Cada célula do seu corpo parecia doer. Peter respirava com dificuldade e pela dor pontual que estava sentindo do lado direito do corpo podia jurar que tinha quebrado algumas costelas. Suas férias tinham ido por água abaixo e agora tudo o que Peter queria era dormir por uma semana inteira.

— Tome essas pílulas, elas irão ajudar na cura e fazer a dor passar. Tony as desenvolveu para ajuda-lo nas dores depois de cada missão. – Peter assentiu e guardou o frasco no bolso. – É bom tomar a cada 12 horas, o efeito é rápido e eficaz, mas isso não exclui a necessidade de irmos direto ao hospital quando chegarmos em New York, entendeu?

Peter sorriu e assentiu novamente, estava grato pela preocupação de Happy.

— Ótimo, agora acho melhor você descansar. Tome a pílula e se acomode em umas das poltronas. Será uma longa viagem para casa.

Peter nem pensou em discutir. Tudo o que mais queria era ficar 5 horas sem mexer um músculo até poder ver as nuvens cinza de poluição de New York. Mas antes que pudesse pegar o frasco em seu bolso ouviu seu celular vibrar em cima da bancada.

peter

o sr, harrington avisou que vamos ter de ficar mais uma noite no hotel

nosso voo sai amanhã cedo

você vai ficar?

Ele poderia muito bem voltar para New York com Happy essa noite. Era só inventar mais uma de suas desculpas. Nada muito elaborado. Poderia dizer que Tia May estava desesperada e queria que ele voltasse para casa o quanto antes. Mas ele não podia deixar essa oportunidade passar, finalmente poderia aproveitar algum tempo sozinho e em paz com a MJ antes de voltarem para os Estados Unidos. Nem que fosse por apena uma noite.

Vou ficar.

MJ, me encontre no saguão do hotel daqui a 1 hora.

— Happy, não vou voltar para New York essa noite. – anunciou.

Happy, que estava na cabine do piloto ajustando os controles para a decolagem, virou para Peter com as sobrancelhas arqueadas.

— Do que você está falando, Peter? É claro que vamos, acabei de avisar a May.

Peter estremeceu, desde quando Happy chamava sua tia pelo primeiro nome? Teria de resolver esse assunto assim que voltassem. Queria saber exatamente o que estava acontecendo entre os dois.

— Não vai dar Happy, meu professor reagendou o voo. Vamos embora amanhã cedo.

Happy levantou e veio em sua direção.

— Peter, você está cheio de hematomas pelo corpo, precisa descansar. Tenho certeza que conseguimos inventar uma desculpa plausível para o seu professor.

— Happy, eu tinha um plano com a MJ, mas com o caos que foi essa viagem nós não conseguimos passar algum tempo juntos. Essa é nossa última noite em Londres, eu não quero deixar a oportunidade passar. E, além disso, eu tenho as pílulas do Tony, não tenho? Vai ficar tudo bem.

— Eu entendo a sua vontade de passar um tempo com a sua namorada. – Peter estreitou os olhos. “É claro que entende, está namorando a minha tia, não está?”— Mas não está em condições de sair festejando por aí.

Peter se levantou, um pouco desesperado para tentar explicar a situação.

— Nós não vamos sair. Eu só quero passar a noite sozinho com ela. – Happy arregalou os olhos e Peter se arrependeu do que disse no momento em que as palavras saíram de sua boca.  

— Peter! Qual parte do “precisa descansar”, você não entendeu?!

— Droga, Happy! Não foi isso o que eu quis dizer. Eu só quero um tempo com a MJ, tá legal? – tentou se explicar enquanto ia em direção à saída do jatinho.

— Eu não sou seu pai para te proibir de fazer nada, mas vou ficar de olho em você enquanto estivermos no hotel, sua tia irá me matar se mais alguma coisa acontecer com você durante a viagem.

Peter revirou os olhos, mas assentiu. Seu celular vibrou novamente no bolso na calça.

o que você tem em mente, nerd?

Peter sorriu.

Nada perigoso, prometo.

Só um pequeno plano... com você.

MJ respondeu logo em seguida.

ah, então você acha que eu não posso ser perigosa?

você não me conhece, parker

Ela estava flertando com ele? Essa era nova.

Tenho certeza que você é. Com uma inteligência dessas e uma estrela da manhã¹ em mãos, quem não teria medo de você?

A cena de MJ correndo em sua direção na Tower Bridge ainda causava sensações estranhas dentro de si que não conseguia explicar. O alívio de tê-la em seus braços depois de vê-la ser jogada da Torre Eiffel também era algo que não precisava ser explicado em palavras. Digitou uma última mensagem antes de guardar o celular no bolso e acompanhar Happy até o carro.

A propósito.

Eu quero muito saber mais sobre você, MJ.  

— Só para deixar claro, vou pegar o quarto ao lado do seu para garantir que não fuja pela janela durante a madrugada. – avisou enquanto sentava no banco do motorista e ajeitava o retrovisor olhando diretamente para Peter.

— Como quiser, Happy. Como eu disse antes, tudo o que eu quero é passar um tempo com a MJ. – sorriu para Happy pelo retrovisor.

Happy sorriu de volta e ligou o carro. Finalmente teria o que queria desde o início da viagem, com o sorriso ainda estampado em seus lábios se permitiu tirar um cochilo até chegarem ao hotel. 

CONTINUA...