E mais uma vez era final de semana, assim como mais uma vez já era época das chuvas se tornarem constantes. E em meio a esse tempo cheio de turbulências estava ele, Ushijima. Ushijima um jovem apreciador da arte- esse já estava ficando enjoado de sempre ver as mesmas obras, embora isso não o fizesse gostar menos delas-. Aos finais de semana sempre seguirá a mesma rotina, que já era tão bem conhecida por o segurança e os dois zeladores do museu de arte.

Seria mais um final de semana “normal” com suas idas ao lugar favorito. Ushijima passava pela rua movimentada da pequena cidade, ali se podia ouvir de tudo, desde choro de crianças que queriam um brinquedo negado antes pelos pais até os pombos bicando o chão em busca de alimento. Mas aquele dia foi diferente dos outros, ao dobrar a esquina atrás de seu museu favorito o garoto ouvira uma canção dolorida seguida por pequenos chiados de choro reprimido.

Ignoraria o barulho se não fosse por seu ímpeto de curiosidade. Ao olhar direito para o chão viu ali jogado em meio à lama um quadro – esse que deveria ter sido descartado por alguém do museu, ele ainda com curiosidade agacha-se em frente do quadro, vira o mesmo assim revelando o que nele era pintada.

Ali em meio à chuva mansa e aos berros de crianças e adultos Ushijima viu a coisa mais bela de sua vida.

Era um quadro realmente lindo – embora essa beleza tenha sido vista por poucos- era um garoto alto, pálido de cabelos cor de fogo, quem o olha-se veria uma cara um tanto assustadora, mas para o garoto de cor parda a feição do menino retratado era de uma beleza nunca vista pelo ser humano. O garoto de cabelos flamejantes sentava-se sobre a montanha e observava as nuvens de chuva, uma cena um tanto melancólica. Porém quando olhou mais uma vez viu que nela não estava retratada só um garoto, mas sim sentimentos de um artista.

— Por que és jogado a imunda calçada? – ele apaixonado pela arte pergunta indignado.

— Faltam-me pessoas que saibam apreciar. – ali atirado ao chão, senta-se a pobre obra.

— Como pode a ti faltar apreciadores? És a obra com traços únicos e os mais lindos que já vi, com as exóticas cores mais bem escolhidas, com a mais bela moldura. – ele olhando para baixo vê que a pobre obra suja de lama sorria em meio a lagrimas perdidas- Diga-me teu nome, oh bela arte!

— Satori Tendou és meu nome. Não fui uma obra apreciada quem diria bem entendida. Como pode você cantar palavras pouco conhecidas até pela pessoa que me fizeste?.- olhando para Ushijima, Tendou chorou suas tintas- Não faça de mim uma imagem com uma esperança, sou diferente das outras e agora me encontro perante a sujeira da vida.

Ushijima pegou com delicadeza a pobre obra suja e a olhou fixamente, sabia que ali naquela pintura avia encontrado um amor único e tão pouco entendido pelo homem.

— Provarei meu amor a ti, venha comigo. Voltaremos juntos e farei de você a obra mais feliz do mundo!

— Podes prometer que não serei apenas mais uma decoração para as paredes de seu lar e não deixará de me apreciar mesmo que um dia possa vir a mofar-me?

— Desculpe-me... Não posso prometer, posso vir a deixar-te de lado muitas vezes por conta da correria do dia-a-dia. – ali a obra suspira mais uma vez vendo que não seria muito diferente das suas antigas paredes. - Mas! Cuidarei de ti como meu único amor e serei seu fiel apreciador, pois em você eu vi as mais belas palavras.

— Não és o primeiro a referir a mim palavras tão belas, mas fora o primeiro a me interpretar corretamente. Leve-me contigo para o resto da vida! - Tendou preso a tela sessa o choro e abre o um sorriso, ah! E que sorriso.

As pessoas que ali perto passavam encaravam com estranheza e vez ou outra soltavam comentários nada agradáveis sobre o menino que ali conversava sozinho em frente a um quadro sujo de lama. Mal sabiam eles que naquele dia ao meio da multidão de pessoas Tendou falará mais de mil palavras e Wakatoshi foi o único a ouvi-las.