13 & Team 1: Sem Rumo e Sem Vida escrita por Cassiano Souza


Capítulo 4
A Criança e o Tempo


Notas iniciais do capítulo

Anteriormente:
"A Doutora e pede a Yaz que receba os seus país, mesmo que indisposta, enquanto ela e Ryan investigam as anomalias temporais. As anomalias levam a dupla a um apartamento, e no apartamento encontram Graham finalmente, após 3 dias desaparecido, junto a uma bela jovem loira e um bebê muito novo. Graham recebe mal a Doutora e o neto, que saem indignados"

Fiz essa relembrança pra recaptular os leitores, já que faz séculos que não atualizo. Eu a havia abandonado, mas como mudei de ideia, revi alguns pensanentos, e esse ano se completa 60 anos, resolvi continuar, e trazer ideias totalmente novas das anteriores. E esse capítulo na verdade é a versão editado do cap 4 original, que era somente um desabafo.

Capitulo de terror kkkk amei. Um dos capitulos que mais gostei de escrever de tudobque já fiz
Tem mais capitulos prontos mas não estou conseguindo postar no nyah



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Receber foras nunca eram bons, e receber um de um amigo muito menos. A Doutora e Ryan partem para a TARDIS, caras fechadas e respirações forçadas, como atendentes de lojas gratas por trabalharem nas segundas. O interior estava escuro e com fracas luzes fúnebres saindo das coisas redondas nas paredes. A Doutora puxa o monitor para si, e fecha os olhos impaciente recordando-se de como teve chance de moer Graham e a loira no aikido venusiano, mas aí lembrou-se que era a mocinha.

— Por que estamos aqui? - quis saber o humano.

— Respostas. 

— Disse que a TARDIS não está de boa digestão.

— Mas lembre-se que assim como nas praias de Sheffield, no vórtex não há banheiro.

— Em Sheffield não há párias.

— Exato. - soou fria. - Agora pense comigo, Ryan! Rose, o que achou dela?

— Bem… - pensou. - Se vestia igual a minha bisavó.

— Sim! - tapeou o console. - Anos 40 e 50 não achou?

— Tipo isso.

— E aquele sotaque forte? Norte? Ou sul de marte, mas, enfim…Wells?! 

— Wells! Somerset! E isso explica o porquê dela parecer tão fora da realidade. Foi mal Somerset. - engoliu a seco. - Mas isso pode ser útil?!

— Google da TARDIS! - sorriu largo.

A Doutor começa a digitar as décadas, características físicas, dentre as pessoas da região, sendo mães jovens. E o resultado foi…

— Nenhum resultado encontrado?! 

— Eu sei, dá vontade de socar o pc. 

— A menos, que algum detalhe muito importante esteja faltando. 

— Qual?

— Se Rose for mesmo do passado como pensamos, como teria filho com Graham?

— Não teria. 

— Precisamente. - estalou o dedos.

Voltou a teclar, onde editou a tag "mãe jovem" para "jovem". Assim, a imagem da loira misteriosa apareceu na tela, e ambos sorrisos largos a dupla deram. Rose smith, 26 anos, moradora da fazenda Rightend há 2 km de Wells, e sem filhos. O humano diz:

— Um roubo? 

— Vamos descobrir. - apertava apressada vários botões e alavancas. 

— Mas e as anomalias temporais?

— Então, sabe aquela vez que pedi para não trapaceamos nas olimpíadas espartanas onde ganhamos e os perdedores viraram sopa de leão, acidentalmente? Vamos precisar quebrar algumas regras! 

A turbulência começa. 

*** 

Outras informações a dupla captou na pesquisa, mas as mais relevantes eram sobre onde encontrar Rose Smith, sabiam tudo sobre ela e nem eram fãs. A TARDIS materializa-se, e saindo apressados para fora, a dupla começa a tossir, já que muita fumaça sai junto.

— Eu achava que não curtia cigarro. -zomba Ryan.

— Fumaça é sorte, querido! Fiz de tudo para não queimarmos feito as batatas da Yaz. 

— E que milharal sinistro em Doutora.

— Eu gostei. - sorriu largo. 

— E nem vou dizer que me sinto observado. 

O céu estava denso, e estavam no meio de um milharal seco, murcho e de folhas aparentemente velhas, já que estavam todas quase negras de fungos e umidade. A dupla começa a seguir os apitos do detector de anomalias, Que estavam baixos, porém, ainda constantes. Um espantalho todo de preto a Doutora quase esbarra, e franze a face pra ele:

— Que fase. Será que estava ouvindo Black? 

— Ou Linkin Park.  Em que ano estamos?

— 1949, 13 de setembro, 3 da tarde, outono. E não estamos nada longe do castelo da princesa.

Ignoram a figura alegre e prosseguem pelo plantio:

— Ah, você também achou ela meio "ah olha só como está lindo o dia, os pássaros cantam?" 

— Quanta maldade. - soou sinica.

— Gêmia sua.

— Agora passou dos limites. 

Estava tudo com certeza indo bem naquele milharal belíssimo, onde a dupla atropelava tocos secos, gravetos e se coçava com as palhas vertiginosas, até, que um estrondo altíssimo roubou a atenção dos dois, que se agacharam amedrontados. Um som como uma trava metálica veio em seguida, e também, uma voz jovem feminina:

— Enfim, encontrei meus larápios.

— Não, sou a Doutora e este é meu assistente, Ryan! - ergueu uma bandeira branca, que nada mais era do que um lenço escarrado em um graveto. - Paz? 

— Levantem-se! - os pés de milho vieram se quebrando lentos, e de lá revelou-se uma loira jovem, com uma capanga nos ombros, vestida em um vestido branco encardido, até os joelhos, apontando uma espingarda, calçada com botas esfarrapadas, e chapéu de palha furado na cabeça. – Vão embora e nunca mais voltem.

— Você não entende, só queremos ajudar. - insiste a alien. 

— Você disse que era uma doutora? 

— Sim.

— Uma médica?

— Também. 

— Uma mulher médica nesta região e com um enfermeiro negro?!

Ryan revira os olhos: 

— Também não é comum encontrar mocinhas de família com armas tão robustas e longas nas mãos por aí, segurando com tanta habilidade. 

A moça abre a boca ofendida, Doutora pigarreia:

— Soou estranho. Enfim, precisa de médica? Você me pareceu curiosa. 

— Liguei para o doutor Caligari, porém 5 dias já se passaram. 

— Sim, por isso nós viemos. - sorriu, tentando passar convencimento e cutucou Ryan, que quase não conseguiu forçar.

— E aí vieram por um milharal?! - não parecia crente. 

— É enorme a propriedade! Nos perdemos. Como eu teria isto se fosse mentira? - Retirou um estetoscópio e esfigmomanômetro do sobretudo. 

É, como? Pensou a moça, onde respirou fundo desconfiada com talvez até vontade de puxar o gatilho, mas um som de choro rouba a atenção, um choro de criança, e assim ela diz:

— Venham comigo. 

***

A aparente princesa da Disney morava numa casa de campo modesta, dois andares, feita de madeira e pedras, cercada de área por todos os lados, com cadeiras, mesas e montes de lenhas e sacos de milho e trigo. Próximo, havia um moinho de vento num pequeno riacho, e um celeiro com a bela tinta descascando-se e nascendo cogumelos nas taboas. Galinhas, patos e porcos andavam de um lado a outro. Já em um curral ao lado do celeiro, um simpático bode preto enorme encarava o trio vindo à casa. A dona explica: 

— Eu juro que não iria atirar! Papai me ensinou, mas nunca tive coragem. 

— Acreditamos em você, agiu completamente certa. - acalmou a Doutora. 

O choro do bebê não parava, e chegando até ele, o detector de anomalias girava loucamente. A Doutora arregala os olhos sem respostas, e Ryan faz um gesto nervoso para ela escondê-lo, onde ela esconde-o atrás do sofá. A outra loira pergunta:

— O aparelho que escondeu, o que ele faz?

Médica e assistentes entreolham-se embasbacados. O humano diz:

— Termômetro. Mas moderno demais! Os outros pacientes tinham medo. 

— É, só não queríamos lhe assustar. - reforça a Doutora. - Agora, fale sobre o pequeno. 

— Se chama Lucio. 1 ano e meio apenas. E desde que papai morreu… Vem chorado quase o dia inteiro. Dou de comer, dou xarope… E nada! Nada o satisfaz. O hospital é há mais de 2 kilómetros e vendi o automóvel. Na bicicleta seria perigoso enfiar ele na sexta!

— Muito dedicada ao seu filho, parabéns. - elogia Ryan. – Posso segurar?

A mulher transparece dúvida no rosto, mas deixa do mesmo jeito. O bebê aumenta o choro, e Ryan repassa-o à Doutora:

— Por que você mesmo não me diz o que tem, querido?

Apenas mais choro.

— Ah, eu não sei falar a lingua deste bebê! Como isso é possivel?!

— Lingua dos bebês?! - Ryan e a outra replicaram. 

— Ignorem. Toma! - devolveu à matriarca. – Também não está com febre ou fome. - analisou a chave de fenda sónica.

— E dor? - indaga Ryan.

— Não.

— Aí fica difícil.

— Mas conheço um truque.

— Faça por favor. - implora a jovem. 

A mais velha dá dois pequenos toques na testa do pequeno, e ele simplesmente tem um apagão de sono, calando-se por completo. 

— Vai ter que me ensinar isto! - berra a outra, pondo a criança em uma cama que usava de berço na sala.

Mas o som de um trovão rouba a cena, e Ryan volta-se a janela: 

— Acho que vamos ter de dormir aqui, Doutora. 

— Se a Rose não se importar.

— De maneira alguma! Um privilégio, apesar deste recinto não estar à vossa altura. Mas não me lembro de ter me apresentado.

— Doutor Caligari falou sobre você.

— Bem, espero.  

— Disse que é viúva, verdade? - ergueu as sobrancelhas. 

— Ah… - engoliu a seco. - Sim, isso. 

— Alfred? Não. Bryan? 

— É! Bryan. - pela cara parecia até ter se esquecido.

— É este aqui? - Ryan aponta para um homem velho e magro num daqueles retratos antigos na parede, que estava cheia. 

— Sim, esse. 

— Mas aqui está escrito "em memória de Nathanield".

— Ah… - abriu a boca, mas respostas pareciam não sairem. – Perdoem-me, o cansaço de hoje mexeu com meu juízo. Este é papai. Alfred não gostava de retratos. 

— Não era Bryan? - sorriu a alien. 

— Era Alfred Bryanston! Tudo bem? 

— Do que ele morreu? - cruzou os braços o homem. 

— Estão aquí por ele ou pelo bebê?! Não devo nenhuma informação pessoal a vocês!

A Senhora do Tempo encosta bem cara a cara da outra:

— Porque eu sou a Doutora. Sou a que salva este mundo, e a que dá pés na bunda de miseráveis hostís. E se você ou está criança representarem algum mal ao planeta Terra, não minta para mim. 

Rose permaneceu aparentemente atônita, já que ela estava apenas catando milho para as suas galinhas, e dois estranhos com informações mais estranhas ainda apareceram em sua propriedade. Devia contar o que sabia? Ela começa a tremer, e senta-se mísera numa cadeira, da mesa da sala: 

— Prometam, não farão mal a criança! 

— Prometemos. - sentou-se a alien frente a outra.

— A cerca de um mês, luzes estranhas eu vi nas sombras do quintal, e de repente... Um choro de criança. Papai queria mandá-lo ao orfanato, mas eu tive pena e apego.

— Apenas foi deixado? - desconfia Ryan.

— Saímos com nossas lanternas e era apenas um bebê, envolto em lençóis brancos, um cesto e esta pequena pulseira em seu braço. - era uma pulseira negra. 

— Percebi - diz a Doutora. – É um inibidor de ondas e reflexos eletromagnéticos e tempomagnéticos. 

— Não compreendo. 

— Continue.

— Adotei-o para mim, pois se alguém o-quisesse no orfanato o teria feito. Desde então, meus dias foram mais alegres. - sorriu. - Contudo, uma maré de azar parece ter se derramado por Rightend desde então. Mas não quero acreditar que a criança seja amaldiçoada como o meu pai fala. 

— Fala ou falava? - coloca o homem.

— O vejo todos os dias em meus sonhos. Ele odeia este menino.

A Doutora apanha o detector de anomalia, e volta a apontá lo ao ambiente: 

— Quais seus azares desde então?

— Galinhas desaparecendo mais do que sempre, ovelhas estraçalhadas, milho pisoteado, e por fim… Meu pai deixado da mesma maneira que as ovelhas.

Uma onda de choros e soluços a humana deu sem medidas alguma. A alien comove-se, e abraça apaziguando:

— Acreditamos em você.

— É. - Ryan não soou como a Doutora queria, mas disse. – Perdi minha mãe. Sinto muito por você.

— Mas sem trabalho… Como vou criar esta criança? O dinheiro do automóvel não vai durar para sempre. 

— Esqueça o dinheiro. - pede a alien. - Conte-me mais sobre a morte de seu pai. Deve ter sido uma fera e tanto.

— Doutora! - repreende Ryan, onde ela encarava-o sonsa. 

— Está tudo bem. - secou Rose a cara. – Não acredito em fantasmas, demônios e lobisomens, mas… Não diria ser deste mundo. As fazendas vizinhas boatam sobre terem visto um ser peludo horrendo na estrada. 

— Fantástico! - disse a Senhora do Tempo, sensibilizada com a tragédia, sorrindo vigorosa. - Essas histórias são as melhores para mim. 

— Doutora! - Ryan serra os dentes. 

***

A gallifreyana havia saído para dar uma volta, ou em outras palavras; checagem ambiental. A noite chegara, Rose havia tomado um banho e trajava roupas melhores, já sem o pano na cabeça, acendendo as lamparinas, enquanto Ryan, estava sendo útil, descascando algumas beterrabas na pia. Rose puxa assunto em seu tom de pureza e timidez de mocinha de novela:

— Eu sinto muito pelo que eu disse.

— Tá tudo bem, eu entendo. 

— Eu juro.

— Eu sei.

— Em Sheffield tem muitos médicos negros e mulheres?

— Sim, já assistiu Tempos Modernos?

— Amo Chaplin! 

— Também. - olhou no fundo dos olhos da moça. – Tem até lugar para loiras, acredita?

— Com certeza.

— E uma curiosidade...

— Diga.

— Poderia muito bem se dizer mãe solteira. Eu e a Doutora teríamos acreditado, mas aí...

— Não queria parecer encalhada. Já basta ser, então parecer... 

— Não da pra acreditar. Você é tão... - estava sem palavras.

— Má cozinheira? Todos dizem. 

Riram. Então, estragando o possível ou impossível clima de shipp, chega a Doutora, atordoada e molhada pela chuva, que só estava começando: 

— Encontrei pegadas bípedes enormes de 4 dedos, próximas ao celeiro, de 24 horas atrás, cujo me lembraram algo que vi há muito, muito tempo, só não me lembro direito o quê! E detectei inibidores de ondas como os da pulseira por todo o redor da casa! Alguém quer proteger muito esta criança. 

— Se quer mesmo, devia consertar o poste também. Desde a chuva de ontem estou nas trevas. - resmunga Rose. 

— Mal acostumada. - fez careta a Doutora. – E olha que nem conhece wifi. - cochichou, massageando a nuca. 

— Só quero o melhor para o Lucio. Trevas são perigos, e se tornam cada vez mais frequentes os terrores da fera.

— Minha bisavó contava sobre uma historia de um lobisomem que devorava crianças sem batismo. - lembrou o rapaz. 

— Ryan! - Foi a vez da Doutora repreender. 

Porém, antes que Ryan protestasse seu direito de falar bobagem, o pequeno Lucio desperta-se novamente, e mais choro trouxe. Rose tentava acalmá-lo em seus braços, cantando músicas de ninar. E dos bolsos da Doutora, o detector volta a incomodar:

— Pelo santo Rosto de Boe! 

— Doutora, acho que chegou a hora de falar logo o que esse menino tem a ver com as anomalias. - diz Ryan.

— Sim, já fizemos mais mistério do que aqueles programas sensacionalistas da TV. 

— Me dê boas noticias. - pede Rose. 

— Esqueça! 

A mãe choca-se por completo, a alien continua normalmente: 

— As anomalías cercam todo o recinto. E sempre que a criança se sente ameaçada, os níveis de energias delas começam a extrapolar e reverter a polaridade. A criança surgiu do nada aqui, e do nada também conhecemos ela e você em nosso futuro, Rose. 

— Como?

— Ouso dizer, que a criança tem esta habilidade. Ouso dizer, que ela pode agredir o tecido do tempo, e força-lo a mandá-la para outros pontos do espaço tempo, como uma forma de alivio.  

— Como se o bebê fizesse uma má digestão no tempo até o tempo vomitar? - supõe Ryan. 

— Precisamente! Mas, nojenta comparação. E, algo precisa deste bebê, por isto causa damos na propriedade, mas não consegue avançar já que tem tantos inibidores de sinais por aí. 

— Papai foi confundido? - pensa Rose.

— Seu pai esteve com a criança, isto talvez tenha sido pressentido pela fera.

— Doutora, e nós? Também já estivemos com a criança, e um monte de outros mistérios antes? - relembra Ryan. - E se agora finalmente a fera conseguir avançar?

— Aí estarmos aqui é um bom sinal.

— Lucio pode ser da sua roça.

— Não. - mostrou o resultado da chave sônica. - Completamente humano. 

E os humanos, estarrecem-se assustados, ou apenas com inveja de tal habilidade, mesmo a Doutora não tendo encontrado o gene X na criatura. Já os cachorros e galinhas, começam uma orquestra de sons de susto e fúria, como se algo os incomodasse. Rose comenta:

— Desde a morte de papai é assim.

— Eu arrepiei. - engole Ryan a seco.

A Doutora vai até a janela, e mesmo que escura e nebulosa a noite, pôde ver um vulto se movimentar em um salto ágil feito um gato, por de trás do curral até o celeiro. Um relâmpago iluminou toda a vista, mas nada de aterrador foi visto, além dos 2 cachorros correndo. Em seguida, as trevas voltam, e um dos cachorros geme doloroso. Os olhos da Senhora do Tempo tremem em ódio e piedade, quando então, outro também geme, e um cortado nos gemidos os dois tem, como se algo os tivesse ceifado. 

— Todos para cima! - berra a velha viajante. 

***

Para o segundo andar, o trio de adultos corre com a criança, onde Ryan apanha a espingarda enferrujada do falecido Nathanield, e a Doutora uma cadeira, rumo ao quarto de Rose. A gallifreyana ordena:

— Vocês dois, não saiam daqui, estão me entendendo?

— Não pode ir lá só! - protesta Ryan.

— Você fica e protege Rose e o bebê.

— Eu nem sei usar isto! - ergue a arma.

— Eu sei me cuidar, queridos. - protesta Rose. 

— Se o bebê ir embora, você também vai Rose. Vimos o futuro, se Ryan segura-lo tudo muda.

— Vocês a cada segundo apenas me apavoram. 

— Prometo que tudo ficará bem. 

— Foi o que papai disse. 

A Doutora respira fundo, conformando-se com a tristeza e sinceridade da outra, mas sem protestar, onde assim desceu para baixo, e Ryan pôs a cadeira na maçaneta da porta. 

Retornando à cozinha, a Senhora do Tempo dava passos lentos, respirava macio, e ouvia atenta aos sons da chuva caindo. Olhou em volta, e um erro ao seu redor. As lamparinas e velas não estavam antes todas acesas? Agora estavam apagadas, como o tesão da rainha virgem, sua esposa, uma das. Pisou em algo e apontou a luz da chave de fenda sônica, notando serem cacos de vidro. Ligou as idéias e voltou-se para a janela. A janela, estava estraçalhada! 

— Está bem, está tudo bem. - mentiu para si mesma. – Bem não. - corrigiu. – Está ótimo, está brilhante, mais que brilhante. 

Apontou a chave sônica, e rastros biológicos estranhos junto de energia de viajem no tempo ela percebia. Respirou fundo e encostou novamente na janela, onde um maço de pelos longos marrons e acinzentados ela encontrou. A chave de fenda deu resultado e as sobrancelhas da mulher assemelharam-se às da sua antiga regeneração:

— Tetrap! 

Disse pavorosa, onde uma gota viscosa caíu sobre seu rosto. Um relâmpago acendeu tudo, e ela olhou para cima. No teto, uma criatura cheia de dentes rugiu para ela, pendurado por suas patas, como um morcego. Era peludo, tinha garras pontudas em suas 4 patas, 4 orelhas pontiagudas, 4 olhos ao entorno da cabeça, sendo um no centro, como um ciclope, e um focinho longo e grosso como o de um javali, porém, cheio de presas como um crocodilo. Uma bela besta, não? Para a Doutora não era este o ponto, não os dentes, não as garras, ou a criatura em si. Pois se aquilo era mesmo um Tetrap, só poderia significar uma coisa… De que a sua velha amiga e inimiga estava de volta, a Rani. 

O Tetrap salta do teto contra a loira, ela se esquiva e liga o alarme da chave ao máximo, pois a criatura tinha ouvidos sensíveis. A fera contorce-se de dor, mas enfim tem força para avançar mesmo que dolorosa, onde a mulher corre para uma porta, entra e tranca-se. A besta começa a atacar a madeira, arranhando e rosnando monstruosa. A mulher segurava a porta com toda a sua força, mas o animal também era forte, e a porta velha. A Doutora já se deparou com esta raça e sabia que não eram feras boçais como burguesia, supremacistas e fascistas, então por que apenas o seu lado mais animalesco estava a dominar? Seria influência da Rani? Talvez, pensou. Olhou para o lado, e viu dois sacos de pólvora, aquela era a dispensa de tralhar do falecido pai. A alien abriu depressa a porta, e deixou a fera entrar, onde se retirou, trancou a porta, e ativou a chave de fenda sônica. Uma explosão acontece, a carcaça Tetrap começa a pegar fogo, mas a Doutora atira um balde d'água. 

— Não queria que fosse assim. 

Porém, outro rugido. Não era o único?! Aparentemente não, já que a porta da frente é derrubada, e outro peludo sanguinário surge, babando e rosnando para a mulher. O ser vê a mulher armada de chave sônica, e faz o mesmo, apanhando um facão encostado no fogão a lenha. Já a mulher, engole a seco, pensa depressa, onde apanha um machado sobre um taburete. Já estava tudo ótimo, até, que um terceiro Tetrap entra pela porta, ignorando o outro e a loira, rumo às escadas.

— Não! - tenta interromper a Doutora. Mas o seu adversário avança com um golpe. 

Os focos do fogo também começaram a crescer. 

***

No andar de cima, Ryan tremia como uma folha no vendaval, a criança chorava mais do que qualquer outra, e a Rose não parava de forçar sorrisos e canções para o pequeno. Ela parecia precisar mais do que ele. Da porta, rosnados e arranhões todos ouviram, Ryan aponta a espingarda, mesmo que sem experiência alguma, e Rose pede:

— Deixe que eu atire!

— Não, só você pode ficar com a criança! 

— Bobagem! - pôs Lucio sobre a cama.

Quando então, outro rugido acontece, e na janela, outra horrenda fera estava. Rose grita apavorada junto a Ryan, e ele inconsciente aponta e puxa o gatilho. O animal grunhe e é arremessado longe. Ryan respira ofegante sem crer no feito, e joga a arma nas mãos da loira. Ele se volta revoltado à porta, apanha a cadeira, e deixa a besta entrar. Ela avança para dentro, enquanto Ryan sai de trás da porta e espanca a fera à cadeiradas. A fera berra e tenta conter com as suas patas, mas o ódio e instinto de sobrevivência do humano eram tão grandes, que sem perceber já havia abatido a criatura. Estava ensanguentada e toda contorcida no chão. Da cadeira restou apenas a cabeceira.

— Eu não queria fazer isso. - ajoelhou-se na parede, começando a chorar.  

— É como matar um rato. - consolou Rose.

— Não era um rato! 

— Sim, era mais feio.

Ryan revira os olhos, e de repente aponta para a criança. Ele e Rose levantam-se e do bebê saíam coisas como descargas eléctricas. O choro também crescia.

— Acho que está fugindo, como a Doutora disse! 

— Para onde?

— O futuro. Pegue ele.

— Estou com medo! 

— Pegue ele! - gritou.

Rose fecha a cara, não esperava aquilo, e não perdoaria. Mas apanha Lucio, e as descargas não lhe faziam mal. Ela estava em pânico, mas precisava ser assim. Ryan explica:

— Você deve encontrar o Graham, Graham O'Brien, de Sheffield, motorista de onibus, ele vai te ajudar. Ele costuma ir no Picles Maluco e no Boliche Bixa Amiga, além de qualquer pube que pensar. Quando eu e a Doutora encontrarmos vocês, devem se fazer de bobos, para acabarmos vindo até aqui, e o dia que isto acontece é 29/07/2019! Então, prepare-se.

— Não há outra maneira?!

— Não. Boa sorte. - desejou, vendo a mulher sumindo em meio as correntes eléctricas enormes, gritando com a criança, até desaparecer fantasmagoricamente.

Em seguida, parte Ryan novamente armado para baixo, precisava avisar a amiga. Então já em baixo, deparasse com a imagem mais aterradora e terrível de sua vida. Teria de lamentar pela amiga. A amiga… Estava completamente e absolutamente encharcada de sangue! 

O Tetrap estirado no chão, e um machado cravado no crânio. A luz das chamas crescendo trouxeram uma aparência mais macabra ainda à cena. Ryan lembrou de todos os filmes de terror já assistidos.  

— Dou- Doutora. - gagueijou. – Peguei dois deles.

— E Lucio?

— Foi embora.

— Também precisamos. 

— Você tá bem?

A cara da mulher era a de alguém completamente desestabilizada e destruída psicologicamente e cansada fisicamente, como um jovem universitário que trabalha, namora e vai na academia:

— Respirando. - agachou-se ao cadáver. – Notei rastros de viagem no tempo. 

A chave sônica detecta manipuladores de vórtex, e por debaixo dos pelos longos e robustos a viajante os encontra. 

— O que são esses bichos?

— O fim do mundo. - retirou o manipulador, onde corre até os outros corpos, e retirou um por um.

— Doutora, vamos sair daqui! - as chamas se espalhavam lentamente. 

— Vamos! - descia as escadas 

Retirou o manipulador do cadáver detido pela espingarda, estirado na lama da chuva, com as gotas e relâmpagos ainda crescendo, e partiram correndo rumo ao milharal. Já a casa, continuou a queimar. 

***

SHEFFIELD 27/09/2019

 

Na casa da Yaz, pai e mãe interagiam como adultos modernos, onde cada um encarava a horas celulares frente a face, e a televisão ligada. Sonya vem da cozinha e pergunta: 

— A estranha, ainda nada?

— Respeite a sua irmã, mocinha. Já tem um diploma e um emprego. - jogava mãe.

— É o dom da senhora me humilhar? 

— Sou realista. Tik Tok não vai te sustentar. 

— Pois que bom existir o Onlyfans. 

— Sonya! 

Sonya revira os olhos, partido emburrada para cima. Queria apenas pedir um carregador emprestado para Yazmin, mas Yaz havia ido até o mercado, pois queria fazer um jantar decente à família. No andar de cima, Sonya ouve uma voz no corredor:

— Sonya? 

— Yaz? Pensei que tinha saído. - olhou em volta, mas nada de Yaz. – Cadê você? - abriu a porta do quarto da outra.

Ainda nada, entrou e procurou. Respirou fundo e bateu o pé:

— Só quero um carregador, me empresta. 

— Sim. Vem buscar. - a voz saía do closet.

— O que faz aí dentro? 

Abriu o closet, porém, nada da outra:

— Que brincadeira idiota. Depois não quer que eu te marque no face, naquelas postagens de vila sésamo! 

Começou a procurar o carregador, já que a outra não aparecia. Numa caixa de sapatos amarela, Sonya encontra um carregador, junto de outras pequenas bugigangas, e um relógio de bolso antigo. O relógio, devia ser ignorado, mas ele tinha entalhado em si tantos caracteres bonitos de letras estranhas e círculos, que a caçula não resistiu: 

— Legal. - sorriu abobada.

— Por que não abre ele?

Era a voz de Yaz novamente, mas nada de Yaz alí. Sonya engole a seco:

— Olha, se quer me assustar… Eu só lhe digo uma coisa, vingança é meu primeiro nome.

A curiosidade então a jovem deixa brotar, e o relógio abre. Nada demais tinha alí, além dos ponteiros parados, marcando 00, mesmo não sendo, e os caracteres desgastados. Era tão velho?

— Nunca por expectativa, lei da vida.

Será? Quando então, um brilho alaranjado e dourado começa a emanar do objeto, envolvendo todo o corpo humano. A jovem tenta solta-lo, mas não conseguia se desgarrar da mão. 

— Socorro! Mãe?!

O brilho começou a entrar por sua boca, e seus olhos brilharam, onde luzes a dominaram e um grito dolorido deu.

***

Rumo ao mercado, Yaz nota algo bem incomum. O supermercado que costumava ir ficava a 700 metros, mas outro bem mais próximo ela se deparou, sendo que no mesmo caminho nunca tinha o-visto. Ela para o carro e observa a cena, de pessoas entrando animadas com as promoções dignas de black friday:

— Com licença, senhora. Desde quando vem aqui?

— Desde hoje. É novo.

— Passei de manhã pela mesma rua e não me lembro dele.

— E isso importa?

A senhora saiu revirando os olhos, e respirou fundo determinada e estressada. A porta era giratória, com vidraças negras, e cartazes de preços nas demais janelas. Yaz manda uma mensagem para a Doutora, via whatsapp, e vai à porta, adentrar ao mistério. De repente, viu tudo ao seu redor se apagar, e uma agonia imensa percorreu por todo o seu corpo. Parecia a morte a tocando. 





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Notas finais do capítulo

Amei e amo esse capítulo.

Postei ele dias atrás só pra ver o tamanho, desde então continuei até o fim do primeiro arco, o cap 8. Mas não estou conseguindo postar nada novo aqui porque fica bugando. Então possivelmente vou deixar o link do spirit quando atualizar lá.

Tetraps são da serie clássica, seres servos da Rani, e acabaram se tornando marca.
A Rani é uma inimiga clássica também senhora do tempo. Assisti o The Mark of Rani para tirar minhas observações, e tenho uma nova versão maravilhosa para entregar. Sério, amei.

Eu continuei a história após tanto tempo porque me sentia mal com algo incompleto. Teve fanfics que eu lia que os autores abandonaram e eu não gostava, então aqui me coloquei no lugar dos leitores desta que me lembro terem bem recebido. Abandonei por que não concordei e não concordo com algumas decisões do Chibnall, mas a série é tão maravilhosa que não consegui largar e o RTD voltou!!! Uuuuu então, vale a pena.
Achou o que do capitulo? Eu quis essa vibe terror e por isso não teria como a Doutora e Ryan não sujarem as mãos. É realismo, e a era chibnall era muito sem lado podre.
Muito obrigado pelo comentario e leitura!



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