19 de Julho de 20XX.

Já se faziam 3 meses desde a última vez em que o vi. Trocamos mensagens quase todos os dias, mas a saudade parece que não se vai. Retornei para a escola, mas não consegui me sentir muito bem vinda. Todos cochichavam pelas minhas costas, ninguém realmente se importava comigo naquela sala. A única hora em que eu me sentia bem, era no intervalo. Ryuji, Ann, Yusuke, Makoto, Haru, todos vinham me ver e conversávamos sobre as coisas mais estúpidas, mas eles nunca mencionavam o líder. Já aconteceu dele ser o assunto principal da conversa e todo mundo começou a chorar. Ele era o vínculo daquela equipe, dos Phantom Thiefs. Se não fosse por ele, nenhum de nós estaria ali, e nem vivos, reunidos.

Depois do intervalo, todos se despediram e retornaram para suas salas. Eu, ao chegar na minha sala, notei um clima estranho, muita conversa e todos não me olhavam diretamente. Me dirigi para minha classe e logo notei alguns rabiscos na mesa. Depois de alguns segundos, entendi o que estava escrito.

"Nerd quatro-olhos. Hikikomori. Puta. Desgraçada."

Essas palavras adentraram meu coração como facas. Mas a última, bem grande e clara, me doeu mais.

"Wakaba Ishiki mereceu o que lhe aconteceu."

Nem percebera, mas suas bochechas já estavam molhadas pelas lágrimas que escorriam. Em sua cabeça, voltou para seu Palácio, no dia em que os Phantom Thiefs lhe salvaram. Naquele deserto escaldante, numa imensa pirâmide, e aquela imensa esfinge. Corpo de leão, asas de pássaro, e cabeça de mulher. Sua mãe.

"POR QUÊ?! VOCÊ DEVIA MORRER, FUTABA! MORRER! EU ME SACRIFIQUEI POR VOCÊ! DEDIQUEI MEU TEMPO POR VOCÊ, MAS VOCÊ NEM SE IMPORTOU! ME DEIXOU MORRER DIANTE DE SEUS OLHOS, VOCÊ É UMA DESGRAÇA!"

Aquela voz demoníaca soou em sua cabeça, e ela sentiu que, naquele momento, o despertar de sua Persona, Necronomicon, havia enfraquecido. Talvez não pudesse mais o usar. Ela nem se sentou, apenas ficou parada em frente de sua carteira, os outros alunos cochichando ao perceber seu estado. O som da aula começando tocou, e ela ao acordar do transe, se sentou e não se moveu até o final das aulas.


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Ao chegar na cafeteria de seu pai Sojiro, o Café Leblanc, que era popular com seus clientes locais, nem respondeu ao chamado dele. "Futaba, o que aconteceu? Você está bem?" Ela se dirigiu diretamente para o sótão, onde ainda havia a cama e a maioria dos pertences de Ren, planejados para ficar ali em sua memória. Ela se deitou na antiga cama dele, e desabou a chorar, desejando que ele estivesse ali, pois saberia curar sua dor. A dor que ela não sentia havia tanto tempo, desde que parou de se trancar em seu quarto. Sentia tanto a falta dele. Afinal, o amava com todas as forças. Passado algum tempo, Futaba adormeceu, onde teve pesadelos com sua falecida mãe, ainda lhe gritando aquelas coisas.


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— Ei, Joker. Já estamos chegando?—Disse o pequeno gato, escondido como sempre, na bolsa do líder dos Phantom Thiefs. Um garoto alto, de cabelos negros e encaracolados, usando óculos.

— É, falta pouco, Morgana.

Ele olhou para a janela do trem, vendo a grande Tokyo se aproximando cada vez mais. Sorriu, sentindo toda aquela nostalgia. Falta pouco, amigos.