Mau gosto escrita por Dama Magno


Capítulo 1
3 + 1


Notas iniciais do capítulo

Protelamo? Um pouco. Tinha um milhão de plots? Sim, mas viemos pra área segura desse tipo de fanfic aushaushuahs

Mas espero que gostem auhsuahsuhas



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A primeira vez que Kacchan deu a ele um presente de aniversário foi quando tinham cinco anos, eles ainda viviam na constante relação de briga e amizade que havia crescido após descobrirem a individualidade de Katsuki. Logo, tudo era dúbio. Izuku não entendia as intenções do amigo, por ser ingênuo e cheio de esperanças; não entendia quando o outro queria machucá-lo de verdade ou quando se tratava de um acidente.

 

Na verdade, esqueçam o que foi dito, pois para Midoriya tudo era acidental. Os comentários, as pequenas explosões e os apelidos. Ele não via más intenções no amigo, na realidade jamais veria daquela forma. Por ser ingênuo e cheio de esperanças.

 

Contudo, foi em seu aniversário de cinco anos que ele viu pela primeira vez que Kacchan poderia ser mal. Descobriria, anos depois, que realmente foi um gesto sem malícia de uma criança. Mas para o Izuku daquele aniversário, receber uma garrafa com líquido turvo e uma etiqueta dizendo "fazedor de individualidade" era tudo, menos um acidente.

 

Era a lembrança do fracasso, de sonhos que jamais alcançaria. Era a própria dor em um frasco de vidro.

 

Izuku só não sabia que Kacchan havia pensado que se fizesse um suco especial, talvez Deku pudesse ter sua própria individualidade e ele não seria mais menosprezado por alguém sem poderes. O Kacchan de cinco anos queria ser amigo de Deku, só era muito orgulhoso e péssimo em escolher presentes.

 

—--

 

O segundo presente foi um erro coletivo. Era seu décimo sétimo aniversário e todos os colegas da escola estavam ocupados nas férias, ou simplesmente moravam longe. Por esse motivo, Kacchan foi escolhido para comprar algo para ele e dar em nome da turma.

 

A lógica era simples: os dois moravam perto e foram melhores amigos na infância, então Katsuki deveria ser a pessoa perfeita pro trabalho. Talvez receber um pedaço de queijo do Aoyama fosse melhor, mas eles não tinham como saber.

 

Quando sua mãe o chamou e disse que Kacchan estava na sala, Izuku não acreditou e correu para ver. Ao confirmar que era verdade, olhou para a caixa que o outro tinha embaixo do braço e apontou para ela antes de indicar a si mesmo. Estava sem palavras.

 

— Para de ser esquisito, nerd. Não foi ideia minha! — Katsuki gritou jogando a caixa em sua direção. — Aqueles idiotas da nossa sala não me deram escolha, apenas jogaram dinheiro em minhas mãos e saíram falando que era pra eu comprar algo pra você.

 

Izuku, ainda sem conseguir formar uma frase, olhou para a caixa que tinha em mãos e depois para o amigo. Kacchan o olhava de queixo erguido, sobrancelhas franzidas e mãos dentro dos bolsos da bermuda.

 

— Tá olhando o que, imbecil? Abre logo! — O garoto mandou, uma veia saltando em sua testa.

 

Deku se sentou e enquanto desembrulhava o presente, só conseguia pensar no rapaz ao lado. Estudavam juntos há anos, haviam lutado lado a lado e um contra o outro algumas vezes nos últimos três; treinaram por horas, beirando a exaustão. Deram dicas e motivaram o outro, cada um de seu jeito. Durante esses treze anos em que se conheciam, Izuku nunca se sentiu tão próximo de Kacchan quanto naquele momento.

 

— Tira esse sorriso idiota da cara e abre essa merda.

 

E assim o fez. O sorriso que não saia de seus lábios travaram os músculos do rosto, então quando viu o que tinha dentro da caixa, uma careta estranha surgiu em sua face.

 

— Nossa, Kacchan, obrigado. Isso é um… — Ergueu a esfera na altura dos olhos. — Belo globo de neve.

 

Mexeu a bola e viu os pequenos flocos de neve cobrirem o dinossauro que estava no centro. Era um brontossauro acinzentado e solitário.

 

— Eu sei que é idiota. — Izuku levantou a cabeça e se segurou para não comentar sobre o leve rubor que cobria as bochechas do amigo. — Mas foi a única coisa que eu achei. Era esse dinossauro inútil, não é?

 

— Eles não eram inúteis. — Foi o que conseguiu responder. — O tiranossauro não era o único dinossauro que existia.

 

— Mas é o único que importa. — Kacchan respondeu sorrindo de lado. — Vou nessa, não precisa se levantar, eu sei onde é a saída.

 

Izuku balançou a cabeça e olhou novamente para o globo. Era um presente idiota, ninguém poderia negar, mas pensando melhor talvez nem fosse tão ruim. Kacchan havia se lembrando da fase em que gostava de dinossauros tanto quanto de heróis, e além disso se lembrou qual era o seu favorito.

 

Sorriu, no final até que era um presente bonitinho.

 

—--

 

Em seu vigésimo primeiro aniversário, Izuku saiu para comemorar com os colegas de empresa. Foram a um bar, encher a cara após mais um dia cheio de problemas e pessoas precisando de ajuda. Infelizmente, Deku era fraco para bebidas e na segunda rodada de sake já estava dormindo na mesa, murmurando enquanto sonhava.

 

Não viu quando alguém pegou seu celular e mandou uma mensagem, nem sentiu ser arrastado para fora do bar enquanto seus colegas continuavam a comemorar sem ele. Tudo o que lembraria no dia seguinte seriam flashes: um táxi, alguém perguntando sobre as chaves do apartamento e seu corpo caindo na cama. Ficaria em dúvida com algumas das lembranças, imaginando se foi um sonho: alguém reclamando enquanto tirava seus sapatos, um grunhido seguido por um beijo na cabeça e um cumprimento de feliz aniversário.

 

Quando acordou, com uma forte dor de cabeça e boca seca, foi direto tomar um remédio. Aproveitou para tomar banho e arrumar o que precisava na casa antes de ir trabalhar. Talvez sair para beber não tivesse sido uma boa idéia, mesmo ele tendo apenas meio expediente naquele dia.

 

Izuku só entrou em seu quarto novamente de noite, quando chegou da sua última ronda. Foi aí que notou um embrulho na cômoda ao lado da cama. Era uma caixa de tamanho médio e dentro tinha uma camiseta de cor estranha, que ele nem sabia nomear.

 

No presente não havia nada indicando quem havia dado, mas era tão horrível que nem precisava. Sorrindo, abraçou a camiseta. Jamais sairia com ela, era perfeita.

 

—--



Kacchan era impecável em tudo o que fazia. Como herói não deixava um vilão escapar. E como homem era dedicado, esforçado e naturalmente o melhor. Inteligente, atlético e bonito. Sabia cozinhar e era ótimo nos trabalhos manuais. Tirando seu gênio ruim e seu mau gosto, era um ótimo partido.

 

Izuku o conhecia há mais de vinte anos, pleno em seus defeitos e qualidades. Haviam passado por tantas fases na relação que tinham, que era impossível não chegar onde estavam.

 

Melhores amigos. Conhecidos. Rivais. Colegas de turma. Ainda rivais. Amigos. Colegas de trabalho. Talvez nem tanto Melhores amigos de novo. Amigos com benefícios e, finalmente, namorados.

 

Era estranho, ainda, pensar que ao acordar no dia seguinte olharia no celular e veria um "Não esquece da porra do café da manhã, seu nerd imprestável". O jeito único de Kacchan dar bom dia e mostrar que se preocupava. Isso o fazia sorrir, mas ele sempre esquecia.

 

E isso nos leva ao único presente que Kacchan acertou, em toda sua vida. Futuro incluso.

 

— O que é isso? — Izuku perguntou quando Katsuki o acertou com uma caixinha na cabeça. Ela era pequena, cabia na palma da mão, e não estava embrulhada.

 

— Só abre essa porcaria — respondeu dando as costas para o namorado, seguindo até a cozinha.

 

O homem, que completaria vinte e oito anos no dia seguinte, sorriu antecipadamente. Que tipo de coisa feia o namorado poderia dar, que fosse pequeno o suficiente para caber em sua mão? Uma barata de plástico? Riu e então abriu.

 

— Uma chave? — perguntou alto o suficiente para ser ouvido da cozinha. — Por que uma chave?

 

— Porque você é um inútil que não sabe se virar sozinho. — Kacchan respondeu voltando com um copo d'água. — Além disso eu não aguento mais vir aqui, é pequeno e cheira a mofo porque você esquece de deixar as janelas abertas. Eu cansei de todo dia levar três almoços, porque você esquece de tomar café da manhã e só vai comer de tarde… — É continuou a listar os motivos da existência daquela chave, ainda sem explicar o que significava.

 

— Eu ainda não entendi — falou franzindo as sobrancelhas para o objeto.

 

— Meu apartamento é maior e eu tomo como de manhã todos os dias. — Kacchan rebateu e grunhiu quando Izuku apenas o olhou confuso. — Cabem duas pessoas.

 

— Mas só tem um quarto. — Katsuki o encarou como se uma segunda cabeça tivesse surgido em seu pescoço. — Que foi?

 

— Quer saber, me devolve essa merda — disse pegando a chave de volta. — Eu não mereço morar com alguém tão idiota assim!

 

— Morar? — E então a ficha caiu, quando o rosto do namorado ficou vermelho. — Você quer que eu vá morar com você?!

 

— Não mais! Você é tão idiota que vou me irritar todo dia e acabar cometendo assassinato! — Izuku piscou e então sorriu. — Tira essa merda de sorriso da cara, fica parecendo um retardado.

 

— Eu aceito! — falou estendendo a mão para pegar a chave de volta, mas Katsuki se afastou.

 

— Não, de jeito nenhum. Já disse que não quero mais.

 

— Vamos, Kacchan! É meu aniversário! — Tentou mais uma vez, sem resultado.

 

— Não, é amanhã. Hoje você é apenas uma pessoa comum que mora em um apartamento pequeno e fedido.

 

— Não seja mal, eu sei que quer morar comigo porque você me ama. — Segurou Katsuki pelos ombros e o olhou diretamente nos olhos.

 

— Eu nunca disse isso. — Ele respondeu com o rosto quente. Izuku sorriu, descendo as mãos pelos braços do namorado.

 

— Então eu estou dizendo. Eu te amo, Kacchan… — Aproximou os rostos, sentindo a respiração do loiro junto a dele. Quando Katsuki fechou os olhos com força, desceu os dedos pelos pulsos dele e aproveitou o momento. — Ahá! Peguei!

 

Saltou para trás, olhando o objeto prateado que havia conquistado. Com grande felicidade no coração, imaginou como seria morar com a pessoa que amava.

 

— Deku… — A voz de Katsuki soou atrás de si, grave e ameaçadora, acompanhada por pequenos estalos.

 

Izuku virou de volta para o namorado, sorrindo constrangido. Sabia que sofreria as consequências por ter usado um truque tão baixo, mas estava tudo bem. Amanhã era seu aniversário e Katsuki seria presenteado, pois Izuku poderia não ser melhor que ele em muitas coisas. Mas ele ainda tinha um truque ou dois na manga.


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Notas finais do capítulo

É isso ai, galera de caubói e galera de pião asuhaushuahusauhas

Até a próxima, beijas!!



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