The Bravest One escrita por Isolt Sayre


Capítulo 2
Stand up straight 'cause it's a start


Notas iniciais do capítulo

Obrigada aos que leram o anterior. Leitores fantasma não esqueçam de mandar um alô! Faz toda a diferença por aqui haha Boa leitura!



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Capítulo 2 - Stand up straight 'cause it's a start

 

Ela estava estática e em choque. Por que Harry Potter estaria no Caldeirão Furado de madrugada para conversar com ela?

— Por que não se senta? — perguntou ele, vendo que Hadley demoraria a reagir.

Hadley obedeceu e sentou-se na poltrona diante do bruxo.

— Achei que a diretora Minerva viria falar comigo essa noite.

Harry Potter sorriu de uma maneira acolhedora e naquele instante Hadley sentiu que talvez não precisasse ficar tão intimidada.

— Aparentemente, Minerva acha que é inútil conversar com a senhorita. Ela disse que você é uma das bruxas mais teimosas para quem ela já lecionou. — Hadley abriu um sorriso envergonhado e Harry continuou, parecia estar se divertindo. — Também disse que por isso era uma de suas favoritas.

Hadley ergueu as sobrancelhas e fitou o homem por um momento, esperando que ele fosse dizer que a última parte era apenas uma piada. Mas Harry continuava a encará-la. Hadley quebrou o momentâneo silêncio com uma das perguntas que mais a intrigava.

— Você também vai me dar uma longa explicação sobre segurança de bruxos menores de idade?

Harry riu e descruzou as pernas da mesa.

— Não, Hadley. Acho que a diretora sabe o quanto esse discurso ficou repetitivo para você, embora a senhorita não seja muito boa em obedecê-lo.

Ela não conseguiu reprimir um sorrisinho. Talvez pela primeira vez em anos ninguém a ameaçaria de expulsá-la de Hogwarts ou de destruir sua varinha — conforme um dos bruxos chatos do Ministério havia alertado certa vez. Ainda assim, receava que a visita de Harry Potter trouxesse algo mais. Sabia que o bruxo era chefe dos aurores, o que o traria ali aquela hora da noite? E como se lesse seus pensamentos, Harry disse:

— Bom, você deve estar se perguntando por que estou aqui, não é mesmo?

Hadley assentiu com a cabeça e Harry limpou a garganta.

— Sua história é conhecida entre os bruxos do Departamento de Execução das Leis da Magia. Durante seis anos nós temos prestado uma atenção especial em você, principalmente nessa época do ano. Não vou mentir, Hadley, você tem dado bastante trabalho a Seção de Controle de Uso Indevido da Magia.

Harry mudara o semblante divertido do rosto para um olhar bastante sério. Hadley continuou encarando-o, tentando devolver o olhar dele com a mesma intensidade. Não era tão boa assim em esconder sentimentos e estava ligeiramente nervosa com o que aquele auror tinha para falar. Mas após tanto tempo vivendo entre órfãos ruins, Hadley tinha aprendido a não se deixar intimidar por ninguém.

Quanto ao que Harry dizia, ela não tinha como negar que usava magia fora da escola uma vez ou outra, mas na maioria das vezes não era proposital. Hadley não controlava muito bem sua raiva quando alguma criança do orfanato roubava suas coisas ou a machucava sem motivo algum. Ela já havia explodido objetos com os olhos, lançado pessoas por metros apenas usando as mãos, aparatado ilegalmente em situações de perigo, dentre outras situações que muitas vezes ela não controlava. Já tinha perdido a conta do número de corujas que recebera do Ministério advertindo-a.  Um ano antes ela teve de comparecer a uma audiência, pois abriu um abismo no chão apenas com a força da mente, levando alguns órfãos caírem dentro. Sua sorte foi que ninguém se feriu — pelo menos não gravemente — ou sua varinha teria sido confiscada na certa. Hadley não era uma bruxa ruim, ela só tinha a infelicidade de viver com pessoas ruins que sempre tentavam lhe fazer mal. Como os Obliviadores precisavam alterar a memória dos trouxas a quem ela azarava, eles sempre tornavam a repetir as maldades, pois os mesmos não se lembravam o que Hadley tinha feito.

Não era normal um bruxo não conseguir controlar as emoções. O propósito das crianças estudarem em Hogwarts também era esse: controlar a magia e não permitir que ela causasse danos desnecessários, principalmente aos trouxas. Mas havia algo de errado com Hadley que poucos sabiam, nem mesmo ela tinha conhecimento na verdade. A magia da garota era mais forte do que adebruxos comuns e por isso era tão difícil comandar a si mesma.

— Você é uma bruxa muito poderosa, Hadley Hunt — falou Harry Potter. — Poucos são os bruxos que conseguem fazer o que você faz usando varinhas.

A garota engoliu seco.

— Eu não faço isso de propósito — defendeu-se Hadley. Agora já começava a pensar que o auror podia tomar a varinha dela ou algo do tipo.

— Eu sei, Hadley. Não estou aqui para acusa-la. — a voz dele foi tranquilizadora e a garota ergueu uma sobrancelha. Era raridade alguém não acusa-la naquele escritório. — Sabemos o quanto sua mágica é poderosa e difícil de ser controlada

— Nós?

— Sua diretora, alguns de seus professores e talvez todos os funcionários da Seção do Uso Indevido de Magia. — explicou entre um sorriso.

Hadley nunca pensara que era uma bruxa poderosa. Certo, ela era muito boa em algumas disciplinas, mas também não se achava fora de série, caso contrário provavelmente teria sido enviada para a Corvinal. Na verdade a garota achava o contrário: se não conseguia controlar sua própria mágica, significava que no mínimo ela não era uma bruxa competente o suficiente.

— Sr. Potter...

— Harry. — corrigiu o homem.

— Ok. Harry, eu não sou nem de longe a melhor aluna do meu ano. Nem cheguei a conseguir um número tão considerável de NOMs*.

— Não é essa a questão, Hadley. Não tem a ver com notas ou em ser a estudante mais inteligente da sua classe. Isso tem a ver com a magia que existe dentro de você, que precisa de fato ser controlada.

Por Helga Hufflepuff, que conversa esquisita. Hadley coseguiu disfarçar o quanto estava confusa no meio daquilo e Harry pareceu perceber.

— Hadley, o real motivo de você não  conseguir controlar sua magia e ela escapar sem você querer não é porque é uma bruxa ruim, má ou incompetente. E do mesmo jeito que isso pode ser usado para o bem, também pode causar grandes estragos, como você já deve ter percebido.

Hadley balançou a cabeça, perturbada. Nunca alguém tinha lhe dito algo parecido antes.

— Sei que deve ser estranho finalmente ter consciência disso. Você se tornará uma bruxa excepcional, mas é importante que saiba controlar sua magia. Como você bem deve saber, temos um Estatuto de Sigilo que garante proteção do mundo bruxo mediante ao mundo trouxa.

A garota assentiu, entendendo melhor o problema. Ela sempre soube que não era certo fazer magia diante de trouxas, mas achava que os Obliviadores conseguiam dar conta de todo o estrago que ela fazia. Aparentemente, Hadley estava dando mais trabalho do que imaginava.

— O Departamento de Uso Indevido de Magia trabalha intensamente todos os dias para concertar erros, Hadley. As vezes não é necessário alterar a memória de ninguém. Mas é importante prezarmos pela segurança do trouxas e a sua principalmente.

Hadley não disse nada. Entendia a gravidade de tudo. Sabia que não era certo fazer magia fora da escola e ainda mais contra trouxas, mas não era sua culpa. Dificilmente conseguia controlar, era totalmente inerente a ela. Desde a primeira vez que aparatara sem querer no orfanato aos seis anos de idade, não conseguia parar de fazer coisas esquisitas.

— Não sei se consigo — admitiu Hadley. — Eu realmente já tentei, mas não é fácil.

— Eu não disse que fará isso sozinha, Hadley.

Hadley o encarou curiosa. Não sabia que existia uma maneira de alguém ajuda-la a controlar sua magia.

— Você? — arriscou a menina pensando em como seria ter Harry Potter como seu professor particular.

Harry riu.

— Oh, não, não. Nunca fui muito bom em controlar a mente. E acredite, eu tentei. Nós temos uma auror no Ministério que sabe muito bem como fazer isso. Seu nome é Delfina Bardach. Ela é uma Oclumente incomparávele acreditamos ser muito indicada...

— Oclu o quê? — perguntou Hadley sem entender. Nunca ouvira aquela palavra antes na vida

— Oclumente. — falou o auror devagar e com bastante clareza. — A Oclumência é a defesa mágica da mente contra a penetração externa. É um ramo muito avançado na magia, mas extremamente útil

O coração de Hadley começou a bater forte. Não era como se alguém estivesse querendo entrar em sua mente ou possuí-la.

— Mas... — começou ela insegura.— não tem ninguém tentando invadir minha mente.

— Você está certa. — concordou Harry suavemente. — Mas para conseguir controlar sua magia você necessariamente precisa ter o controle da própria mente. Ela não te ensinará Oclumência em si, mas vai ajuda-la a canalizar melhor sua magia. E acho que poderemos esperar grandes coisas da senhorita.

Hadley não respondeu. Estava incomodada com a conversa. Começava a pensar que talvez fosse melhor ter escutado novamente sobre segurança para bruxos menores de idade ao descobrir que ela tinha uma mente que precisava ser controlada e moldada. Quanta loucura podia a ver em uma noite só? E por que isso agora? Por que não anos antes? A cabeça dela já girava de cansaço e só desejou poder se afundar na cama quentinha que a esperava...

Harry fitou a menina preocupado, mas esperou pacientemente até que ela processasse toas aquelas informações.

— Hadleu, está tudo bem?

— Por que isso acontece comigo? Quero dizer, nenhum dos meus amigos enfrenta esse tipo de problema. Todos conseguem controlar bem os poderes quando estão fora de Hogwarts.

Harry parecia esperar por essa pergunta, mas de qualquer modo, ele hesitou para responder.

— Acredito que seus amigos não precisem passar pelas mesmas desventuras que você tem passado. Estou certo?

— Sim, mas...

— Não é so isso, é claro. Mas... — Harry parou e desviou o olhar de Hadley, como se estivesse tentando escolher as melhores palavras. — Acontece com alguns bruxos. Digamos que é uma característica hereditária.

Hadley franziu o cenho, não estava muito convencida.

— Então quer dizer que meus pais também eram assim?

— Não tem como saber, certo?

Ela esperava por aquela resposta. Ninguém parecia ter conhecido seus pais, o que também soava estranho, porque aparentemente pelos menos um deles era bruxo. Hadley sempre os mencionava no passado, porque a forma que as governantas e até a diretora McGonagall se referiam eles, parecia já tinham morrido. No fundo, a menina tinha uma pequena esperança que talvez todos estivessem errados, embora nunca havia falado aquilo em voz alta.

— E por que você veio aqui me contar isso? Por que você e não a diretora Minerva? — quis saber Hadley. Ela tentou não soar rude, até porque não era sua intenção. Mas continuava a ser estranho Harry Potter encontra-la no Caldeirão Furado para falar tudo aquilo.

— Digamos que a sua história lembra um pouco a minha.

— Qual parte?

Harry riu.

— A parte em que a menina órfã tem uma vida difícil e que as coisas ruins e estranhas parecem apenas acontecer com ela.

Os olhos de Harry a encararam de uma maneira fraterna, como se soubessem exatamente o que ela havia passado durante os quase dezesseis anos de sua existência.

— Eu sei o quanto é difícil, Hadley. Mas lembre-se que apesar de as vezes parecer, você não está sozinha.

Hadley abriu um leve sorriso. Nem todos compreendiam o que ela passava fora de Hogwarts e como era difícil crescer sem uma família. Significava muito ouvir isso de alguém, vindo de Harry Potter era ainda mais especial.

— Obrigada, senho... Harry — corrigiu rapidamente. — Muito obrigada.

— Você é uma das bruxas mais fortes de seu tempo. Não sonhe com nada menos que um destino extraordinário, Hadley.

A garota sorriu em gratidão mais uma vez. Todos estavam certos a respeito de Harry Potter, ele definitivamente era um bruxo muito bom. Não sabia muito bem o que responder. A conversa havia flutuado bastante e ela tinha muita coisa para processar. Percebendo que aquele parecia o final da conversa, se levantou e agradeceu novamente.

— Hannah pediu para dizer que você está convidado para o jantar. — lembrou ela de repente.

— Agradeço muito o convite. Mas acho que minha próxima tarefa é em Godric’s Hollow. Tem algumas pessoas me esperando lá, sabe?

Hadley assentiu, embora não soubesse. Apenas imaginou que Godric’s Hollow devia ser onde o bruxo morava e as pessoas provavelmente eram sua família, mas não queria ser intrometida em perguntar. Desejou boa noite para Harry Potter e saiu do escritório de Hannah.

Tinha uma grande sensação que Harry não havia contado toda a verdade a ela. Tudo estava prestes a mudar, ela só não tinha ideia do quanto.


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Notas finais do capítulo

*NOMs: Níveis Ordinários de Magia.

Obrigada aos que chegaram até aqui!

See you soon!



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