Wake Up escrita por Sasazaki Akemi
Sem nenhuma amizade, ou melhor, com apenas uma falsa amizade, passou-se um mês. Misaki que apenas ria silenciosamente da situação e ajudava apenas quando passava dos limites impostos, saiu correndo quando um acidente aconteceu: todos os alunos desciam rapidamente as escadarias para o refeitórios durante o horário de almoço, quando ambas também se direcionavam para o destino e Misaki colocou um de seus pés à frente da garota ao seu lado.
—Sayu, perdoe-me eu... – Sua voz cessou quando o aluno a sua frente também fora derrubado dos degraus. Sem dizer outra palavra, correu junto a toda a plateia. Nenhuma risada fora escutada.
Foi exatamente neste momento, pouco antes de ambos encontrarem o chão, em que escutei algo trincando. Não haviam janelas ou objetos de vidros, mas o som assemelhava com um copo rachado. Eu que fui empurrado acidentalmente, fui derrubado com toda força da gravidade, amenizei um pouco a queda com o rápido reflexo de minha mão, mas parecia que meu braço havia quebrado.
—Droga...! – Murmurei a mim mesmo ao sentar e colocar a outra mão no local da dor. Este foi o meu primeiro erro, o que eu não deveria ter feito: direcionei um olhar furioso a garota que tinha dificuldades para levantar-se e julguei-a como todos. Cabelos medianos e preto azulados estavam soltos, prendendo apenas a franja longa com uma presilha, os olhos grandes e esverdeados me olharam tristonhos, e um sorriso suave se formou nos lábios finos ao dizer apenas uma frase:
—Perdoe-me Aizawa, eu tropecei — Uma voz gentil, tentando demostrar firmeza como tentasse convencer a si mesma que estava tudo bem, estampado no rosto pálido era o que escutei, mas algo estava errado. Não demonstrei surpresa, por um segundo, eu escutei novamente o vidro sendo lentamente despedaçado.
—Ei, você está bem? – Perguntava o loiro em que sentava em meu lado: Yamada Hizashi, o futuro Present Mic, com sua voz ardida. Com o mesmo penteado exuberante, totalmente para cima, e os óculos triangulares em frente de seus olhos esverdeados, apenas mais novo.
—Perdoe -me... Eu não queria... – Antes mesmo de podermos dizer qualquer coisa, ela levantou-se às pressas, ajeitou a saia, e logo saiu correndo – Você deveria ir à enfermaria... Então... Tchau.
Mic insistiu para irmos à enfermaria, mas rejeitei teimosamente e fomos ao refeitório, ignorando a dor, que passou após algumas horas. Ao sentarmos em uma das mesas com nossos almoços, ele continuava a falar sobre ela, de como era estranha e algo a mais, a garota em que não consegui tirar o olhar durante todo o tempo naquele local. Ela estava sozinha em uma mesa, observando a comida a sua frente com um olhar distante, quando Misaki sentou-se à sua frente e tentou conversar.
—Sai daqui — Sayuri murmurou, recebendo apenas o desentendimento da ruiva. Repetiu mais alto — Me deixe sozinha.
—Não fique chateada, foi sem querer. Sayu...
—Já chega! – Talvez tenha sido por instinto, ou não, mas sua voz soou tão alto em que chamou a atenção de todos. Havia sido o limite da paciência de Misaki, não seria mais boazinha, e com um olhar transbordando ódio chamou seu amigo Hyuuga na mesa de trás, pedindo um favor. “Sim senhorita” foi o que respondeu, levantando -se de seu lugar ao colocar seus fones de ouvido conectados em seu celular e ajoelhar-se para encostar a palma de sua mão no chão.
“Heróis são tão legais, eu também quero me tornar”
Fora apenas esta frase em que ressoou pelos autofalantes da escola e todos conheciam a dona daquela voz: Yoshioka Sayuri. Todos gargalharam apontando, cochichando entre os grupos de amizade sobre a idiotice dita.
Este era a peculiaridade de Hyuuga: Invasão, permitindo invadir qualquer sistema operacional – hackear –, mas quanto mais complexo for o sistema e quanto mais longe estiver o sistema central, mais demorado levará para ter sucesso. E fora assim com que fez transmitir a gravação da conversa de Sayuri com Misaki durante os intervalos.
—Heróis...
—O que disse, sua sem peculiaridade? – Misaki diz ao levantar-se com feição vitoriosa.
—Ser herói não significa ter peculiaridades, ser herói é salvar pessoas! — Mesmo apavorada, tremendo, gritou. Todos riram.
—Salvar pessoas? Então... — Misaki diz com sorriso cínico e sem precisar dizer mais nada, Hyuuga segura-a por seu pescoço e a ergue — Socorro...
—Heróis salvam pessoas, não é? — Hyuuga pergunta fitando-a com um largo sorriso e apertando um pouco o pescoço da ruiva — Ela precisa ser salva.
Ela não conseguiu fazer nada, ou simplesmente não queria — acredito que não pôde —, apenas assistiu e relembrou do incidente de Haruo. Hyuuga não demorou para soltar Misaki no chão, que tossiu algumas vezes ao recuperar o fôlego, enquanto Sayuri dava meia volta e partia para longe do refeitório. Ao passar ao lado da minha mesa, tenho a certeza que pôde escutar claramente as minhas erradas palavras:
“Herói sem peculiaridade? Idiotice”
Eu era apenas um ignorante egocêntrico, pensando apenas no meu bem e sem perceber os fatos ao meu redor. Percebia tantos problemas e erros cometidos, mas simplesmente caminhei fingindo não ver. No próximo dia, ela fora o centro de xingamentos e zombarias, apontando e rindo por toda a academia. E após semanas, tornou-se em agressões, mas apenas a sala dela estava ciente.
—Sayuri, você não pode deixar assim — Senhorita Fukuda dizia preocupada, cuidando das feridas no rosto da estudante.
—Está tudo bem, só não se importar. Logo terá fim — Ela dizia sempre com um sorriso animador, deixando a professora aflita ao lembrar que foi por causa deste sorriso que fez a recomendação a academia.
—Sayuri, você deveria desistir — Finalmente conseguiu dizer as palavras em que estava presa em sua garganta dentre os meses, tentando esconder a tristeza em sua voz ao ser autoritária — Desista de ser heroína e da U.A.
Não importando o quão doloroso fosse, o quão frustrante fosse, a verdade deveria ser dita. E para piorar a situação, Sayuri apenas sorriu e agradeceu pelos cuidados ao retirar da sala dos professores e retornar à sala de aula, pois já estava atrasada para seus deveres fora das paredes da academia. Não era apenas eu, ela também era teimosa o suficiente de continuar escondendo os cacos de seu sonho e de seu coração prestes a quebrar com um sorriso, não importando a situação.
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