A megera. escrita por Tostes Prih


Capítulo 1
Prólogo




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P.O.V Melanie:

   Com toda a minha raiva comecei a surrá-la usando o pesado casaco de pele que eu tinha em minhas mãos. A dissimulada se fazia de vítima enquanto tentava proteger o rosto e gritava desesperada. Os empregados olhavam boquiabertos sem se mover, eles sabiam que eu “comeria vivo” o infeliz que tentasse me parar. A cena deveria ser patética para um telespectador de fora: duas meninas em cima de sapatos de salto agulha, elegantemente vestidas para um leilão, tentando se agredir com roupas de grife. Mas fazer o que? Eu não tinha muito controle sobre o meu temperamento, principalmente quando se tratava de minha prima Sabrina, que aparentemente nascera com o propósito de me tirar do sério.

   -MENINAS PAREM COM ISSO! – Enquanto tentava arrancar cada fio de cabelo loiro de minha prima, escutei os gritos de tia Helena.

  Algum empregado devia ter ido chama-la. Eu podia ouvir ao longe o barulho do salto dos sapatos dela enquanto ela tentava rodear a piscina e chegar o mais rápido o possível onde estávamos.

— Solta meu cabelo sua louca! – Ao ouvir a voz da mãe, Sabrina começou a choramingar.

— Então larga o vestido da minha mãe. – Retruquei enquanto tentava fazer com que ela soltasse a peça de roupa.

  Toda a confusão começara por causa daquele vestido.  Tia Helena havia organizado um leilão com roupas e outros objetos para arrecadarmos fundos para uma Instituição de caridade. Leilões assim atraíam muitas socialites e mulheres da corte que pagavam uma fortuna por um objeto usado por uma princesa, ou por alguém de sangue real. Ridículo! Eu odiava participar daqueles eventos, mas banquei a boazinha e colaborei enviando algumas jóias e vestidos que eu não usava mais.

Acontece, que minha digníssima prima sempre arruma uma forma de me fazer perder o controle. Talvez seja uma maneira que ela arranjou de  aplacar a insegurança e o senso de inferioridade que sente por não ser herdeira do trono. Ela daria a própria mãe em troca da coroa se pudesse. Hoje não foi diferente dos outros dias, enquanto levavam os objetos para exposição no grande salão e preparavam tudo para o leilão, vi Sabrina andando furtivamente até as araras que estavam no pátio sendo preparadas para ir para o grande salão. Peguei ela em flagrante tentando colocar a leilão um vestido que eu tinha muita estima. Normalmente não sou muito apegada a objetos, porém esse vestido em específico havia pertencido a minha mãe. Meus pais faleceram quando eu era muito pequena e não tenho muitas lembranças deles a não ser pelas fotos e objetos pessoais que deixaram.   

Assim que me viu andando em sua direção ela se assustou, estava claro que sua intenção era que eu visse o vestido apenas na hora do leilão quando já estivessem dando lances nele. Ela calculou que eu faria um escândalo na frente dos jornalistas aumentando minha fama de descontrolada e mimada. Só que dessa vez eu a peguei com a boca na botija. E agora estávamos ali, nos agredindo  e tentando arrancar os cabelos uma da outra.

—Meninas pelo amor de Deus, os convidados estão chegando. Vamos manter a compostura. – Tia Helena esbravejava enquanto tentava nos separar.

— Mãe ela me atacou sem motivo algum. – Choramingou Sabrina.

— Mentirosa! Você sabia que esse vestido era importante para mim e estava colocando para o leilão.

— Deve ter sido um mal-entendido. Vamos nos recompor e agir como verdadeiras damas que somos. – Minha tia tentava apaziguar a situação.

Eu já estava me acalmando enquanto Sabrina tentava ajeitar os cabelos e desamassar o vestido. Enquanto eu caminhava para o castelo ouvi-a murmurar pelas minhas costas:

— Ainda bem a mãe está morta, pelo menos não precisa ver a vergonha que ela se tornou.

  Foi o suficiente para que minha raiva retornasse com força total. Virei bruscamente e corri em sua direção. Ela foi pega de surpresa, consegui ver seus olhos se arregalarem segundos antes de eu me chocar com força contra ela. Imediatamente ouvi seu grito histérico enquanto nós duas caíamos na piscina. A água entrou em minha boca e nariz, emergi tossindo e tentando abrir os olhos que ardiam por causa do Cloro da água e pelo rímel que escorria.

—Você vai me pagar! – Antes que eu pudesse reagir, a loira me empurrou novamente para o fundo da piscina jogando todo seu peso para me manter embaixo da água o maior tempo possível.

Me debati feito louca, podia ver as bolhas de ar se formando enquanto eu gritava embaixo da água. Tateei seu rosto até conseguir alcançar uma mecha de cabelo e a puxei violentamente para baixo também. Sem poder respirar a maluca me soltou e nós duas retornamos á superfície tossindo e cuspindo muito.

— Olha o estado de vocês. – Tia Helena quase chorava.

 Saí da piscina feito um pinto molhado. Eu devia ter água até dentro dos ouvidos! O vestido estava colado em meu corpo, e meus olhos ardiam mais que nunca. Porém, tudo valeu a pena quando vi minha prima saindo de lá toda molhada, com a maquiagem escorrendo pelo rosto e dificuldade em andar com o vestido molhado.

—Vão se trocar e quero vocês em trinta minutos no salão prontas para o leilão. – Tia Helena massageava as têmporas enquanto falava, parecia que ia ter um "treco" a qualquer momento.

Eu detestava deixar minha tia nervosa. Ela era a pessoa que eu mais amava e confiava, a considerava praticamente uma mãe. Quando meus pais faleceram ela abandonou toda a vida que tinha e se mudou para o palácio onde sempre cuidou de tudo. Sei que deve ter sido difícil , criar a sobrinha e a filha quase da mesma idade, enquanto lidava com a perda da irmã e do cunhado. Ainda por cima nunca se casou, provavelmente por causa da grande responsabilidade que tinha em me preparar para ser rainha. As vezes da minha janela eu a via chorando no jardim enquanto olhava para uma foto dos meus pais. Aquilo partia meu coração. 

Tia Helena fora uma luz na minha vida e eu devia muito a ela, a única parte ruim dessa história era que aquele filhote de demônio veio junto como parte do pacote e eu tinha que conviver com a imbecil. Desde que me entendo por gente, não consigo me lembrar de um único momento em que ficamos as duas no mesmo cômodo sem nos agredir com palavras ou tapas.

Enquanto levávamos um sermão sobre união, e sobre termos que nos amar como se fôssemos irmãs, Sabrina me olhava de canto de olho. Se um olhar pudesse matar, com aquele que ela me lançava provavelmente eu já teria caído dura no chão.

— É melhor ficar bem atenta, porque esse banho de piscina foi só começo. - Vociferei metendo o dedo indicador quase na cara da perua loira.

(...)

  O leilão, assim como qualquer evento que ocorria no palácio estava sendo um sucesso. Mulheres esnobes, com seus rostos esticados de cirurgias plásticas e lábios enormes preenchidos artificialmente, desfilavam por toda a parte olhando os itens para que pudessem dar seus lances mais tarde. Enquanto isso, maridos entediados se atracavam no champanhe e nos canapés que estavam sendo servidos.

Sabrina estava do outro lado do salão conversando animadamente com um grupo de damas da realeza.  Ela sempre tentava ser perfeita aos olhos da imprensa e da corte. Gesticulava e sorria falsamente. De longe até parecia encantadora. Revirei os olhos enquanto a imitava de uma maneira bem infantil fazendo minha melhor voz de falsete.

— Olha sou a Sabrina, sou a senhorita sorriso brilhante na frente das câmeras e encarnação do Capeta nas horas vagas quando ninguém está me vendo.

— Falando sozinha? – Me sobressaltei ao ouvir a voz familiar atrás de mim.

— Arthur, que susto! – Reclamei.

— Já posso ver as manchetes amanhã: “Herdeira da França fala sozinha feito doida em leilão de caridade. ” – Disse ele enquanto abria as mãos para formar um letreiro imaginário.

— Olhe pelo lado bom: vocês não vão se entediar durante o meu reinado.

— Com certeza não. Você é o tipo de pessoa que todos os dias tem uma história para contar. – Disse ele rindo.- Posso saber o porquê de tanto mal humor?

Arthur era meu melhor amigo, nos conhecíamos desde crianças. Seu pai fazia parte do conselho real, o que significava que volta e meia eu encontrava o loirinho correndo pelos corredores do castelo. Logo de cara nos identificamos criando uma amizade que dura até os dias atuais. Por conviver tanto comigo, ele me conhecia muito bem e sempre sabia o que eu estava sentindo.

— Briguei com a Sabrina de novo. – Falei virando os olhos ao pronunciar o nome dela.

— E eu perdi essa? Droga! Devia ter chegado mais cedo. Como foi?

— Caímos na piscina. – Contrariada comecei a dar os detalhes.

— Não acredito nisso, sua tia deve ter enlouquecido. – Ele ria sem parar.

— Quase chorou. Você sabe o quanto ela odeia quando não mantemos a compostura.

— Convenhamos que você nunca mantém, se eu fosse ela já teria desistido de te pedir isso.

— Quando for rainha meu primeiro decreto vai ser desaparecer com a minha prima. – Resmunguei.

— Ela não é tão má assim. – Disse ele olhando para onde ela estava com um olhar abobado.

— Você diz isso porque morre de amores  por ela desde criança. – O encarei com sarcasmo.

— Fique quieta. – Disse ele nervoso, com medo de que alguém pudesse nos ouvir.

— Ela sabe que você quer beijá-la? – Comecei a provoca-lo, enquanto fazia sons de beijos imaginários com a boca.

— Quanto anos você tem cinco? – Retrucou ele.

— Tenho sete. – Respondi ironicamente e ele riu.

— Com licença! A conversa aqui parece muito.... Interessante, mas preciso roubar a Melanie um pouquinho. – Tia Helena apareceu, e como sempre começou a me tirar da minha zona de conforto.

— Tudo bem. Eu já estava indo cumprimentar a Sabrina. – Respondeu meu amigo com um sorriso.

  Tia Helena começou a me levar para o outro lado do salão.

— Quero te apresentar uma pessoa. – Disse ela empolgada.

— Por favor que não seja outro possível candidato a marido. – Choraminguei.

— Você vai completar vinte e dois anos. Se quiser ser coroada rainha vai ter que se casar com algum nobre.

— Isso é tão ultrapassado e antigo. – Reclamei. – Tenho capacidade de reinar sozinha sem um marido ao meu lado.

— Infelizmente é assim que as coisas funcionam por aqui.

— Por isso que na adolescência você fugiu para se casar com um Plebeu? – Perguntei levantando as sobrancelhas sugestivamente.

— Como você sabe disso? – Questionou ela.

— Tenho minhas fontes. – Me gabei.

Tia Helena na juventude deu muito trabalho para a realeza. Se apaixonou por um plebeu e fugiu de casa para se casar com ele. Na época foi um escândalo! Quando tudo deu errado ela voltou. Mamãe já havia se casado com meu pai e se tornado rainha pelo casamento. Para ajudar a irmã ela a trouxe para a França onde ninguém sabia sobre suas aventuras. Não adiantou muito pois um tempo depois titia engravidou, e ninguém nunca conseguiu arrancar dela quem era o pai de Sabrina. Outro escândalo. Provavelmente era por isso que ela se desdobrava tanto para que eu fosse uma rainha perfeita. Não queria que eu e a Sabrina sofrêssemos os tipos de ataques da imprensa que ela sofreu por seus erros e por ir contra um sistema ultrapassado e repressor.

Desde quando completei dezessete anos ela fazia esses eventos. Dizia que eram para arrecadar fundos. Caridade uma ova! Ela queria me arrumar um marido e com sucesso eu sempre espantava todos eles.

— Melanie, quero te apresentar Bernard Henrique IV futuro Duque de Marselha. – Minha tia o apresentou com um olhar cheio de esperança.

Analisei o rapaz de cima abaixo antes de dar minha mão para que ele beijasse. Um verdadeiro almofadinhas! Sapatos e ternos caríssimos de grife, cabelo perfeitamente cortado e alinhado sem um único fio fora do lugar. No rosto tinha uma expressão constante de quem estava prestes a espirrar. Titia saiu me deixando sozinha com o projeto de Ken.

  - Sua beleza é famosa por toda França. – Disse ele me bajulando. - Confesso que passei muitos anos estudando fora e voltei recentemente, por isso ainda não tive o prazer de conhece-la pessoalmente.

Minha tia estava buscando candidatos cada vez mais longe, pois os daqui praticamente fugiam de mim.

— E está gostando do seu retorno á França? – Entrei na conversa

— Sim, já havia me esquecido como as pessoas daqui são ...agradáveis.

  Enquanto ele falava, sentei no chão e comecei a arrancar os sapatos. Ele fez uma cara de horror com meu comportamento, mas logo disfarçou. Eu estava só começando. Um garçom passou com uma bandeja cheia de taças de champanhe.

— Segura aqui! – Joguei em cima dele meus sapatos e minha bolsa, enquanto pegava duas taças.

— Que gentileza a sua, mas eu não bebo! – Ele estava se esforçando para fingir que não notava meus modos.

—Não é para você, são para mim. Estou sóbria á trinta dias então mereço uma birita para comemorar. – Menti, enquanto me divertia com sua expressão de choque.

— Estava em reabilitação? – Questionou ele.

— Sim, sabe como é né? Problemas com álcool, drogas.... Sem contar as alucinações.

— Alucinações? - Ele tinha um olhar apavorado no rosto.

— Não se preocupe faz uma semana que estou curada, agora só falta resolver meu comportamento violento enquanto durmo. Um brinde a isso! – Virei as duas taças rapidamente dando um longo e sonoro arroto em seguida.

  Todos que estavam em volta me olharam assustados inclusive o rapaz em minha frente.

— Com licença, me lembrei que preciso pegar algo no carro. – Disse ele quanto me devolvia minhas coisas e saía apressado.

— Não vai embora não, se quiser podemos dar uma volta no jardim. - Eu falava enquanto o seguia pelo salão.

— Seria um prazer princesa, mas infelizmente tenho um compromisso. – Ele praticamente corria para fora do castelo.

  Parei na escadaria enquanto olhava satisfeita o rapaz atravessando o gramado as pressas.

— Onde ele está indo? – Perguntou Tia Helena parando ao meu lado.

— Infelizmente teve um compromisso de última hora e precisou ir. - Falei fazendo cara de inocente.

— Que pena.- Disse ela com um olhar entristecido.

— Pois é, uma pena mesmo! – Falei fingindo decepção na voz.

 

P.O.V Sabrina:

   Atravessei o salão tentando me misturar com as pessoas e despistar Arthur. No verão havíamos ficado juntos, escondidos claro, e agora ele estava feito um cachorrinho atrás de mim em todos os eventos. Admito que o achava lindo e de boa família, mas eu queria mesmo era um príncipe! Alguém que pudesse me dar a coroa que eu nasci destinada a ter. Nunca entendi porque Melanie nasceu herdeira do trono e eu não, era muito injusto. Ela não tinha porte e nem modos de princesa. Já eu, sempre esbanjei elegância e bons modos, só me faltava a coroa. Para piorar, me perseguia a fama de bastarda, já que mamãe nunca revelou quem era o meu pai. Às vezes eu sonhava que ele era rei de algum país distante e que ele aparecia para me fazer sua herdeira.

   De longe pude ouvir Melanie soltar um alto e vergonhoso arroto enquanto conversava descalça com o futuro Duque de Marselha. Eu precisava dar um jeito nessa louca ou ela ia acabar com a reputação da família. Já éramos ridicularizados constantemente na mídia pelas confusões dela. Se eu quisesse atrair um príncipe precisava ser impecável, mas com o passado de minha mãe e o comportamento de Melanie, era difícil manter minha própria imagem. A única parte boa disso tudo, era que quanto mais louca minha prima se mostrava mais eu brilhava e me destacava. Muitos jornais nos comparavam emeu nome sempre estava na frente o que significava que eu tinha o amor do povo.

    Talvez houvesse alguma forma de acabar com a Melanie usando seus péssimos modos e seus caprichos contra ela mesma. Afinal, monarquia era algo ultrapassado.Se eu pudesse usar a simpatia do povo a meu favor. Um plano começou a se formar em minha mente. Se a coroa não fosse minha eu também não ia permitir que fosse dela! Eu precisava arrumar uma maneira de colocar todos os holofotes em cima dela e então faze-la mostrar a  pior imagem possível para o público. Uma idéia perfeita de como fazer isso começava a se formar em minha mente. Ia ser difícil com minha mãe escondendo as falhas dela o tempo todo, mas não seria impossível.

(...)

 

   Mais tarde, durante o jantar eu tive a minha chance de iniciar o meu plano.

— E então Melanie, porque o Duque foi embora tão apressado? – Perguntei enquanto remexia a salada no meu prato, disfarçando.

— Ele tinha um compromisso. – Respondeu ela secamente. Ainda estava guardando rancor por causa do vestido da mãe que tentei mandar para o leilão.

— Tinha compromisso ou foi por causa do arroto que você soltou perto dele?

   Eu tinha atingido meu objetivo. Ela estava ficando vermelha feito uma pimenta, enquanto me olhava com puro ódio por dedurá-la para mamãe. Por um momento me senti grata pela mesa ser grande e eu estar de frente para ela em uma distância considerável ou a maluca seria capaz de tentar me bater.

— De novo Melanie?! – Minha mãe soava desanimada.

— Eu não quero me casar tia Helena, e você me traz os piores candidatos.

— Mas ele era bonito, educado, de boa família... – Minha mãe começou a listar as qualidades do rapaz na tentativa inútil de fazer a princesinha mudar de idéia.

— Metido, egocêntrico, ridículo... – Melanie retrucou.

— Sinceramente Melanie, se você quiser reinar vai ter que se casar e com alguém da realeza.

— Eu vou reinar sozinha! – Ela cruzou os braços irritada.

— Hey gênio. Não sei se você leu nossas Constituições como deveria, já que é a herdeira. Se até os vinte e dois anos você não se casar, o conselho real pode votar em uma nova rainha. Pode ser qualquer uma desde que seja nobre e esteja casada com alguém da corte. – Comecei a pôr meu plano em pratica. Fase um: persuasão.

—É sério isso? – Perguntou olhando para minha mãe. Pela primeira vez ela não parecia irritada com algo dito por mim.

— Achei que você sabia querida. Porque acha que faço tanto esforço em encontrar alguém para você? Minha esperança era que tivesse tempo suficiente para se casar por amor e não pela obrigação.

— Agora você tem exatamente cinco meses para se apaixonar. – Cutuquei.

— O pior é que não sei mais onde encontrar candidatos. – Disse mamãe cansada. – Os que você não espantou pessoalmente se sentem acuados por tudo que leem nos tabloides.

— Prometo que vou ser mais aberta em relação a isso e dar uma chance. – Disse ela se rendendo.

— Porque não fazemos uma Seleção com candidatos da realeza? – Joguei a última carta para manipular a situação a meu favor.

— Seleção? – Questionou ela.

— Você nunca leu a Constituição? – Perguntei realmente espantada com a falta de interesse dela.

— Porque não pega essa tal Constituição e enfia no seu...

— Melanie! – Minha mãe a interrompeu antes que ela soltasse um palavrão.

  Dei um risinho de satisfação sabendo que isso a irritaria. Eu estava confortável em provoca-la porque tínhamos a mesa entre nós, mas eu não contava com a criatividade dela para agressões. Imediatamente dois bolinhos voaram em minha direção. Desviei a tempo e os mesmos foram parar na porta, onde quase acertaram June, nossa empregada que vinha entrando naquele momento. Ela abaixou-se a tempo e os bolinhos se espatifaram deixando uma marca de molho de tomate.

— Estou cansada desse seu comportamento. – Ralhou mamãe. – Sua prima está tentando te ajudar!

 Contrariada ela sentou-se novamente.

— A seleção ocorre em muitos outros países também. – Comecei a explicar. – Às vezes permitem apenas membros da realeza, mas em alguns lugares até plebeus podem se inscrever. É anunciado por todos os meios de comunicação, e os solteiros ou solteiras encaminham suas fichas e se candidatam. Nós selecionaremos os que fazem o seu perfil e então eles ficarão um tempo aqui no castelo, convivendo com você e participando de vários eventos e provas para que você possa conhece-los e analisar o potencial de cada um. Assim você teria a chance de conhecer os candidatos, avaliar como reagiriam durante as situações e então vai eliminando aqueles que não te agradam até escolher um.

— Funciona bem em alguns locais. – Completou mamãe. – Já fizeram algumas Seleções aqui também no passado.

— É claro que vai ser difícil convencer os candidatos a passar por essa prova de fogo que é conviver com você todos os dias. – Finalizei.

— Estou disposta a fazer isso. – Ela disse, olhando para minha mãe e me ignorando.

— Onde vamos arranjar candidatos dispostos depois de tudo o que você fez para espanta-los? – Questionou mamãe.

— Ofereça um dote generoso. Se é para ser rainha eu faço esse sacrifício que é conviver com um bando de idiotas por alguns meses, afinal, não tenho muito tempo.

— Com um dote e uma coroa em jogo, todos esquecerão facilmente sua excentricidade. – Falei satisfeita. Meu plano estava começando. De um jeito ou de outra aquela coroa seria minha.

— Teremos uma Seleção então. – Mamãe parecia animada.


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Notas finais do capítulo

Sempre faço um pequeno trailer para que vocês saibam quem eu imagino sendo cada personagem. Se tiverem interesse em assistir segue o link: https://youtu.be/fGz0xZXzMNA

Me contem o que acharam do início história, sugestões são sempre bem vindas ♥



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