Sutilmente escrita por Akemihime


Capítulo 14
Quando ele já sabe o que sente




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/780729/chapter/14

— Eu acho que estou doente.

Tudo começou exatamente assim quando Todoroki se reuniu com Iida e Midoriya na biblioteca da UA, dizendo que precisava da ajuda em algo importante.

É óbvio que os amigos não iriam recusar, ainda mais considerando que Todoroki nunca pedia ajuda para nada. Então realmente deveria ser importante, afinal.

Mas eles não esperavam que a primeira coisa que o garoto fosse dizer seria justamente aquilo.

— Doente?! — Iida exclamou, fazendo seus óculos quase caírem do rosto, tamanha surpresa.

Midoriya também não parecia muito diferente.

— O que quer dizer com isso, Todoroki-kun? Precisa ver a Recovery Girl? O que você tá sentindo?

Todoroki colocou uma mão em seu queixo, assumindo uma postura pensativa.

— Eu não sei exatamente, mas eu me sinto assim sempre que a Yaoyorozu está por perto, eu... só quero ficar cada vez mais ao lado dela e até mesmo a abracei na noite passada, não acho que aquilo foi muito certo da minha parte, apesar dela ter me abraçado primeiro... — Ele dizia, mais para si mesmo do que para os amigos, como se já estivesse pensando sobre aquilo por horas — De qualquer forma, não sei se ela aprovou meu comportamento, mas Yaoyorozu é sempre educada demais para reclamar de alguma coisa e… Eu só fiquei com vontade de corresponder e me senti estranho quando a abracei, não tinha vontade de soltá-la e nem sair de perto dela. Eu devo estar com alguma doença séria.

Ele olhou para os dois amigos, que ainda assim pareciam surpresos. Provavelmente por Shouto ter falado demais, ele nunca falava tanto daquele jeito. Geralmente Midoriya era o tagarela que se perdia em devaneios, não ele.

— O que foi? Será que eu realmente devo ir ver a Recovery Girl? — Ele perguntou, vendo que nenhum dos dois ainda tinha se pronunciado.

Iida foi o primeiro a reagir, simplesmente começando a rir, deixando Todoroki ainda mais perdido.

Midoriya, ao lado do Representante de Turma, somente colocou a mão no peito, soltando a respiração, parecendo extremamente aliviado de repente.

— Eu disse alguma coisa… engraçada? — Todoroki perguntou novamente, cada vez mais perdido.

— Não é nada disso, Todoroki-kun — Midoriya finalmente disse então, enquanto Iida parava de rir e também olhava para Shouto com uma expressão mais calma em seu rosto.

— Todoroki-kun, você está perfeitamente saudável! — Iida sorriu para ele — É como meu irmão, Tensei, sempre diz quando vou visitá-lo: você está na época de se sentir assim. Ainda que eu mesmo não me sinta dessa forma com ninguém em particular.

— Como assim? Quer dizer que esses sintomas são normais na nossa idade?

— Acho que você só vai confundi-lo ainda mais, Iida-kun — Midoriya riu, assumindo a posição de explicar para Todoroki, se curvando na cadeira de frente para ele, aproximando seu rosto e, de forma discreta, falando — Todoroki-kun, o que o Iida-kun quis dizer é que estamos na idade de nos apaixonarmos. E, pelo que você falou, me parece que você está apaixonado pela Yaoyorozu-san.

— Apaixonado…? — Todoroki arregalou os olhos, olhando para o amigo. Izuku confirmou com a cabeça e Iida ao seu lado fez o mesmo.

Todoroki voltou a colocar a mão no queixo, pensando nos eventos anteriores e em como ele se aproximava cada vez mais de Yaoyorozu com o passar do tempo. E como estar com ela o fazia se sentir.

Era um sentimento bom, disso ele tinha certeza. Talvez aquilo era o que significava estar apaixonado?

— Eu não sabia que estar apaixonado por alguém me fazia sentir assim… — Ele comentou.

E não deixava de ser verdade, pois apesar de obviamente conhecer o termo, até mesmo por ouvir as garotas de sua turma e sua própria irmã falarem sobre, Todoroki nunca viu de perto alguém apaixonado.

Sua família era um caos nesse aspecto, ele nunca teve o exemplo perfeito de pais casados por estarem apaixonados um pelo outro, muito pelo contrário. E por crescer nesse tipo de ambiente, talvez ele tenha se fechado para esse sentimento. Ter contato com alguém que gostava romanticamente de outra pessoa era algo distante para ele. Tão distante que nunca se preocupou em parar para pensar a fundo sobre isso e toda a extensão desse sentimento.

Até aquele momento.

— Bem, pelo menos é o que parece pelo que você diz — Midoriya disse, sorrindo de leve — E agora que você falou, faz sentido, ultimamente você tem andado bastante com a Yaoyorozu-san.

— Entendo… Então é isso — Todoroki murmurou, ainda tentando absorver tudo. Ele ergueu os olhos para os dois amigos de novo — Vocês já sentiram isso antes? O que eu devo fazer agora?

Uma coloração avermelhada rapidamente atingiu o rosto de Izuku, que ergueu os braços, balançando-os no ar à sua frente.

— N-não, eu nunca me apaixonei! — Ele exclamou, se acalmando depois — Mas sabe, quando minha mãe fala sobre meu pai, ela sempre está com um sorriso no rosto ou um brilho nos olhos e… bem, agora eu vejo que você também fica assim quando fala da Yaoyorozu-san, então imagino que deva ser isso.

— Sim, eu também nunca me senti assim, mas Tensei diz que os sintomas são esses. E que não é algo a ser evitado — Iida também explicou, ajeitando os óculos — Ele também disse que a forma correta e política a se seguir é confessar seus sentimentos para a pessoa amada, embora nem sempre possa ser correspondido.

— Confessar? — Aquilo não soou tão ruim para os ouvidos de Todoroki quanto ele pensava. Fazia sentido até. Se ele gostava de Yaoyorozu, o certo era deixá-la ciente dos seus sentimentos. Embora aquilo o fizesse correr o risco de não ser correspondido.

Valia a pena…?

— Pense nisso com calma, Todoroki-kun — Midoriya disse amigavelmente, abrindo um sorriso — Mas lembre-se que estaremos do seu lado, torcendo para que dê tudo certo!

— Sim, tendo responsabilidade e confiança, tudo dará certo! — Iida também sorriu, apoiando-o.

Talvez aquela conversa toda sobre confessar não estivesse tão certa em sua cabeça, mas Todoroki saiu da biblioteca naquele dia se sentindo, de fato, mais leve.

Era mais do que reconfortante saber dar nome ao que sentia agora. Era como se, ao ter consciência de que estava apaixonado, aquela vontade de estar ao lado dela ganhasse mais peso e significado, como se ficasse ainda mais especial.

Então ele não iria fugir daquilo. Não tinha por que fugir.

Ele estava sim apaixonado por Yaoyorozu Momo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sutilmente" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.