O Príncipe acorda acorrentado em uma parede do calabouço. Sua cabeça ainda dói da pancada que recebeu e seus braços estão completamente dormentes da posição que se encontra.

"Maldito guarda." Ele xinga, gemendo ao mexer os braços para desfazer a dormência.

Ele começa a sussurrar, pedindo para o vento ser rápido, muito rápido, mais rápido ainda. Logo, as correntes que o prendiam e as grades da janela e da cela são cortados pelo vento, como se ele fosse uma lâmina de espada.

"Muito obrigado, meu amigo." O Príncipe diz para o vento, que balança os cabelos dele em resposta.

"Pomu?" Ele escuta e se anima ao finalmente reencontrar Pomvik.

"Pomvik! Você está bem? Por que passou todo esse tempo sumido?" O Príncipe exclama, pegando seu fiel companheiro com suas mãos e o abraçando.

"Pomu! Pomu pomu pomu!!" O bichinho diz, chorando ao finalmente poder abraçar seu dono.

"Está tudo bem, Pomvik." Príncipe Viktor diz, sorrindo para ele.

"Desculpa por manter ele todo esse tempo." O Príncipe escuta, arregalando os olhos. "Quando ele reencontrou Pochayuu, ele não queria mais se separar."

Príncipe Viktor olha pelas celas, a procura do dono daquela voz. Pomvik pula de seus braços e vai até a parte mais escura do calabouço, sendo seguido pelo Príncipe até chegar na cela onde ele vê um rapaz muito magro, de longos cabelos negros sujos e bagunçados, mas com a aparência idêntica ao Rei e a Princesa, e com o cheiro que ele tanto procurava.

Seu Alfa.

Yuuri.

Que o está olhando em choque.

"Utsukushii." Ele diz, abrindo um sorriso e inclinando o rosto para o omega.

"Yuuri." Príncipe Viktor diz, se ajoelhando do outro lado da cela e esticando sua mão, tocando no rosto gélido dele.

"Po Pocha po!" Ele escuta, e percebe o ser que aparece no ombro dele.

"E Pochayuu." Príncipe Viktor repete o que ele diz, dando risadas.

"Me desculpe por ter mentido para você." Yuuri diz, desfazendo o sorriso. "Eu nunca entendi o que realmente aconteceu durante esse tempo todo."

"Yuuri, você é irmão de Yuuto e Yuuko." Príncipe Viktor diz, o olhando seriamente.

"Eu sou?" Ele pergunta, surpreso. "Mas então... meus verdadeiros pais me abandonaram?"

"Não, Yuuri. A culpa é do Conselho Real. Eles é quem causaram isso tudo." Príncipe Viktor diz, o fazendo franzir a testa.

"Mas por que? O que eu fiz para ser usado assim por eles?" Ele pergunta, abaixando o rosto.

"Princesa Yuuko me disse que o Conselho Real temesse que você fosse querer assumir o trono mesmo você não sendo um History Maker." Príncipe Viktor diz, e Yuuri o olha confuso.

"Mas eu sou um History Maker." E ele estica a mão, tocando na cabeça de Viktor e sussurrando alguma coisa sobre cura. 

O Príncipe se surpreende ao perceber que a dor de cabeça que ele sentia desapareceu e leva a mão na cabeça, não sentindo mais o calo da pancada que ele recebeu do guarda.

"Você é um History Maker do Presente, como eu." Príncipe Viktor solta um suspiro. "Se afaste. Eu vou cortar as grades da cela."

Yuuri obedece, pegando Pochayuu e se arrastando para o fundo da cela. Príncipe Viktor sussurra novamente seu pedido ao vento, que rapidamente corta as grades diversas vezes. O vento balança os cabelos dele novamente, o fazendo dar risadas.

De frente para seu Alfa, para Yuuri. Príncipe Viktor cai de joelhos e abre os braços. Yuuri o abraça apertado, se tremendo e Victor ignora completamente o fato de que seu ombro começa a ficar molhado e o mal cheiro que exala dele. Ele olha em volta e fica se imaginando como é ter que ficar 6 anos preso naquele lugar escuro, sem se alimentar direito e sem higiene.

"Vamos tirar você daqui." Príncipe Viktor diz, o ajudando a se levantar.

Lentamente, eles atravessam o calabouço em direção a saída. Yuuri, como está muito fraco, tem muita dificuldade de andar.

"Eu sinto falta do seu cheiro." Yuuri diz, de olhos fechados e com a testa franzida, claramente se esforçando para continuar andando.

"E você fede." O Príncipe diz, tentando fazer com que ele abra um sorriso, mas isso faz com que Yuuri morda o lábio.

"Eu sei." Ele diz, friamente.

"Não, eu..." Príncipe Viktor se cala ao ver Yuuri o olhando, e solta um suspiro. "Me desculpa."

Com dificuldade, o Príncipe Viktor abre a porta e quando os dois atravessam, congelam ao ver o Rei Yuuto, Minako, Hikaru, Nishigori, a Princesa Yuuko e mais algumas pessoas que o Príncipe acredita trabalharem no castelo. 

Essa não. O plano dele foi descoberto.

"Você está parecendo uma merda." O Rei diz, olhando não para Príncipe Viktor mas para... Yuuri?

"E você é um merda." Yuuri responde, dando risada.

Espera, o que?

"Yuuri." A Princesa Yuuko diz, fazendo com que ele a olhe.

"Olá, Minha Princesa. A quanto tempo." Yuuri diz, a fazendo derramar uma lágrima ao nome familiar.

Então... o Rei sabia de tudo? 

"Minna-san. Tadaima." Yuuri diz, sorrindo e fechando os olhos.

"Eh?" Príncipe Viktor exclama, ao sentir o peso dele o puxar para o lado direito, mas se surpreende ao ver o Rei o segurar pelo outro braço.

"Precisamos levar ele para seu quarto. Ele precisa de descanso, água, comida e ser examinado. Fujiwara, convoque os Katsukis e os conduza para a cozinha e um aposento do castelo. Okukawa, chame doutor Minami. Odagaki, invoque o Conselho Real para o Jantar esta noite. Murakami, esteja a postos para receber nossos convidados." O Rei ordena, abrindo um largo sorriso no rosto. "Esta noite será inesquecível."

Príncipe Viktor o observa com surpresa, não entendendo nada do que ele planeja.

~x~

Príncipe Viktor, deitado ao lado de Yuuri em um ninho que ele preparou antes de iniciar seu plano, observa o alfa que dormia profundamente após ser acordado para beber uma sopa. Ele, sem hesitar, deita sua cabeça no peito dele, sentindo o sobe e desce causado pela respiração dele. Ele olha para um sofá, onde Pochayuu e Pomvik estão dormindo, abraçados um ao outro. Com um sorriso no rosto, o Príncipe fecha os olhos e acaba adormecendo também.

Ele acorda, sentindo uma familiar vibração em sua garganta e dedos deslizando delicadamente em seus cabelos. Quando ele ergue o rosto, se depara com o rosto sorridente de seu alfa.

“Você está ronronando.” Ele diz, inclinando o rosto. “Isso me deixa feliz.”

“Eu estou feliz. Eu tenho você de volta em meus braços, meu Yuu.” O Príncipe comenta, se erguendo um pouco para o olhar melhor.

“Me desculpe por ter mentido para você. Eu não queria que você me chamasse com o nome de meu irmão, por isso pedi que usasse apenas o início de nossos nomes. Assim, eu não precisaria me preocupar em ser punido pelos membros do Conselho.” Yuuri diz, desfazendo o sorriso. 

“Punido?” Príncipe Viktor pergunta, o olhando de olhos arregalados. “Eles te machucaram?”

Yuuri afirma com a cabeça uma única vez, e o Príncipe nota a leve tremedeira no lábio dele. Ao invés de pressionar ele sobre detalhes, ele decide se deitar em cima de seu Alfa, encostando seu nariz no pescoço dele, sentindo seu aroma em sua forma mais pura.

“Eu senti falta disso.” Ele diz, sentindo os braços de seu alfa lhe abraçar apertadamente. “Eu senti sua falta.”

“Foi muito difícil ficar todo esse tempo lá. Se não fosse por Pochayuu e a minha esperança de que você me salvaria, eu teria enlouquecido.” Yuuri solta um longo suspiro. “Fique perto de mim, Vitya. Por favor.”

O Príncipe arregala os olhos, surpreso ao escutar Yuuri o chamando pelo nome que ele pediu para que o chamasse quando criança, erguendo o rosto para Yuuri, que o olha com olhos lacrimejantes. Ele se aproxima seu rosto dele e o toca em suas bochechas, não tirando seus olhos dele.

“Meu alfa, eu juro pelo meu amor que sinto por você que eu jamais deixarei de estar ao seu lado, até o fim de nossas vidas. Meu corpo, minha alma e meu coração pertence somente a Yuuri e somente a ele.” Ele diz, fazendo Yuuri derramar lágrimas e abrir um sorriso para ele.

“Meu omega, eu juro pelo meu amor que sinto por você que eu jamais deixarei de te amar, de te proteger, de te fazer feliz. Por favor, aceite este corpo, esta alma e este coração, mesmo ele sendo quebrado e imperfeito.” Yuuri diz, soluçando e enxugando as lágrimas que escorrem do rosto do Príncipe. “Seja meu, Vitya.”

“Eu sou seu, Yuu.” Príncipe Viktor diz, e aproxima seus lábios dele, o beijando. “Todo seu.”