The Flower escrita por LittleMe


Capítulo 1
Capítulo Um




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i screamed so loud but no one heard a thing

A belíssima Narcissa Black tornou-se incapaz de esconder sua enorme aversão pelo desprezível noivo de sua querida irmã mais velha. Rodolphus Lestrange incitava os piores aspectos da personalidade de Bellatrix e a loira receava pela vida de sua irmã – aquele homem emanava destruição e caminhava para ser a ruína da próspera primogênita dos Black.

A festa de noivado ocorria em plena luxuosidade na residência da família Rosier – uma das mais exorbitantes propriedades herdadas por sua mãe, após o falecimento do avô e senhor da linhagem Merle Rosier. A acertada decoração em tons de verde petróleo ofuscava as sensações de paixão, que supostamente um recém casal em status de noivado, deveria aparentar ou simular. A imagem do casal esculpida em gelo só acrescentava ainda mais arrepios no dorso de Narcissa.  

Os olhos azuis da caçula dos Black estudavam todos ao seu redor e ela sorriu amenamente ao encontrar seu primo Sirius junto aos amigos sem classe. Narcissa desejava alguns minutos de descontração similares ao primo – Sirius nunca sentia necessidade agradar os familiares e apenas agia conforme suas vontades – diferentemente de Narcissa, que nunca desagradava seus pais ou as condições impostas pela família.

Ela almejava à coragem do próprio em seus momentos mais íntimos – não por admirar Sirius ou algo semelhante. A loira queria tomar atitudes em nome de sua vontade e não por outros.

Suspirou pesadamente e esquecendo-se das regras de etiquetas fomentadas em sua cabeça desde pequena – curvou a coluna dolorida pelo uso excessivo do sapato de saltos enormes em seus pés e pelo apertadíssimo espartilho do vestido lilás. Seus longos cabelos cacheados bateram em suas costas após soltar as presilhas que segurava-os.

À flor dos Black involuntariamente passou a dirigir-se em direção ao local, em que os três rapazes riam com alguma informação interna entre eles e pareciam alheios ao ambiente.

— Sirius. – A voz calma e contida buscou a atenção do primo para si. Narcissa estava abominando aquela festa de noivado e precisa de alguns minutos de descontração para sua mente.

— Narcissa! – O rapaz de longos cabelos pretos não escondeu à surpresa com a súbita aparição da prima. – Necessita de algo?

Narcissa levou os dedos até seus brilhantes cabelos loiros, terminado de soltar alguns fios ainda presos nos grampos extras colocados em seu cabelo – a caçula Black precisava de muitas coisas, mas que apenas ela poderia conquistar.  

— Posso acompanha-los pelo resto da noite? – Pediu em uma única fala. Não gostava de pedir, mas passar o restante da festa em solidão estava fora de questão. – Tudo é muito difícil sem Andrômeda.

Apelou para o lado sensível de Sirius, mas expor à saudade sentida de Andrômeda em voz alta foi mais doloroso que o imaginado – sua amada irmã Meda abandonou à família para viver uma simplória vida com um nascido trouxa. Narcissa não compreendia o porquê do amor transformar tão profundamente as pessoas, como ocorreu com sua irmã do meio. Entretanto, tinha consciência que o primo seria o único à não julgá-la por sentir saudades da irmã desgarrada.

— Sim! Junte-se conosco. – Ergueu a mão direita em direção à prima. – Esses são James Potter e Remus Lupin, mas acredito que já os conheça.

— Só em pequenos vislumbres em Hogwarts. – Mordeu os lábios inferiores levemente. – E também observei o nome do Remus na lista dos novos monitores do quinto ano.

— Moony recebeu o distintivo? – James Potter direcionou sua pergunta em um timbre divertido para o amigo, que assentiu positivamente. – Esse é o meu ano!

— Remus, por que escondeu-nos tamanha informação? – Sirius indagou em falsa indignação, enquanto sentia um enorme orgulho pelo amigo. Ninguém mais em grifinória merecia tanto o distintivo, quanto Remus.

— Para evitar reações assim. – O rapaz respondeu firmemente.  – Parabéns para Narcissa, ela é uma das duas únicas mulheres selecionada entre os oito monitores.

— Narcissa é uma Black e é claro que a mesma quebraria padrões. – Sirius foi arrogante. Também tinha consciência do potencial de Narcissa, apesar dos porquês que dificultavam à vida da prima e ficou feliz pela conquista da mesma. – Quem é a outra monitora?  

— Lily Evans. – Respondeu Narcissa. Foi muito fácil gravar o nome da outra menina, uma vez que ambas tinham nomes em homenagem às flores e a mesma um chamativo cabelo ruivo.

— Evans? – Potter parecia desanimado no ponto de vista de Narcissa, que estranhou tamanhas oscilações do humor em um curto período de tempo. Ninguém ensinou para o puro-sangue, a importância de controlar suas emoções em público? – A mulher é certinha demais para permitir que tenhamos nosso ano.

Sirius apenas revirou os olhos – eles dariam um jeito de burlar à Evans.

— Onde está o Malfoy? – Indagou Sirius em direção da Narcissa. Por mais que aceitasse e gostasse da companhia da prima, a indiscrição para saber sobre o intragável noivo da mesma era latente. – Seu queridíssimo noivo. – Completou em deboche.

Remus sentiu-se curioso em relação à conversa dos primos e James apenas relembrou com desgosto de Lucius Malfoy, uma vez que o mesmo estava finalizando seu sétimo ano no primeiro ano de James em Hogwarts e era monitor-chefe. Em conclusão, o loiro enviou James e Sirius para a pior detenção da história – horas inacabáveis de limpezas de troféu de quadribol por longos quatro meses. 

— Ele não é meu noivo. – Contestou Narcissa friamente. – Ele é alguém com que cumprirei minhas obrigações como uma Black e só. 

Foram incontáveis os momentos, em que o Malfoy disse para a adolescente que o arranjo não passava de um contrato para ambas às famílias. Todos sabiam que a grande diferença de idade, permitia que homem tivesse inúmeros casos amorosos e não respeitasse à Black.

— Torço para que aconteça um surto semelhante ao de Andrômeda com você e sua necessidade de cumprir obrigações como Black termine. – Sirius rebateu impetuosamente às palavras da prima sobre desempenhar os deveres como uma membra da família. O rapaz sabia que Narcissa merecia muito mais que ser somente a próxima ‘Senhora Malfoy’.

— Não sou como minha irmã. – A loira encarou o primo e sentiu um aperto em seu coração ao recordar-se da personalidade poderosa de Andrômeda, por isso optou por mudar o assunto. – Lucius foi buscar o líder do partido em que ele e o Lestrange são filiados, para apresentação de Bellatrix para o homem. Por algum motivo, todos se importam com a opinião desse homem.

— Esse não é partido com ideais de superioridade por purismo sanguíneo? – Remus questionou à loira. O rapaz tinha visto algumas propagandas desse partido em algumas páginas do Profeta Diário e sabia que ascensão deles ao poder significaria problema. – Eles devem quebrar um recorde, por adquirir tantas vagas no Ministério da Magia em um curto espaço de tempo como o deles.

— Sim! – Narcissa confirmou desanimadamente. Odiar política estava impregnado em sua alma. – Eles exibem algumas ideias arcaicas e muitos puros-sangues estão apaixonados por essa nova tendência, contudo meus pais não seguem o tal lorde e não queriam Bellatrix envolvida com eles, mas minha irmã é teimosa demais e está pronta para ser uma Comensal.

— Você quer se envolver com eles? – Potter examinou à prima de Sirius meticulosamente. Poderia outra alma Black ser salva? Caso sim, James sabia como o fazer.

— Não é como se eu tivesse um direito à escolha, porque me casarei com Lucius em algum futuro e ele é envolvido ao fundo com os comensais, inclusive ganhou uma cadeira no Ministério pelo partido. – A loira pegou uma taça com bebida alcoólica na bandeja do garçom, que passava por ela. – Acabarei conhecendo um pouco de tudo. – Sorriu desanimada e virou a bebida em uma única dose. – Lucius chegou.

Os três rapazes acompanham o olhar da jovem Black em direção à porta. A túnica preta utilizada por Malfoy era elegante e nada jovial – o homem gastava muitos galeões em vestuário e o homem ao lado também estava apresentável. O tal Lorde Gaunt apresentava uma áurea obscura demais para o olhar estudioso de Narcissa.  

— Ele não irá solicitar sua presença? – Remus perguntou ao notar o homem ignorando a presença de Narcissa. O lobisomem aproveitou para observar um pouco mais de Narcissa, que tornou-se interessante em seu ponto de vista, depois daquela noite.

— Crianças não são bem-vindas aos assuntos do Lorde.

[...]

O mês de agosto sucedeu em um período recorde para a paz de Narcissa – passar à festa de noivado de Bellatrix ao lado do primo rebelde e os amigos desajustados acarretaram consequências inesperadas na vida da moça.

Iniciando pelo mal-humorado e grosseiro Lucius Malfoy, que irritou-se com os comentários relacionadas com um provável desmanche do noivado com a Black, visto como a falta de comunicação entre eles e a mesma acompanhada por um puro-sangue como o Potter – criou boatos sobre um possível pedido de Narcissa para trocar de noivo em um futuro próximo.  O ego ferido do rapaz causou infernos em sua vida, com uma longuíssima repreensão de seus pais e uma promessa de nunca mais aproximar-se do primo e seus amigos.

— Não irá humilhar-me como sua digníssima irmã fez com o Avery. – As mãos pesadas de Malfoy apertaram seu pulso sem delicadeza. – Não aceitarei subordinações ou comportamentos inadequados.

Sacudiu-a fortemente, enquanto adicionava mais força no pulso da loira. Caso o loiro excedesse um pouco mais, torceria o punho de Narcissa.

— Não serei trocado por um Potter ou pelo mestiço. – Murmurou ao lóbulo de sua aurícula. A respiração pesada do homem denunciava sua raiva e suas mãos marcaram a alva pele de Narcissa. – Entendeu?

Narcissa tentou ignorar à pergunta, no entanto sofreu uma seguinte balançada rude do noivo – sua cabeça doía pelas leves agressões sofridas.

— Entendi. – Respondeu engolindo seu ódio. Não demonstraria emoção para aquele homem.

— Não queremos arruinar outra Black, certo? – Lucius debochou e jogou-a no sofá da biblioteca, saindo do ambiente sem olhar para Narcissa novamente.

À flor dos Black – na ausência do terrível homem – permitiu suas emoções transbordarem pelos olhos e à humilhação queimou em sua mente. Como repugnava ter seu futuro interligado ao Malfoy e não ter controle sobre o mesmo.

Sua mãe obrigou-a repassar todos os protocolos de etiquetas por vários dias consecutivos – seus pais não eram adeptos a políticas racistas extremistas, porém ambos não desejavam que Narcissa surtasse e decidisse pensar por si. Assim, imergiram à mesma novamente em todas aquelas inumeráveis lavagens cerebrais feitas em jovens bruxas.

Para compensar-lhe pelas torturantes horas de formalidade, seu pai treinou-a para a habilidade com oclumência exaustivamente e a repassou feitiços como expecto patronum, por motivos de proteção – segundo o mesmo, o ministério havia perdido o controle de um grande número de dementadores e sua filha caçula não poderia ficar submissa às criaturas como aquelas. Além do fato que viviam em um mundo de pessoas cruéis e bruxos com mentes abertas eram facilmente subjugados.

 Os dias melhoram após receber notícias de sua irmã rebelde. Andrômeda enviou-a mensagens através de um velho espelho quebrado da casa dos Black – a mesma estava grávida e almejava à presença de Narcissa em sua vida e na vida de sua pequena filha. A loira sentiu-se abatida, necessitaria burlar muitas regras para chegar até sua irmã, mas usaria seu talento sonserino para obter esses momentos. Foram tantos momentos felizes ao lado de Meda, que abandonar sua irmã parecia impossível para o seu coração.

[...]

Narcissa sorriu ao observar seu reflexo no espelho do banheiro do expresso de Hogwarts – ela combinava bastante com o distintivo de monitora e com o poder implementado por ele. As tonalidades verdes do uniforme da sonserina exaltavam seus olhos azuis e suas sapatilhas escolares foram polidas até tornarem-se brilhantes pelo o elfo doméstico da família.

Agasalhou-se com sua capa ao sentir arrepios em seu braço, por mais que fosse finalzinho do verão e início do outono – Narcissa tinha uma saúde debilitada, o que facilitava para mesma adquirir alguma doença. Por isso, tomava poções especificas para cuidar de sua saúde desde pequena, porque era incapaz de defender-se sozinha de infeções devido aos problemas com seu sistema imunológico

Saiu do lavatório, cedendo lugar para alguma corvina do sexto ano trocar-se também e foi em direção à cabine dos monitores – estava com pouquíssima paciência para aturar suas colegas de casa e suas conversas sobre o novo partido político em que todos pareciam ansiar para participar. Caminhou lentamente para cabine e encontrou apenas três monitores no local – Severus Snape e Lily Evans conversavam entre si, enquanto Remus Lupin lia solitariamente um livro sobre Defesa contra as Artes da Trevas. Optou por ignorar a dupla e sentou-se ao lado de Lupin.

— Olá! – Narcissa murmurou ao colocar-se ao lado do rapaz com uma postura invejável. Nunca curva-se, sua mãe dizia durante suas aulas de etiquetas.

— Narcissa. – Remus voltou sua atenção para loira ao seu lado. – Como foram o final das férias? – Perguntou simpaticamente, ao mesmo tempo que achou mais atraente concluir sua leitura e manter a conversa com a jovem Black.

— Foram normais, mas Bella impressionou-se com o tal Lorde. Patético. – Confidenciou baixinho para o rapaz, torcendo para que ele não gostasse do partido ou sentisse pretensões de filiar-se.  – E a suas férias?

— Você é a primeira sonserina contrária ao tal Lorde. – Murmurou Remus surpreso com as palavras da loira, passando a observar à aversão de Narcissa por política.  – Minhas férias foram divertidas, gastei metade delas evitando que James, Sirius e Peter envolvessem em confusão. Nada muito contrário ao cotidiano.

Narcissa sentiu pena do rapaz em sua frente – Sirius era muito problemático e junto aos amigos piorava.

— Por que não gosta dos comensais? – Indagou Remus em voz baixa, mantendo a conversa entre os dois. A curiosidade em relação a personalidade da jovem tomava proporções estranhas.

— Sou parte da Mui Antiga e Nobre Casa dos Black. – Narcissa orgulhou-se do sobrenome em sua fala. – Sou fiel ao meu sangue e à minha família. Não me ajoelharei perante ao ideal de homem algum, nem por vaidade ou por poder. Saiba disso, Remus.

— Você é corajosa, Narcissa. – Lupin sorriu. – Sirius sentiria orgulho de você, caso ouvisse suas palavras.

— Sirius sentiria orgulho de qualquer atitude minha contrária às idealizadas por sua mãe. – Narcissa murmurou em tom divertido e Remus apenas concordou com uma risada, foram longas noites ouvindo o amigo resmungar sobre à mãe.   

               – Espero conhece-la melhor neste ano. – Falou Remus e não encarou à loira em sua frente. – Sabe, nunca é demais ter um Black em sua vida. – Completou, tentando amenizar suas palavras anteriores.

               – Eu também, Lupin! – Ela sentiu o coração acelerar. Pela primeira vez, ela poderia conviver com alguém sem todas as pretensões das elites puro-sangue. – Requer muita sensatez para cuidar do meu primo e eu te admiro por isso. 

               O rapaz sorriu agradecido pelo elogio, porém a conversa foi interrompida pela chegada da professora Minerva McGonagall junto aos outros monitores, para iniciar os debates sobre o recém iniciado ano letivo. 

               Narcissa Black estaria em paz pelos próximos meses e ela experimentava uma enorme sensação de gratidão por isso.


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Notas finais do capítulo

Desculpe por qualquer erro de português.
Até um próximo capítulo!



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