Lúcifer's Legacie escrita por Erin Noble Dracula


Capítulo 15
Enquanto você dormia




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P.O.V. Jessie.

Quando eu acordei, o cara tava lendo meu diário. Mas, para ser justa... eu li o dele.

—Apreciou a leitura?

—Se eu ao menos fosse capaz de entender uma palavra do que está escrito aqui.

Disse balançando o livro. E eu dei o meu melhor sorriso sacana.

—Se deu mal mané. Eu falo e escrevo em enoquiano.

Disse tomando o diário das mãos dele.

P.O.V. Demitre. 

A garota estava suada, cansada e sem folego. Bem, a prova de que era humana. Mas, devo confessar que a última vez que vi alguém da cor dela já fazem muitos séculos. Já vi escravos e escravas que revidavam, sim, sei que escravidão é ilegal. Não sou tão alienado assim. Mas, ela tinha treinamento.

—O que que é? Perdeu alguma coisa aqui na minha pessoa?

—Estou apenas admirado. Onde aprendeu a lutar daquele jeito?

—Aprendi a lutar quando sou encurralada num canto.

Respondeu a garota que usava maquiagem, mas não muito pesada. Lápis de olho preto no contorno dos olhos, na linha d'água e um daqueles batons melequentos, glosse que para um humano imagino que seja incolor. Pequenas gotas de suor escorriam pela sua face, mas ela limpou com as costas da mão.

Enquanto examinava a bolsa.

—Ah, moleque aquele é esperto. Tirou a carteira da bolsa durante a fuga, mas a polícia pegou ele.

—E como você sabe coisas assim?

A garota olhou feio pra mim. Ela tinha o orelha esquerda toda cheia de brincos e os dedos cheios de anéis. Os brincos eram de aço inoxidável, mas os anéis eram bijuteria.

—Que lhe interessa? Nem sei quem você é. Não lhe devo satisfação.

Disse se levantando, revoltada.

—Eu ein, é cada um que me aparece.

Se eu fosse humano, não teria sido capaz de ouvir aquilo. Ela entrou num carro Toyota Pryus preto e saiu dirigindo.

P.O.V. Riley.

Tive que ir para a delegacia recuperar o que o cara roubou. E prestar queixa.

—Não vou prestar queixa não, mas tu fica esperto moleque. Próxima vez que tentar roubar de mim vai se dar mal. Porque eu vou prestar queixa mesmo. Dessa vez vou deixar, passar... mas vê se toma jeito. Sei onde essa vida vai te levar.

E eu sabia mesmo. Tinha sido presa.

P.O.V. Lestat.

Eu tinha que perguntar.

—Eu me alimentei do sangue de Akasha e isso...

—Ela te transformou num diurno?!

—Diurno? Não, não funciona mais.

—Graças á Deus. O dela é temporário.

O dela?

—Espere, então se eu me alimentar de você...

—Vai virar um diurno. E o efeito não passa não. Porque acha que meu pai contratou tanto segurança pra botar atrás de mim? Tanta ala de proteção em volta da minha casa? Um vampiro maluco sequestrou a minha mãe enquanto ela ainda tava grávida e meteu uma agulha na barriga dela e injetou num outro cabra lá. O menino virou diurno. Beber o meu sangue abençoado, lê-se divino fez dele um diurno.

—Porque o sangue de Akasha não durou?

—Porque ela tava corrompida. Ela não era mais pura. Não tinha mais boas intenções. E tem gente que é assim mesmo. Só pensa em si, tá nem ai pos outro. Egoísta.  Não sou santa não, mas também não chego no nível da Lilith ou Akasha.

Por isso ela não deixou eu me alimentar dela no beco. Por isso revidou.

—É assim que você anda de dia. O seu sangue de anjo lhe concede este poder.

—É. Mas, tem outro jeito. Inventei um encantamento, admito fiz aquilo pensando em auto-preservação e não dou pra quem não merece não viu?

Ela ainda estava deitada na cama de pijama.

—Vai passar o dia deitada na cama?

—É sábado. E essa é a minha casa, minha cama. E tu ta aqui de penetra. Por tua causa que eu não posso abrir a cortina.

Quanto mais eu sabia sobre ela, mais intrigado eu ficava. O seu sangue podia fazer um vampiro tornar-se como chamou, um diurno.

—Não acha que eu mereço?

—E tu acha que merece? Depois do que aprontou, traste? Tu se bandeou pro lado dela, os dois tavam assim ó...

Disse esfregando os dedos indicadores um no outro.

—Naquela tramoia toda. Tu conspirou, pra me matar. Pra matar o seu criador e todos os outros. Tu e Akasha espalharam cadáveres daqui até a Costa Leste! Até criança... tu matou.

—Eu não matei criança nenhuma.

—Mas, deixou ela matar. Foi condescendente com aquela atrocidade. Foi cúmplice.

—Te ajudei a matá-la!

—É? E a troco de que?

—Não queria ser o consorte dela.

—Viu? Egoísta. Só pensa em si.

—Só tenho eu mesmo. Marius me ensinou isso.

—Bem, então Marius é mais idiota do que eu pensava. Sabe de nada.

—Não o deixe ouvi-la dizendo isso.

—Se não o que? Ele vai me matar? Ele que tente.

Eu ri. Ela é destemida.

—Qual é a graça?

—Você é destemida. 

—Não nego que o Marius é mais velho e mais vivido que eu, mais experiente, mas acho que esse é o problema. Chegou num ponto em que ele ta se achando o rei da cocada preta. Acho que não tá absorvendo mais nada. Estagnou. Por isso tá sempre com aquela casaca vermelha horrorosa.

Ri de novo.

—Tenho que sair pelo menos um pouco, se não ai é o que meu vizinho encasqueta que eu sou vampira. A casa tem túneis subterrâneos.

Jessica empurrou um móvel e abaixo dele havia um alçapão.

—Vai reto, vira a direita, esquerda e direita de novo.

Disse acendendo uma vela e dando na minha mão.

—E vai dormir lá embaixo viu? Tem caixões de hóspedes. Vai, bora meu filho. Pernas pra que te quero.

Ela praticamente me empurrou alçapão abaixo. E o local era realmente bem preparado, era como um andar subterrâneo. Haviam cavernas onde estavam caixões todos estampados com o brasão da família Volturi em alto relevo ainda.

—Depois eu que gosto de ostentar.

Haviam cadeiras, mesas, frigobares cheios de bolsas de sangue. Televisão, computadores, eletrônicos. Era como uma casa subterrânea. Mas, admito que os corredores eram labirínticos. Sem as instruções de Jessie, ficaria perdido aqui dentro para sempre.

P.O.V. Riley.

Qual era a daquele branquelo? Os olhos dele estavam com lentes de contato vermelhas.

—Riley?

—Fala Mac.

—Você está bem?

—Estou. Só que eu fui assaltada hoje.

—É, nós soubemos. Pegou o cara.

—Peguei mesmo Jack.

—É a minha garota. 

Disse Jack me abraçando. Ele era meu pai para todos os efeitos.

—Mas, porque você tá com essa cara?

—É que tinha esse cara. Sentei num banco pra recobrar o meu fôlego e o cara saiu do nada. Começou a me interrogar. Era um branquelo esquisitaço, com lentes de contato vermelhas. Mas, eu dei um chega pra lá nele.

P.O.V. MacGyver.

Branquelo esquisitaço com lentes de contato vermelhas? Em plena luz do dia? É um vampiro.

—Ele te mordeu?

—Me mordeu? Ah, MacGyver, de novo com essas suas noia de vampiro? O cara era esquisto e usava lente de contato vermelha. E dai? Isso não faz ele ser vampiro. Só um cara meio estranho.

P.O.V. Demitre.

Não acredito que estou pensando nisso! Me amaldiçoo por não parar de pensar nela. Por Deus, era uma humana! Mas, ela era uma lutadora incrível e tinha um fogo! Credo, preciso arrumar uma mulher. Isso vai passar.

—Não, não vai.

—Pare de bisbilhotar na minha cabeça, menina.

—Não to bisbilhotando na sua cabeça. Nunca pensou que a sua alma gêmea, a tampa da sua panela, pudesse ser humana? E dai, tio? Corteja ela e dai você transforma ela em vampira. Se liga tio Demitre.

Disse a pestinha estalando os dedos.

—Você é uma peste.

—Eu só quero que o meu tio Demi seja feliz. E já passou da hora de você arrumar alguém. Até pensei que você era gay.

Todo mundo deu risada.

—Eu não... eu não sou Gay!

—Mesmo se fosse... tem problema não. Esse é século vinte e um. Ninguém liga se você é. Nós vamos amar você mesmo assim.

—Eu não sou gay menina!

—Tá bem. Se está afim da garota... tá fazendo o que aqui plantado? Vai atrás da mina. Manda umas flores pra ela.

Eu, um vampiro de mais de mil anos de idade recebendo conselhos duma garota de dezessete. Mas, eu conheço Jessica, desde de antes dela nascer. Ela pegou isso da mãe dela.

—Falei sério tio, você tá sempre muito sozinho. 

—Nunca estou sozinho.

—Solitário. Talvez, tenha sido um presente do meu biso que mandou a moça pra tu. A sua companheira.

Só ela para crer que um assalto foi intervenção divina e ver o lado bom daquilo.

—A sua visão de mundo é muito conto de fadas.

—Tio, eu quero que você seja feliz. Não deixe o fato de você ser vampiro, te impedir de chegar na gata. Te impedir de ser feliz.

Ela dizia com sinceridade. Jessica sempre desejou o melhor para todos nós. Sempre foi piedosa.

—Você sempre foi piedosa.

—Piedosa? Eu não to com pena de você não! Acho que você tá sendo trouxa de não achar a sua namorada misteriosa! A sua alma gêmea você só acha uma vez na vida. E você sabe que é ela, aquela pessoa. Você sente no fundo do seu ser. Agora porque que você não larga de ser besta e vai atrás da mina? Compra umas flores, uns chocolate e convida ela pra sair.

Eu ri. Mas, Jessica tinha razão.

—Espera ai, se vai atrás da moça... não vai vestido assim não. Esse uniforme cafona. Vai botar uma roupa legal. Bora lá tio Demitre, vou te ajudar.

Ela fuçou no meu armário.

—Uniforme, uniforme, uniforme. Caramba, cadê as roupas legais?!

Ela catou os uniformes e jogou todos pelo quarto. O quarto virou uma zona.

—Vou botar fogo nessas coisinhas ridículas. Aqui! Achei. Uma roupa mais ou menos. Experimenta e volta aqui pra eu olhar ein?

Quando eu voltei... ela tinha botado fogo nos meus uniformes. Jogou-os todos na lareira que crepitava com suas chamas angelicais azuladas.

—Os meus uniformes!

—Tu não precisa mais disso não. Vamos arrumar uniformes mais bonitos, mais modernos. E com certeza, uma roupa melhor que essa.

Jessica voltou a cavocar o meu armário até encontrar uma camiseta, calças jeans azuis e acessórios. Como um cinto por exemplo.

—Ai. Experimenta.

—Jessie, estamos nisso a horas.

—Experimenta.

Ela não pararia de me azucrinar até eu vestir a roupa. Então, discutir era inútil.

—Minha Nossa Senhora! Tu tá lindo de bonito. Vai arrasar. Se olha no espelho.

Me olhei no espelho e aquela roupa causou-me certa estranheza.

—Preferia o meu uniforme.

—Que nada. Você só se acostumou com aquela coisa. Dá uma voltinha.

Até que não estava ruim. É claro, sou vampiro. Posso usar até um saco de lixo que ainda assim seria belo. A camiseta era cinza com uma estampa qualquer.

—Que estampa é essa?

—Tio, essa camisa é Polo! Uma das marcas mais famosas do mundo! E a calça, é Calvin Klein.

Disse apontando para a parte detrás da peça onde estava escrito com letras estilizadas o nome da marca.

—Agora, tá pronto pra conquistar a bonitona. Quer passar perfume?

—Dispenso.

—Você é que sabe. Ela vai te adorar. Só... seja você mesmo, só que sem as presas. Por enquanto.


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