Eremita escrita por Lehninger


Capítulo 1
Libertador




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Às vezes, tudo que Remus Lupin precisava era sumir.

Certos momentos, o destino escolhido era a Sala Precisa. “Preciso ficar sozinho”, o garoto pensava. Noutros, a Casa dos Gritos era a preferência; talvez por poder observar minuciosamente cada estrago pelos cômodos e gastar longos minutos imaginando de que maneira exatamente o causara; ainda talvez, por saber que aquele canto semidestruído sabia mais dele do que qualquer outra pessoa. Geralmente, Remus levava consigo um pequeno bloco de notas de páginas amareladas pelo tempo – objeto que trazia do mundo trouxa – e uma pena junto de um pequeno tinteiro, embora quase nunca utilizasse. Era sua maneira de sentir seguro, e Lupin realmente não gostava de se ver desamparado.

Os pensamentos em sua cabeça eram muitos e ele precisava colocá-los para fora – livrar-se – de alguma maneira, já que conversar sobre com Sirius, James ou Peter estava fora de cogitação. Não que Remus não confiasse em seus amigos ou não se sentisse à vontade, claro que não; acontece que certas coisas não podiam ser compartilhadas com ninguém senão consigo mesmo. E os três, afinal, haviam – ainda que a contragosto – se habituado à condição de eremita que Lupin adotava mesmo não sendo lua cheia; pararam, certamente, de xeretar o mapa na ausência do amigo. Além disso, e sendo tal um processo mais demorado, entenderam que o fato de Remus não compartilhar sua vida como um todo não dizia respeito à amizade, e sim a ele próprio. Aquela era sua maneira de lidar consigo mesmo.

Ao final dos dias, Lupin estava tão sobrecarregado com tudo que guardava dentro de si que o único remédio era sumir. Veja bem, não estamos retratando algo melancólico – para Remus, era libertador. Escorar as costas na parede de pedra da Sala Precisa ou em um dos escombros pela Casa dos Gritos: e respirar. Inspirar, expirar e perceber que, ao final do dia, era capaz de suportar muito mais do que imaginava que poderia.

Às vezes – ou quase sempre. 


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Notas finais do capítulo

Obrigada a você que leu até aqui!

Vagamente embalada pelo Division Bell porque, ah, eu simplesmente acho que Pink Floyd tem muito a ver com o Remus, principalmente no que tange ao instrumental, e, ah, com certeza, à suavidade da voz do Gilmour



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