A marca escrita por G mesmo


Capítulo 6
A luz vermelha




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Foi por apenas um segundo, mas Yuri tinha certeza do que havia visto, um dos garotos que saía da escola estava envolto em uma luz vermelha, da mesma forma que seus amigos eram cobertos pela iluminação roxa. Yuri se virou para seus novos colegas, confuso:

— Então, tem um cara com uma luz, só que ela é vermelha, o que isso significa?

Will e Helena se entreolharam com cara de "como saberíamos?", percebendo isso Yuri mesmo respondeu, rindo de leve:

— Sei lá, vocês parecem entender melhor esse lance.

Nisso um carro parou em frente ao portão da escola, um carro bastante moderno, lustrado, certamente o dono tomava muito cuidado e tinha recursos. O vidro totalmente negro abaixou revelando a motorista, uma bela mulher, de óculos escuros. Ela deu uma buzinada e falou alto, projetando sua voz pra fora do carro:

— Yuri! Vamos! Você tem violino daqui a pouco!

O garoto olhou para trás, percebendo quem era e já andando rápido na direção da mulher:

— Foi mal galera, minha mãe ta chamando, tenho aula ainda.

Os dois se despediram do garoto e se encaminharam para casa, dessa vez pelo mesmo caminho, o que ainda não fazia sentido já que nunca tinha sido assim, enquanto iam para casa tentavam entender o que tinha feito isso com eles, e pra qual propósito, Helena expôs para William sobre esse ser que ela havia pensado, que controla a vida das pessoas:

— Pode ser isso, não? - A garota expressava certa dúvida.

— Pode… Mas, não tenho muito fé que seja isso, quer dizer, não faz sentido. Porque nós? Porque agora? - Will rebateu.

Os jovens chegaram na frente da casa de Will, e antes de se despedirem a garota segurou o pulso de Will.

— Vamos descobrir - Ela se concentrou nessa garota, "Ai", Helena queria explicações. Ativou seus poderes, como já havia feito outras vezes, mas nada aconteceu.

Helena abriu um dos olhos, espiando para ver se algo havia acontecido, mas tudo estava igual, tentou novamente, mas nada mudou. Will a encarava, esperando o turbilhão de sombras até perceber que ele não viria.

— Você praticou? - Ele perguntou, fazendo a garota apertar o pulso de Will.

Porém agora as sombras saíam de onde ela apertava e o garoto tinha a sensação que não era a mão dela segurando ele, mas sim um grilhão incandescente.

— QUE ISSO! PARA COM ESSA DROGA! - Will empurrou Helena com a outra mão, usando um pouco mais de força, ou poder, do que gostaria.

Fazendo ela soltar o pulso dele e rodopiar uma vez e meia, caindo no chão. Imediatamente Will se desculpou, oferecendo ajuda, Helena pareceu ter notado seu descontrole e também pediu perdão.

— Seu pulso está bem? - Perguntou ela

Will encarou o próprio pulso, mas não havia sinal de machucado.

— Sim… - A expressão de confusão era óbvia - Ilusão? Ah… e você?

Helena alongou um pouco, sorrindo para tentar disfarçar a dor.

— Dói um pouquinho, não se preocupe.

Eles conversaram mais um pouco, até que ambos decidiram de fato ir para casa. Will chegou em seu pequeno apartamento, olhando a bagunça que tinha para arrumar, e aquilo obviamente não seria arrumado por outra pessoa e muito menos se arrumaria sozinho então ele começou a organização com extremo desânimo.

Helena chegou após aproximadamente dez minutos em sua casa, a casa estava arrumada como sempre, ela encarou as paredes brancas, quadros, as cortinas paradas como que praticamente intocadas, a comida estava pronta para servir no fogão. Helena se encaminhou até lá, se serviu e almoçou calmamente, afinal havia tempo até seu trabalho no posto de conveniência. Era estranho para a garota o clima que estava em casa, muito comum, afinal tinham acontecido diversas coisas inacreditáveis no dia anterior e nesse dia. Helena viu-se perdida em pensamentos e quando mal podia esperar o horário de sair de casa havia passado, ela pegou seu uniforme e correu rapidamente para a porta tentando não se atrasar, mas foi inevitável.

A garota chegou dez minutos após o início de seu turno, pediu desculpa silenciosamente para seu colega e vestiu seu uniforme, tomando seu lugar no caixa. A memória do assalto do dia anterior veio a sua mente, Helena lutou por um segundo até que um rosto familiar entrou na loja, Will.

— Imaginei que te encontraria aqui - Ele sorriu de leve - Está tranquila sobre, ontem?

Helena encarou ele, tentando espantar os pensamentos ruins do dia anterior, respondendo:

— Melhor do que imaginava, na verdade, considerando… Escuta, pode me passar seu número?

Will a encarou por um segundo, processando a informação, ficando visivelmente nervoso mas logo depois passando o número para ela, que sorriu.

Nesse momento um garoto aparentemente da mesma idade dos dois, entrou na conveniência, encarando Helena e Will.

— Vocês são os primeiros então - Ele sorriu

Helena e Will se olharam confusos, o garoto continuou:

— Obrigado por nos darem essa oportunidade, foi assustador no início não posso negar, mas cara, o que veio depois pagou tudo.

— Oportunidade? - Will olhou ele confuso - O que quer dizer com isso?

O garoto que havia chegado tinha cabelos loiros curtos, espetados e bagunçados, olhos azuis escuro, por baixo da jaqueta que imitava couro preto era possível ver o uniforme da escola que Helena e Will frequentam, tinha uma calça verde camuflada.

— Vocês não sabem? - O garoto riu - Graças ao que aquela coisa fez com vocês, outras delas vieram até nós e nos deram poder - Ele sorria ainda, de maneira estranha.

— Outras delas? - Helena encarou ele, cerrando os olhos - E o que fizeram contigo, exatamente?

— Seria chato demais falar, não é mesmo? Deixe-me mostrar - Ele abriu as palmas das mãos na direção dos dois e chamas irromperam, indo na direção deles.

Will felizmente teve um reflexo rápido, se jogando sobre Helena, fazendo os dois caírem e por pouco não serem atingidos pelas chamas.

— Legal não é?! - O garoto falou, animado - E olha que isso não é nem parte do que posso fazer!

Mais chamas irromperam das mãos dele, agora pegando no caixa e em algumas prateleiras, saindo das mãos dele como verdadeiros lança-chamas, a animação psicótica do garoto apenas aumentava a medida que as chamas cresciam.

Will e Helena estavam atrás do caixa, se escondendo o máximo possível, mas o ar estava começando a ficar difícil de respirar por conta da fumaça que se acumulava agora, Will encarou sua amiga.

— Esse balcão é preso no chão?

— O que? - Ela olhou ele confusa - Não, porque?

Will respirou fundo, o melhor que podia, e deu um empurrão no balcão fazendo este voar na direção do garoto incendiário. Helena encarou ele incrédula, até perceber que seu amigo não estava exatamente bem, ele havia inalado muita fumaça pra isso e estava lutando para não ficar inconsciente.

Helena olhou para o balcão, tentando achar o garoto incendiário, sem sucesso. Ela sabia que não podia nem sonhar em levantar Will, então agarrou por baixo dos braços do garoto e começou a arrastá-lo para fora da loja, lutando para ela mesma não desmaiar com a fumaça que agora tapava sua visão, ela não tinha percebido antes mas as chamas haviam se alastrado por toda a loja, inclusive no teto. Quando finalmente saiu da loja um caminhão de bombeiros e uma ambulância estavam chegando no local e um grupo de pessoas curiosas se reunia no perímetro.

Os bombeiros passaram pelos jovens com uma mangueira jogando litros de água sob a construção em chamas, era perceptível a diferença que aquilo fazia pois a temperatura abaixou relativamente onde Helena e Will estavam, embora ainda bastante insuportável. Nisso chegaram os paramédicos, agora vendo que o local era seguro, um deles se aproximando de Helena enquanto fazia algumas perguntas e pedia que ela olhasse para uma lanterna, testando os reflexos da garota. Outros dois se aproximaram de Will, ainda inconsciente, e colocaram-no sob uma maca já levando ele para a ambulância.

Helena confusa apenas seguia o que o paramédico a ordenava, indo para a ambulância em que Will foi levado.

— Tinha mais alguém na loja? - O médico perguntou

Helena refletiu um pouco, o garoto piromaníaco parecia ter fugido depois do balcão ter sido arremessado nele.

— Não - Respondeu ela

Não demorou para que a ambulância chegasse no hospital e os dois estudantes fossem encaminhados para uma sala de recuperação e observação, Helena encarava o teto da sala, agora respirando aliviada por escapar daquele lugar em chamas. Olhou na direção de Will, ouvindo constantemente o som do aparelho que monitora os batimentos cardíacos, pareciam estar em uma velocidade boa, ela respirou fundo, aliviada.

Foi aí que o mundo se tornou escuro, tomado da habitual névoa negra novamente, mas o mais estranho não era isso e sim o fato de que ela não estava mais deitada e sim em pé, Will e Yuri estavam ao seu lado igualmente surpresos.

Will estava com as roupas do hospital, enquanto Yuri ainda estava com seu uniforme de aula e segurava o violino.

— Will? Yuri? São vocês? - Helena perguntou confusa

— Quem mais seria? - Yuri respondeu, tentando parecer descontraído embora visível e igualmente confuso.

— Não é uma de suas habilidades? - Will perguntou, encarando Helena que respondeu negativamente com um acenar de cabeça

— Fui eu quem os trouxe aqui - A garota de cabelos brancos apareceu próxima deles - Não tente usar seus poderes para ver minha luz, garoto, vai ficar cego.

Yuri se inclinou para os dois, sussurrando:

— Então galera, ela consegue ler mentes

— E escuto muito bem vocês também - Ela sorriu friamente - Não queria ter que chamar vocês aqui assim, mas a atual situação pede isso - Ela fez uma breve pausa - Aparentemente meus, colegas, não gostaram muito de eu ter feito o que fiz por vocês e decidiram intervir, o que acabou nos trazendo até aqui, ah… e antes que eu esqueça - A garota olhou para Helena.

Helena sentiu um frio na espinha ao ver aqueles olhos violeta brilhantes a encarando.

— Não tente me contatar, é inútil - Ela voltou a olhar para o grupo - A partir de agora mais seres como aquele rapaz irão tentar entrar em contato com vocês, é importante que treinem suas individualidades para não terem problemas contra eles, não irei mais salvar vocês - Ai estava extremamente séria

A névoa se dissipou e Helena estava de volta na cama de hospital, o aparelho de monitoramento de Will deu uma leve ocilada, aumentando os batimentos que registrava, mas logo voltou ao normal.

A mente naturalmente inquieta de Helena agora estava trabalhando como nunca antes, tentando compreender tudo isso. "O que ela quis dizer com 'seres'?", "Como ela sabe que tentei ver ela?" e por último "O que exatamente vamos enfrentar?", nenhuma dessas perguntas parecia ter uma resposta remotamente plausível e palpável, era tudo extremamente irreal.

O resto do dia foi longo para Helena, por um lado sua mente trabalhava sem parar, por outro seu pai havia recebido a informação sobre o "terrível incidente", como estava sendo chamado, e agora não passava mais que trinta minutos longe da sala que Helena estava e inclusive algumas enfermeiras do hospital tiveram de intervir, lembrando-lhe sobre seus deveres no hospital, que parecia relativamente calmo mas ainda assim, com trabalho a ser feito.

A noite chegou e com isso Will acordou, olhando em volta ainda um pouco confuso, ao avistar Helena imediatamente perguntou:

— Aquilo com Ai…

— Foi real, parece que realmente não somos os únicos, mas não podemos confiar naqueles com luz diferente.

— Espero que o Yuri tenha aprendido a usar aquele lance mesmo

— Bem que senti minha orelha esquentando - O garoto mencionado estava na porta da sala sorrindo, acompanhado de uma jovem aparentemente da mesma idade, relativamente mais baixa, de cabelos ruivos e olhos verdes.


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Notas finais do capítulo

Bom, acho que mudou um pouco do ritmo da história, mas espero que esteja "igualmente empolgante" ou sei lá, legal kkkkkkkkkk
Todo o feedback é bem vindo a propósito!



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