Conectando-se escrita por Dri Viana


Capítulo 14
Capítulo 14 - A verdade


Notas iniciais do capítulo

Amadas do meu coração, vocês não tem ideia do quanto pelejei para escrever esse capítulo. Eu tinha tudo pronto e bonito aqui dentro da cabeça, mas quando ia passar para o papel não saía a mesma coisa. Escrevi mais de dez vezes o mesmo capítulo e saía uma tremenda b****. Mas, por fim, conseguiu algo relativamente descente. Não ficou como eu gostaria, contudo está mais aceitável que os anteriores escritos.

A minha ideia era que este fosse o penúltimo capítulo, porem não será. Teremos só mais dois pela frente e fim da história, beleza?

Boa leitura!



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Coisinhas curiosas essas tais de Expectativas. Fáceis de criar, mas impossíveis de fazê-las desaparecer!

Dizem por aí que o problema não é criá-las, mas sim apegar-se à elas. Porém como não se apegar, se essas tais expectativas fazem parte da natureza humana?

Independente do quê quer que seja, nós sempre esperamos alguma coisa de praticamente todos os momentos da vida, com uma propensão à mais quando se tratam de pessoas e relacionamentos.

Um resultado menos vantajoso gera a emoção da decepção, lágrimas de frustração e raiva. Se acontece algo que não é esperado, é uma surpresa. E se as coisas superam o desejado então, são só lágrimas de pura alegria e felicidade.

E era exatamente superar as expectativas que havia criado em torno de Arthur, que Sara desejava que ocorresse. Torcia para tudo dar tão certo entre eles pessoalmente, quanto já tinha dado virtualmente.

Um discreto sorriso lhe escapou ao recordar que não esperava lá atrás, que um despretensioso papo em um chat qualquer da internet, fosse render tanto a ponto de se tornar algo especial como já havia se tornado aquela relação que construiu com Arthur. Provavelmente da parte dela a coisa fosse mais especial ainda, porque a perita acabou adquirindo outros sentimentos além de amizade pelo homem de quem sequer havia visto o rosto ainda. Tinha se apaixonado por Arthur e desejava do fundo do coração ser correspondida nesse sentimento. Algumas vezes tinha a impressão de que era, mas não havia qualquer certeza. Arthur podia ser apenas um homem atencioso demais, carinhoso demais, um doce de pessoa.

Os pensamentos acerca dele foram deixados de lado para que ela reparasse com mais atenção e até certa admiração o local onde estava: Mon Ami Gabi, um restaurante com ares de bistrô parisiense, localizado bem aos pés da Torre Eiffel do Hotel Paris. O lugar era bonito e de clima super agradável. Pena as mesas da área externa estarem todas ocupadas quando chegou, pois teria adorado se acomodar por lá e curtir o show das fontes em frente ao Bellagio, uma das atrações mais famosas da cidade da diversão. No entando, estar ali dentro do restaurante não era de todo mal.

No local havia muitas pessoas apreciando um bom café enquanto batiam altos papos. Algumas eram estrangeiras e Sara conseguiu identificar isto através de suas conversas trocadas em outras línguas nas mesas ao lado da dela.

Um garçom passou naquele instante ao lado da mesa dela empunhando uma bandeja, que deixou um delicioso cheiro de café que lhe deu água na boca.

Uma consultada nas horas no celular descansando sobre a mesa de toalha impecavelmente branca, e Sara viu que Arthur já estava atrasado vinte minutos. Eles haviam marcado as 05:30 PM.

OK! Não era um atraso enorme, no entanto, cada minuto que passava e Arthur não chegava ou sequer mandava uma mensagem avisando que já estava à caminho, só ia deixando Sara mais nervosa e apreensiva.

Chegou a se questionar se Arthur estava tão ansioso por este encontro quanto ela se encontrava.

Desde que ele disse há três dias que viria para se conherem, Sara ficou em uma agonia pura. Dormir esses dias foi uma tarefa difícil, quase impossível.

E escolher uma roupa então para vir?

Ela levou algum tempo para por fim se decidir pelo look que vestia: T-shirt amarelo bebê combinada com um casaco cor de café, jeans de lavagem escura e sandálias de salto baixo. Os cabelos estavam escovados e brilhantes. E no rosto uma discreta maquiagem.

Seus olhos ansiosos se desviaram à porta de entrada do restaurante e Sara apertou as mãos em nervoso por não fazer ideia de como seria Arthur "ao vivo". Qualquer homem que surgia ali aparentando as características físicas de seu amigo, era alvo de seu olhar esperançoso para descobrir se o sujeito viria até sua mesa e se apresentaria como seu amigo virtual. Quando isso não acontecia, batia a frustração. Queria o quanto antes que ele aparecesse e acabasse de vez com sua curiosidade.

Passaram-se mais cinco minutos de espera e nada de Arthur chegar. O nervoso e a tensão só foram aumentando. A boca e a garganta da perita já estavam secas, tanto que Sara chamou o garçom e pediu uma água sem gás. Em segundos o rapaz já trazia o pedido dela.

— Cadê você, Arthur? Geralmente, são as mulheres que chegam atrasadas nos encontros e não o contrário. - com um sorriso nervoso, ela murmurou antes de bebericar sua água.

Mal sabia Sara que não havia mais razão para preocupação, porque do lado de fora do restaurante Arthur acabava de chegar.

***

Assim que estacionou do outro lado da rua, Grissom lançou um olhar na direção do restaurante. Estava nervoso, mais que isso temeroso por se encontrar tão próximo de saber qual seria a reação de Sara diante da verdade de que ELE era o homem com quem ela esteve batendo papo todo esse tempo.

A reação dela era uma incógnita para ele. Sara podia tanto adorar saber que era ele, quanto odiar. E esta segunda opção era a que mais o preocupava e lhe atormentava. Tanto que ele mal conseguiu dormir e, tampouco trabalhar direito esses dias que antecederam o encontro que se daria em instantes.

A incerteza foi sua inimiga cruel, lhe fazendo sofrer por antecipação sobre algo que talvez nem poderia vir a suceder. Mas era só descer daquele carro, entrar no restaurante e contar à Sara a verdade, para então acabar com todas as dúvidas e incertezas que vinham lhe corroendo feito ácido desde o momento que aquele plano de se passar por Arthur começou.

— Vamos lá.

Ele apanhou do banco do carona o pequeno vaso embrulhado com papel celofane, onde estavam as lindas violetas-africanas que comprou no caminho para o restaurante. Sabia que Sara adorava plantas, muito antes dela contar a ele sendo Arthur. Foi como Grissom que ela lhe contou a primeira vez sobre isso. Na época ele era seu palestrante. A revelação sobre o apreço maior dela por vegetação do que por planta ocorreu durante uma refeição no refeitório da Universidade. Ele guardou muito bem aquela informação.

E assim, Grissom fez questão de nesse encontro deles de hoje lhe trazer aquelas plantas que eram tão belas quando sua amada.

Ao bater a porta, o homem aproveitou para conferir em seu reflexo no vidro fumê do veículo, se estava apresentável para o encontro. Sequer tivera tempo de ir em casa e trocar de roupa, culpa dos imprevistos no trabalho e do xerife para variar.

Assim acabou por tomar um banho no vestiário do laboratório mesmo. Trocou apenas a camisa social branca por uma pólo azul clara nova que guardava em seu armário para eventuais imprevistos na época em que era supervisor; manteve o terno e calça marinho com a qual trabalhou, mas obviamente dispensou a gravata. Ela não se fazia necessária com a camisa que usava.

A julgar pelo que via refletido, não estava tão mal. Esperava que agradasse Sara. Uma ajeitada com a mão livre pelo blazer que havia amarrotado devido a estar sentado dirigindo e então, estava pronto para ir.

Enquanto caminhava, o homem sentia o coração se acelerar mais, as mãos ficarem frias e trêmulas. Na cabeça do ex-supervisor a silenciosa torcida de que sua amada aceitasse bem a revelação de que ele era Arthur. Caso contrário não mediria esforços para reverter a possível situação negativa.

Em hipótese alguma lhe passava pela cabeça desistir de Sara, ou melhor, desistir DELES. É bem verdade que o medo dias atrás lhe fez cogitar a ideia estúpida de desistir. Como sempre o medo era seu calcanhar de Aquiles quando se tratava dele e Sara, mas chega! Nada mais de medo! Só queria viver sua vida ao lado da mulher que amava.

E céus, como ele a amava!

As conversas diárias com ela só reforçaram a Grissom que seus sentimentos por Sara eram enormes e verdadeiros demais para teimar em ignora-lo ou seguir fugindo deles. E mais, lhe fez ter certeza de que a vida sem Sara não era vida.

Com a mão esquerda sobre a maçaneta da porta de entrada do restaurante, ele respirou bem fundo para tentar acalmar a si mesmo e as batidas aceleradas de seu coração. Já estava tão nervoso até ali, que receava meter os pés pelas mãos e acabar arruinando o momento ou até mesmo, a situação para o seu lado.

Apenas cinco segundos parado ali e foi então que ele entrou no estabelecimento. Se surpreendeu com a quantidade de pessoas que havia naquele horário. Quando sugeriu que o encontro fosse ali, não imaginou que teria aquele tanto de gente. Se levasse um fora teria uma plateia imensa assistindo.

"Pensamento positivo, Grissom!"

Com o olhar, ele procurou Sara entre as pessoas. Não tardou muito para encontrá-la acomodada em uma mesa mais lá ao fundo. Sara estava com o celular à orelha e Grissom deduziu que decerto, ela estaria lhe ligando. Só que infelizmente, não tinha como receber sua chamada já que o celular estava descarregado e a bateria extra, ele esqueceu na bendita gaveta da mesa do seu escritório.

Um pigarro e ele ouviu atrás de si:

— Com licença, senhor!

Na hora ele se virou para encontrar a dona da voz. Era uma moça acompanhada de outra um pouco mais velha, ambas queriam entrar no estabelecimento, mas como ele estava bem próximo a porta, bloqueava a entrada da dupla.

— Ou! Me desculpem. - pediu sem jeito já afastando-se um pouco da porta, possibilitando a abertura dela e consequentemente a entrada das duas mulheres no estabelecimento.

Assim que elas passaram, Grissom lançou um novo olhar para onde Sara se encontrava e para sua surpresa, acabou descobrindo que ela olhava para ele.

***

A demora de Arthur já ia para meia hora causando uma baita preocupação em Sara. Teria seu amigo quem sabe se perdido no caminho? Ou na pior das hipóteses, desistido de encontrar-se com Sara?

A perita achava esta segunda opção improvável. Ele não viria do Alabama à toa, gastando dinheiro de passagem e hospedagem para no fim das contas não vir lhe encontrar. Com certeza aconteceu alguma coisa.

Ela resolveu ligar logo e descobrir o que havia de errado que ele não chegava. Só que a ligação sequer chamou e já foi entrando direto a mensagem eletrônica informando que: o número chamado se encontrava desligado ou fora da área de cobertura.

Isso só fez sua preocupação aumentar. E o pior é que nem ao menos sabia em que hotel ele havia se hospedado, pois se esqueceu de perguntar mais cedo quando se falaram pela última vez para confirmar o local e o horário do encontro.

"Parabéns, Sara!"

Ao devolver o celular à mesa, a perita suspirou e pela vigésima vez lançou um olhar esperançoso em direção à porta. Quase não acreditou quando avistou Grissom parado lá na entrada do restaurante. Ele pareceu trocar rápidas palavras com duas mulheres que entraram no estabelecimento e logo em seguida, seu olhar encontrou de maneira certeira o dela e Sara engoliu a seco.

"Mas o que ele faz aqui?"

Com tantos lugares em Vegas e seu chefe aparece justo no qual ela terá um encontro?

E a julgar por como ele estava bem arrumado e o mimo que carregava em uma das mãos, Grissom também parecia ter vindo a um encontro. 

Na mesma hora, ela se recordou que dias atrás ouviu de Greg durante o café da manhã que seu amigo foi tomar com ela em sua casa, que desde que Grissom assumiu a função de diretor, seus antigos comandados passaram a vê-lo muito raramente. Segundo Sanders, a vida do chefinho estava corrida. Mas a julgar pelo que via, Sara concluiu que seu chefe não andava com a vida tão corrida assim, já que ele arrumou um tempo para ter um date.

"Alguém aprendeu a saber o que fazer! E a escolhida dele para o 'date' não era ela. Vai ver nunca seria!"

Houve um tempo até recente, que aquela constatação, bem como cogitar a hipótese de Grissom tendo um encontro com alguém a deixaria arrasada. Porém, no atual momento não era mais o caso.

As coisas haviam mudado nela. Seus sentimentos por Grissom não eram mais os mesmos. Arthur conquistou um lugar especial em seu coração, lugar este que por anos foi do sisudo supervisor.

Não foi com espanto que Sara viu Grissom tomar o rumo de sua mesa. Era de se supor que ele viria ao menos lhe cumprimentar. No entanto algo dentro dela desejou que ele sequer a tivesse visto ali e muito menos, que viesse até ela. Só que era tarde demais! E esperava que ele não se demorasse e muito menos, que Arthur chegasse bem no momento que Grissom estivesse ali com ela. Se sentiria um tanto desconfortável em ter que apresentar um ao outro.

Mal sabia ela que um e outro eram a mesma pessoa!

— Olá, Sara!

Grissom a cumprimentou com seu tão costumeiro jeito tímido, assim que parou diante da mesa dela. O coração só faltou sair pela boca ao falar com sua amada. Ela estava linda e ele se viu mais apaixonado e nervoso.

— Oi, Grissom.

Foi impossível passar despercebido por seus olhos castanhos o quão bonito estava seu chefe. A barba bem aparada e o terno azul escuro combinado com a camisa da tonalidade exata de seus olhos cor de céu, faziam dele uma bela visão. E se não bastasse isso, ainda havia o perfume delicioso que usava. Na hora ela se recordou que era o mesmo de seis anos atrás, quando se conheceram.

Um silêncio constrangedor se instaurou após o cumprimento. Sara esperava que seu chefe dissesse algo mais já que foi ele quem veio até ela, mas desconfiou que isso não ia rolar. Então tomou a iniciativa.

— Bonitas flores! - apontou para o vaso que ele segurava.

"Se achou bonitas, então vai gostar de saber que são para ela!"

— Na verdade é uma planta. - corrigiu meio seu jeito. - Violetas-africanas. - revelou com um nervoso sorriso.

Por dentro ele estava uma pilha de nervos. Não fazia a menor ideia de como contar à ela a verdade. Por meia hora antes de sair de casa havia ensaiado na frente do espelho diversas maneiras de se revelar à Sara, mas agora, tendo-a ali diante de si deu-lhe um branco total. Sequer sabia por onde começar e muito menos, como agir. Ela o deixava nervoso como nenhuma outra deixou. 

— Então bela planta. - Sara se corrigiu em seu comentário.

Grissom assentiu e antes que perdesse a coragem ou um novo silêncio viesse tomar conta entre eles, o ex-supervisor a indagou:

— Posso me sentar com você?

— Hã? - ela franziu a testa em surpresa.

— Perguntei se posso...

Sara ergueu a mão direita, mal deixando que Grissom repetisse a questão e o indagou:

— Por que quer sentar comigo? - ela não via muito sentido naquilo, posto que a seu ver, ele tinha vindo se encontrar com alguém. 

Grissom não esperava por aquele questionamento dela. Tanto que dele depois disto seu nervosismo alcançou níveis estelares.

O vaso de violetas-africanas passou a ir de uma mão a outra do homem como se estivesse quente a ponto de queimar, caso o mantivesse seguro apenas em uma mão por mais de um segundo; seus olhos baixaram e focaram no objeto que rolava em sua mão, pois não conseguia mais sustentar o olhar em Sara depois da fala dela.

A morena percebendo o quão afetado seu chefe ficou pela pergunta feita, tratou de se desculpar. Não era sua intenção constrangê-lo ou deixá-lo desconfortável como ele visivelemente aparentava.

— Me desculpa, Grissom. Eu não quis te deixar sem graça.

— Tudo bem. - ele conseguiu dizer acanhado após erguer os olhos para encará-la. Depois meuito sem jeito tornou a perguntar: - Mas eu posso? - insistiu enquanto apontava a cadeira vazia diante dela.

Sara achou por bem contar que aquele lugar seria ocupado em breve.

— Estou esperando uma pessoa que deve chegar a qualquer momento. - explicou e em seguida, lançou um olhar em direção a porta.

"Cadê você,  Arthur?"

Grissom viu na resposta de sua amada, o gancho perfeito para revelar sua identidade. Se era para contar, então que fosse naquele momento e de uma vez por todas.

— Na verdade a pessoa que você espera já chegou. - essa sua fala trouxe de volta para si a atenção que Sara ainda depositava na entrada do estabelecimento. A expressão de confusa dela era tão transparente quanto o restante de água em sua taça de vidro. E antes que ela fizesse qualquer pergunta a qual a resposta estava na ponta da língua de Grissom, o homem foi mais rápido em revelar: - É a mim que você espera, Sara. Eu sou o Arthur! - ele contou se acomodando bem devagar na cadeira vazia diante dela. - E esta planta é pra você. - com um sorriso que estava longe de ser alegre e, sim, de puro nervoso e aflição, Gil empurrou com gentileza o vaso com as violetas-africanas na direção de Sara. E aguardou pela reação dela. Torcendo para que esta fosse a melhor possível.

Imóvel. Impactada. Desnorteada. Sem ação e fala, era como Sara ficou depois do que ouviu. As palavras: "Eu sou o Arthur!", passaram a se repetir seguidamente em sua mente e soavam tão inacreditáveis. Na verdade aquilo lhe caiu mais como uma bomba mesmo. Esperaria ouvir aquela frase de um sujeito desconhecido que tinha vindo de outro estado para lhe conhecer, mas jamais de quem ouviu. Alguém que era bem conhecido dela e que morava em um bairro vizinho.

Como assim Grissom era Arthur?

Ele não podia ser seu amigo virtual! Não podia ser o cara com quem vinha batendo papo ao longo desses meses e por quem acabou nutrindo sentimento especiais. Não ele! Não, justamente ele, a quem ela pensava ter superado.

Como Sara não esboçava qualquer palavra ou ação, Grissom começou a se preocupar com aquela inércia toda dela.

— Diga alguma coisa, Sara! - implorou diante do silêncio já perturbador ao qual ela vinha se mantendo há quase um minuto inteiro, enquanto lhe encarava de maneira fixa.

— Você só pode estar brincando comigo, não é? - ela conseguiu dizer de maneira séria e amarga.

Grissom engoliu a seco, não gostando nada daquela forma com a qual ela se dirigiu a ele.

— Juro que não. - respondeu com cautela. - Eu sou a pessoa com quem você vinha conversando, querida.

— Não! - de cenho franzido, ela rebateu prontamente, puxando de maneira rápida as mãos da mesa para evitar o contato que Grissom tentou estabelecer ao esticar o braço em sua direção. - E não me chame assim!

— Desculpa! Eu achei que...

— Por que está inventando isso?

— Não estou inventando nada, Sara. Pode parecer inacreditável...

— Parece não... É inacreditável.

Em hipótese alguma ela ia conceber que aquilo fosse verdade. Não tinha lógica! Algumas 'evidências' lhe mostravam que Grissom não poderia ser Arthur, por exemplo: o número de contato dele que era do Alabama, a idade e as características físicas dele que não batiam com as descritas por seu amigo virtual, e o mais contundente de tudo: a voz.

Mas foi justamente este último detalhe o responsável por lhe fazer mudar de ideia e começar a acreditar em seu chefe. Pois bastou o ex-supervisor se pronunciar usando outro modo e tom de fala para a descrença de Sara cair por terra.

— Eu espero que quando nos encontrarmos amanhã as coisas não mudem. - Grissom repetiu com a voz de Arthur as palavras que ontem havia dito à Sara em um áudio trocado. Ele achou que só assim a convenceria. E achou certo!

Ao ouvir aquela sua fala a perita gelou. Na hora, ela reconheceu aquele sotaque sulista inconfundível e também a frase.

Era Arthur ali falando com ela!

Como era possível?

Seu "amigo" desconhecido, na verdade, era alguém bastante conhecido dela. 

— É você?! - havia um choque explícito em suas palavras e em sua expressão.

Um nó se formou na garganta dela e seus olhos castanhos se encheram de lágrimas diante da constatação de que, seu chefe era o amigo virtual por quem ela havia se apaixonado.

No entanto levou apenas uma fração de segundos apenas para o choque daquela descoberta transformar-se em raiva por se dar conta de que foi enganada pelo homem a sua frente.

— Como você teve coragem de me enganar assim? - seu tom raivoso saiu mais alto atraindo os olhares das pessoas nas mesas próximas.

O que mais Grissom temia, estava acontecendo: a reação de Sara não era boa. Podia ver em seus olhos e sentir em sua fala o quão irritada ela ficou com a descoberta.

— Sara, calma. Eu posso explicar.

— Não me interessa suas explicações. Você é um mentiroso. - erguendo uma das mãos, ela sinalizou para o garçom o pedido de conta.

— Não sou! Por favor, me ouça. Eu não queria te magoar ou brincar com seus sentimentos. Jamais!

— Eu não quero te ouvir.

— Mas eu preciso te esclarecer como tudo isso aconteceu. Foi tudo uma coincidência.

— Não acredito em você!

Neste instante o garçom apareceu com a conta e Sara agradeceu, pois assim poderia pagar e ir embora.

— Eu entendo você, Sara, mas por favor... - implorou Grissom enquanto a via vasculhar a bolsa. Ela sequer lhe deu atenção. Retirou uma cédula da carteira e entregou ao garçom. - Não!... Espera! - ele a deteve, segurando-a pelo braço quando Sara após pagar a conta se pôs de pé demostrando que ia embora dali sem ao menos lhe dirigir mais qualquer palavra.

— Me solta! - ela tentou se livrar da mão que a impedia de ir, mas não obteve sucesso.

— Eu não vou deixar você ir embora, sem que tenhamos uma conversa esclarecedora. - ele se esforçou para soar o mais brando possível, apesar das palavras ditas exprimirem certa aspereza. - Vamos sair daqui e conversar em um lugar mais reservado, Sara. Você precisa escutar o que tenho pra te dizer, por favor.


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Notas finais do capítulo

O temor de Grissom se concretizou. Sara não reagiu nada bem a descoberta.

O próximo traz o desenrolar dessa conversa e uma surpresa. Bjs.



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