Conectando-se escrita por Dri Viana


Capítulo 20
Capítulo 20 - Conectando


Notas iniciais do capítulo

Bom dia, meus amores!

Cheguei com a atualização que faltava, para fecharmos esta fic.

Quero dedicar este último capítulo à todas as leitoras que me acompanharam até aqui, em especial à: Ana Camila, Noara, Pamella Carlla, Fofura, Maxximorf e a ChrisHatake, que deixaram comentários no capítulo passado. 

Simbora.



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Conectando gerúndio do verbo conectar. O mesmo que: agregando, unindo.

***

Atrasado!

Ele chega e para diante da porta do restaurante, empunhando o mesmo vaso de violetas africanas de muitas semanas atrás.

Grissom suspira com certo nervosismo.

A sensação de Déjà vu é enorme e inevitável. 

Aqui estamos de novo! 

Sua mente traz de volta a lembrança amarga de quando esteve pela primeira vez naquele mesmo lugar. Na época havia um nervosismo gritante pelo encontro. Uma dúvida cruel sobre como seria a reação de Sara diante da verdade. E um medo terrível de perder para sempre a única mulher por quem seu coração já bateu e ainda bate mais forte.

Ao estar de volta ali naquele mesmo bistrô, os sentimentos não são tão diferentes da última vez, porém nesta há uma pontada de esperança de que o final do encontro - porque Grissom está vendo aquilo como um encontro - não será amargo e doloroso como foi o passado. Ao menos, é assim que ele torce com toda a força do seu coração.

Uma última respirada fundo e o diretor toca a maçaneta da porta do restaurante. Girando-a, ele abre a porta. Ao estar dentro do lugar, que para variar está com um movimento bom, seus olhos azuis varrem o local à procura de Sara. Ao não encontrá-la, Grissom pega o celular de dentro do bolso do blazer para ligar à amada, mas vê que há uma notificação de mensagem de Sara de meia hora atrás. 

"Consegui uma mesa pra gente na área externa."

Caminhando apressado pelo piso de cerâmica do estabelecimento, ele segue para onde Sara disse estar. Ao chegar a área externa, Grissom não demora quase nada para encontrar Sara acomodada em uma mesa para duas pessoas. A morena está com a atenção voltada para à vista da fonte de águas do Bellagio, que se encontra do outro lado da rua.

Gil fica por alguns segundos observando Sara com sua beleza inigualável. Os cabelos escuros estão presos em um rabo de cavalo, exatamente como na vez que a conheceu. Usa uma blusa preta gola alta e uma jaqueta caramelo por cima da peça. A maquiagem simples, só enaltece mais ainda sua beleza inigualável, na visão de Gil.

Mais uns segundinhos a observando e Grissom vai até seu encontro, parando por fim, diante da mesa ocupada pela morena.  

— Olá, Sara!

O cumprimento faz com que a morena lhe olhe de imediato. 

— Oi! - saúda Sara já se levanta da cadeira e estende a mão direita para Grissom.

O homem olha para a mão da perita por um segundo apenas antes de segurá-la.

— Me desculpa o atraso, mas o Hank achou de querer passear justo na hora que me viu pronto. Então, tive que levá-lo para dar uma volta no quarteirão, aí demorei. - explica apressadamente Gil enquanto aperta e balança a mão de Sara em cumprimento.

— Respira, Grissom. - Sara aconselha em tom risonho. Mas logo se preocupa ao sentir o quão fria a mão do homem está. - Está se sentindo bem? Sua mão está gelada.

— É só de nervosismo isso. - conta sem jeito ao desfazem o contato das mãos, para logo em seguida emendar sem deixar Sara dizer qualquer coisa referente ao que contou: - São pra você. - o diretor estende à perita o vaso com as violetas africanas.

— Ah!... Obrigada! - agradece, pegando da mão do homem a planta. - São lindas e parecidas com as... daquela tarde. - completa em um tom baixo, mas não o suficiente que não fosse ouvido por Grissom.

— Na verdade são as mesmas daquela tarde. - revela, vendo o olhar de Sara se arregalar.

— As mesmas?

A perita fica surpresa, já que faz um tempo razoável desde que tiveram aquele desastroso encontro, para aquela planta continuar tão linda e perfeita como se lembrava dela ser no primeiro encontro delas duas.

— Sim. - confirma Grissom enquanto se acomoda na cadeira vazia que há diante de Sara, a qual a mulher lhe indica para sentar. - Eu cuidei delas esse tempo todo, com uma pontada de esperança de te entregar em um futuro próximo. - revela o homem com certa timidez.

— Ou! - Sara deixa escapar em surpresa.

— Essas violetas podem viver por muitos anos, desde é claro, que receba os cuidados necessários à sua saúde e manutenção. 

— Então cuidarei muito bem para que elas vivam muitos anos ainda. 

Grissom assente e um silêncio constrangedor toma conta da mesa até Sara tornar a se pronunciar.

— Que tal a gente pedir algo para comer?

— Por mim tudo bem. - mesmo não estando muito com fome, concorda Gil, tentando acalmar as batidas frenéticas de seu coração, por conta de estar diante de Sara em um encontro, algo que ainda lhe parece surreal demais. 

A verdade é que a ligação de três dias atrás por si só já foi algo surreal, para início de conversa. 

Na concepção de Grissom aquele encontro ainda demoraria um pouco mais a acontecer, mesmo diante de todas as suas ações de reconquistar Sara, já que não via qualquer retorno da perita quanto as suas ações. Mas que bom que isso tenha acontecido antes do que esperava.

Sara acena para o garçom que vem até eles e lhes entrega o menu. Enquanto Grissom vai de café expresso, Sara opta por capuccino, porém ambos escolhem o mesmo acompanhamento French Toast (torrada francesa com mirtilos, xarope de mirtilo e chantilly).

Enquanto o pedido não vem, Sara toma a iniciativa de estabelecer um papo entre eles para não caírem em um silêncio constrangedor como ocorreu logo no início que se acomodaram à mesa. Até porque foi ela quem chamou Grissom para estarem ali.

Os assuntos abordados pela morena são mais sobre trivialidades, para angústia de Gil que adoraria que Sara tocasse logo no assunto que supôs que seria conversado ali: eles dois!

Em certo instante, a perita então comenta sobre o último caso em que trabalhou na companhia de Greg, no qual ela descobriu que o aparente suicídio de uma jovem mulher que sofria de transtorno bipolar foi, na verdade, um assassinato.

— Me chamou muito a atenção a falta de cortes de hesitação no pulso esquerdo falecido, o que me levou a acreditar que a vítima foi assassinada e não, que se suicidou. - explica a morena.

— Você perspicaz como sempre. - elogia Gil tirando com isso um sorriso sem jeito de Sara. 

Não há tempo para réplica de Sara, pois o pedido deles chega naquele momento. Em silêncio, eles apreciam de início o que pediram. Até que em dado momento, sem que Grissom esperasse, Sara solta na maior casualidade, a informação:

— Estive no Alabama e conheci o outro Arthur.

Assim que ouve isto, Grissom ergue os olhos do prato de sua torta e encara Sara. 

— Conheceu?... E... Quando... Esteve... Com ele? - indaga pausadamente após engolir o pedaço de sua torta.

— Nos meus últimos dias de licença. A viagem que fiz foi para o Alabama.

O homem se recosta à cadeira assimilando aquela informação. Barth então mentiu para ele quando ligou perguntando se Sara tinha ido lhe ver e seu amigo negou isso? 

— Ele não te contou, porque eu pedi. - explica Sara como se tivesse lido o pensamento de Gil. 

O diretor faz um pequeno movimento com a cabeça, sem saber o que dizer. A descoberta de que Sara esteve com Barth lhe rouba as palavras.

Diante do silêncio de Grissom, Sara prossegue, contando:

— Senti curiosidade em conhecer o outro Arthur e então, comprei uma passagem para o Alabama e fui. Quando ele me viu, ficou bastante surpreso. - a morena esboça um sorriso ao lembrar da cara de espanto de Arthur. - Nós conversamos bastante. Ele é uma pessoa encantadora e bem divertida, como se mostrou ser em nossas conversas. - conta com um sorriso ao se lembrar do reitor.

— É... De fato, ele é bem isso mesmo. - é tudo que Grissom se limita em dizer, desviando o olhar de Sara para encarar a xícara de porcelana onde bebe seu expresso.

Lhe causa uma sensação incômoda ouvir Sara fazer àqueles elogios para Barth, ainda mais ostentando aquele sorriso todo. 

Será que ela e seu amigo... Não!

Que Sara não tenha lhe chamado ali para dizer que ela e Barth tinham se dado bem e estavam... O diretor sente o estômago embrulhar só de cogitar completar tal frase. 

— Ele me pediu desculpas, inclusive. Disse que a ideia foi dele e não sua, como contou à mim. E que a intenção da ideia nunca foi me magoar, mas nos ajudar a ficar juntos. - Sara aponta de si para Grissom com o indicador.

— O que não acabou acontecendo no fim das contas, já que você tanto se magoou e com razão pela mentira, quanto não nos ajudou a ficar juntos.

— Sinceramente?... Não tinha como isso ajudar, Grissom. Você ter se aproximado de mim através de uma mentira não foi a escolha mais sábia! 

O diretor assente de modo lento.

— No fundo, sabe, Sara? - se pronuncia após um breve instante de silêncio dominar ali entre eles. - Eu sempre soube desde o início que não foi a melhor escolha esta, mas... criei a ilusão de que, quem sabe, pudesse ser e, mais ainda, vir a dar certo... Só que não deu! E de verdade... Me perdoa, por ter te magoado.

Se pudesse retroceder no tempo para evitar ver a raiva e mágoa que viu tão nitidamente algumas semanas atrás nos olhos da mulher à sua frente, Grissom não pensaria duas vezes em retroceder. Foi a pior sensação do mundo ver tais sentimentos estampando aqueles olhos castanhos cheios de lágrimas na época, tal qual foi ao escutar sua voz trêmula e carregada de raiva.

— E esse pedido de perdão não é somente pela mentira de ter me passado por um amigo virtual, mas também por esses anos todos ter te machucado com meu péssimo comportamento desde que você veio trabalhar comigo. Quero que saiba que te tratar como tratei não foi algo que fiz de maneira proposital, Sara. - Grissom se inclina à frente e encara Sara. Se aquela é A CONVERSA deles, então, Grissom será honesto e sincero, revelando seus sentimentos e vulnerabilidades. - Em todas às vezes que você disse seus reais sentimentos à mim ou me indagou sobre nós tentarmos algo, os meus nãos eram por medo. Eu dizia pra você viver à sua vida, mas por dentro me condenava por fazer isto. Pois sabia que se te visse com alguém sofreria muito, como foi quando você se relacionou com aquele paramédico. Foi horrível ver que tinha seguido o que eu disse. Vivi meu próprio inferno em silêncio e por minha própria culpa. - um sorriso amargo escapa do canto dos lábios do diretor.

Calada e muito atenta ao relato de Grissom, Sara se sentiu condoída por ouvir tais revelações do homem. 

— O medo me fez um completo covarde à ponto de não conseguir ser honesto com você sobre meus sentimentos ... E algumas vezes nem comigo mesmo sobre isso.

— Medo! - repete a palavra Sara após engolir sua bebida quente e enquanto devolve a xícara a mesa. - Por causa dele, você me fez acreditar que não havia reciprocidade de sentimentos; por causa dele, você me machucou... E pelo que está claro aqui... Se machucou também!

— É, devo concordar com você. O medo regeu a minha vida!

— E o que ele te trouxe todo esse tempo, Grissom?

— Dor e sofrimento não somente à mim... Mas como também à você!... Perdão! É só o que posso te pedir. Perdão!... Mil vezes perdão, Sara!

— Sabe, Gil... - sem se dar conta, Sara havia chamado o diretor pela forma reduzida de seu nome, algo que não fazia há tempos e que foi bem apreciado por Grissom no momento. - Depois de você me dar o último "não" meses atrás, eu decidi desistir de você, por não aguentar mais tanta rejeição da sua parte. Isto só estava me fazendo cada vez mais mal e me destruindo por dentro.

Grissom fecha os olhos apertados no instante em que é acometido por uma fisgada no coração, devido as palavras de Sara. Foi triste ouvir o que ouviu... Doeu! E não foi pouco, foi um bocado!

— Me sinto a pior pessoa do mundo por te causar isso, Sara. Um verdadeiro monstro! 

— Não! Não se sinta, Gil! - se apressa em dizer Sara ao esticar a mão por cima da mesa, para tocar o antebraço do diretor, que havia levado a outra mão aos olhos. - Se eu deixei as coisas chegarem neste ponto foi porque eu quis. Foi uma escolha minha! - finaliza e retira a mão do braço de Grissom.

— Sua escolha foi motivada pelas minhas péssimas ações. - retruca o homem, abrindo os olhos para encarar Sara.

O silêncio se instaura à mesa enquanto calados ambos vão processando tudo o que já foi dito até ali. 

Desde o seminário onde se conheceram, que eles não tinham uma conversa tão franca e sincera como Sara sentia que estava sendo esta. 

— Eu sei que todos esse anos não fui o que você merece. - Grissom rompe o silêncio, tornando a se pronunciar. - Mas gostaria que me desse a chance de mostrar que agora eu mereço. Que não há mais medo, apenas a vontade de viver com você algo que já era para estarmos vivendo faz tempo. Quem sabe até desde de certa palestra. - esticando a mão por cima da mesa, Grissom alcança a mão da perita. - Me perdoa por tudo de verdade!... E me dá uma chance de começarmos algo que já devia ter começado lá atrás, Sarah. Eu juro que farei valer a pena agora! 

Pela sinceridade que vê nos olhos de Grissom e a obstinação que Sara sente em suas palavras, o diretor, certamente, fará valer a pena.

— Espero que cumpra mesmo o que acaba de jurar, Grissom. 

— Isso, por acaso,... É um... Sim?

— Sim! - com um sorriso responde Sara, apertando a mão de Grissom.

Ouvir aquela afirmativa fez com que o diretor se sentisse imensamente feliz e aliviado. Ainda que tivesse vindo para este encontro com as melhores expectativas de que tudo terminasse bem após conversarem. Em contrapartida havia a possibilidade de, mesmo com tudo que foi dito de sua parte, Sara optar por se recusar a lhe dar uma chance, por receio de se machucar, algo compreensível depois de tudo que o diretor lhe fez passar. Contudo, que bom que ela resolveu lhe dar, ou melhor, dar para eles dois uma chance.

— Obrigado!... De verdade. - agradece antes de levar a mão da perita até seus lábios para plantar um beijo no dorso dela. - E eu irei, sim, cumprir o que jurei à você segundos atrás!

***

Assim que eles cruzam a porta de saída do bistrô após quase uma hora de conversa descontraída depois que se acertaram, Grissom toma a iniciativa de segurar a mão de Sara, entrelaçando seus dedos aos dela.

A perita olha para o homem e sorri, sendo acompanhada nisso por Grissom. 

Eles atravessam a rua e para a surpresa de Gil, Sara em vez de seguir na direção onde seus carros estão, puxa o diretor para longe dos veículos e para próximo da fonte do Bellagio, que naquele instante começa com seu balé das águas dançantes e seus efeitos audiovisuais, regidos pela canção Fly Me to the Moon de Frank Sinatra.

— Eu acho esse show de águas do Bellagio um espetáculo sem igual! - comenta Sara encarando o balé de águas.

Uma das primeiras coisas que lhe encantou ao chegar à "cidade do pecado" foi o show das águas dançantes do Bellagio. E por mais que ela já tenha assistido muitas e muitas vezes aquilo, sempre dá vontade de fazer uma paradinha ali para vê-lo novamente.  

— É de encher os olhos mesmo. - comenta Grissom. - Uma das atrações mais icônicas de Las Vegas. 

— Sem dúvida alguma.

— Você sabia que a água das fontes alcançam mais de 120 metros de altura durante as apresentações? E que nos momentos de sincronia da dança, os jatos que saem dos canhões lançam cerca de 65 mil litros de água no ar ao mesmo tempo?

Sara começa a rir e encara Grissom ao seu lado.

— Quê? - o homem tem um vinco na testa por não entender a risada da perita.

— Ai, Gil! Você sempre vindo com esse seu lado sabichão. - comenta ainda rindo.

— Eu não! - se defende o diretor batendo de leve com seu braço no de Sara.

— Ah, não? 

— Não! 

Grissom vê os lábios de Sara se curvar em um sorriso lindo. E uma sensação de déjà vu lhe toma e se intensifica quando no instante seguinte a perita guarda seu rosto entre as mãos dela.

— Amo você! - declara Sara.

No mesmo segundo Grissom se lembra do sonho e sorri tímido, abobalhado... Encantado! 

Ouvir aquelas palavras saindo realmente da boca de Sara é ainda mais perfeito do que no sonho. É a realização do mesmo! Um perfeito paraíso em plena terra.

— Eu também amo você, honey!

Seu rosto se aproxima ao de Sara até seus lábios tocarem os dela em um beijo ansiado desde de certa festa de encerramento na universidade onde se conheceram.

Seus braços envolvem a cintura de Sara em um abraço apertado enquanto o casal aprofunda o beijo, o primeiro de muitos que ambos pretendem compartilhar dali por diante.

"Dentre todas as energias, a que eu mais gosto é aquela que transpassa de você para mim em um piscar de olhos. Aquela que parece não ser daqui, que nos liga em todos os pontos e é capaz de transmitir diversas emoções. Essa conexão eu não trocaria por nada, pois é um presente que nos foi dado para a alma, para que sejamos eternamente conectados pelo nosso amor."

(Autor desconhecido)

 

FIM


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Notas finais do capítulo

Com um beijo no final do capítulo é assim que finalizo mais uma história com uma pontadinha de dor, mas a sensação de trabalho cumprido por terminar mais essa fic, depois de um longo período dela parada.

Quero agradecer por não terem desistido da história e me acompanhado até aqui. E espero que tenham curtido esse final.

Agora, a gente se "vê" daqui umas semanas quando irei retomar as postagens de After Separation. A fic do Sr. Gostoso vai voltar, gente! 

Um xero e até!



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