Dois dias de fuga escrita por sam561


Capítulo 3
O sítio


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



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  O mediano automóvel preto confortaria os seis amigos até o sítio da tia de Mônica, que ficava duas horas do bairro Limoeiro. Embora a van estivesse com adolescentes recém-saídos do ensino médio, o veículo estava silencioso.

 

  Mônica olhava a paisagem ao lado de Cebola, que, por sua vez, lia um livro obrigatório de um vestibular em seu celular. Cascão, sorridente, lia uma HQ de Cosmo guerreiro com os pés descalços descansando na parte de trás do banco da frente. Carmem retocava sua base, estava suando dentro daquela van sem ar-condicionado com janelas que não davam conta do recado. Magali olhava pela janela apoiando o rosto com a mão no descansando de braço de seu banco com o pensamento longe. E Do Contra fazia palavras cruzadas de uma revistinha de 1,99.

 

   O motorista, Juca, achava o silêncio incômodo, conhecia-os e sabia que todos eram amigos há anos, já estavam perto do sítio e desde que os pegara estavam em silêncio. Resolveu ligar o rádio, que acabava de começar a tocar a música será, da banda Legião Urbana.

 

"Tam, tam, tam, tam, tam,tam, tam, taaaam." DC começou a fazer o som da guitarra com a boca desviando a atenção de suas palavras cruzadas.

 

"Tam, tam, tam, taaam. tam. Taaam." Cascão completou o som sorrindo fazendo uma guitarra imaginária com as mãos.

 

"Tire suas mãos de mim, eu não pertenço a você! Não é me dominando assim, que você vai me entender." Mônica começou balançando o corpo.

 

"Posso estar sozinho, mas eu sei muito bem aonde estou." Carmem continuou balançando a cabeça.

 

"Você pode até duvidar, acho que isso não é amoooor!" Magali foi a próxima com sua voz afinada.

 

"Será... só imaginação? Será... que nada vai acontecer? Será... que é tudo isso em vão? Será... que vamos conseguir venceeeer?" todos cantaram juntos.

 

"Nos perderemos entre monstros, da nossa própria criação." Do Contra começou a segunda parte sorridente.

 

"Serão noite inteiras, talvez por medo da escuridão." Cebola e Mônica cantaram juntos.

 

"Ficaremos acordados, imaginando alguma solução." Cascão cantou.

 

"Pra que esse nosso egoísmo, não destrua nosso coração!" Magali completou a segunda parte.

 

"Será... só imaginação? Será... que nada vai acontecer? Será... que é tudo isso em vão? Será... que vamos conseguir venceeeer?" todos cantaram o refrão juntos novamente.

 

"Oooo oooooh!" Do Contra e Magali cantaram juntos e sorriram um para o outro em seguida.

 

"Brigar pra quê, se é sem querer? Quem é que vai nos proteger? Será que vamos ter que responder, pelos erros a maaais. Eu e você!" Cascão completou.

 

"Tam, tam, tam, tam, tam, tam, tam, tam, taaaam." DC fez novamente o som da guitarra junto do Araújo.

 

"Isso foi lindo!" Mônica bateu palmas sorrindo.

 

"A gente canta muito bem!" Cascão disse animado.

 

"Crianças, chegamos!" o motorista alertou com um sorriso, gostou da interação deles.

 

   Todos desceram e pegaram suas coisas. Depois que a van fez o retorno, os seis ficaram observando o lugar.

 

   A casa era pequena e simples nas cores azul claro e branco com algumas manchas marrons de terra. Ao redor do sítio tinha muita terra, mato bem verde e muitas árvores. Bem próximo da casa, era possível ver uma pequena horta em um cercadinho de madeira e alguns animais pequenos como três vira-latas e galinhas espalhadas. Mais longe, possuía um chiqueiro com dois porcos. O ar ali parecia diferente, era mais fresco.

 

"Mônica, querida! Que bom que chegou com seus amigos. Entrem!" a tia de Mônica foi até lá, secando as mãos em sua calça. A mulher era alta e magra de cabelos negros curtos com alguns fios brancos, olhos castanhos atrás de um óculos de grau, algumas marcas de expressão e sorriso sincero. Ela usava uma calça jeans, chinelos e regata preta.

 

"Gente, essa é minha tia Luciana. Tia, esses são meu namorado Cebola, Magali, Cascão, Do Contra e Carmem." ela apresentou e a mulher abraçou cada um deles e logo se voltou para os garotos.

 

"Vocês realmente têm esses nomes?" ela perguntou curiosa, não aparecia com frequência à casa de Mônica, então não os conhecia.

 

"Ah, não! Meu nome é Cebolácio." o Menezes sorriu.

 

"Cássio, mas gosto mais do meu apelido." Cascão sorriu também.

 

"Maurício." DC falou ela o olhou de sobrancelha erguida.

 

"O deles até faz sentido, mas como surgiu esse seu?" Luciana perguntou e DC sorriu.

 

"Eu gosto de contrariar algumas coisas." explicou.

 

"Ah, sim. Venham, fiz um lanche para vocês." ela os chamou para dentro.

 

                                                                               *

   A casa tinha apenas três quartos, então as meninas dividiriam um e os rapazes o outro. As garotas ficaram com o quarto maior, ele possuía paredes brancas, uma janela de madeira e o chão era de cera. Possuía apenas uma cama enorme de casal coberta por um lençol com flores laranjas e uma cômoda com espelho.

 

"Bem bonita a casa da sua tia, Mô." Magali disse sorridente, colocando sua mala amarela no chão.

 

"Nunca vim aqui, ela mora por aqui há pouco tempo. E, bom, não tivemos muito tempo ao longo dos últimos três anos." a Sousa falou colocando sua mala vermelha no chão com um pouco de força.

 

"Esse chão é bem estranho..." Carmem comentou olhando para baixo antes de colocar sua mala rosa no chão.

 

"É cera, Carmem." Mônica disse se espreguiçando.

 

"Eu fico com o lado da parede." Magali falou após tirar sua rasteirinha e Carmem sorriu já na cama.

 

"Tarde demais.” a loira sorriu se deitando e Magali e Mônica suspiraram.

 

                                                                                 *

  O quarto dos meninos era idêntico ao das meninas, a única diferença era o tamanho, era um pouco menor. As malas estavam amontoadas no canto do quarto enquanto os três olhavam para a cama forrada com um lençol de flores rosas enquanto pensavam em quem dormiria na cama.

 

"Acho que cabemos nós três." Do Contra disse de braços cruzados.

 

"Eu não vou dormir ao lado dois homens. Só o Cascão rola a noite toda, imagina três caras amontoados rolando durante a noite!" Cebola disse.

 

"E se um de nós dormir em alguns cobertores no chão mesmo?" Do Contra sugeriu e Cebola negou com a cabeça.

 

"Só se você deitar nele, DC. Quando eu 'tava na Austrália, desencanei de dormir no chão, tem um monte de inseto e bichos, aqui é mato, imagina o tanto de bicho que não vai picar a gente à noite." ele falou e Cascão assentiu, fazendo DC suspirar.

 

"Quer saber, prefiro a sala." ele saiu do quarto.

 

"Feliz, Careca? Irritou o menino logo de primeira." Cascão disse se sentando na cama.

 

"Olha o lado bom, um a menos na cama." Cebola disse dando um tapa na cabeça do amigo.

 

                                                                               *

  Luciana morava sozinha no sítio, era divorciada e seus filhos moravam na cidade. Ela deixou a sobrinha e os amigos dela passarem o fim de semana lá, mas condicionou que eles seriam bem independentes nos dois dias que estivessem lá, ou seja, ela não iria ficar no pé deles e eles teriam que ajudá-la na casa.

 

"Crianças, preciso dar uma saída e deixei coisas para vocês fazerem o almoço. Quem de vocês sabe cozinhar?" Luciana perguntou ajeitando sua bolsa vermelha.

 

"Eu sei um pouquinho." Magali disse.

 

"Eu também." Do Contra levantou a mão.

 

  Luciana olhou para os demais.

 

"Vocês quatro podem se dividir, podem pegar coisas da horta e os outros dar uma limpadinha na casa, que não tive tempo, e aqui enche de poeira muito fácil. À noite vocês estarão livres, prometo." ela disse pegando um guarda-chuva, o sol estava bem quente.

 

"Espera, a gente vai ter que cozinhar tudo sozinho?" Do contra perguntou surpreso.

 

"Sim. Venham, vou apresentá-los à cozinha. E vocês, não destruam minha horta. Não precisam encerar, só uma limpada e ajeitada está ótimo." ela disse saindo com Magali e Do Contra.

 

  Os demais foram até a horta e à procura dos materiais de limpeza.


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