Uma canção de Sakura e Tomoyo: Vamo alla flamenco escrita por Braunjakga


Capítulo 19
Vamo alla flamenco




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Capítulo 17

Vamo alla flamenco

 

Tomoeda, Japão

27 de junho de 2007

 

Era uma tarde de sol de começo de verão. Com aquele calor, a escola estava lotada de gente dentro e fora dos prédios. Parecia até que a cidade inteira estava na escola.

Havia um monte de barracas, vendendo e expondo coisas pelas quadras e pelos pátios da escola Seijou. As salas de aula viraram pontos onde se podia comer e beber comidas de fora do Japão, expor objetos e ouvir música. Era um outro ambiente. Durante uma semana, a escola serviria como um ponto para exibir a cultura espanhola na cidade suburbana. 

No primeiro dia, a professora Mika Tsutsumi fez questão de trazer seus colegas espanhóis para uma visita, porém, eles só se apresentariam amanhã. Aquele era dia para outro grupo. No palco montado no pátio de atletismo da escola, usando uma camisa da seleção espanhola de futebol, ela falava entusiasmada ao microfone. Do lado dela, estava a professora Shouko Tsujitani, de música. Tomoyo também estava lá, com todos os seus colegas de classe da Universidade Pompeu Fabra. A professora de matemática foi a primeira a falar:

— Gente de Tomoeda, é com muito orgulho que começo os shows de apresentação com uma pessoa muito querida minha e da professora Tsujitani! Não é? 

— Com certeza! — começou a professora de música. — Ela era uma das minhas melhores alunas, fazia parte do nosso grupo de coral e nunca deixou de faltar às aulas do clube. Ela tem muito potencial pra ser cantora, mas… infelizmente, alguns fatos da vida nos afastam das nossas paixões e ela teve que se afastar de nós. Mas agora ela está de volta! Mesmo num novo país, numa nova realidade, ela não se esqueceu de suas origens!

Todo mundo da plateia aplaudiu. Por lá, já estava Sakura, Rika, Naoko, Chiharu, Nakuru, Touya e Fujitaka. 

— A professora gosta muito da Tomoyo, né? — comentou Naoko.

— Quem não sente falta? Só a Tomoyo que pensa que pensa que ela não faz falta… — disse Rika.

— Ainda bem que ela deu o e-mail e o número dela pra gente! — disse Chiharu.

— Como deve ser a Tomoyo cantando em espanhol, hein? Tô curiosa… — disse Nakuru. 

— Parece que eles vão fazer um discurso antes, gostaria de saber sobre o que seria… — disse Fujitaka.  

— Hey, gente, parece que vai começar… — Disse Sakura.

Tomoyo e Marc se levantaram de suas cadeiras e vieram a frente do palco. Sentados nas cadeiras do palco, atrás deles, estava Quim, Núria e Laura. Cada uma deles segurava um trompete, um oboé e um contrabaixo, respectivamente. Marc estava com uma tuba na mão e uma bandeira estrelada na outra. 

— Para começar nosso festival de cultura espanhola da escola Seijou, quero chamar ao palco o grupo de cobla da Universidade Pompeu Fabra de Barcelona e nossa antiga aluna dessa escola… Com vocês, Tomoyo! — disse a professora Tsujitani, apresentando a aluna. A morena se curvou na frente deles, soltando beijos.

Todo mundo da plateia ficou surpreso, mas uma parte dela ovacionava a garota de olhos roxos. 

— Tomoeda mudou faz muito tempo… O povo não deve se lembrar da Tomoyo… — comentou Touya. 

— Com o crescimento de Tóquio, muita gente nova veio pra cá, principalmente aqueles bandidos que atacaram a Sakura na frente do FamilyMart…. — comentou Nakuru. 

— Eles são uns encrenqueiros, mas não iam fazer mal pra Sakura… — disse Fujitaka.

— Na europa, a coisa é diferente. Barcelona é cidade grande, não dá pra fazer graça! — disse Rika.

— Eu eu que pensava que ela era espanhola! Que surpresa! — disse a caixa do FamilyMart que atendeu a garota. 

As professoras deixaram o palco para eles e se juntaram à plateia logo abaixo. No palco, Marc tomou o microfone e estendeu a estrelada na frente deles. Tomoyo estava do lado dele para traduzir.

Bona tarda a tothom! Soc Marc Vives, vinc de Vic, a prop de Girona i estic vivint a Barcelona perqué la meva mare se ha tornat consillera municipal de habitacío de la ciutat i per estudiar architectura… (Boa tarde a todos! Eu sou Marc Vives, eu venho de Vic, perto de Girona e estou morando em Barcelona, porque minha mãe se tornou membro do conselho municipal da cidade e para estudar arquitetura…) 

A plateia ficou admirada novamente e aplaudiu.

— Ele tá falando um espanhol esquisito… — disse Chiharu.

— É catalão! A professora Tsutsumi já explicou pra gente… — disse Naoko. 

Quim, Núria e Laura também se levantaram.

— Bona tarda, jo soc Quim Julià i estigui vivint tota la meva vida a Cornellà de llobregat. Meu pere també é polític. É president de la Generalitat i… (Boa tarde, eu sou Quim Julià e estive vivendo toda a minha vida em Cornellà de Llobregat. Meu pai também é um político. Ele é o presidente da Generalitat e …)

Todo mundo, mais uma vez, ficou boquiaberto. Quim continuou:

I per aquest, farem una presentació en Tòquio de castells, les grans torres de gents que molts de vosaltres ha vist tota la setmana a l'escola infantil… (E, por isso, faremos uma apresentação em Tóquio de castelos, as grandes torres de pessoas que muitos de vocês viram durante toda a semana na escola das crianças …)

O povo se admirou. Núria foi a próxima a tomar a palavra:

Hola! Soc Núria Aragonés, soc de Sant Cugat de Vallès. Com Quim ha parlat, hem vingut a Japó parlar que som um poble lliure que desitja la seva llibertat… 

Desse ponto em diante, Tomoyo traduziu errado o que eles falavam:

— Oi, sou a Núria Aragonés, do norte de Barcelona. Como falou meu colega Joaquim, a gente veio para o Japão dizer que temos muito orgulho de fazer parte da Espanha! Olha aqui a estrelada pra não dizer mentira! Todo mundo agitando as bandeirinhas!         

O povo começou a gritar e agitar pequenas bandeiras do Japão e da Espanha. Os quatro ficaram intimidados. Laura foi a próxima:

— Bona Tarda! 

— Bona tarda! — respondeu todo mundo, acostumado com o catalão.

— Soc Laura Rovira, soc de Vic, com meu amic Marc. Tots nosaltres som estudiants de la mateixa turma de architectura de la universitat… Al llarg del curs, desenvolupam moltes activitats i, una de elles són els castells. Jo també faig part del grup de defensa dels drets LGBT de la Uni… (Eu sou Laura Rovira, eu sou de Vic como meu amigo Marc. Somos todos estudantes do mesmo curso de arquitetura universitária ... Ao longo do curso, desenvolvemos muitas atividades e uma delas são os castelos. Eu também faço parte do grupo de direitos LGBT da Uni…).

Dessa vez, Tomoyo traduziu certo. A plateia aplaudiu e Laura continuou:

— Farem una presentacío de cobla, presentació amb cancións tradicionals de nostre país, Catalunya. Mentre estem a la escola, aprenem a les classes de músiques a tocar i cantar… (Vamos apresentar uma cobla, apresentação com músicas tradicionais do nosso país, a Catalunha. Enquanto estamos na escola, aprendemos nas aulas de música para tocar e cantar…)

Mais vivas e aplausos para eles, mas nenhum falou mais de política.

 — Ora, eu achei que eles iam falar da questão da independência… — disse Fujitaka.

— A Tomoyo tá cortando eles, papai! Eles devem ter percebido e pararam com isso… — respondeu Sakura. — Ela me falou… 

— Eu já devia imaginar… — comentou a professora Tsutsumi, ao lado deles. 

Percebendo a falta de conteúdo político, Marc pegou o microfone, agoniado, e começou a falar:

— Poble de Tomoeda! Nosaltres vivim a un país trepijat i conquestat pels castellanes per 300 anys! (Povo de Tomoeda! Vivemos em um país pisoteado e vencido pelos castelhanos há 300 anos!)

— Povo de Tomoeda! Queremos dizer que temos muito orgulho de ser espanhóis há mais de 300 anos! — disse Tomoyo) 

A plateia tornou a agitar as bandeirinhas. Marc ficou tenso.

— El Rey Felipe seté é mantingut al poder amb les mans del exèrcit! La monarquia é mantinguda pels estructures podrides del estat i per aquest, no podem ens alliberar i ser lliures! Se aquest no és dictadura, és o qué? (O rei Felipe sétimo é mantido no poder com as mãos do exército! A monarquia é mantida pelas estruturas podres do estado e, por isso, não podemos nos libertar e ser livres! Se isso não é uma ditadura, o que é isso?)  

  — Nós temos muito orgulho do nosso rei barbudo e cabeludo, Dom Felipe, sétimo de seu nome, como muitos vocês tem orgulho do Imperador. Temos muitos independentistas, sim, mas são minoria! Temos problemas, sim! Mas se a gente não lutar, nunca vamos resolver eles! — disse Tomoyo.

Mais bandeirinhas e aplausos. 

— Visca Catalunya lliure i puta Espanya! — finalizou Marc, agitando a estrelada.

— Viva Catalunha e viva Espanha! — terminou Tomoyo, agitando mais ainda uma bandeira espanhola que Sakura deu para ela. 

Os colegas de classe de Tomoyo olharam para ela com uma cara esquisita. Marc era o mais chateado de todos. A professora Tsutsumi, para acalmar os ânimos, subiu no palco com uma bandeira catalã na mão.

— As pessoas brigam até por bandeiras hoje em dia, puxa vida! — disse Naoko.

— Mas acho que o pior são os patriotas de avenida… — comentou Nakuru. 

— Pessoal, eles são de uma região especial da Espanha chamada Catalunha que, da mesma forma que as Txosnas que os bascos montaram lá na frente, tem identidade e cultura própria. Amanhã teremos uma apresentação deles e, para abrilhantar a abertura do nosso festival, com vocês Tomoyo e a canção L’emigrant.

Aplausos. Marc, Núria, Quim e Laura se sentaram. Marc ainda estava emburrado.

— Tá assim porque sua apresentação da república para os japoneses foi para o espaço, é? — disse Quim.

— Senta e toca essa tuba, Marc! — disse Laura.

— Sabia que você não tinha que ter continuado! — disse Núria.

— Peraí, gente! Ainda dá pra seguir! Só explicar melhor que eles vão entender… — disse Marc.

A garota pegou o microfone e começou a cantar:

 

Dolça Catalunya,

pàtria del meu cor,

quan de tu s´allunya

d´enyorança es mor.

 

Dolça Catalunya,

pàtria del meu cor,

quan de tu s´allunya

d´enyorança es mor.

 

Adéu, germans; adéu-siau, mon pare,

no us veuré més!

oh! si al fossar on jau ma dolça mare,

jo el llit tingués!

Enlloc veuré, ciutat de Barcelona,

ta hermosa Seu,

Jo dic plorant a boscos i riberes:

adéu-siau!

Oh mariners, el vent que me´n desterra

que en fa sofrir!

Estic malalt, mes ai! tornau-me a terra

que hi vull morir!

 

Dolça Catalunya,

pàtria del meu cor,

quan de tu s´allunya

d´enyorança es mor.

 

Quan de tu s´allunya

quan de tu s´allunya

quan de tu s´allunya

d´enyorança es mor.

 

(Dolça Catalunya,

pátria do meu coração

quando longe de você

a honra está morta.

 

Dolça Catalunya,

pátria do meu coração

quando longe de você

a honra está morta.

 

Adeus irmãos; adeus meu pai

Eu não vou mais te ver!

oh! se, quando abandonar a doce mãezinha,

Eu tive a cama!

Em nenhum lugar eu vou ver, cidade de Barcelona,

ta lindo Seu,

Eu digo chorando em florestas e margens:

Adeus!

Oh marinheiros, o vento que me exila

isso faz com que sofra!

Estou doente, oh sim! ele me virou no chão

Eu quero morrer!

 

Doce Catalunha,

pátria do meu coração

quando longe de você

a honra está morta.

quando longe de você

quando longe de você

quando longe de você

a honra está morta).

 

Vivas ensurdecedores. 

— A voz da Tomoyo tá mais angelical que nunca! — comentou Chiharu.

— Ela foi fantástica! Acho que ela tinha que investir… — disse Naoko.

— Acho que a Tomoyo só canta por hobby mesmo, ela é uma artista, ela costura, pinta, desenha… Nada mais certo que cursar arquitetura! — disse Rika.

Fujitaka, Touya e Nakuru se entreolharam e sorriram, junto com as professoras. Quanto a Sakura, ela estava com a mente ao longe, navegando nas ondas sonoras que saíam da boca de Tomoyo. não queria admitir, mas estava apaixonada por aquela voz. 

“Eu sempre fui apaixonada pela voz da Tomoyo…”, disse a cardcaptor, com o rosto quente e rubro.

 

Continua… 


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