happily ever after. escrita por unalternagi


Capítulo 27
Mesmo quando você sabe como vai soprar, é difícil contornar o vento


Notas iniciais do capítulo

Olá!!!

Primeiro capítulo do ano, não pretendo demorar mais tanto assim, desculpem!

Bem, antes de irmos ao capítulo, queria dividir com vocês que uma leitora (chloe less) me indicou fazer um twitter como melhor forma de divulgação das histórias e eu acatei a dica e estava pensando esse tempo que é uma boa maneira de vocês acompanharem o desenvolvimento dos capítulos e interagirem comigo (eu nunca vejo as mensagens diretas, eu esqueço, desculpa) enfim, fiquem a vontade para me seguirem por lá: @porgiovannad

O capítulo de hoje é (principalmente) Alisper, não sei mais muito o que dizer além disso.

Espero que gostem.



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Capítulo 27 – Mesmo quando você sabe como vai soprar, é difícil contornar o vento

|ALICE|

Sentei na cama de solteiro do quarto individual que eu consegui ocupar dentro do campus da minha nova faculdade.

Tudo parecia estranhamente irreal, quase como se eu enxergasse a vida de outra pessoa que não eu, alguém que estava feliz e alcançando sonhos traçados há tanto tempo atrás, mesmo assim, nada pareceu tão distante quanto a felicidade que eu deveria estar sentindo naquele momento.

Quase como se meu peito estivesse vazio. Eu não estava necessariamente triste, entretanto eu certamente não estava feliz e pensei o que era pior.

O quarto era pequeno, mas eu ter a minha privacidade e um banheiro apenas para mim era, basicamente, tudo o que eu precisava naquele momento. Racionalizei o meu momento, como se a nulidade sobre meus sentimentos abrisse um leque de interpretações sobre tudo o que eu estava sentindo e, racionalmente, eu não poderia estar melhor. Tinha passado ótimas semanas com Lorenzo e Claire, que foram tão queridos me adotando como neta deles. Conversava com meus irmãos todos os dias, soube que Royce pagaria pelo o que tinha feito contra Rosalie e ela parecia leve como a muito não estava. Também tinha os amigos italianos de Bella e Met que, simplesmente, me tomaram como melhor amiga deles também. Desde o momento em que encontrei Bobby no aeroporto de Milão, tudo o que eles fizeram por mim foi me deixar o mais à vontade que poderiam, todos me trataram muito bem e se colocaram a minha disposição, realmente vinham me ajudando em tudo.

Então por que meu coração não estava remendado? Por que eu não conseguia andar plenamente feliz?

Eu sabia, o vazio estava ali. Eu não tinha muito o que fazer, somente uma pessoa poderia suprir o que tinham tirado de mim.

—Alice? – escutei a voz feminina tirando-me de meus devaneios e, instantaneamente, coloquei um sorriso no rosto encarando Camilla que entrava em meu quarto.

—Oi, Mimi.

—Vai começar a arrumar suas coisas ou...

—Ou – decidi naquele momento, eu não queria ficar sozinha naquele momento.

—Ótimo, eu posso te ajudar depois, mas aproveitando que ainda temos uns dias para curtirmos a folga da faculdade, pensei em te levar para conhecer o nosso pub favorito por aqui, os meninos vão tocar lá hoje – ela contou e eu assenti animada.

—Sim, claro. Que horas saímos?

Nove da noite, eu tinha boas duas horas para me arrumar, então me levantei antes de me despedir de Camilla e então tranquei meu quarto indo para o banheiro. A ducha quente levou de mim toda a apatia, eu era a Alice, amiga americana dos italianos mais badalados de Milão. Escolhi uma roupa bonita e me maquiei com cautela, tudo parecia certo e, enquanto escolhia meu batom, escutei o celular tocar alto na cama.

Lili, estamos te esperando aqui embaixo— Bobby avisou assim que atendi.

—Ah, está bem, desço rapidinho – falei pegando um batom que eu gostava bastante.

Desliguei e dei os últimos retoques em mim mesma antes de descer, apressada e encontrei com Lucca, Marco e Bobby no carro.

—Cadê a Camilla? – perguntei depois de cumprimenta-los.

—Estava na casa do Matteo— Marco contou e eu assenti.

Fomos conversando amenidades até o bar que não era muito longe da faculdade.

Era bom estar com eles, eu ria bastante e era bem mais fácil manter-me naquelas altas vibrações de animação e risadas e tudo o que parecia que tomava todo mundo. Bebi legalmente enquanto esperava os meninos e Tina começarem a setlist deles.

Descobri naquelas últimas semanas que meu drink era gin, Lucca que apresentou-me e eu tinha amado, era basicamente o que eu bebia quando saía e eu adorava o sentimento de falta de julgamento.

Eu sempre era muito dura comigo mesma, mesmo em mente eu achava absurdo eu permitir certos pensamentos cruzarem minha mente, mas quando eu estava bêbada, eu os abraçava com força e sempre que pensava ou dizia demais eu poderia culpar a grande taça que nunca estava vazia em minha mão.

—Como está sendo a adaptação? – Tina perguntou parando ao meu lado no bar, ela pediu algo no qual não me concentrei enquanto comia alguns amendoins.

—Ahm, tudo bem – sorri – Tenho que arrumar minhas coisas no quarto só e semana que vem me jogar de peito aberto contra todas as coisas que eu vou fazer esse semestre. É bem animador – comentei e ela riu, assentindo.

—Eu sei o que quer dizer com isso – ela murmurou.

—E você? Decidiu o que fazer?

Quando cheguei Tina estava no grande impasse da sua vida, como ela gostava de chamar. Não sabia se trancava a faculdade ou saía da banda.

—Eu mordi minha língua quando tive que dar razão ao Tato, eu realmente desenvolvi uma paixão maluca pela música desde que comecei com essa doideira, fez um ano agora no fim do ano – ela falou e eu assenti, sabia muito bem daquilo, foi quando Bella voltou para nós – Mesmo assim, eu realmente amo economia e, francamente? Você foi a única pessoa imparcial a me dar uma opinião, então você me iluminou e vou seguir seu conselho – ela sorriu animada.

—Foi uma opinião – corrigi – Na verdade, apenas disse o que eu faria. Acredite quando eu te falo que não estou em uma posição da minha vida na qual eu posso, realmente, aconselhar alguém – falei com o gosto amargo da verdade em minha boca.

Como uma pessoa perdida como eu poderia iluminar alguém?

—De qualquer jeito, continuarei com essa vida dupla. Não preciso escolher apenas uma paixão, certo?

—Não acharia justo que tivéssemos que desistir de uma coisa para ter a outra. Ou temos a felicidade plena ou não temos nada, é melhor assim. Se você está infeliz, corre atrás de ficar feliz e, se está plenamente feliz, luta para permanecer daquela forma. A apatia é o que não nos move – falei tomando mais da minha bebida.

Tina sorriu de canto.

—Acho que você é muito mais esperta do que pensa, Ali – ela falou e eu dei de ombros sem realmente saber o que dizer – Bem, tenho que ir. Espero que goste do nosso show, assinarei mimos depois do show – ela brincou.

—Estarei com o sutiã abaixado para conseguir minha assinatura do seio – zoei e ela gargalhou.

—Você tem um humor muito parecido com o da Bella – ela observou antes de sumir na multidão.

Terminei minha gin e pedi uma nova antes de ir para a mesa que Camilla estava e ficamos falando alto até Marco voltar contando que eles já iam começar o show, então nos levantamos indo para mais perto do palco. O setlist era muito bom, dancei com meus dois amigos enquanto secava taças e mais taças de gin, parei de beber quando o show já estava acabando, porque não queria vomitar.

Respirei fundo fechando os olhos concentrando-me.

—PROIBIDO O USO DE INGLÊS, EU TENHO QUE APRENDER A FALAR ITALIANO – eu gritei abraçando Marco e Camilla pelos ombros.

—Achei que era só quando as aulas começassem – Marco falou.

—EI, ACABEI DE PROIBIR O INGLÊS – gritei, em inglês – Acho que quanto antes tentar, melhor— falei dando ênfase na última palavra porque tinha sido a única em que eu tinha falado no meu novo idioma e Camilla se abaixou de tanto que ria.

Você é maluca — Marco disse antes de voltar a gritar a música que a Italian Pack cantava.

Mas, sinceramente? Acho que era o pedacinho de maluquice que nos faltava— Camilla decretou e eu sorri amplamente, voltando a dançar com eles.

.

|NARRADOR|

O clima era muito mais refrescante a noite do que de dia. O começo da noite era quando as melhores temperaturas aconteciam. Peter estava concentrado na janta improvisada que fazia, era difícil conseguir sobreviver com as poucas coisas que tinham, mas não completamente impossível. Maria estava fervendo a água para que pudessem beber enquanto Jasper estava sentado quase do lado de fora da caverna, precisava de ar para pensar e respirar, não se sentia cem por cento bem.

Jasper Hale.

Era o que ele sabia sobre si mesmo. Não tinha idade, aparência, nada que o remetesse a si mesmo e sua história que era um vácuo em sua mente. Estava ansioso referente a aquilo, queria entender a si mesmo, saber o que fazia ali, quem eram aquelas pessoas.

Não havia conseguido outra coisa além de confiar nos seus supostos amigos que se chamavam Maria e Peter. Os dois pareciam se dar bem e, de certa forma, ele poderia ver que escondiam muito dele, mas ele não conseguia fazê-los falar e, se fosse ser completamente sincero com ele mesmo, não tinha nem certeza que queria aquilo.

Fechou os olhos suspirando, se deixando sentir a brisa fresca da noite levar todas as gotículas de suor que tinha em sua pele pelo dia quente que passou.

Naquele ponto do deserto, com sua falta de memória, nada provava a Jasper que, o mundo realmente não era mais do que o deserto no qual estava preso. A sociedade que estava subconsciente na mente de Jasper, como ele imaginava que era, não tinha forma nem cor em suas lembranças, apenas uma mata bem verde, e um rio com água corrente.

Se ele se concentrasse o bastante ele conseguia se lembrar de três coisas:

A primeira era o barulho do rio, a água correndo bem próximo de um lugar confortável onde ele sentia frio. A segunda era um par de olhos azuis, eram diferentes, mas os mais lindos que ele poderia conjurar – Maria e Peter tinham olhos escuros, tons diferentes de marrom e ele não se lembrava da cor de seus próprios olhos, - mas os olhos em sua mente eram do azul mais límpido, eles se comprimiam ligeiramente em suas laterais, quase como se sorrissem para ele e, por fim, inebriado pela visão dos olhos, ele escutava um nome, quase como se o vento o soprasse em seus ouvidos.

Alice.

—JASPER – Maria chamou alto e ele olhou para trás – Desculpe gritar, mas parecia perdido em pensamentos, venha comer – ela sugeriu e ele sorriu de canto.

Tentava seu melhor para ser simpático com os dois, eles eram bons para ele, tentavam não pressioná-lo a nada e, ainda que correndo perigo e tendo tudo tão escasso, os dois se esforçavam para que Jasper tivesse tempo de se recuperar. Suas pernas estavam fracas ainda, os meses em coma o tiraram da forma e agora, diariamente, treinava fortalecimento de seus membros inferiores ou com Maria ou com Peter, os dois revezavam.

—Estava pensando... – Jasper começou comendo um pouco da gororoba nutritiva que Peter o tinha oferecido um momento mais cedo – Se dormíssemos de dia, poderíamos sair determinados a noite, andar até outra caverna, começar a procurar uma civilização – ele falou e Peter sorriu, assentindo.

—Seria bom.

—Mas tem que haver cautela, não é assim, precisamos decidir um lado para ir, tomar cuidado, andar juntos. Essa caverna é boa, temos água potável aqui dentro, não é em todo o local que o teremos.

—Se conseguirmos guardar o bastante, acho que racionalizando cuidamos para isso não ser um problema até encontrarmos uma nova fonte – o homem desmemoriado apontou.

—Estamos em área de guerra, provavelmente – Peter apontou.

—É um outro risco, mas não podemos viver dentro dessa caverna para sempre, pensem comigo, por meses não houve movimentação aqui. Sem aviões, helicópteros, carros, qualquer coisa... Não tem nada aqui, devemos estar bem no meio de um deserto – ele falou e os dois assentiram – Outra coisa, disseram que o avião caiu.

—Isso é uma suposição, lembra que te contei que pulamos antes de ver de fato o que aconteceria com ele? – Maria disse.

Ele não lembrava, franziu o cenho e, novamente, percebeu que nem tudo o que os amigos falavam era guardado em sua mente problemática.

—Certo.

—O que queria com o avião?

—Achar outros sobreviventes, possíveis coisas que poderíamos usar...

—Tudo o que tinha de valioso está em nossas mochilas – Maria falou.

—Confio que sim, mas ao mesmo tempo, até mesmo um abrigo os destroços poderiam ser e podíamos ter alguma ideia de como entrar em contato com nossa base militar.

—É muito arriscado, pode estar em território inimigo – Peter voltou a apontar e Jasper suspirou.

—Não podemos viver aqui – ele disse novamente – Que sairemos daqui e logo isso é um fato, ao menos eu vou, poderão me acompanhar. Se acharmos uma caverna será ótimo, se não podemos fazer abrigos, mas precisamos andar, nos mover, o resgate não vai aparecer.

—Não tem como termos certeza – Peter tentou, era o mais amedrontado em sair dali.

—Ele tem razão, eu já te falei isso - Maria se pronunciou.

—Vamos atrás de nos salvar, nunca foi o meu estilo esperar para ser salvo – Jasper falou sério.

E algo bateu em sua mente. Ele sabia daquilo, realmente era um pedaço de sua personalidade e ele sorriu, imaginando o outro sorriso do anjo que o vinha visitar em sua mente, ela o tinha dito aquilo?

—Podemos conversar com calma, ver a melhor estratégia, mas continuemos treinando com vontade, porque eu não vou ficar parado nessa caverna por mais tantos meses – Jasper falou sério, tentando criar a consciência nos amigos que ele já não estava contente com toda aquela espera.

.

|ISABELLA|

Eu estava subindo as escadas apressada já que mesmo nos corredores do apartamento tudo parecia tão frio, como se o clima da cidade não se inibisse pelas paredes do nosso prédio que não tinha aquecimento e, já no meu andar, dei um salto assustado quando Edward saiu de supetão de dentro do seu apartamento. Ele começou a gargalhar da minha reação e - eu iria culpar a TPM - fui tomada por uma crise de choro quase irritante demais.

—Amor – ele disse ainda rindo, mas mais contido – Desculpe, eu não sabia que você estava aqui.

—Por que me assustou? – perguntei chateada ainda chorando, agora contra o peito dele.

Ele me abraçava com força, mas podia sentir seu corpo vibrando em risadas contidas para eu não perceber que ele não conseguia parar de rir.

—Não foi proposital, boba – ele se defendeu.

—Você sabe que eu odeio levar susto – bufei e ele respirou fundo.

—Vida, eu estava apenas saindo da minha casa, é claro que isso não foi premeditado.

Entramos no meu apartamento abraçados, eu tentando conter o choro sem noção que tinha me tomado e Edward apertando a boca para não gargalhar. Soquei-o me desvencilhando de seu abraço, agora que já estávamos na casa aquecida, e coloquei o casaco grosso que eu usava no cabideiro que tinha atrás da porta.

Edward?— Rosalie chamou do corredor.

Ela nos encarou confusa quando apareceu na sala reparando meus olhos vermelhos e pareceu ainda mais perdida ao ver o sorriso divertido de Edward.

—O que aconteceu? – perguntou preocupada.

Eu bufei vendo que Edward ia começar a rir de novo.

—Esse imbecil me deu o maior susto – contei ainda sensível.

—Eu estava saindo de casa e ela subindo as escadas apressada – ele se defendeu tentando explicar seu lado – O rostinho que ela fez seguido do pulinho foi muito adorável – contou tentando explicar o humor dele e eu lhe lancei uma carranca, indo para o quarto.

Eu apenas queria tomar um banho quente e relaxar naquele final de domingo o qual eu tinha gastado uma boa parte dentro da NYU estudando os temas introdutórios do meu curso. Tinha começado na semana anterior a estudar e queria dar cem por cento naquilo, por isso estava me esforçando bastante para assimilar toda a matéria.

Quando saí do banheiro, já com a minha calça de flanela e blusa de frio, encontrei Edward com Henri deitado em seu peito, do jeito que o segurávamos quando estávamos tentando fazê-lo arrotar. 

—Olha quem apareceu – ele sussurrou para Henri.

—Cadê a Rose? – perguntei.

—Ela está fazendo uma dissertação e me pediu para cuidar do nenê – contou – Estou perdoado?

—Não gosto de sustos – falei com biquinho.

—Vida, eu sei disso – ele disse docemente vindo para o meu lado – Desculpe por aquilo, foi completamente sem vontade, mesmo que seu rosto adorável tenha feito valer um pouquinho a pena – ele confessou sorrindo e eu sorri de volta, revirando os olhos.

—Às vezes tenho vontade de chutar suas bolas – confessei e ele riu, beijando meu cabelo.

Conversamos um pouco sobre o meu dia e o dele – que foi puramente de preguiça. Então fui para a cozinha começar a cozinhar uma coisa rápida para jantarmos e ele ficou ali comigo, ninando Henri quando ele finalmente arrotou e, depois, o ajeitou em seu berço trazendo a babá eletrônica com ele para a cozinha.

—Às vezes me pergunto se Rosalie está o alimentando com carne de gambá – Edward brincou entrando na cozinha – Tem uns cocôs dele que são quase uma afronte contra o mundo.

Eu ri da imbecilidade que ele falava. 

Terminamos de preparar o jantar juntos e logo Rose apareceu para comer conosco. Fui dormir depois de me despedir de Edward e escovar os dentes e Rosalie continuou na cozinha terminando sua dissertação e tentando esperar Emmett chegar do serviço. 

Na quarta-feira, dia catorze de janeiro, cheguei afobada no hospital em que fazia o trabalho voluntário, Edward já estava lá com Julia, Jess e Greg. Reparei que, quando levássemos as crianças, Julia ficaria ali sozinha e não quis aquilo.

—Amor, e se você for distrair as crianças e eu fico com Julia? – perguntei e ele sorriu.

—Ia sugerir algo semelhante – ele murmurou e eu assenti.

Julia sequer tentou negar aquilo, então pelas horas que se seguiram eu fiquei sentada ao lado dela, com as mãos entrelaçadas enquanto eu tentava me lembrar como vovó Claire tinha me ensinado orar.

Rosalie não parava de mandar mensagens e Edward avisou que ele estava no cinema com Jess e Greg, depois de passarem um bom tempo no pequeno parque de diversões do shopping. 

Os ponteiros do relógio batiam com uma aflição que me desestabilizava, mas me mantive o mais forte e consciente que pude. Busquei água e café para Julia, tentei fazê-la comer um sanduíche natural, sem sucesso, mas consegui convencê-la a mastigar a barra de cereal que estava na minha bolsa. 

—Tem que dar tudo certo – escutei-a sussurrar em certo ponto e eu fechei os olhos pedindo para qualquer energia divina que escutasse o pedido daquela mãe. 

Mais algum tempo se passou antes que Nicky saísse de uma porta com o cabelo completamente bagunçado, suas feições estavam derrubadas, olheiras denunciando inúmeras noites insones, além da pele pálida e os olhos e nariz vermelhos provando que alguma resposta ele já tinha para nós duas.

—Foi mais complexa do que o que esperávamos – ele comentou cansado – O tumor era maior do que o previsto, mas estava completamente solto, foi removido com o cuidado necessário e agora o Tony está sedado, mas ele vai ficar bem, amor. O nosso garoto ficará bem – ele chorou e Julia desabou agarrando o marido como se sua vida dependesse daquilo. 

Afastei-me um pouco para pegar um suco de laranja na máquina que tinha ali e verifiquei que o lanche natural que Julia não comeu ainda estava parecendo fresco o bastante. Peguei meu celular e mandei a mesma mensagem para Alice, Edward, Emmett e Rosalie:

Não sem complicações, mas fora de perigo. Nosso garoto ficará bem.

Voltei para o casal que chorava em meio de um abraço necessário e um beijo desesperado. O amor que os dois compartilhavam um pelo o outro e por aquele filho que dormia já fora de perigo em algum lugar daquele hospital era palpável e eu limpei algumas lágrimas que escaparam de meus olhos.

Quando se soltaram os dois me olharam e eu lhes ofereci o maior e melhor sorriso que eu tinha, demonstrando a minha felicidade de escutar aquilo e dividir o momento com eles. 

—Eu estou muito aliviada, vocês merecem toda a calmaria que chegará agora – pontuei e os dois sorriram para mim, me abraçando ao mesmo tempo.

Ambos me agradeceram por estar ali, então me separei dando o lanche e o suco para Nicky que, claramente, estava morrendo de fome.

—Posso ir vê-lo? – Julia perguntou ansiosa.

—Em um momento, Juju, nós vamos juntos – ele falou comendo o lanche apressado.

O meu celular tocou alto e atendi ao ver o telefone de Edward.

É verdade?

—Oras, sim, ele está bem, vida – falei me afastando um pouco de Julia e Nicky que conversavam sobre as mais diversas amenidades, parecendo completamente extasiados, e eu imagina que realmente o estavam.

Bella, eu estou muito feliz  - Edward falou e eu sorri – Greg e Jess estão ansiosos demais para voltar para aí, querem ver Tony, então Rose e eu vamos com eles e o neném, devemos chegar em uns vinte minutos— ele disse.

As visitas eram restritas, mas Nicky conseguiu que entrássemos aos poucos. Começando com Julia e ele. Meu celular tocou assim que eles saíram de perto.

Ô seu resto de placenta— Emmett começou e eu ri – Que porra de ideia de merda foi começar a mensagem daquela forma? Caralho, parece que não sabe que eu trabalho em cozinha e às vezes olho o celular rápido apenas para saber que não é a Rosalie precisando de algo...

—Calma, amado, eu tentei ser o mais objetiva possível.

Dá próxima vez tenta começar com o “está tudo bem” e depois fala se foi fácil ou difícil chegar no resultado — bufou do outro lado da linha – Quase me mata do coração.

—Você é muito exagerado – constatei rindo.

Foi uma conversa rápida. Logo Julia entrou com Jess no quarto de Tony, então Nicky e Greg. Rosalie, Edward e eu fomos os últimos a entrar, Henri ficou na sala de espera com Julia e Nicky. Chorei ao vê-lo dormindo tão vulnerável naquela maca, tão diferente do garoto animado e brilhante que tantas vezes esperou-me para conversar. 

—Eu te amo, Tony, estou muito feliz que nosso ponto de encontro não será mais nesse lugar que de nada combina com você – sussurrei baixinho perto dele.

Rosalie e Edward também falaram um pouco com ele, então fomos para a sala de espera encontrar com Julia e Nicky e, pela enésima vez na minha vida, Edward parecia querer lembrar-me porque eu era tão louca por ele.

—Eles podem dormir em casa, oras, é claro que sim – eu disse quando Jess pediu pra dormir conosco.

—E vocês também têm que descansar, Tony precisará de cem por cento de vocês amanhã, o primeiro dia de recuperação dele – Rosalie disse docemente e Julia voltou a chorar feliz.

—Sim, estão certos – Nicky concordou – Se não se importam em levar as crianças, então posso ver para dormirmos...

—Na casa de vocês, para realmente descansarem. Não fará bem que durmam no hospital hoje – Edward falou rapidamente – Eu passo a noite com o meu melhor amigo e vocês voltam nas primeiras horas de amanhã – ele sugeriu e eu sorri apaixonada para o homem altruísta que, realmente, não se importava em nada de dormir com Anthony.

—Não, Edward...

—Ju, é melhor, o Tony deve acordar apenas à tarde – falei encarando Nicky para ver se eu estava falando besteira, mas não estava.

Ele concordou comigo, disse que a cirurgia foi cansativa e a anestesia aplicada foi forte.

—Quero que ele me veja quando acordar – Julia falou.

—E verá amor, nós dois – Nicky garantiu antes de se virar para Edward– Tem certeza que não se importa? Eu só queria que tivesse alguém de confiança que me ligasse...

—Qualquer coisa diferente, eu nem levanto da cama, ligo para você na hora.

Foram um pouco reticentes pensando nos prós e contras mas, no fim, Rosalie e eu seguimos com as crianças para casa enquanto Julia e Nicky foram para a deles com a paz no coração de que, pelo menos aquela batalha a gente tinha vencido. 


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Notas finais do capítulo

Tony vai ficar bem!

Agora, o que acharam sobre a vida nova da Alice? E o Jasper? Como acham que irá se desenrolará essa escapada dele do deserto, são realmente inúmeros riscos para soldados americanos em um lugar de guerra.

Espero suas opiniões nos reviews e, me contem, o que acham que está faltando por aqui?



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