Marinette e Adrien só queriam passar um tempo sozinhos, o que era bem difícil, visto que decidiram esconder o seu relacionamento. E se tornou ainda mais difícil com as recorrentes investidas de ser super-herói do Sr. Damocles, o diretor da escola.

O Coruja estava mais atrapalhando do que ajudando a cidade, deixando a rotina do heróis bem corrida. O casal só conseguia se ver na escola – aonde escolheram não demostrar tanto afeto – e nas patrulhas – onde não podiam ficar aos beijos e sim protegendo as pessoas e o próprio Damocles.

— O diretor, Sr. Damocles, tem bom coração. Mas você sabe como isso termina, não é? – disse Chat Noir, enquanto ele e Ladybug finalmente descansavam em um telhado qualquer, aproveitando o fim de tarde.

— É, e não podemos ficar de babá dele o tempo todo. – bocejou. – A gente não tem feito outras coisas, a não ser isso. – Adrien sorriu de lado.

— Que tipo de “outras coisas” você queria fazer? – a azulada deu um empurrão nele, que começou a rir da expressão irritada dela. – Estou brincando, Bugaboo!

— Você é um bobo! – disse em tom de xingamento, o que para Adrien foi ainda mais adorável.

— Talvez eu seja. – deu de ombros e se aproximou dela. A respiração quente do loiro se chocava com a pele gélida de Marinette, que permaneceu parada devido à proximidade dos seus rostos. Adrien então terminou de vez com a distância entre os seus lábios e os dela, a beijando com calma. Ambos estavam cansados demais até para isso.

— Se alguém tirar uma foto nossa desse jeito, a culpa é sua. – falou assim que se separaram.

— Tudo bem, eu assumo a culpa. Mas você se importa se eu pedir pra me mandarem a foto? – ela balançou a cabeça e acariciou o rosto dele.

— Você não tem jeito mesmo, kitty. – dito isso, Ladybug ficou de pé – Preciso ir e colocar o nosso plano em prática. Pelo menos a akumatização do Sr. Damocles teve um efeito positivo depois.

— Realmente. – Chat Noir levantou também – Só precisamos tomar cuidado. Você lembra do episódio, não lembra? – ela assentiu.

— Estou indo. Nos vemos amanhã. – se aproximou e depositou um selar demorado nos lábios do amado.

— Até amanhã, my lady.

***

Marinette estava costurando no seu quarto depois de terem feito a encenação com a Menina Papelão— que na verdade era Alya – na praça. Até tentou não dizer o nome do diretor em voz alta como na série, mas acabou saindo sem querer e tudo ocorreu como previsto.

Não demorou muito para que o recado do Coruja Negra aparecesse na televisão, fazendo com que Tikki arregalasse os olhos assustada.

— Tikki, spots on!

Ladybug saiu correndo até chegar no estádio e encontrar Chat Noir escondido, esperando por ela. Porém antes que o garoto avançasse e fosse distrair o vilão, a heroína o impediu.

— O que foi? – questionou confuso.

— Não precisávamos ter vindo aqui. Lembra que o detonador era falso?

— Ah, claro! – o loiro assentiu. – Então vamos direto para aonde sabemos que o akuma está. – Chat Noir virou o corpo rápido e tropeçou nos próprios pés, derrubando o bastão metálico de suas mãos. Os dois heróis trocaram olhares preocupados por conta do barulho e em seguida Coruja Negra surgiu na frente deles.

— Finalmente chegaram! Já estavam ficando sem tempo!

— Foi mal mesmo! – o loiro se desculpou.

— Tudo bem. Sabemos como sair dessa. – o tranquilizou e ficou em posição – Ao menos eu espero. – Ladybug avançou no akumatizado que bloqueava seus ataques. Enquanto isso, Chat Noir acompanhava ela, porém com o intuito de pegar o detonador. – Um super-herói não devia machucar as pessoas!

— Eu serei o único guardião dessa cidade! – jogou o detonador no contêiner – Última chance! – a dupla se distraiu vendo o objeto voar, então Coruja Negra disparou uma corda na direção dos dois, os prendendo juntos.

Adrien queria poder aproveitar a oportunidade que sua boca estava tão perto da boca de Marinette e beijá-la ali mesmo. Porém tinha consciência de que não era bem o momento certo.

— Cataclysm! – Chat Noir rapidamente os tirou daquela situação.

— Lucky Charm! – a caneta tinteiro caiu na mão da joaninha. – E antes que diga algo, eu não vou pedir um autógrafo. – o loiro riu e deu de ombros. – Vai pro detonador! – ele assentiu e saiu correndo.

Antes que Coruja Negra tentasse impedi-lo, Ladybug avançou novamente e não demorou muito para que o vilão jogasse os bumerangues na direção de Chat Noir. A azulada foi até ele e desviou os objetos com seu ioiô.

— Albert, abrir a escotilha! – a dupla caiu para dentro do contêiner, como previsto.

Coruja Negra fez toda a explicação do seu plano maligno – muito conhecido por eles – e os dois fingiram estarem amedrontados, até que Ladybug usa a tinta da caneta para cobrir a câmera.

— Spots off!

— Claws in!

Os dois desfizeram as transformações e os kwamis começaram a se alimentar o mais rápido que podiam. Enquanto isso, Marinette colocou os Miraculous falsos no local indicado.

— Pronto para uma rodada, kitty?

— Você me conhece, my lady. É claro que eu estou. – sorriu ladino – Plagg, claws out!

— Tikki, spots on!

***

Marinette quase teve um ataque cardíaco quando Coruja Negra tirou um de seus brincos. Mas obviamente precisou se concentrar e executar o plano. E é claro que Adrien apareceu pra ajudar. Tinha se locomovido para o local o mais rápido possível, pois sabia o que aconteceria.

Os dois estavam no quarto de jovem Agreste, logo depois de terem voltado do parque, aonde O Coruja estava ajudando as pessoas, agora de uma maneira segura para todos.

— Essa foi por muito pouco, mesmo com a gente sabendo o que aconteceu! – Marinette suspirou, aliviada.

— É. – concordou. A azulada fitou Adrien, estranhando o silêncio.

— Aconteceu alguma coisa?

— Não, nada. – olhou para Marinette, que estava de braços cruzados o encarando. Riu ao notar que era a pose que ela fazia quando sabia que ele estava tentando esconder algo – Eu só... Desculpa por ter feito a gente passar por todo aquele sufoco, sendo que podíamos ter ido direto no akuma. Eu acabei tropeçando e... Enfim, me desculpa.

— Você está se desculpando por ser desastrado, logo para mim? – os dois riram – Primeiro, você não precisa pedir desculpas por isso, acontece. E segundo, eu parei para pensar depois e não seria interessante que a gente fosse direto para o local do akuma.

— Por quê? Teria sido mais rápido e menos perigoso.

— Mas também teria sido muito suspeito. Além do que, iria parecer que nós não estávamos dispostos a salvar os animais.

— Só que nós salvaríamos se eles fossem reais.

— É, e eu e você sabíamos que não eram, mas o Coruja Negra e o Hawk Moth não sabiam que nós sabíamos.

— Confuso!

— Sim. – ficou de pé – Mas o ponto é, eu amei quando aconteceu com a Rainha Repórter, mas acho que não devemos mexer muito nos episódios. Assim como estamos escondendo o nosso namoro. Q-Quer dizer... N-Não que seja um n-namoro! – riu nervosa e virou de costas, de frente pra janela. Adrien levantou e parou na frente dela.

— Você quer que seja? – acariciou o braço dela e levantou seu queixo, fazendo com que olhasse pra ele.

— Não sei. Você quer?

— Quem é o idiota que não gostaria de namorar com você? – Marinette sorriu, envolvendo o pescoço dele com seus braços. – É claro que eu quero, Marinette. – segurou a cintura dela – Eu amo você.

— Também amo você. – o sorriso dela se transformou em uma expressão séria.

— O que foi?

— Eu estou com um pouco de medo.

— Do quê?

— Estamos chegando no fim da série. Acha que vamos acordar aonde paramos?

— É bem provável. – deu de ombros. – Será que vamos acordar na sua casa, no chão da sua sala?

— Eu espero. – sorriu e se inclinou, beijando os lábios do loiro.

— Até porque, seus pais e os meus tinham acabado de sair pra jantar. O que significa que temos muito tempo juntos até eles voltarem. – deu um sorrisinho.

— Isso, e vamos usar esse tempo pra assistir o episódio. – Adrien riu e beijou a testa dela – Será que finalmente vamos descobrir quem é Hawk Moth?

— É óbvio que é o seu pai. – o loiro se afastou, com uma expressão indignada.

— Como ousa?

— Vai me dizer que não suspeita nem um pouquinho dele? – ele parou para pensar em todas as evidências que Marinette sempre citava ao tocarem no assunto.

— Ok, desconfio um pouco. Mas por que o meu pai seria o Hawk Moth? Não faz muito sentido.

— Eu li uma teoria que é por causa da sua mãe.

— Minha família é um caos! – levantou os braços e se atirou no sofá, fazendo a garota rir da cena. – Qual é a próxima da vez? Eu vou herdar o legado e virar o novo Hawk Moth? – ironizou.

— Não, mas estão falando que você vai ser akumatizado na terceira temporada.

— Meu Deus! – Marinette riu mais ainda da expressão dele. – Quem tem motivos pra ser o verdadeiro vilão sou eu!

— Não fale isso nem de brincadeira. Eu não suportaria lutar contra você.

— Vou lutou no episódio do Cupido Negro e do Despair Bear.

— É, mas era diferente. E na verdade eu não te ataquei de fato, eu te salvei. – apontou e cruzou os braços.

— No dia do Cupido Negro, principalmente. – sorriu de lado, fazendo Marinette rir e sentar no sofá também – Você parou pra pensar que fomos idiotas e podíamos ter percebido naquele episódio que nos amamos? É claro, sem contar a confusão da carta e do recado.

— O que quer dizer?

— O beijo não teria funcionado se não fosse de amor verdadeiro. – Marinette abriu a boca, assimilando a informação. Nem tinha se tocado no dia, pois estava nervosa demais. – E os protagonistas da série não se ligaram disso também. Mas como eu sou um gênio... – sorriu fazendo pose.

— Pena que você não lembra do nosso primeiro beijo.

— Na verdade, aquele não foi nosso primeiro beijo. Quero dizer, na série foi. Mas não na vida.

— Como assim?

— Você não lembra? – ela negou – Há dois anos atrás, nossos pais resolveram viajar pra passar o ano novo na praia. – Marinette assentiu, se lembrando aos poucos – E na noite da virada a gente se beijou. Mas não passou de uma coisa entre melhores amigos.

— Verdade. – concordou – Mas bem que poderia ter passado.

— Não poderia concordar mais.