Lembranças escrita por R Marxx


Capítulo 1
Impressões


Notas iniciais do capítulo

Yeeeap o/
Tou nervousa com essa oneshot, mas espero que gostem >.< Escrevi ela pensando em grandes amigas (amo vocês x)) que me apresentaram esses sete incríveis meninos, então eu espero que esteja a altura Xx



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A primeira vez eu o achei estúpido.

Eu estava aproveitando o silêncio da área dos fumantes e ele apareceu, espalhafatoso, barulhento, colorido e vindo pedir o meu isqueiro. Eu não estava em um bom dia e planejava aproveitar da minha melancolia sozinho, com um cigarro e um drink de companhia, por isso quando ele perguntou se eu podia emprestar o “fogo” eu simplesmente estendi o isqueiro sem encará-lo, mesmo assim ele foi gentil, agradeceu e respeitou o meu silêncio enquanto terminava o seu cigarro.

Após sair ele voltou em cinco minutos me estendendo um drink novo e agradecendo uma última vez antes de se retirar de vez. Foi dai que nasceu o estúpido... ele havia sido gentil com alguém que nem se deu ao trabalho de encará-lo, e meu coração, tão estúpido quanto se aqueceu naquela noite fria que eu estava condenando.

Pessoas que eram gentis sem esperar nada em troca mereciam o mundo, e eu fico feliz de saber que estou fazendo o meu melhor para lhe oferecer um aconchegante e quentinho, como meu coração fica em sua presença.

**

A segunda vez foi o momento de apreciá-lo pela primeira vez. O sorriso grande e genuinamente alegre, o modo relaxado como caminhava na direção do estranho que havia o ignorado antes, a cabeça chacoalhando no ritmo da música que tocava dentro do salão e a beleza estonteante que me fez tremer de nervoso.

Dessa vez quando ele parou na minha frente eu sorri, liberando a fumaça da minha última tragada, como que lhe dando as boas vindas e tentando mostrar que sua presença não me incomodava como eu podia ter dado a impressão anteriormente.

— Me empresta o fogo? – Consegui notar o timbre da sua voz, serena, e ele devolveu o sorriso como se cumprimentasse um velho amigo.

Eu lhe estendi meu cigarro, porque tinha perdido o isqueiro mais cedo e estava desde então reaproveitando o mesmo fogo – a brincadeira levou meio maço de cigarro em quase uma hora. Ele pareceu entender minha intenção sem eu precisar explicar em voz alta e aproximou sua boca da minha com o cigarro preso entre os lábios. Encostei as pontas dos cigarros e precisei de dois tragos para conseguir acendê-lo, e mais uma vez fumamos na companhia do silencio um do outro.

Quando ele terminou e saiu eu apaguei de vez o meu cigarro e decidi que era hora de ir embora. Apertando o casaco bem no corpo me preparei para passar pelo salão indo em direção a saída, e consegui ver o seu cabelo colorido na fila do bar e me perguntei se ele estaria lá para me comprar mais um drink de agradecimento – fosse essa a resposta ou não, me deu coragem para decidir fazer algo por ele. Furei a fila indo diretamente até o bartender que era meu amigo e deixei um drink pago para o homem do cabelo colorido e sorriso gentil. Perto da saída voltei meu olhar a sua procura uma última vez e os nossos olhares acabaram se encontrando – eu não consegui sorrir por estar congelado ao ser pego no pulo, mas ele não teve problema com isso e ainda me dirigiu uma piscadela que me fez quase voar em direção ao frio da noite de tão envergonhado que fiquei.

Até hoje tento esconder o efeito que suas piscadelas causam em mim, mas tenho a impressão que ele já notou e isso o diverte bastante.

**

A terceira vez eu desconfiei que tivesse um stalker – ou de alguma forma tinha me tornado um – porque de acordo com o ditado só até duas era coincidência.

A terceira vez foi a de notar o perfume escondido por debaixo do cheiro do fumo, mas como eu já estava acostumado com ele foi fácil. Agridoce, meio enjoativo, e com o amargo do cigarro era mais do que agradável. Dessa vez ele não veio com as mãos vazias balançando ao lado do corpo, mas continuava relaxado enquanto caminhava em minha direção com um drink e o habitual sorriso que havia começado a me causar o efeito das pernas bambas.

Ele parou na minha frente e eu sorri achando que era o momento do nosso novo cumprimento habitual. Estendeu-me o drink que carregava e então tirou um maço novinho do bolso da calça e me ofereceu também.

— Você saiu antes de eu agradecer, e de alguma forma acabei em ainda mais dívidas contigo por conta de um drink gratuito que recebi. – Falou inquisitivo.

— Não sei como posso ter algo a ver com isso. – Respondi baixinho já que eu sempre fui um péssimo mentiroso. – Nós não estamos em dívida, não se preocupa. – Foi a primeira vez que me dirigi a ele.

— Ok... então vamos só dividir um drink e uns cigarros, que tal? – Eu concordei sob o completo efeito de seu sorriso. – Tem fogo?

Eu gargalhei tão genuinamente que me senti estranho. Afinal, quem vinha convidar um estranho para dividir um maço e nem isqueiro tinha?

Minha risada pareceu ter aliviado algum limite invisível imposto ao nosso relacionamento, porque ele pareceu confortável ao se aproximar de mim de forma a nos sentarmos lado a lado. Passamos aquela terceira noite fria sob muitos casacos, fumando e bebendo na área dos fumantes e aproveitando do nosso silêncio e do seu perfume que combinava tão bem com o momento. Lembro de sair de lá com a lembrança vívida da sua voz, do seu perfume e da nossa intimidade não-verbal.

As vezes me pergunto o que se passava na sua cabeça durante esses nossos encontros, porque a minha sempre ficava em branco.

**

Na quarta vez eu percebi que que algo estava errado. Não pelo fato dele estar em todas as festas que eu ia daquela universidade, ou porque depois de tanto tempo ele ainda não tinha comprado um isqueiro, mas sim porque a melodia do meu coração sempre se tornava mais agitada que a das músicas do ambiente anexo quando estava em sua companhia, ou lembrava do seu sorriso, ou procurava pelo seu cheiro em meio a toda multidão do dia a dia. E ansiar tanto por alguém quando não se sabia nem o nome desse e tudo que compartilhavam era álcool, tabaco e silêncio era no mínimo assustador – para não dizer irreal.

Na quarta foi a primeira vez que eu senti medo de nós.

Pergunto-me se alguma vez aconteceu com você, a pessoa que com um abraço dissolvia toda a minha angústia e transformava a palavra “medo” em algo tão distante. Como um sentimento negativo podia minimamente ser associado a uma presença tão iluminada como a sua?

**

Na quinta vez eu decidi que era hora de tomar vergonha na cara e perguntar seu nome. Era sempre ele que vinha até mim, então era hora de eu tentar chegar a ele.

— Ei! – Chamei sua atenção e quando percebi seu olhar surpreso na minha direção eu acabei prolongando demais uma tragada, por puro nervosismo, e me vi envolvido em um acesso de tosse. Por que não tinha como eu ficar com mais vergonha né?

— ‘Cê ta bem? – Perguntou divertido e por um momento eu considerei levantar, sair correndo e nunca mais ir em uma festa de novo (ou para a faculdade), mas o seu sorriso parecia conter mais do que zombação... ele parecia esperar por algo (ou eu era só muito bom em projetar meus sentimentos nos outros), seja o que fosse me fez recuperar um pouco de coragem.

— Eu ‘to bem. – Soltei por fim, terminando de me recuperar. – Só queria saber seu nome.

A quinta vez foi a primeira em que vi um sorriso que parecia ser capaz de rasgar um rosto – e um pouco do meu coração.

Foi na quinta vez também que ele passou de “ele” para Jung Hoseok.

(Mais tarde se tornaria o amor da minha vida, mas ainda era muito cedo para saber disso).

**

Foi só na oitava que eu percebi que havíamos nos tornado amigos que passaram a compartilhar mais do que isqueiro; começamos a compartilhar histórias, sorrisos gratuitos, carinho, piadas toscas...

Foi na oitava que trocamos número de celular

Eu estava bêbado quando salvei seu contato como J-Fire, mas rimos tanto que nunca tive coragem de trocar... depois de tanto tempo só acrescentei um coração.

**

Foi só no décimo primeiro encontro que decidimos mudar o local. Fomos para o meu quarto no dormitório e enquanto eu terminava um trabalho, nós bebíamos e conversávamos. Foi a primeira vez que substituímos o álcool por chá, mas eu me senti igualmente intoxicado a noite toda.

Foi o primeiro trabalho da faculdade que eu não entreguei, mas eu não podia me importar menos uma vez que eu tinha a lembrança do nosso primeiro beijo como consolo.

A partir desse dia a minha senha passou a ser 2207 em todo lugar.

**

O pedido de namoro veio no vigésimo encontro, e como Hoseok havia tomado a iniciativa no beijo, achei que era a minha vez – e eu estava louco para apresentá-lo como meu namorado.

Eu fiquei tão nervoso que não consegui dormir nem comer, e o fato de eu só ter fumado durante o dia todo transformou meu romântico pedido em uma patética queda de pressão. Depois de me ajudar e me xingar muito por não ter me cuidado eu achei que tinha estragado tudo, mas Hoseok ainda assim chorou quando eu murmurei o pedido de namoro mais patético do universo entre uma garfada e outra da macarronada que ele havia me obrigado a comer.

Após o seu sim foi a minha vez de sorrir tanto quanto meu rosto aguentava, e eu não consegui desfazê-lo durante o resto da semana, mas Hoseok continuou me dando motivos para sorrir assim sempre, então eu tive que me acostumar às dores musculares na bochecha.

**

O primeiro eu te amo foi tão espontâneo que eu nem senti o impacto que achei que sentiria. O sentimento já estava embutido em toda ação e demonstração de carinho que era natural e lógico, embora se eu tentasse explicar meu amor por ele não tinha nada de lógico.

Foi no café da manhã; ele veio me trazer o meu chá favorito mesmo que tivesse que correr para a prova mais importante do semestre, e quando nos despedíamos, ele se preparando para sair correndo, eu soltei – como um espirro que necessitava sair e causava um alívio espontâneo.

— Eu te amo!

Ele pareceu esquecer sua prova por um momento, porque ficou me encarando estático por um minuto inteiro antes de dar o sorriso que eu tanto amava, voltar para me dar um ultimo beijo e sair correndo gritando:

— Eu te amo também!

Eu ainda escuto o eco no corredor vazio quando paro para relembrar – o que eu faço muito.

**

2.183 dias depois do nosso primeiro encontro nós decidimos nos casar. Não aconteceu pedido, nós só falamos que queríamos passar o resto das nossas vidas juntos e a decisão ficou implícita. Nós teríamos o nosso dia, embora qualquer dia com ele já fosse o meu paraíso na Terra.

E depois de tantos encontros que eu havia perdido a conta – porque o que contava de verdade era sermos felizes juntos – Hoseok decidiu me dizer seu segredo mais bem guardado: como ele pagava meu amigo bartender Seokjin para saber quando eu estaria em uma festa da faculdade.

“A primeira vez foi coincidência, mas fazer o que se eu me apaixonei à primeira vista?”


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Notas finais do capítulo

??????? Estou ansiosa para o feedback, porque eu realmente gostei de escrever esse casal e essa história, então espero sinceramente que tenham gostado também >.<
Aceito comentários com o coração aberto hehe sz
Muito obrigada desde já xD beijooooos



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