Lumos Solem escrita por Noderah


Capítulo 28
Capítulo XXVI




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Pasca deu um passo para trás, o cão voltou ao chão, seu rosto estava vermelho e ela evitava o olhar apreensivo e indagador do cachorro, com ele vinha seu silêncio também. Não queria enfrentar nenhum dos dois.

— Tá, era isso que eu… imaginei. - Disse fingindo não ter assistido toda a outra parte.

Os dois deram passos apreensivos na direção do lago. Caminharam lado a lado em meio a ventania invernal. O silêncio entre eles começou constrangedor, mutando para confortável. Permaneceram em seus pensamentos, até darem a volta na escola e retornarem para o mesmo jardim. Pressentiram o adeus e Sirius encarou a garota, ela achou que o cão parecia querer dizer alguma coisa, mas desviava seus olhos acinzentados dos olhos dela… Não parecia querer que ela lesse sua mente.

— Eu vou indo… - Pasca disse e deu meia volta.

Olhou para atrás uma vez e o cão continuava no mesmo lugar.



— Dormiu bem? - Sirius perguntou deslizando-se para sentar-se ao lado de Pasca.

— Ah, oi! Na verdade, dormi muito bem! - Disse.

Sirius lançou seu sorriso especial, aquele que era só para ela, o que fez suas bochechas avermelharem lentamente.

— E você? Não deve ter dormido muito bem, não imagino você conseguindo descansar com todo aquele barulho. - Ela adicionou.

— Não dormi lá. - Ele apontou na direção da torre.

— Não? - Aquilo surpreendeu tanto Pasca que ela nem conseguiu pensar em onde Sirius teria dormido.

Sirius negou com a cabeça. - Dormi na casa abandonada.

— Ah!

— Faço isso às vezes… Lá é bem silencioso.

A conversa entre os dois seguiu tranquilamente. Os olhares de Sirius sob Pasca não a deixavam respirar de forma contínua e serena.

Eventualmente, Sirius despediu-se e seguiu com seus amigos. Todos pareciam abatidos com a lua cheia que se aproximava cada vez mais. O redor dos olhos de Lupin estava escuro.



Pasca parecia contar os minutos para o teste da Professora Smerna. E parecia que eles não passavam com a velocidade esperada. Tentava passar todo o tempo que podia na biblioteca, mas não conseguia manter as pernas quietas. Tudo o que podia fazer era praticar alguns feitiços, mas os que pareciam úteis eventualmente eram riscados da lista e ela acabava novamente sem ter o que fazer.

Seus amigos percebiam sua inquietação, mas não sabiam muito como ajudar. Eles não eram bons em Trato das Criaturas Mágicas como Pasca. Tentavam distraí-la como podiam.

— Precisamos sair desse castelo. Bem que os seus amiguinhos da Grifinória podiam ajudar! - Pyrites disse, de repente animado. - De quem é o próximo aniversário?

— Eles não ajudar a gente, seu boboca. - Rachel disse revirando os olhos, apoiando a cabeça na mão direita. - Eles só vão ajudar a Pasca a sair do castelo. E também não são eles, né. É o Black.

Pyrites fez uma cara de muxoxo.

— Aquele dia foi muito legal. - Torry pontua.

Pasca sorri, concordando com a cabeça, distraindo-se minimamente.

— Eu jurava que ia dar errado, - Pyrites diz - mas não é que deu tudo certo? Ninguém nem nos viu debaixo daquela capa.

— O que? - Pasca pergunta, seu coração, de repente, parece parar de bater.

— Um deles tem uma capa da invisibilidade. Achava que era super raro. - Pyrites diz fazendo pouco caso.

— Pasca?

A respiração da loira fica completamente desregulada, sua mente trabalha ininterruptamente, fazendo conexões. Ela olha ao redor, procurando Sirius, James, Lupin e Peter. Nenhum deles se encontra no salão.

— Pasca, o que foi? - Rachel pergunta, segurando sua mão.

— Eu… Eu… Ah, por Merlin! É isso!

A garota levanta-se de uma vez só e parece que antes de estar em pé, já está correndo. Lily não estava em lugar nenhum também.

Suas pernas trabalham, a impulsionando para frente, subindo os degraus até a Torre da Grifinória.

A observando de forma suspeita, a Mulher Gorda deixa Pasca entrar no Salão Comunal; afinal, ela tinha a senha certa, não havia mudado desde a festa.

Lily estava empoleirada em uma poltrona de aparência aconchegante.

— Oi… Lily! - Pasca sauda arfando. - Onde está Sirius?

O rosto de Lily se dobra em uma expressão esquisita.

— Ah, oi, Pasca. Hum, Sirius não está.

Pasca balança a cabeça em reconhecimento e olha ao redor. Há alguns grifinórios, todos parecem olhar para ela, questionando o que faz ali.

— Obrigada, Lily.

Dá meia volta e vira-se para a saída em meio a passos apressados. A Mulher Gorda murmura alguma coisa sobre indecisão, mas Pasca não presta atenção. Ela está tão agitada que não consegue nem pensar. Sua mente é só um acumulado de imagens.

— A casa mal-assombrada! - Uma imagem vem um ótimo momento.

Pasca corre, saindo do castelo, suas pernas nunca correram tão rápido. Ninguém a encontra, nem a vê. Enquanto corria, ela tentava pensar no que perguntaria a Sirius, o que diria a Sirius. “Eu sei que é você!”? “Por que não me disse?”? “Me beije”?

Apesar de não saber a resposta, suas pernas não vacilam. Ela chega até o Salgueiro e olha ao redor, procurando por um graveto comprido, o qual pudesse ajudá-la a relaxar a árvore como Sirius fez.

Pouco tempo depois ela está no túnel subterrâneo, à caminho da casa. Seu coração não para de bater no ritmo da corrida e da novidade. Ela tem que parar em alguns momentos, com medo de ter um ataque cardíaco, parece que consegue escutar a batida forte do órgão. Tum tum tum tum tum tum.

A entrada para a casa parece muito, muito distante nesta noite. Pasca para de correr em um momento, refletindo se não deveria voltar e esperar por Sirius, dar um recado por Lily. “E se ele não estiver sozinho?”, ela pensa, mas sacode a cabeça, como se isso fizesse o pensamento ir embora. Volta a correr e finalmente vê a luz que indica a entrada escondida.

Nesse momento Pasca está suando em bicas. Ela tenta consertar o cabelo antes de escalar pelo buraco. Aquele mesmo quarto desarrumado põe-se em sua frente. A porta entreaberta a sauda.

Seus lábios se partem para gritar o nome de Sirius, mas tornam-se a se encontrar. “E se… eu não estiver sozinha? E se não for Sirius aqui?”. Em passos sem som, ela prossegue para o corredor escuro. Há outras portas ali, que ela bisbilhota, procurando sinais de vida, mas todos os quartos naquele andar estão vazios. Pasca vira-se para a escada e escuta sons de passos macios. Ela olha ao redor, seus dedos tremendo e o suor que se forma novamente em seu pescoço escorrendo.

Pasca vislumbra um par de orelhas negras que ela já conhece. Os olhos já enormes do cão adquirem um tamanho de surpresa que ela ainda não conhecia. Em menos de 1 segundo, suas patas enormes estão em seus ombros, a empurrando contra o final do corredor. Seus rosto canino vira na direção da escada, olhando para baixo. E aí o som mais alto que Pasca já escutou é emitido. É um som de dor e raiva e que faz lágrimas serem produzidas pelos olhos da garota sem que ela perceba. Parece o som da morte. Ela pensa que aquele é o fim, que os dois irão morrer e diz a primeira coisa que pensa em querer dizer prestes a conhecer a tal inimiga da vida.

— Eu sei quem você é!

O olhar de Sirius adquire mais surpresa ainda. Sua cabeça enorme a faz recuar para o quarto de onde veio e antes de ele fechar a porta, com um estrondo, Pasca vislumbra o dono do grito agonizante. Ele era enorme, maior que Sirius. Inteiramente preto, de aparência canina, mas, ao contrário de Sirius, se equilibrava também nas patas traseiras. Seu pelo era mais curto e apontava em todas as direções, porém, era possível avistar partes da pele do animal, como se pelo houvesse sido arrancado. As patas eram longas demais e finas para torná-lo elegante como Sirius

As costas de Pasca encontram a parede como se houvesse sido jogada contra ela.

Sirius segura a ponta de camisa de Pasca com a boca, a puxando na direção do buraco, mas seu corpo parece travado até o cão soltar um latido alto, soltando o tecido.

Pasca olha em sua direção e suas pernas parecem se lembrar de que precisam se mover se ela quiser sair dali. Sirius segue atrás dela.

Ela achava que não poderia correr mais, mas parece que seu corpo retira energia de algum lugar - provavelmente do cérebro - para fazer com que ela corra por mais tempo.

O escuro os abraça completamente, mas ela não tem o mesmo medo de antes, se sente protegida de alguma forma com Sirius atrás dela. Até os sons de ossos estalando e arfares chegar. Pasca solta um grito estridente, suas costas colam contra a parede novamente, o túnel parece muito pequeno.

— Sou eu, sou eu! - Sirius diz com sua voz suave como veludo.

Suas mãos rapidamente substituem sua voz contra a pele dela. Suas digitais traçam caminhos, procurando pelas mãos pequenas, que ele segura e leva até seu rosto, para que Pasca o “veja”.

Ela arfa em contato com ele, tão nervosa que poderia chorar, o que começa a fazer. O suor agora é gelado, seu estômago se contorce de volta ao usual. As lágrimas contra seu rosto gelado são quentes, e suas mãos tremem tanto que ela acha que pode estar machucando o rosto de Sirius.

— Calma, calma. Está tudo bem agora. - Sirius diz.

Ele leva um lenço macio até o rosto dela e seca as lágrimas.

— Vamos sair daqui. Estamos perto da saída.

Ela assente com a cabeça e seus pés seguem a andar, em um ritmo muito rápido, descompassados com o que Sirius havia dito sobre tudo estar bem.

O choque deve ter alterado parte da percepção de espaço de Pasca, pois quando ela percebeu, já era noite e eles estavam rumando em direção às paredes de pedra da escola.

— Pasca, você está tremendo. - Disse segurando sua mão.

Seus dedos esfregaram os dela, tentando produzir algum calor. Seus lábios também estavam azuis.

— Vamos, vou te levar para a Torre. Você vai poder tomar um banho quente. - Ele disse enquanto passava o braço ao redor dos ombros dela.


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Notas finais do capítulo

Vocês sabem que Torre é essa, né, menines? Isso mesmo, a Torre da Grifinória (no ar~)

Gente, desculpa o sumiço, precisava me concentrar na faculdade, mas esse tempinho foi bom para pode organizar a história.

Domingo volto!



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