happily ever after. escrita por unalternagi


Capítulo 20
Para fazer você sentir o meu amor


Notas iniciais do capítulo

Olá, obrigada por quem comentou no último.

Muitas coisas acontecendo e, bem agora, a parte importante é conhecer certo nenezinho muito esperado. Estão prontxs?

Espero que gostem



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Capítulo 20 – Para fazer você sentir o meu amor

|ROSALIE|

Tentava controlar a minha respiração, até que tomei consciência do que fazia e comecei a tentar me lembrar do porque controlar a minha respiração parecia tão crucial para mim. Por que eu estava tão nervosa?

Percebi a escuridão que me cercava e decidi que deveria abrir os olhos, o fiz com certa dificuldade. Escutei um bufar e virei meus olhos para lá, ignorando o quarto sem cor e o cheiro nulo que me cercava. Enxerguei os cabelos loiros bem cuidados da minha mãe e sorri sentindo-me feliz que ela estivesse ali.

—Mamãe? – chamei roucamente e ela se virou rapidamente.

Deixou de lado o celular que estava em sua orelha e se apressou para o meu lado. 

Tentei movimentar-me para ela e foi quando a dor em meu ventre atingiu a minha consciência e, com uma rapidez surpreendente, lembrei-me de tudo o que me levou àquele quarto.

Henri.

Coloquei a mão ali querendo sentir algo, querendo sentir ele, mas sabendo que não o sentiria. Eu estava vazia.

—Como se sente, filha? – perguntou mamãe, emocionada.

—Sinto-me bem. Onde está Henri? – perguntei aflita e ela respirou fundo, mas não conseguiu evitar chorar e abraçou-me com delicadeza.

—Não queria que tivesse que passar por isso, meu milagre, não queria que nenhuma dor atingisse vocês. Não sei o que fizemos, porque nossa provação está sendo tão complexa e dolorida – ela dizia sem nexo e eu comecei a me sentir mais e mais ansiosa com toda aquela falta de informação.

Minha mãe ficou ali acariciando o meu cabelo e eu respirando devagar tentando entender o que tinha acontecido, lembrando-me que nunca ouvi Henri chorar e meu coração gelou em medo, não consegui raciocinar o bastante para formular qualquer questão, o medo impediu-me de pensar.

—Vou chamar a enfermeira, meu bem, deve estar com fome, já são três da tarde – ela contou apertando um botão perto da minha cama. 

Fiquei quieta sentindo os carinhos bons e ritmados que ela fazia em minha cabeça, presa no desespero da dúvida.

Onde estava Emmett?

—Olá, será que o alimento poderia ser entregue? Acho que o almoço seria o ideal – mamãe falou quando a enfermeira entrou.

A enfermeira chegou mais perto e checou algumas coisas em mim, ignorando a minha mãe. Ela perguntou-me como eu me sentia e viu os medicamentos na minha veia, anotou algumas coisas e então olhou para mim.

—Pedirei para que a responsável traga o almoço, está bem?

—Muito obrigada – sorri, realmente grata – E, ah sim, será que eu poderia falar com o doutor Thompson? Ele está no hospital?

—Ele está, querida, irei avisá-lo que você acordou – ela disse – Ele não deve demorar a aparecer, mas coma antes, está bem? – ela instruiu e eu assenti.

Não demorou até que uma mulher, com um uniforme diferente, aparecesse com uma bandeja com muitas coisas nutritivas e sem gosto, mas comi cada coisa daquela bandeja, mastigando com calma para manter minha mente longe de toda a doideira que tentava tirar-me de meu centro de concentração. Eu precisava falar com o doutor Thompson.

—Filha – mamãe chamou quando comecei a comer a gelatina.

Olhei para ela sem responder, mas ela suspirou e sentou na ponta da minha cama.

—Tem certeza que aquele é o melhor médico que pôde encontrar? Tudo o que aconteceu em sua gestação-

—Foi muito melhor do que o que poderia acontecer graças ao meu médico – falei séria, sem paciência para escutar alguém duvidando de que eu aceitaria menos que o melhor para cuidar de mim e do meu filho – Entre a minha condição e tudo o que aconteceu nesses últimos meses, sim, eu tenho certeza que o doutor Thompson é o melhor e eu sou grata além do que posso expressar por tudo o que ele fez por mim e por Henri. Não sei o que poderia ter acontecido de diferente se fosse outra pessoa no lugar dele – continuei ríspida, talvez mais do que a necessidade, mas eu não queria ser julgada de negligente – Posso ser nova em tudo o que envolve a maternidade, mas não fiz nada do que não achei menos do que perfeito pelo meu bebê – terminei tentando convencer a mim mesma antes de convencer a minha mãe.

Com toda a história de Royce – o que eu tinha causado devido a minha infantilidade de ficar com um professor -, e então a briga com os meus pais, a hiperêmese e as preocupações dos meses, o estresse da faculdade, meu desespero sobre Jasper mesmo Emm me alertando sobre a gravidez. 

Seria a prematuridade de Henri culpa minha?

—Boa tarde, mamãe mais guerreira dos últimos tempos – o doutor Laurent disse com o bom humor habitual, entrando num timing perfeito, e foi quando eu comecei a debulhar-me em lágrimas – Ei, o que há? – ele perguntou preocupado e minha mãe já veio para o meu lado.

 -Henri está bem? – perguntei o que eu tentava evitar e ele sorriu.

—O bebê está bem, Rosalie.

—Foi culpa minha ele ter vindo antes do esperado, não foi? Eu deveria ter te escutado, ter largado a faculdade por enquanto, para que a ânsia de fazer tudo? Lembra aquele dia que o Emm falou que usei saltos? Doutor, o que eu fiz? É minha a culpa do meu filho estar agora, como quer que esteja – eu chorei e o doutor sorriu de canto, foi ao banheiro e voltou entregando-me alguns lenços de papel. 

Aceitei-os e minha mãe ficou quieta, acariciando meu cabelo.

—A culpa não é de ninguém, acidentes acontecem. A prematuridade não é uma coisa ótima, mas não é o bicho de sete cabeças que as pessoas pensam. Tudo ficará bem com o Henri, Rose. Emm já escolheu a pediatra dele, uma indicação minha, ela é ótima e, se te faz sentir melhor, pode ir vê-lo agora, ele está louco para conhecer a mamãe dele – o doutor disse e eu continuei a chorar.

—Como sabe que a culpa não é minha?

—Lembra que conversamos sobre a hiperêmese? Como a culpa não era de ninguém? A prematuridade é o mesmo, bom, na verdade, acredito que a culpa pode ser atrelada a certo menininho loirinho que está tomando um banho de luz agora ao lado do pai mais babão de todos. Emmett já cantou aquela música que toca em Tarzan inúmeras vezes só no curto tempo em que fiquei lá para apresenta-lo para a pediatra – o doutor sorriu e eu limpei as lágrimas.

Respirei fundo e assenti para ele, concordando em acreditar que a culpa não era minha.

O doutor Laurent respondeu todas as minhas perguntas sobre o que aconteceu comigo, por que Henri não chorou e mais um milhão de coisas, como era de costume desde que começamos a nos consultar com ele, ele explicou-me tudo da forma mais completa e simples que poderia, dando exemplos e tudo o mais, minha mãe começou a perguntar também e ele foi educado com ela como sempre foi comigo também e eu gostei que ele, sem saber, estava mostrando a ela como eu estava certa. Ele era o melhor que poderíamos pedir.

Ele fez alguns testes e checou a cicatrização da minha cesariana. Tudo estava certo então ele acompanhou-me para a UTI Neonatal. 

—Está segura? Não está ocultando nada, não é? Você tem que se curar também.

—Eu juro que não sinto dores – falei sincera e ele assentiu, apoiando meu peso enquanto caminhávamos devagar para o local. 

Percebi, com felicidade, que não era longe do meu quarto, aquilo seria ótimo para mim. Pelas paredes de vidro eu enxerguei Emmett de costas, com uma capa azul de hospital por cima da roupa e eu parei, reparando mais alguns bebês com fios ligados ao corpo deles.

—Rose, a taxa de mortalidade de bebês prematuros caiu tanto com o decorrer dos anos e o avanço da tecnologia – o doutor disse ao reparar meu receio – Confie em mim, eu sou sincero, sempre te disse a verdade, sempre apresentei todos os riscos e, agora, mesmo que não seja comigo, eu te garanto que Henri ficará bem. Não tem porque não ficar, o garoto só tem um dia e é um tourinho – ele brincou – Ele não é tão prematuro assim, vai ficar tudo bem. Ele encontrará em você toda a força e determinação que precisa para lutar. Confia – ele repetiu e eu sorri.

Respirei fundo. Queria estar mesmo forte antes de ir até eles, então fiquei um tempo parada e o doutor Laurent, como o anjo que vinha se mostrando, ficou esperando o meu tempo. Finalmente, olhei para ele, confiante.

—Eu quero conhecer o meu filho – anunciei e ele sorriu.

Ajudou-me com o avental e prendeu o meu cabelo em um rabo de cavalo. Passei o álcool em gel na minha mão lavada e então entrei na UTI Neonatal.

Emmett sorriu grande quando olhei para ele, parecia que ele já tinha me visto havia algum tempo, mas ele não se levantou do banco que estava sentado e entendi o porquê quando vi que ele estava com a mão no peito do nosso filho, acariciando devagar e ele falava algo perto da caixa grande em que Henri estava.

—Eu trouxe uma visita ilustre – o doutor disse e eu sorri amplamente.

—Vem aqui – Emmett disse, finalmente de pé, e beijou minha boca sem vergonha alguma. 

Eu ri tímida, o afastando quando fazia mais tempo que o aceitável que estávamos nos beijando.

—Nunca mais me assusta assim, nunca mais brinca de não usar toda a força que tem dentro de você – ele disse sério e eu sorri de canto.

—Não vou fazer isso – falei e ele sorriu, beijando meu rosto.

—Muito bem, nada mais do que duas horas viu, Rosalie, ainda está de repouso, essa cesárea precisa sarar para que consiga cuidar desse chumbinho aí – o doutor brincou e eu assenti – Vou deixar seus horários com as enfermeiras do seu corredor, não vou restringir muito suas visitas, mas quero que, a cada duas horas que passar aqui, passe duas deitada no quarto e, pelo menos, oito horas de sono.

Assenti dócil e ele saiu de lá. Fiquei encarando Emmett, assustada. 

—O que foi? – ele perguntou confuso.

—Estou com medo dele não me reconhecer – falei – Ou então, saber que era para ele ainda estar aqui dentro – contei colocando a mão na minha barriga e Emm sorriu de canto.

—Não seja boba, tudo acontece na hora que tem que acontecer, vem – ele chamou e sentei no banco perto ao dele – Deixei essa cadeira aqui desde que cheguei, estivemos te esperando quase que a tarde toda, mamãe – ele disse mais suavemente e foi quando respirei fundo olhando para o neném dentro da caixa grande, tomando o banho de luz.

Os cabelos ralos de sua cabeça eram bem claros e o narizinho era o mesmo que vimos no ultrassom morfológico, bem empinado como o do pai dele. A pele translúcida era minha e eu sorri ao ver a careta que ele fez quando Emm ficou em silêncio, a careta mostrou as covinhas que tanto pedi para que ele tivesse.

—Ele não gosta quando fico calado e sem tocá-lo – Emm disse voltando a colocar a mão nele pela abertura na caixa – Para quê eu estou aqui senão para te dar atenção incondicional, né, papai?

Eu estava apaixonada, completamente. Entre o bebê e o pai do bebê, os dois eram tudo o que eu queria na minha vida, para sempre.

—Acha que ele sabe que estou aqui? – perguntei depois de muito tempo encarando o meu ser humano dentro daquele local que parecia bem quentinho.

—Não precisa ter medo, ele é nosso – Emm sorriu – Coloca a mão aí, mamãe, fala com ele.

Suspirei fortemente, então fiz o que Emm sugeriu. Coloquei a mão na outra abertura, o total eram quatro aberturas, duas de cada lado da caixa, mas como Emm e eu estávamos lado-a-lado, cada um usou uma abertura.

—Oi, amor da mamãe. Perdoa por não conseguir te segurar por mais tempo, está desconfortável? Eu espero que não, minha vida, espero que esteja feliz de estar aqui fora. Agora pode ver com seus próprios olhos como o seu pai é babão – brinquei e Emm sorriu quando o olhei – E a mamãe também – falei suavemente – Eu te amo tanto, Henri, mais que tudo no mundo, mais que todas as outras pessoas.

—Igual ao papai – Emm disse ciumento e eu sorri.

—Pode ser, igual ao papai. 

Ficamos ali com nosso filho um tempo, Emm contou-me que pediu que as pessoas respeitassem o meu tempo e não viessem ver Henri antes que eu o fizesse e fiquei contente que ele o tivesse feito aquilo. Eu quis aquele pacotinho antes de qualquer outra pessoa, nós dois lutamos juntos pelos últimos sete meses, eu merecia vê-lo antes. Ele era meu.

Emmett atendeu o celular e contou que o pessoal estava do lado de fora, a enfermeira da UTI disse que nós poderíamos estar lá com o bebê e mais dois visitantes, então ele foi buscar os primeiros visitantes e, logo ele voltou com Edward e Bella, animados como pude reparar ainda do lado de dentro do berçário.

Bella também prendeu o cabelo e os três colocaram as capas então entraram depois de bem esterilizados.

—Eles fizeram rodízio – Emm contou.

—Vinte minutos de cada – Bella disse sorrindo.

Ela abraçou-me e beijou meu cabelo. Edward nem sequer me olhou, ficou encarando Henri, a mão apoiada na grande caixa transparente.

—Pode falar com ele, é bom – Emm falou para o cunhado que sorriu amplamente.

—Oi campeão – Edward disse perto da abertura – Eu posso tocá-lo? – perguntou e eu assenti – Ah, eu te amo, irmã, não brinca mais de dormir no meio do parto – ele falou e eu ri, então ele voltou sua atenção para o meu filho, Bella foi para o lado dele.

—A tia te ama, neném. Você é tão lindo – Bella disse toda boba e eu sorri para Emmett.

—Quer contar? – perguntei a ele que concordou, animado.

—Para de ensinar coisa errada para o meu filho, Bebella – Emm disse em tom brincalhão.

—O que eu fiz? – ela perguntou confusa.

—Não é a tia que o ama... É a madrinha— falei docemente e Bella ficou estática, mudando o olhar de mim para Emmett.

—Estão brincando – ela falou emocionada e garantimos que era a verdade – Eu não acredito – ela se levantou e veio nos abraçar.

Lembro pouco dos sermões que ouvíamos quando crianças, eu e Jazz. Desde que mudamos para Forks Angeles, tínhamos ido a poucas missas, não creio nem que Emmett tenha ido a uma missa na vida dele. Nós não éramos batizados. 

Entretanto, um dia estávamos conversando com Dydime, a esposa de Marcus, e ela nos contou como achava importante o batismo para criar uma proteção a mais para o bebê e, desde então, Emmett e eu estávamos pensando sobre aquilo. 

—Por que eu? – ela perguntou boba e eu sorri, mas Emmett tomou a frente explicando.

—Porque é um exemplo que queremos que o nosso filho tenha constante em sua vida. Uma mulher forte, meiga, empática, tantas coisas... Eu que não vou ficar aqui enchendo a sua bola – Emm disse brincando – O resumo é que: nós te amamos, e esperamos que seja uma presença constante na vida de Henri – explicou e ela sorriu voltando a nos abraçar.

Edward estava cantarolando para Henri e eu sorri para Emm, apontando com a cabeça para ele.

—E o padrinho é meio relapso, mas também esperamos que esteja sempre por perto, mostrando para o neném o que é ser gentil, protetor e amar com todo o coração – Emmett falou mais alto para Edward escutar, e Ed ficou sério, mudando a atenção de Henri para Emm e eu. 

—Agora eu mereço um abraço? – perguntei brincalhona, mas Edward continuou parado.

—Eu? – perguntou Edward, confuso.

Entendi que ele tinha achado que escolhemos Bella por ser irmã de Emm, mas não era a razão, bom, não apenas aquela.

—Se você aceitar – Emmett disse e foi quando Edward levantou abraçando nós dois ao mesmo tempo.

—Que honra, eu juro que estarei sempre com ele, para sempre, com o mesmo amor que sentiria se ele fosse meu – Edward falou intensamente – Eu amo vocês, muito. Obrigado.

Depois daquilo, Bella e Edward ficaram ainda mais babões para o lado do neném. Reparamos tio Charlie e tia Renée do lado de fora, acenando avisando que era a vez deles de entrarem e eu ri, avisando que logo eu teria que voltar para o quarto.

Fiquei tensa no momento que tia Renée parou chorando nos olhando, entendi que Emmett ainda não tinha falado com ela. Ele suspirou alto e a encarou, sério.

—Meu filho nasceu, eu não quero falar sobre nada, mãe, apenas... Você é a avó dele e eu te amo, o passado fica lá. Fazemos assim, sim? – perguntou Emm se aproximando dela com cautela – Você errou. Eu também já errei e, se eu mereci uma segunda chance, sei que você também merece – falou e tia Renée sorriu o abraçando.

Tio Charlie veio para o meu lado e ficou encarando o neto querido dele. 

O único avô que amou Henri desde o primeiro momento, que quis ele tanto quanto Emm e eu e, por aquilo, eu seria eternamente grata por tio Charlie. Ele abraçou-me de lado e beijou meu cabelo. Assegurou-se que eu estava me sentindo bem.

—Ele tem sua barriga – tio Charlie brincou porque sempre me chamava de magrela e eu ri para ele.

—Engraçadinho.

Ficamos ali. Eles falaram com Henri, tia Renée também veio para o meu lado e conversamos, ela se mostrou preocupada com tudo, mas garanti que estava bem. Então meus pais entraram quando os pais de Emm saíram. Meu pai chorou quando me viu, mais que por apenas emoção.

Jasper bateu em minha mente quase que instantaneamente, mas eu ainda não estava pronta para saber sobre aquilo.

Resolvi não estragar a visita dos meus pais ao neto deles. Reparei que minha mãe não conseguiu tocar em Henri, nem falou com ele, mas o olhou e ficou conversando com Emmett que a respondia educadamente, ele não gostou de ver que ela não estava se aproximando do nosso bebê.

—E o nome dele? – perguntou papai, acariciando a mãozinha do meu filho.

—Henri Jasper Hale-Swan – Emm sorriu – Com hífen.

Papai sorriu para nós dois e sussurrou algo para o bebê que não escutei. Minha mãe saiu antes de precisar ir, mas papai e eu ficamos lá dentro até tia Esme, tio Carlisle e Alice aparecerem.

—Você, suma daqui – Emm falou sério para mim porque completara duas horas que eu estava aqui.

—Emm...

—John, você acompanha Rosalie para o quarto? Ela precisa repousar – ele falou autoritário e eu bufei. 

Acariciei meu filho e o falei que o amava antes de sair da UTI Neonatal. Cumprimentei os três Cullen que iriam conhecer meu filho e eles me mimaram um pouco antes de entrarem para ver o meu bebê.

—Não dorme, eu preciso conversar com você – Alice avisou quando me abraçou antes de ir higienizar as mãos e eu concordei sem saber o que aquilo significava. 

Papai me levou, com calma, para o quarto e todos estavam lá, conversando amenidades até que eu cheguei. Falamos sobre Henri, contei sobre o nome completo dele e os padrinhos que ainda estavam brilhando pelo título que demos a eles.

—Emmett precisa descansar – avisei, preocupada, depois de um tempo.

—Será que eu posso passar a noite com Henri? – Edward perguntou no momento que os Cullen entraram no quarto.

—Mesmo? – perguntei emocionada.

—Sim, mesmo. Emm precisa mesmo descansar e sei que muita gente pode dormir aqui com você. Não acredito que tenha como dormir lá onde o bebê está, mas eu queria passar a noite com ele, seria muito importante para mim se deixasse – ele falou e eu fiquei surpresa.

—Ed, não precisa fazer isso, as enfermeiras...

—Eu sei, sei que ele é bem cuidado, mas quero. Por favor. Dormi muito bem essa noite e ainda estou de folga amanhã – ele disse – Deixa? – perguntou e eu chorei.

Ele abraçou-me e eu agradeci por ele ser tão parceiro comigo. Ele foi liberar Emmett porque, mesmo o teimoso sendo difícil, tinha que tomar banho e comer.

Meus pais e tios prometeram voltar cedo na manhã seguinte e foram para o hotel descansar. Reparei que já eram oito da noite, eu só poderia voltar para Henri às nove, quase dez. Fiquei no quarto conversando com as meninas, antes de ver Emmett entrar no quarto, emburrado.

—Eu sou o pai, por que não posso ficar? 

—Porque passou o dia todo lá, Emm, tem que comer e tomar banho – falei séria.

—Já comi, fui na lanchonete antes de vir aqui para o quarto e banho...

—Emm, vamos, Alice vai dormir com Rose aqui hoje e nós voltamos amanhã cedo – Bella disse séria, como tínhamos combinado antes dele aparecer.

—O que?

—Por favor, por mim Emm, preciso que saia desse hospital, nem que seja para fazer uma mala para ficar aqui até o fim da minha estadia e a de Henri aqui. Traga toalha e trocas de roupa, mas hoje durma em casa – pedi e, depois de leves discussões e muita reclamação, ele concordou e foi embora com Bella na hora em que eu reparei que poderia voltar para o berçário.

Alice foi devagar comigo, ficamos conversando, ela ainda não tinha dito nada sobre Jasper e eu não tinha certeza se realmente queria saber sobre aquilo, então nos mantivemos longe daquele assunto. 

Edward estava cantando para Henri uma música do filme A Noviça Rebelde quando chegamos e eu sorri para o meu irmão de coração, tão querido.

—Olha, a mamãe veio pedir para o padrinho ficar quieto por um minuto, você já deve estar entediado – ele disse docemente.

—Por que não vai comer? Já que quer passar a noite aqui – sugeri e ele concordou, foi com Alice para deixarem-me um tempo sozinha com o neném.

Fiquei quieta, encarando ele sem tocá-lo, ao invés disso fiquei acariciando minha barriga com calma. 

Devagar, em nosso tempo, coloquei a mão perto dele e, juro, eu sei que a reação dos prematuros é mais complexa de acontecer, mas juro, Henri encostou a bochecha no meu dedo e eu chorei, porque eu o amava tanto, queria tanto segurá-lo contra mim.

—Boa noite, Henri estava morrendo de saudades – a enfermeira falou docemente e eu sorri para ela.

—Não posso ficar muito.

—Eu sei, querida, vim aqui só para lhe falar que o papai e padrinho disseram que não queriam segurá-lo como bebê canguru porque deixariam você ser a primeira – ela disse e eu franzi o cenho, confusa.

—O que é “bebê canguru”?

Ela explicou-me a importância do bebê aprender o que é carinho e sentir-se próximo dos pais nos primeiros dias de vida e, mesmo que não pudéssemos ficar o dia todo, vinte minutos por dia era o que os médicos sugeriam, então ela perguntou se eu queria aquilo. Comecei a chorar quase que instantaneamente. 

—É tudo o que mais quero na vida – falei sincera e ela sorriu.

Demorou um pouco por conta de todos os fios conectados ao corpo de Henri. Reparei Alice e Edward do lado de fora, emocionados enquanto duas enfermeiras arrumavam Henri para eu pegá-lo, então sugeri, por sinais, que eles filmassem e Alice logo estava com o celular apontado para mim. 

Henri veio para o meu colo e eu comecei a chorar, porque era ele ali e eu tinha sonhado tanto com aquele momento, temi tanto que não fosse acontecer, mas ele estava ali. Meu filho.

—Está segurando perfeito, se precisar de alguma coisa é só chamar – a enfermeira simpática falou antes de sair de perto, deixando aquele momento meu.

Comecei a niná-lo, ele estava aconchegado contra o meu peito, os olhinhos ainda fechados.

Quando a noite escurece, e as estrelas aparecem. Não há ninguém para secar suas lágrimas. Eu poderia te segurar por um milhão de anos para fazer você sentir meu amor.


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Notas finais do capítulo

Tentei deixar o capítulo delicado e calminho para demonstrar um pouco como tem que ser esses primeiros meses dos prematuros, é algo muito delicado, então espero que vocês tenham gostado e não se esqueçam de deixar as opiniões nos reviews.

Um beijão!



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