Sutilmente escrita por Akemihime


Capítulo 18
Quando tudo muda




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O jantar pareceu passar de forma mais lenta que o normal para Yaoyorozu depois da conversa que tivera com Todoroki mais cedo.

Ela estava inquieta e com a mente longe, ainda pensando em tudo o que tinha acontecido e como seria a conversa deles mais tarde.

E cada vez que lembrava de como Todoroki falara de modo tão simples que estava apaixonado por ela, Momo sentia o coração bater mais forte. Parecia surreal aquele fato, mas ainda assim Momo se sentia insegura quando pensava no que poderia vir.

Será que ele gostava tanto dela a ponto de querer iniciar um relacionamento? Ou será que ele apenas se confessou para depois dizer que não pretendia fazer nada e sim focar em se tornar um herói?

Yaoyorozu entenderia se fosse a segunda opção, o respeitaria, é claro.

Ainda que seu peito se apertasse com a ideia de não poder ficar com ele.

Ela lançou um olhar em direção a Shouto, contendo um suspiro.

Ele olhava o celular, digitando alguma coisa, mas também parecendo ligeiramente incomodado por estar ali.

Apesar de não comerem nada naquela noite com os outros estudantes, visto que os dois jantaram no restaurante um pouco mais cedo, ainda assim eles se sentaram à mesa com os demais, especialmente por insistência dos amigos que queriam a presença deles ali.

— Yaomomo, você está bem? — Jirou, que estava ao seu lado, perguntou pela segunda ou terceira vez naquela noite.

Yaoyorozu desviou os olhos de Todoroki e estava prestes a responder – também pela segunda ou terceira vez – que sim, tudo estava bem, quando ouviu o som de notificação em seu celular em seu bolso.

Ela o pegou discretamente e desbloqueou, vendo a nova mensagem que tinha recebido.

Todoroki Shouto

(21:42) Meu quarto, mais tarde?

Ela ergueu a cabeça, percebendo que Jirou já tinha se distraído, conversando com Kaminari e Tokoyami. Seus olhos pararam então em Todoroki novamente, do outro lado da mesa, ao lado de Midoriya e Iida.

O garoto a encarava agora, percebendo que ela acabara de ler sua mensagem.

Momo confirmou discreta e timidamente com a cabeça e ele confirmou de volta, voltando a conversar com os amigos depois disso.

Ainda assim, era possível ver que Todoroki também parecia distraído, visto que até mesmo Iida lhe perguntara se tudo estava bem (em um tom de voz tão preocupado que todo mundo conseguia ouvir).

Midoriya também pareceu perceber que algo estava diferente, ele não parava de olhar curioso para Todoroki e depois até para Yaoyorozu, murmurando palavras desconexas com isso, perdido em pensamentos sobre o que poderia ter acontecido.

De qualquer forma, por mais curiosos que os amigos mais próximos estivessem, nenhum deles insistiu muito mais durante o jantar e, enquanto alguns estudantes permaneceram na sala compartilhada do primeiro andar depois de comerem, a maioria se dirigiu para os quartos.

Yaoyorozu viu Todoroki subindo para o quarto dele não muito depois de Bakugou ir, e ela apenas esperou para ter certeza de que nenhum dos garotos restantes na sala usaria o elevador naquele momento, para então se esgueirar pela ala masculina do dormitório, subindo até o último andar.

O quarto de Shouto ficava entre Satou e Sero, e apenas o garoto da fita ainda estava no primeiro andar, conversando com os amigos antes de dormir.

Momo suspirou, olhando para a porta do quarto do meio, se aproximando e dando leves batidas, sentido todo o seu corpo tremer tamanho nervosismo que se encontrava.

Não demorou muito para Todoroki abrir a porta, dando espaço para ela entrar e convidando-a para se sentar. O quarto, todo em estilo tradicional japonês, tinha o chão coberto de tatame, de modo que os dois se sentaram ali, um de frente para o outro.

E então o silêncio tomou conta deles por um breve momento, enquanto ambos pareciam pensar e tomar coragem para finalmente começarem a falar.

— Yaoyorozu...

— Todoroki-san!

Os dois disseram juntos de repente, se interrompendo e ficando em silêncio depois disso.

— Desculpe — Todoroki foi o primeiro a falar, olhando para ela — Diga você primeiro.

Momo até pensou em recusar e dar a vez a ele, mas assim que abriu a boca resolveu dizer tudo o que estava guardado em sua mente.

— Eu só… Eu só queria dizer que entenderei se você não quiser ter nenhum relacionamento agora, Todoroki-san! — Ela falou, com a mão fechada em direção ao peito, desviando o olhar dele — Eu entendo que você deve querer priorizar seus estudos e se tornar um herói e que provavelmente eu serei só uma distração e…

— Você jamais me atrapalharia no meu caminho para me tornar herói, Yaoyorozu — Ele a interrompeu então, de modo sério — Se for alguma coisa, você provavelmente me ajudará como já vem fazendo.

Ela abriu a boca então para dizer mais alguma coisa, no entanto dessa vez nada veio. Sua mente parecia em branco no momento.

— É isso o que você deseja? Que não tenhamos nenhum relacionamento agora? — Ele perguntou, vendo que a garota não tinha dito mais nada.

Ela arregalou os olhos, surpresa.

— Não, não! De forma nenhuma, não foi isso que eu quis dizer! — tratou de se explicar, erguendo as mãos a sua frente — Apenas disse que entenderia se você não estivesse interessado…

— Yaoyorozu. — Ele a interrompeu novamente, se aproximando dela no espaço que estavam sentados. — É impossível não estar interessado em ter um relacionamento com você.

E novamente ela ficou surpresa e sem reação, encarando-o.

— Você… É sério? Então nós…

— No entanto, — Ele continuou, ainda sem tirar os olhos dela — eu não sei nada sobre relacionamentos. Antigamente eu não tinha nem amigos e pouco a pouco o Midoriya e todos vocês foram me mostrando isso, me ensinando como é.

Ele se lembrava bem de como tinha chegado naquele colégio, de como era fechado e não conversava com absolutamente ninguém. E como Midoriya tinha mudado aquilo nele, e como pouco a pouco várias pessoas foram se aproximando e mostrando ao garoto que era possível construir laços de amizade.

Todoroki viu que Yaoyorozu continuava quieta, seu rosto levemente enrubescido, mas ainda assim sem tirar os olhos dele.

Então ele prosseguiu.

— Então, Yaoyorozu, você estaria disposta a me mostrar como é estar em um relacionamento? Você quer namorar comigo?

Por mais que parecesse, aquela pergunta não era como aquela que todas as outras garotas costumavam ouvir de caras que gostavam delas. Aquela pergunta tinha um peso a mais, e Yaoyorozu era capaz de sentir isso.

Aquela pergunta significava que ele estava deixando se abrir ainda mais, ainda que não soubesse como fazer isso, ainda que não soubesse nada sobre se relacionar ou estar apaixonado por alguém.

E mesmo que Momo também não soubesse como é namorar, ela estava mais do que disposta a mostrar aquilo para ele, em ser a pessoa a descobrir o significado daquilo ao lado de Todoroki.

E foi por isso que ela esboçou um tímido sorriso, respondendo um curto “sim!” e fazendo o garoto a sua frente retribuir o sorriso, também de forma discreta.

— Eu tenho mais uma pergunta, Yaoyorozu — ele falou depois, olhando para as mãos de Momo agora dispostas no colo dela.

— O que foi? — Ela perguntou, curiosa e até um pouco confusa.

— Eu… posso pegar nas suas mãos? — A pergunta veio de forma tímida e Momo provavelmente nunca se cansaria de ficar surpresa por ver um lado assim em Todoroki.

Ela, embora ainda encabulada – certamente demoraria a se acostumar com tudo isso – ergueu as suas mãos na direção de Todoroki, e ele as tocou devagar, logo entrelaçando seus dedos. A mãos dele eram ásperas e com alguns calos, assim como as dela também estavam, resultado dos treinamentos dificeis que tinham para se tornarem heróis.

— Ah Todoroki-san — ela o chamou, fazendo o garoto erguer os olhos das mãos dos dois ainda entrelaçadas — Você não precisa perguntar sempre que quiser segurar as minhas mãos… você pode fazer isso… tudo bem?

Todoroki confirmou com a cabeça, para logo depois completar dizendo que ela também poderia segurar a mão dele sempre que sentisse vontade.

Porque eles agora eram namorados.

E ainda que eles não soubessem muito como agir, o fato de poderem segurar as mãos e estarem juntos daquela forma era apenas o primeiro passo para descobrirem mais como é se relacionar daquela forma.

Aquele era apenas o começo.


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