P.O.V. Kyle.

Cara, eu nem tinha ideia do que ela tinha passado.

—Porque você amaldiçoou o Rei, Kendra?

—Porque ele era assim como você. Pior do que você. Isso foi em 1464. Mas, o Rei nem sempre foi um Monstro, ele era um bom homem apaixonado por uma garota. Sua alma gêmea. Ela era seu único e verdadeiro amor. Conhece essa história certo?

—Certo.

Kendra parecia perdida nos seus próprios pensamentos, nas suas memórias.

—Eles pensaram que seu amor duraria para sempre.

—E como você sabe tudo isso?

—Porque eu estava lá. Nos braços dele. Ele era lindo, bem parecia lindo. Como um sonho. Eu teria feito qualquer coisa por ele. Mas, ele era um nobre. Eu não era. Eu era uma sirena, ele era humano. Edward disse que me amava, que não se importava com o fato que eu era uma sirena, que eu tinha magia. E eu acreditei nele. Ele queria encontrar uma maneira do nosso amor durar para sempre. Pelo menos foi o que ele disse. Então, Edward convenceu-me que ele me amava para que eu fizesse um feitiço que faria sua vida durar tanto quanto a minha. Um feitiço da imortalidade. Mas, quando eu descobri que ele estava apenas me usando para obter o que desejava, eu o amaldiçoei. A passar a eternidade como um ser feio. Horrendo.

—Uau!

Ela estava mau. Não parecia gostar de tocar naquele assunto.

—Como você, a brecha de sua maldição é a mesma. Mas, ele tem uma vantagem. Edward tem a eternidade para tentar encontrar alguém que realmente o ame. Eu dei a brecha de graça para ele, esperando que ele aprenderia e se desculparia. Porque eu fui a única pessoa que realmente o amou. Não pode dizer que não dei a ele uma segunda chance.

—Se é o que você chama de segunda chance.

—Eu sou uma pessoa complicada! Você claramente como todos os outros ouviu a versão masculina da história. Aquela onde eu sou uma vadia maluca e traiçoeira que arruinou tudo para o Príncipe. Uma louca raivosa cuja obsessão por vingança criou uma nova dimensão de sofrimento no pós vida.

—E quanto á parte da história em que ele te enxota?

—Não é tudo o que ele fez. Mas, sim no fim eu usei um feitiço de mudança de forma, de transfiguração para saber se ele era realmente tal monstro. E ele era.

—Trezentos anos é muito tempo para guardar, rancor não acha?

—Você claramente nunca foi deixado no altar. Como uma tola apaixonada eu criei um jardim inteiro para o nosso casamento, cheio de rosas e treliças. E eu fiz um feitiço que o manteria vivo para sempre, um feitiço de imortalidade, um elixir. Assim nunca teríamos que nos separar. Era para ele beber o elixir da imortalidade como parte de nossa cerimônia de casamento. Mas, então... tudo ao meu redor começou a morrer. Minha flor de casamento, meu belo jardim e eu percebi o porque. Edward já estava bebendo o elixir em outro lugar. Ele pegou o que queria e então ele me abandonou! Então, me chame de mulher ferida, vadia vingativa ou que quer que caiba na sua história, mas eu pensei que eu fosse seu único e verdadeiro amor. Eu dei a ele tudo. TUDO! Meu corpo, minha magia, meu coração e ai ele arrancou o meu coração.

—Sinto muito.

—Eu merecia uma chance de olhá-lo nos olhos e fazê-lo compreender o quanto ele havia me magoado, então eu me encantei e fui. Encontrei-o no seu Castelo. E ele me rechaçou, chamou-me de feia, imunda, nojenta. E vangloriou-se de como ele tinha enganado a bruxa, feito ela de tola. Chamou-me de criatura idiota.

—Então você o amaldiçoou.

—Correto.

—Você sabe se ele quebrou? A maldição?

—Duvido. E agora suas chances diminuíram drasticamente. Quer sociedade mais superficial do que esta na qual vivemos? Todas as mulheres que aparecem na TV são lindas, depiladas, bronzeadas, cabelos perfeitos, bem penteados, perfumadas. O mesmo para os homens. Sempre muito bem penteados, bem trajados, pele lisinha. O cara não tem um centavo, mas tem um IPhone na mão. Não tem dinheiro para pagar a conta de luz, mas está dirigindo uma Mercedes. Traí a mulher, violência doméstica, corrupção. Mas, pelo menos ele está usando um terno Armani. Ou no caso de Edward... uma armadura brilhante.

P.O.V. Edward.

Eu nasci 28 de abril de 1442 em Ruão, na Inglaterra. Nasci nobre, um Príncipe. E logo tornei-me Rei.

Pensei que sabia tudo. Que podia fazer qualquer coisa, com qualquer um. Que eu era intocável. Era lindo, nobre, rico. Mas, cometi um erro terrível. Eu parti um coração.

E dentre todos os corações que eu poderia ter partido, de todas as mulheres que poderia ter destruído. Eu escolhi logo aquela que era uma bruxa. Eu soube que ela era uma bruxa, ela me contou após meses de "estarmos juntos". Foi por este motivo que me aproximei dela para começar. Pensei que Deus me protegeria de sua magia, que nenhuma de suas maldições pudesse me atingir. Acreditava que eu era ungido pelo Nosso Senhor.

Eu estava errado. Ela me amaldiçoou. E eu permaneço amaldiçoado até hoje.