Hey, pergunto-me quando foi que nos afastámos. Porque sinceramente, não notei o grande buraco que se abria entre nós, tu sim ? Acho que apenas me dei conta do quão longe estávamos um do outro no dia em que apareci em tua casa de surpresa e me abriste a porta, com um cigarro na mão apenas usando boxers enquanto te despedias de uma rapariga qualquer. Pensava que te conhecia melhor que ninguém. Enganei-me. A pessoa que conhecia nunca dormiria com uma desconhecida apenas por prazer. A pessoa que conhecia não namoraria várias garotas ao mesmo tempo para se divertir. A pessoa que eu conhecia não me magoaria com fizeste. Que fizeste contigo? Onde te escondes? Quero-te de volta. Quero voltar a rir contigo durante as longas tardes de verão, quero voltar a ouvir as tuas piadas mesmo que não tivessem graça, quero voltar a ver-te com eras. Quem és tu e o que fizeste contigo mesmo? Não fumavas, não gritavas comigo, não me tratavas como qualquer outra pessoa. Eu era tua amiga de infância, tua irmã, a tua única confidente. Eu amava-te mesmo que não que tivesse vergonha de o dizer em voz alta. Quando foi que nos separámos desta maneira? Fiz algo errado? Lamento imenso se o fiz. De qualquer forma é tarde de mais, acho que perdi. Uh, irónico não? Sou sempre eu que ganho nos nossos jogos. Acho que desta vez ganhaste tu, seja lá quem fores agora. Lamento imenso.

Queria-te de volta Gabriel, sinto a tua falta.

     - Blair ? – olhei para trás quando me chamaram e depositei a caneta sobre o papel recém escrito, encarando a minha mãe. Ela deu um sorriso triste e andou até meio do quarto – querida, queria saber se estás pronta para irmos, não queremos chegar atrasados para o voo – levantei-me da cadeira e olhei em redor despedindo-me do quarto que não veria durante alguns anos.

     - eu estou pronta – respondi-lhe pegando a minha bolsa a andando até ela. Mais uma vez sorriu, abraçou-me e olhou para o papel em cima da mesa.

     - tens a certeza de que não te queres despedir dele, querida? – segui o seu olhar até á secretária e dei um sorriso murcho ao ver a fotografia que havia tirado com Gabriel no dia dos meus anos á quatro anos atrás, inspirei fortemente e caminhei na direcção da porta do quarto.

     - sim, se ele vier á minha procura, o porteiro vai abrir-lhe a porta do nosso apartamento e mostrar-lhe o quarto, tenho a certeza que ele vai ver a carta – dei um sorriso de canto voltando-me para ela – de qualquer maneira, eu não conheço mais o Gabriel, mãe, despedir-me dele não faria sentido de todas as formas  – cria verdadeiramente acreditar no que dizia, mas no momento em que voltei costas e deixámos a casa, chorei todo o caminho para o aeroporto em silêncio. Assim que avião descolou olhei para a cidade, que ia ficando pequena á medida que ganhávamos altitude e fechei os olhos, sentindo as lágrimas voltarem a molhar o meu rosto, enquanto murmurava a mim mesma adeus Gabriel, amo-te.