P.O.V. Charlie.

Eu tive o meu bebê. A minha garotinha. Jessica Leah Volturi.

Dois nomes bíblicos. Agora estou chorando como uma louca porque a única coisa que vai mantê-la realmente segura é levá-la para a Cidade Prateada.

—Querida, não precisa fazer isso.

—Acho que preciso. Eu prometi que ela cresceria a salvo e amada e cá está ela no seu primeiro dia neste mundo com um horda de vampiros assassinos que a querem morta, um pai que tem inimigos saindo pelas orelhas e uma mãe que está completamente perdida e não faz ideia de como cumprir a promessa que fez.

—Nós sempre vamos te ajudar.

—Sim. Eu sei. Mas, preciso mandá-la para a cidade prateada. Pelo menos por agora.

Entregar a minha filha foi a coisa mais difícil que eu já tive que fazer.

E o meu avô a levou para a Cidade Prateada.

P.O.V. Alec.

Todos pensam que a Jessie morreu. E a Charlie faz jus ao luto. Ela só chora, quase não come, não dorme. Posso quase tocar sua dor.

Está ficando cada vez mais pálida, mais fraca, mais doente. Charlotte reza todo dia, todo o santo dia. Para a nossa filha. Literalmente reza para a nossa filha. Para um humano ou um crente rezar é um ato de fé, mas para os anjos é um meio de comunicação. Todas as mentes de todos os anjos ou meio-anjos estão ligadas, conectadas. Eles chamam de triângulo.

Eles se comunicam telepaticamente e tem uma língua só deles. Enoquiano. A língua enoquiana está de alguma forma conectada á todas as línguas que existem no mundo. Enoquiano é o elo perdido, pois é a língua primordial, aquela que originou todas as outras.

Charlotte sempre reza em enoquiano já que como Jessie está na Cidade Prateada é a língua que eles falam lá encima.

—Se importa em explicar como uma meio-Nephilim consegue ficar doente?

—Anjos e seres celestiais são praticamente imortais, mas nada é completamente imortal. Como Hope, Charlotte e até mesmo sua filha só tem uma fraqueza neste plano. Elas mesmas. A única coisa que pode destruí-la, é ela mesma.

Disse o anjo Amenediel.

P.O.V. Charlotte.

Não desejo esta dor a ninguém, nem a minha pior inimiga. Perder um filho é a pior dor de todas. Saber que a minha filha está viva, me traz algum conforto, mas... saber que ela está tão longe me faz morrer de saudades. Não terei paz até ter a minha filhinha nos meus braços de novo.

Passo meus dias no seu quartinho. Ouvindo a música de ninar. Alec arrumou vários brinquedos antigos como um carrossel, o bercinho é da era vitoriana, aqueles que balançam sozinhos depois que você empurra. Parece uma gangorra.

P.O.V. Jane.

Só Deus sabe os erros que eu já cometi, as atrocidades. Mas, ver Charlotte morrer aos poucos deste jeito... não consigo deixar de sentir pena dela. Eu nunca tive ou poderei ter um filho. A minha sobrinha é o mais perto que eu já cheguei de uma criança sangue do meu sangue.

Quando ela se arrumou para sair, me animei, mas estava usando um vestido tubinho preto. 

Charlotte quis se mudar da Itália. Ela não quis ficar perto do Castelo de São Marcus. Então, viemos para Los Angeles a cidade onde mora seu avô.

—Onde está indo?

—Visitar o túmulo da minha filha.

Respondeu enquanto colocava os brincos.

—Você quer que eu vá com você?

—Não. Preciso fazer isso sozinha.

P.O.V. Charlotte.

Estava no cemitério deixando uma rosa no túmulo da minha filha e orando por ela quando um menininho me aborda.

—Porque você está triste?

Olhei para o garotinho loiro de olhos azuis.

—Porque... eu tive um bebê.

—E isso te deixa triste?

—Não. Mas, minha filha foi levada logo depois de nascer. E agora ela está vivendo entre os anjos. E sinto tanto a falta dela, rapazinho. Qual é o seu nome?

—Angus!

—Vovô.

—Não perturbe a moça.

—Está tudo bem, senhor. Você tem um netinho adorável.

Dei um beijinho nas pontas dos meus dedos e os coloquei no túmulo da minha filha.

—Ale at que vale.

Disse saindo. Felizmente os anjos disseram que é seguro ter minha filha de volta. Em uma semana, terei-a de volta.