Bff escrita por Akemihime


Capítulo 1
único


Notas iniciais do capítulo

Tem spoilers do mangá e gosto de imaginar que a fic se passa quando eles já estão um pouquinho mais velhos, mas não detalhei muito, então fica por conta da imaginação de vocês também~



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Quando era mais novo, Ray costumava pensar que Emma era sua melhor amiga e por isso o que sentia por ela era tão forte e tão diferente do que sentia por todas as outras crianças.

É claro que no começo não era assim. Não quando ainda estavam na fazenda e Norman estava ao lado deles. Com Norman ali, ele era o melhor amigo de Ray e Emma era apenas uma amiga irritante e imatura que nem sempre ele tinha paciência para lidar.

Mas depois que Norman se foi, tudo mudou.

A fuga da fazenda e a luta pela sobrevivência fez com que Ray percebesse que Emma não era uma criança cabeça dura e irritante, ela tinha amadurecido e ambos foram criando um vínculo que só foi se intensificando com o passar do tempo.

Eles se tornaram melhores amigos, Ray então se acostumou a dizer.

E mesmo depois de Norman voltar para eles, Ray percebeu que não era a mesma coisa de antigamente. Que mesmo com a volta do antigo amigo, ele e Emma ainda estavam inseparáveis.

Ele e Emma ainda eram melhores amigos.

E era como se Norman não tivesse mais espaço entre os dois. Embora tanto Ray quanto Emma ainda considerassem o garoto como um importante membro daquela família.

Mas, de alguma forma, era diferente.

E Ray continuou se dizendo que era porque a amizade entre ele e Emma tinha se tornado mais forte.

Então, o tempo passou conforme o moreno persistia em seus pensamentos.

E o sentimento — de amizade — apenas pareceu ficar ainda mais forte. Era comum, entre amigos, sentir o coração acelerado quando ficavam juntos. Era comum, entre amigos, entrelaçarem as mãos mesmo sem qualquer motivo especial para isso. E era comum sempre pensar nela, não importava a hora.

Era comum, não era?

Infelizmente, para Ray, ele era inteligente demais. E enganar a si mesmo pareceu funcionar por um tempo, especialmente quando tinha outras coisas para se preocupar (como as sete paredes e monstros devoradores de humanos os caçando…), mas quando tudo ficava quieto, quando ele tinha um momento para descansar a mente e o corpo, mentir para si mesmo se tornava praticamente impossível.

Porque ele sabia o que aquilo tudo significava. Porque ele tinha lido livros o suficiente e vivido o suficiente para saber que o que sentia por Emma estava longe de um relacionamento normal entre amigos.

Até mesmo entre melhores amigos.

Porém, apesar de ser inteligente o suficiente para entender tudo o que estava acontecendo (embora tentasse negar), nem todos os livros do mundo ajudariam Ray a descobrir como lidar com aquilo que sentia.

Ele tentava pensar friamente sobre o fato de...

De estar apaixonado por Emma.

Mas não sabia o que fazer sobre isso. E toda vez que os olhos verdes da garota o encaravam e ela abria um sorriso, o chamando empolgada, Ray parecia esquecer de todo o mundo a sua volta e até do que estava pensando.

— Você está estranho, Ray — Então Emma disse aquilo para ele uma vez, claramente confusa e preocupada, como sempre ficava com quem se importava.

E Ray sentiu como se seu estômago tivesse virado de cabeça para baixo e sua mente tivesse sido tingida de branco.

Novamente incapaz de pensar, como costumava ficar quando estava perto dela.

— Estou? — Foi o que conseguiu responder na hora, sem saber como agir. Como falar o que estava acontecendo sem expor o seu dilema interno e o que sentia?

Emma franziu o cenho, ainda mais confusa.

— Sim, está! Aconteceu alguma coisa? — Ela se aproximou ainda mais dele, o rosto a centímetros do rosto de Ray, olhando-o como se o analisasse.

— Tsc, não é nada! — Ray exclamou, dando um passo para trás, sentindo as bochechas esquentarem.

— Você pode me contar, não precisa esconder nada… — E o ruim de se conhecerem há muito tempo é que era impossível mentir para Emma.

Assim como Ray podia dizer sempre quando ela escondia alguma coisa ou tinha algum problema, ela também conseguia identificar quando ele não estava em seu estado normal.

Ainda que Ray tivesse conseguido esconder até de si mesmo o que sentia por tanto tempo… aparentemente o fato de encarar, de entender, seus sentimentos, fez com que Emma percebesse que algo estava diferente nele.

E ele sabia que ela não desistiria de descobrir o que tinha de errado, porque ela era Emma afinal de contas.

— Você… já- já se apaixonou? — Ray perguntou, evitando encará-la.

Emma olhou surpresa para ele, sem dúvida não esperando por aquilo.

Ela deu um passo para trás e ergueu as mãos no ar, de forma atrapalhada e nervosa.

— Ah?! Apaixo- apaixonada?! Por que? O que… O que você quer dizer com isso?

Ray esboçou um sorriso curto com a reação dela.

Apesar de não ter planejado aquele tipo de conversa e estar nervoso por ter que expor o que estava sentindo, Emma sempre conseguia acalmá-lo mesmo sem ter consciência disso.

E ela, vendo agora o sorriso dele, se aproximou novamente, colocando uma mão em sua testa.

— Você realmente não tá bem pra ficar fazendo esse tipo de pergunta, Ray!

Então, vendo o corpo dela tão próximo de si e a mão em sua testa, Ray decidiu não tentar usar seu cérebro, tentou deixar de lado os pensamentos racionais e simplesmente fazer o que queria pelo menos daquela vez.

Ele segurou o braço erguido de Emma, tirando-o de sua testa e aproximou ainda mais seus corpos, envolvendo-a em um abraço.

Emma ficou novamente surpresa pelo ato e demorou alguns segundos para corresponder o abraço, mas quando o fez, afundou seu rosto na curvatura do pescoço do garoto, sentindo não só seu coração agitado, mas o dele também.

— Agora estou bem, obrigado por isso, Emma. — Ray sussurrou no ouvido dela, ainda sem se afastar.

E eles não trocaram nenhuma palavra depois disso. Não era como se precisasse exatamente, pelo menos não ainda. Ray sabia que chegaria um dia em que acabaria falando completamente sobre seus sentimentos para Emma, mas naquele momento aquele abraço bastou.

Um abraço forte e repleto de sentimentos antigos, novos e inexplorados pelos dois.


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