Era uma noite muito bonita, as estrelas brilhando, a lua quase cheia e bem branca parecendo uma grande bola de neve. Aquela noite foi perfeita, pelo menos para mim.

            Chamei minha amiga de infância, Bruna, para darmos um passeio tranqüilo noite afora. Decidimos nos encontrar na antiga praça em que brincávamos quando pequenos. Estava ela lá, sentada com um curto vestido vermelho, sapatos pretos, e um colar prateado. Odiava prata! Ela estava muito diferente de antes, o corte de cabelo, o rosto, o corpo, tudo mudou. Ficara muito bonita e bastante charmosa, mas minha ansiedade de poder vê-la e falar com ela de perto me deu agonia! Tentei ao máximo possível me aproximar dela, mas não deixá-la assustada e com medo de mim.

            - Olá, Diego! – Ela percebeu minha presença – Quanto tempo!

            - É mesmo Estela, fiquei ansi... com saudade!

            - Jura? Eu também sentia saudade de falar com você...

            Enquanto ela falava, eu prestava atenção em sua silhueta. Comecei a me sentir estanho até que percebi que ia acontecer! Mas me aguentei.

            - Então, sente-se Diego, quero você perto de mim, para poder matar a saudade. Vem! – Disse Estela.

            - Cl...aro! Vo...u sim!

            - Você parece estranho Diego, algo aconteceu? – Disse ela com medo.

            - Não, nada!

            Comecei a lembrar dos bons momentos que passamos juntos, olhei o playground grande que havia entre o jardim pequeno e arredondado e também entre os bancos e as várias árvores que havia lá. Levanti rapidamente e puxei a mão de Estela, queria mostrar-lhe uma coisa.

            - Onde estamos indo? FALA!

            - É surpresa...

            Tentei acalmá-la, fiz carinho e comecei a conversar com ela. Chegamos ao pequeno playground. Eu fi-la se sentar no balanço e disse virado de costas para ela:

            - Surpresa!

            Olhei diretamente para lua, que já estava cheia, e comecei a me sentir estranho, pêlos e mais pêlos começaram a crescer em meu corpo, unhas, mãos e pés cresceram e até os meus dentes junto com os olhos e orelhas cresceram adoidados. Até que...

            - Lobisomem! Socorro, ele vai me matáááááár...

            Nada nem ninguém estavam perto de nós para poder salvá-la. Peguei-a pelos ombros delicados e disse:

            - Bons sonhos!

            ...

            No dia seguinte, fui para meu trabalho a pé, estava de manhã e de repente olhei para aquele playground com um corpo estirado entre o chão e o balanço. Em volta do corpo, uma multidão com um ar preocupado e confuso. Olhei para o céu cheio de nuvens e um sol radiante e disse com um tom baixo:

            - Boa noite, aquela!