Sasuke-kun conheceu o poder de um estresse causado pela tensão pré-menstrual há pouco mais de dois meses. Ele jamais esperaria que eu fosse simplesmente parar no meio de nossas caminhadas, em uma estrada aberta e sem movimentação alguma, a paisagem de pura aridez, e suspirar de forma tão intensa ao ponto de me fazer chorar. Sua reação foi de choque, inicialmente, até que se virou e um leve tremor em seus olhos pôde ser visto. Eu chorava olhando-o e não conseguia parar, simplesmente só... saía. Sasuke-kun estava tão perdido quanto eu. Coitado, não julgo, mas é tão difícil ter esses intervalos entre o medicamento... infelizmente ou felizmente, ele descobriu o poder dos hormônios femininos no seu lado mais tenebroso. 

Havia se aproximado, fiscalizando-me com seus olhos afiados... um falcão. Estava ainda assustado, colocou a mão em meus ombros e perguntou a mais óbvia das perguntas a serem feitas por quem não compreendia um palmo do que estava à sua frente. 

— Sakura, o que está acontecendo? — E isso só engatou mais o nó que se instalou em minha garganta, fazendo-me chorar ainda mais. 

Droga, Sakura, recomponha-se, o que é isso?! Você está deixando ele preocupado! Shannaro... 

Ele fez, oh, ele fez o que não deveria fazer. Abraçou-me, como se estivesse me aconchegando no mais profundo âmago de sua existência. E isso, claro, me fez chorar ainda mais. 

Estava um calor infernal e eu não podia ficar jogando líquidos fora assim, de graça. Respirei, na medida em que me engasgava e soluçava, buscando a calma em seu cheiro e a paz em meu coração. 

Estava tudo bem, estávamos juntos, tudo estava certo!

— V-vamos, Sasuke-kun... — Disse, limpando o rosto que deveria estar um desastre completo. Ele anuiu e seguimos lado a lado. 

Sentia-o checando-me vez ou outra. Sentia, também, as diversas perguntas que pareciam pairar ao seu redor, tentando compreender o que raios de loucura cometera para que eu começasse a chorar de forma tão intensa. 

Ao chegar em uma pacata vila, ao pé da noite, pudemos nos aconchegar de forma mais razoável. Enfrentar as ventanias de uma noite árida não era algo fácil, dormíamos pouco e sentíamos a tensão e o estresse se acumulando a cada hora que passava. Foi nesse dia que ele descobriu que os medicamentos que eu tomava eram para evitar esse tipo de situação.

— Era por isso que você andava meio emburrada no mês passado? — Disse, de modo a implicar com minha pessoa. Ora, onde já se viu...

— Bem, pelo menos eu tenho um motivo para meus picos de humor, diferente de alguém... — E um audível 'tch' ecoou pelo quarto, fazendo-me rir e expondo um Sasuke-kun levemente divertido. Apertou minhas bochechas e a tentativa de me desvencilhar desse ato foi muito falha, até ele perceber que eu queria falar.

— Isso dói, sabia? - Afirmei, com ele anuindo de forma muito falsa.

— Para além disso, serve para evitar gravidez. Tsunade-sama está trabalhando nesse medicamento, chama-se anticoncepcional e eu estou testando. A equipe está se saindo muito bem! — Sorri e cuidei de remover a mecha que tampava o rosto de Sasuke-kun. Queria vê-lo e sentia que, hoje, o efeito da crise de choro havia se transformado em outra coisa... 

Tsunade-sama havia produzido como teste, além dos medicamentos de placebo. Estavam dando certo com diversas mulheres que aceitaram participar do experimento e, com uma porcentagem maior de sucesso, ela havia me dado para evitar posteriores consequências pós-núpcias, apesar de me querer de volta o quanto antes.

Sobre o último tópico, o da gravidez, Sasuke-kun pareceu surpreso e seu semblante se tornou austero. Para evitar possíveis situações complicadas, mencionei logo que quando voltássemos e no momento mais adequado, eu pararia simplesmente de tomar o medicamento e nossa família poderia ser acalentada por um ou uma pequena Uchiha.

Um pequeno sorriso brotou e bingo! Pude considerar que o que estava corroendo sua mente se desfez. Ele, pelo menos, pareceu relaxar. Aquiesceu e, perguntando se eu estava melhor, resolveu ser o primeiro a tomar banho.

Um Uchiha, uma Uchiha... Quem poderia dizer que, de fato, não vai só ser você, ein, Sasuke-kun?

Após banharmos e nos acomodarmos na cama quentinha - finalmente -, aquela dita cuja começou a se espraiar pelo meu corpo de forma consideravelmente imensa, sabe? De forma infernal, minha libido se ergueu triunfante, dando um show, que eu não esperava, muito menos Sasuke-kun.

E ali Sasuke-kun entendeu que eu poderia chorar horrores e ter um desejo incansável por ele em um único dia. Ele disse que isso era bem peculiar, pareceu pensativo, mas não discutimos mais sobre.

Desde então, nossa viagem correu de forma bem amena.

Até o dia em que descobri que a margem de erro de 10% mencionada pela godaime existia mesmo e, bem, que eu, realmente, estava grávida.

Shannaro...