Aizawa suspirou pela enésima vez enquanto corrigia as provas. No geral, ele não tinha de reclamar do desempenho de seus alunos, mas alguns escreviam coisas tão absurdas como resposta que o pobre professor precisava evocar paciência de algum ser divino. 

E pensando em seres divinos, Eri veio à sua mente. A garotinha vinha apresentando uma melhora significativa em seu comportamento e Aizawa sentia-se orgulhoso por ela. Todavia, ela estaria passando a tarde com a 1-A, e da última vez que a deixou junto com Katsuki, ela voltou falando palavrões em espanhol. Só esperava que Izuku mantivesse sua palavra em ficar de olho para que esse tipo de coisa não se repetisse. 

...

Eri estava sentada no sofá da sala comum, sorrindo alegremente enquanto Ochako trançava seu cabelo e Sato lhe fazia um delicioso bolo. Ela era o xodó da turma e ninguém ousava disfarçar, dando a pequena garota a sensação gostosa no coração, de ser tão querida por pessoas ao seu redor. 

Hagakure prometeu lhe emprestar os filmes de princesas da Disney, que Eri já planejava assistir todos com seu Papazawa. Ele até mesmo lhe disse que faria pipocas com manteiga. De fato, a menina sentia-se feliz, e nenhuma alma no mundo poderia negar o quanto ela merecia. 

Assim que Ochako terminou o penteado, o filme que Izuku escolheu para aquela tarde chegava ao final. Eri adorava Rei Leão, sabendo cantar todas as músicas, e Izuku, obviamente, cantava junto com ela. 

— É tão triste como o Rei Mufasa morre — comentou com Izuku. — Por que isso tem que acontecer?

— Porque existe um ciclo, Eri-chan... — respondeu ele. — Tudo tem um começo e um final. É assim para tudo. 

— Tudo? Então até as coisas boas tem que acabar? — questionou com o olhar triste. — Eu não quero que minhas coisas boas acabem...

— Você não precisa se preocupar com isso — sorriu alisando seus cabelos. — Você ainda terá muitas e muitas coisas boas. Tá? — Resolveu mudar de assunto para evitar mais perguntas difíceis — que tal fazermos uma brincadeira?

— Que brincadeira? — Eri já tinha aquele brilho fofo nos olhos.

— Se chama "eu vejo com meus olhinhos". Eu vou te dar dicas e você tem que adivinhar! 

— Ah, eu quero brincar também! — Ochako que até então observava a interação adorável dos dois, finalmente falou — Posso começar? — Izuku e Eri assentiram em animação — Ok, vamos lá! Eu vejo com meus olhinhos.... é vermelho e branco...

Izuku procurou na sala algo que pudesse corresponder as características até que cruzou o olhar com Shouto que descia as escadas e ia em sua direção. Sorriu matando a charada. 

— O cabelo de Shouto-kun! 

— Acertou! Mas essa foi fácil! Vai lá e faz uma para Eri-chan! — Disse animada.

— Pronta, Eri-chan? — recebendo um aceno animado em resposta, Izuku continuou — eu vejo com meus olhinhos... é azul e brilhante.

A garotinha olhou ao redor de forma atenta. Levou alguns segundos para apontar para o vaso de plantas no canto direito da sala, próximo a porta, por onde entravam Katsuki e Eijirou. 

— Muito bem, Eri-chan! — Ochako bateu palmas. — Agora vou fazer uma mais difícil para você, Deku-kun! Todoroki pode ajudar — emendou quando reparou Shouto já acomodado ao lado de Midoriya. — eu vejo com meus olhinhos... é grande, forte e todo mundo pode perceber.

Os dois ficaram em silêncio enquanto pensavam no que podia ser. Até mesmo a pequena Eri vasculhava o cômodo em busca de uma resposta. 

— A parede? — Izuku tentou.

— Não! — Ochako sorriu — vou te dar mais uma dica... — parou para analisar o cômodo, e balançou a cabeça quando pensou em algo que ajudaria — Bakugou nunca admitiria que é verdade. 

— Tensão sexual entre Kirishima e Bakugou? — Todoroki quebrou o silêncio. Eijirou e Katsuki ainda estavam na sala, e Sato que estava na cozinha também ouviu. Aquele silêncio constrangedor instalou-se até que o garoto direcionasse sua pergunta para Ochako — Acertei?

— SHOUTO! — Izuku estava vermelho e tentava lhe censurar. Ochako por sua vez caiu do sofá enquanto ria ruidosamente. 

Eijirou tentava conter Katsuki que queria explodir a cara de Shouto, e aos berros ele o ameaçava. Sato tentou entregar o bolo que havia feito para Eri, tentando fazer com que ela não prestasse atenção no que Bakugou dizia. 

Pobre Izuku. Ele tinha um péssimo pressentimento sobre isso. 

...

Quando Aizawa foi buscar Eri no dormitório da 1-A, ele desconfiou do motivo que fez o aluno de cabelos verdes não o fitar nos olhos e os demais alunos estavam mais barulhentos que o normal. Entretanto, suas crianças problemas eram estranhas e ele nem tentava mais entender por que elas eram daquela forma.

Acenando para Midnight que passava ali perto, Eri pegou em sua mão enquanto eles caminhavam sentido a saída da escola. Até que a garotinha lhe perguntou de forma inocente:

— Papazawa, o que é tensão sexual? 

Shouta Aizawa, também conhecido como Eraserhead; herói profissional, professor renomado e pai de Eri, planejava um assassinato.