela te trata friamente – ele disse tão sério quanto eu, a esse ponto já tínhamos saído da cafeteria, caminhando lado a lado – Não sei se você se lembra daquela foto que vimos no site da tal banda em que ela tocava...

—Dan – suspirei pesado, como eu fui tão cego? – Eu sei que Isabella me ama e ela voltou para ficar comigo, não tinha outra razão. Ela tinha chance de entrar em uma boa faculdade na Itália, tinha a família de sangue, a banda está indo muito bem e, se fosse o caso, tinha até esse homem para ficar com ela, mesmo assim, ela abdicou de tudo e veio para cá, gastou todo o dinheiro que tinha, disposta a pedir perdão e, talvez, receber uma negativa minha. 

—Coitada da Bella...

—Não estou dizendo isso, idiota – falei bravo, lembrei que prometi a Alice que pensaria com a cabeça – Meu ponto é que ela está aqui e nós conversamos e nos entendemos. Eu vou ficar com ela, caso você aprove ou não, mas é meu amigo e eu gostaria que estivesse do meu lado nesse momento tão bom da minha vida no qual me sinto tão pleno.

—Não explica o porquê ela é tão fria com você – ele disse sério.

—Aidan, não é comigo que ela é fria, ela só fica na defensiva quando você e Victoria estão por perto porque vocês são ariscos com ela – expliquei e ele ficou pensativo.

Andamos mais um pouco e eu parei, dizendo que não o ia levar até o dormitório dele, tinha que voltar o caminho todo para ir para casa.

—Quase consegui uma carona, hein? – ele brincou e eu ri.

Eu gostava de Aidan, e também gostava de Victoria, mas eu amava Isabella e eu precisava que eles soubessem que ela era a escolha final.

—Vai pôr uma boa palavra para Isabella na cafeteria? Por mim! – pedi e ele bufou, assentindo.

—Por você, mas juro que um erro e eu faço a megera desaparecer – ele disse conspirador e eu ri mais de seu tom do que sobre o que ele tinha dito.

—Você gostaria de conhecer ela, de verdade – falei sincero -, já falei mil vezes, mas antes de namorado eu era amigo dela e, juro, não tem pessoa melhor nesse mundo.

Ele bufou e deu um tapa na minha nuca.

—Eu sou melhor que qualquer outra pessoa, mongol.

—Some daqui, idiota – eu zoei e ele riu saindo.

Fui para casa esperançoso sobre a nova relação que nasceria se Bella e Aidan começassem a trabalhar juntos. Então cheguei em casa, esperando conseguir resolver a segunda parte daquela equação.

Isabella estava na cozinha picando algumas coisas quando cheguei. Senti o cheiro delicado da comida e reparei os ventiladores apontando para a janela aberta da cozinha. Ela sorriu quando entrei na cozinha.

—Oi, meu amor – ela veio me dar um selinho – Não escutei você entrando – comentou virando para continuar a cozinhar.

—Não é nenhuma novidade com essa quantidade de coisa acontecendo em apenas uma cozinha – falei e ela riu.

—Rose está dormindo, vomitou bastante hoje à tarde – ela suspirou – O primeiro trimestre é o pior – ela contou e eu assenti, fazendo careta imaginando como estava sendo complexo para Rosalie.

Emmett fazia o turno da tarde/noite para conseguir levar e trazer Rose da faculdade todos os dias. Ele ia trabalhar às cinco da tarde e voltava onze da noite. Estava puxado para ele, mas ele não se importava de nada, nunca o vi reclamando de cansaço.

—Entreguei seu currículo em um bom lugar hoje – contei como quem não quer nada e ela se virou, sorrindo.

—Onde? – perguntou animada.

—Na cafeteria em que Aidan trabalha – contei ainda fazendo o desentendido e vi o sorriso dela mudar de forma. 

Entendi agora o que Alice tinha dito, sobre como ela deveria se sentir de fora do nosso grupo.

—Legal, amor – falou e virou para continuar a janta.

Ofereci ajuda e ela aceitou, ficamos cozinhando juntos por um tempo, em silêncio.

—Qual o problema entre você e Aidan? – perguntei e ela suspirou.

—Edward, nenhum, é besteira minha – falou e eu suspirei.

—Achei que tínhamos passado essa fase de omissão – falei sério – Sinceramente, Bella, depois de tudo, você ficar omitindo coisas de mim não me ajuda em nada nas inseguranças que eu tenho. Por que é que não me contou que tinha receios sobre Aidan e Victoria? – perguntei bravo.

Alice. Alice. Alice.

Eu tinha que ficar lembrando dela para não brigar com nenhuma das três partes da história.

—Edward, eu quem cheguei agora, sou eu quem não pertenço. Você não entende? Como que vou mal dizer de duas pessoas que fazem parte do grupo? É injusto porque não os conheço. Só isso. Também não sei como eles foram apresentados a mim, então não vou julgar a atitude deles – ela disse virando para mim – São seus amigos, e que bom que tem dos bons que presam pelo seu melhor – falou e virou desligando o fogo do arroz.

—Você é o meu melhor, e se alguém é menos do que gentil com você eu gostaria de saber. Não percebi que eles estavam sendo hostis.

—Porque você fica diferente quando eles chegam – ela falou ressentida – Não é o Edward de Forks, é o de Nova Iorque e eu não o julgo, imagino que é uma mudança de hábitos natural. Eu trago o Edward de Forks, eles trazem o de Nova Iorque, ainda não conheço esse novo, mas prometo que estou começando a conhecer e gosto dele também – ela disse.

Se virou pegando um pano e tirou um assado de carne do fogão.

Fiquei pensativo sobre aquilo. Seria possível eu mudar sem perceber? Talvez fosse, porque consegui pegar a divergência que acontecia em minha essência. 

Quando Bella saiu da minha vida da primeira vez, comecei a fazer mais amigos na escola e no trabalho. Eu era simpático e sempre estava conversando com alguém, porque me ajudava a esquecer da saudade que eu sentia dela por uns momentos. Em Nova Iorque, quando ela decidiu ir embora de vez. Acho que criei uma nova face de mim também, o mesmo cara simpático, mas também animado que sempre procurava coisas para matar o tempo, enquanto o Edward “da Bella” era mais tranquilo, porque tê-la ao redor era o bastante, eu me sentia plenamente feliz, não precisava procurar passatempos ou pessoas com quem conversar.

—Eu não fazia ideia que você se sentia assim – falei como um pedido de desculpas.

Ela bufou e negou com a cabeça quando reparou que eu estava chateado.

—Vida, não tem problema nenhum. É uma coisa natural, nós ficamos longe por um tempo longo, temos que nos conhecer de novo, esses novos aspectos que você desenvolveu e os que eu desenvolvi também – falou abraçando minha cintura.

Comecei a acariciar seu cabelo e ela deitou a cabeça em meu peito.

—Eu te amo, mais que tudo – falei e ela assentiu.

—Também amo você, desconhecido – ela brincou.

Colocamos a mesa depois de um tempo quietos, e então Bella foi acordar Rose e eu fui para casa, levando um susto com o vulto que surgiu da cozinha.

—PUTA MERDA, ASSOMBRAÇÃO – reclamei quando Alice começou a rir.

—E ai? Como foi sua missão? – ela perguntou quando conseguiu parar de rir.

—Acho que tudo bem, espero que Aidan tenha sido sincero quando prometeu que ajudaria Bella a trabalhar e Bella desabafou sobre como se sentia com relação a tudo, agora basta que nós comecemos a forçar um na rotina do outro – eu brinquei e Alice assentiu.

—Minha festa vai ser um bom pontapé inicial – ela disse e eu ri.

Avisei sobre a janta e ela guardou suas coisas da faculdade antes de ir para seu apartamento e eu fui tomar banho, vesti um pijama e segui para onde Alice tinha ido um momento mais cedo.