Uma Aventura no Tempo escrita por Cignus_Tha


Capítulo 3
Seguindo em Frente


Notas iniciais do capítulo

Peggy e Steve finalmente se reencontraram após ele viajar no tempo e conseguiram ficar juntos, após tanto tempo de espera. No futuro, os vingadores tentam se adaptar à nova vida sem seu líder e Natasha encontra dificuldades em aceitar que Steve a deixou para ficar com seu amor do passado.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/780061/chapter/3

Nova Iorque, 2014

Após a fuga bem sucedida da explosão da ex-base da Shield, Steve foi pedir abrigo pra ele e Natasha na casa de Sam. Nick Fury tinha sido bem claro quando lhe disse para não confiar em ninguém e Sam foi a única pessoa em quem ele pôde pensar para ajudar. Não queria envolve-lo nisso, mas sentiu que o rapaz era de confiança e que, para sua surpresa, tinha ficado empolgado com a missão improvisada.

— A casa é simples, mas vocês devem encontrar por aqui tudo o que precisam. – falou empolgado o anfitrião – Podem tomar um banho se quiserem, o banheiro fica bem ali, à esquerda. Só lamento que infelizmente não tenha roupas de mulher aqui, Natasha... Ou alguma que te sirva, Capitão.

— Sam, você já fez muito. Nunca lhe agradecerei o suficiente por tudo.

— Imagina, Capitão, o que é isso! – Sam falou, dando um tapinha nas costas do outro – Fico feliz em poder ajudar e trazer um pouco de emoção pra essa vida monótona de ex-militar. Vou preparar algo para comerem, fiquem à vontade.

Assim que Sam se retirou, Steve foi até Natasha, que pouco tinha dito até então, preocupado com ela. Ela parecia ter ficado bem abalada após quase ter morrido na explosão, ainda mais do que ele. Queria consolá-la, falar algo para acalmá-la, mas simplesmente não sabia como agir. Nunca fora um expert em mulheres, e já havia se habituado a isso, a ponto de não se incomodar mais, porém agora estava aflito, pois ela era a única mulher que fazia ele querer ser melhor do que alguém que gagueja e mal consegue falar uma frase completa quando na presença de uma pessoa do sexo feminino. Já havia notado que recentemente seus sentimentos por Natasha pareciam diferentes, mais fortes do que uma boa amizade, e justamente por isso se odiava por não saber o que fazer na presença dela. Pensava que agir assim fazia com que ela o achasse ainda mais tonto do que ela já imaginava que ele era.

— Acho que um banho vai te fazer se sentir melhor... – foi a única coisa que conseguiu dizer, sem jeito e sem coragem de olhá-la nos olhos diretamente.

Natasha olhou para a toalha e o roupão que ele lhe estendia e que Sam havia entregado a ele com o mesmo olhar enigmático, não permitindo que Steve decifrasse o que de fato ela estava sentindo. A verdade era que nem ela sabia dizer ao certo o que se passava em seu coração neste momento. Tinha muito carinho por Rogers e tinha ficado magoada com ele quando desconfiou de suas intenções no início da missão. Mas o que ele fizera para salvar sua vida há poucas horas atrás lhe deixou surpresa e confusa: o que ela sentia era apenas gratidão ou algo mais? Sem saber como responder a essa pergunta, pegou a toalha e o roupão das mãos do loiro e se dirigiu ao banheiro, deixando um Steve perdido pra trás.

Abriu o chuveiro e começou a despir-se, esboçando caretas de dor ao tirar a calça jeans, devido às contusões da queda. Entrou embaixo da água e ao senti-la molhar sua cabeça, fechou os olhos, tentando relaxar e esperando que juntamente com a sujeira de seu corpo que o sabonete tirava, fosse embora também esse monte de dúvidas que este sentimento inconveniente chamado amor começava a trazer.

Do lado de fora, tudo o que o preocupado Capitão América conseguia fazer era tentar organizar seus pensamentos em meio a todo o caos que se colocava diante dele.  A Shield tinha colapsado, ele não sabia mais com quem contar e para piorar, ainda tinha essa história da Natasha. Tão concentrado estava em seus pensamentos que não viu o tempo passar e assustou-se levemente ao vê-la entrar no quarto vestida no roupão. Tentou não olhá-la diretamente, seria indelicado e inapropriado, mas sentia-se terrivelmente tentado a fazê-lo. Baixou a cabeça envergonhado, como que se desculpando mentalmente com ela pelos seus pensamentos inadequados e caminhou rapidamente para o banheiro.

Natasha sentou-se na cama e começou a secar os cabelos com a toalha. Sentia-se um pouco mais aliviada e calma depois do banho, mas também tinha chegado à conclusão de que a vida passava rápido demais e podia acabar num sopro, com um tiro, ou uma explosão, como a ocorrida mais cedo. Fazia ela ter a certeza que tinha que aproveitar as oportunidades que apareciam, sem pensar muito. E isso deixava seu coração ainda mais apertado com relação aos sentimentos que sentia sobre Rogers, pois tinha medo de fazer o que seu coração mandava.

Parou seus movimentos quando escutou o chuveiro abrir e se levantou, caminhando lentamente em direção ao banheiro, esticando a mão para a maçaneta, fazendo menção de abri-la, mas sem certeza se devia de fato seguir em frente ou não.

— Isso é loucura... – falou afastando-se da porta e balançando negativamente a cabeça, esfregando a mão na testa, como se isso a ajudasse a tirar a ideia absurda de entrar naquele banheiro da cabeça. – Eu podia ter morrido! Ainda posso morrer com toda essa loucura e tudo no que consigo pensar é...

A ruiva parou de falar consigo e olhou novamente para a porta do banheiro. Aproximou-se novamente e suspirou fundo antes de decidir o que fazer.

— Eu ainda posso morrer, certo? – falou uma vez mais, para se convencer.

Abriu a porta devagar e entrou sorrateira, usando toda a habilidade que o treinamento para Viúva Negra lhe ensinou. Steve estava no box, com as mãos apoiadas na parede, cabeça baixa e olhos fechados, deixando a água cair sobre sua nuca. Vendo que ele não notara a presença dela, aproximou-se mais, deixando o roupão cair. Steve só percebeu que havia mais alguém lá além dele quando ela abriu a porta do box de supetão. Ele se assustou mas ela não lhe deu tempo de reagir: se jogou em cima dele, beijando-o de forma urgente. Ficou grata ao ver que ele correspondeu ao beijo, mas pensou que talvez ele pudesse apenas estar agindo por impulso, como a grande maioria dos homens que conheceu e conviveu agia em situações assim. Mas ele não parecia ser como esses homens. Ele era diferente de todos que ela já tinha conhecido. Não a olhava como um simples objeto de decoração e prazer.

Steve não ofereceu resistência, apesar de surpreso, porque sentia vontade de beija-la há muito tempo, e apesar de respeitoso, não perderia essa chance. Ele a desejava e aproveitaria a oportunidade de tê-la em seus braços. Natasha também tinha decidido deixar as poucas dúvidas que restavam dentro dela de lado: se jogaria de cabeça naquele momento da mesma forma que ele demonstrava que faria. O que ela não sabia, no entanto, é que aquela era a primeira vez que ele se entregava a uma mulher.

++++++++++

Nova Iorque, 2023

Pela janela do jato, Natasha olhava com expressão tensa no rosto para o lado de fora, sem mirar diretamente para nenhum dos demais ocupantes. O silêncio ensurdecedor do local não era o som que se esperava ouvir após uma missão bem sucedida, mas a verdade é que ele refletia a frustração de todos os presentes ali. Tudo tinha dado certo, mas por muito pouco não tinha se tornado um desastre.

Sam parecia ser o mais abalado de todos, e mesmo com o apoio dos colegas, a verdade é que ele sabia que as coisas teriam sido diferentes se o Capitão América fosse outro. Ele tentava fazer contato visual com Natasha, mas a expressão fria da Viúva Negra o fazia sentir-se ainda mais arrasado.

Ela sabia que não podia culpa-lo por todos os erros, apenas alguns meses haviam se passado desde a vitória contra Thanos e essa era a primeira missão que os novos Vingadores faziam. Não sairia perfeita, eles ainda não tinham a sintonia do grupo original, mas ela estava certa que com o devido treinamento, chegariam lá. E no fundo, não era a ele a quem ela culpava por isso: era Steve Rogers. E acima de tudo, culpava a si mesma, porque mesmo em um momento como esse, ela só conseguia pensar em porque ele tinha largado tudo pra trás, porque tinha largado ela pra trás. Não conseguia aceitar o fato de que ele tinha escolhido outra vida pra viver que não fosse a que ele tinha antes. E ainda que isso lhe causasse raiva, ela não podia deixar de amá-lo.

— Maldito seja, Rogers... – resmungou para si mesma, ainda olhando pela janela do jato, assistindo a pista de pouso da base se aproximar.

Entraram em silêncio, apenas o ruído dos passos cansados ecoava pelo ambiente. Dirigiram-se todos para a sala de conferência, onde Tony Stark os aguardava virtualmente.

— Eu faria uma festa para comemorar a vitória, totalmente ao estilo Stark se estivesse aí... – falou Tony pela tela – Estão todos de parabéns, concluíram a primeira etapa para desmantelarmos esse grupo terrorista que tanto nos atormentou. Do lado de cá as coisas foram boas também, deu tudo certo. Então, ótimo trabalho pessoal!

O grupo todo se manteve na mesma posição, ninguém falou nada.

— Ei, eu disse “Ótimo trabalho, pessoal”, não vão dizer nada? Eu sei que não elogio muito, mas... Olha só, porque mesmo com vocês ganhando e eu dando parabéns estão todos com cara de velório?

— Obrigada, Tony. – Natasha interrompeu – Estamos cansados, as coisas foram um pouco mais difíceis do que deveriam ter sido, então... – a ruiva falou enquanto olhava para Sam – Precisamos de um banho e repouso.

— E alguém se deu ao trabalho de me agradecer, muito obrigado Natasha! – ironizou Stark – Eu achava que o Cap era chato, mas olha, você como líder está superando ele. – ele riu, antes de finalizar – Costumava ser mais divertida quando trabalhava pra mim, vou pedir à Pepper pra ver se acha alguma vaga pra você.

Se Natasha já estava nervosa antes, ao ouvir a menção ao nome do Capitão, fechou ainda mais a cara. Tony percebeu que o ambiente estava tenso, mas não era político e não estava com a menor paciência para lidar com conflitos agora.

— Ok, princesas, já falei o que tinha pra falar. Tenham uma ótima e divertida noite de sono. Até amanhã! – ele desligou sem nem ao menos esperar pela resposta de Natasha.

— Qual é o seu problema? – Sam falou exaltado, levantando da cadeira e apontando diretamente para a Viúva Negra. A ruiva virou-se na direção dele, arqueando a sobrancelha e cruzando os braços. Vendo que ela nada dizia, ele seguiu – Meu dia já está sendo bem difícil, não preciso de mais um dedo apontado para a minha cara dizendo que eu errei além do meu, obrigado.

— Eu estava apenas agradecendo. – Natasha respondeu, entre dentes.

— E claro que falar que as coisas não saíram perfeitas era parte imprescindível do agradecimento. – Sam ironizou.

— Eu não lhe devo satisfação alguma sobre o que faço e como faço. – ela respondeu alterando o tom de voz, apontando o dedo na direção dele – E que ótimo que você sabe que errou, porque de fato errou mesmo! Quase colocou tudo a perder!

— Mas não coloquei! Nós vencemos no final, deu tudo certo! – Sam gritou de volta.

— Não graças a você! Podíamos ter falhado, alguém podia ter morrido e...

— Chega vocês dois! – Clint gritou e se colocou no meio de Sam e Natasha. E virando na direção dos demais, que estavam apenas observando, prosseguiu – O showzinho acabou, vão procurar o que fazer.

Após a saída de todos, Barton virou-se para Sam:

— Sam, foi um dia difícil para todos nós, estamos com os ânimos alterados. Mas apesar dos erros, você fez um ótimo trabalho. – e colocando a mão no ombro do Falcão, concluiu – Vá descansar.

— Obrigado, Clint. – Sam respondeu, mais calmo – Acho que devia pensar em ser o líder nas próximas vezes. Vou sugerir isso ao time. Parece que ao menos alguém aqui aprendeu alguma coisa com o Steve sobre como liderar as missões. – ele falou olhando na direção da Viúva e se retirou.

— Não fala nada. – Natasha disse ameaçadoramente para Clint, após Sam se retirar.

— Natasha, você precisa se controlar! Está pegando pesado demais. – ele falou sentando na mesa, impedindo a passagem dela com a perna.

— É meu dever extrair o melhor de todos. – ela respondeu, mecanicamente.

— E você acha que essa é a melhor forma de conseguir isso?

— É a única forma que conheço.

— Será que é mesmo? – ele questionou, olhando-a diretamente nos olhos, cruzando os braços.

— Eu avisei que não servia pra ser líder. Sou uma espiã. Tudo o que sei é observar, estabelecer diretrizes, segui-las. Se queriam alguém que pegasse leve, deviam ter contratado um coaching especializado em motivação. Já que me aceitaram, as coisas devem sair do jeito que eu digo.

— Uau! – ele falou balançando negativamente a cabeça – A velha Natasha está de volta... aquela mesma, de antes ainda de Budapeste.

— Não existe velha Natasha ou nova Natasha. Só a mesma Natasha de sempre. – ela desviou o olhar ao responder, mas mantendo o mesmo tom firme.

— Você pode repetir isso quantas vezes quiser... mas ambos sabemos que a verdade é outra. – Clint respondeu, descendo da mesa e se aproximando da ruiva – Tudo o que passamos, tudo o que vivemos em todo este tempo... nos tornou melhores. E isso se deve principalmente a isso aqui, essa família, esses amigos. Pelo menos foi isso que uma amiga me falou, quando eu surtei...

Natasha virou a cabeça para Clint e novamente para frente, sem alterar a expressão, como se ele não tivesse dito nada.

— Você não é a mesma e sabe disso. Está apenas frustrada e eu entendo. De verdade. Mas tem que parar de descontar sua raiva no Sam ou vai fazer com que o resto do grupo segregue e acho que concorda comigo que isso é a única coisa da qual não precisamos. Principalmente em um momento que temos que treinar para melhorar, após uma quase derrota.

— Acho que eu mesma vou falar com o time para te colocar no meu lugar... – ela respondeu irônica.

Clint riu antes de responder:

— Eu não sou um líder. Não mando nem na minha casa.

— E eu sou?

— Aparentemente o melhor líder que tivemos acredita que sim. Ou não teria deixado o barco na sua mão.

— Melhor líder? Será mesmo, Barton? – Natasha falou franzindo o cenho e cruzando os braços, só então virando-se de frente para o Gavião – Um líder que larga tudo pra trás e joga a responsabilidade nas mãos de outras pessoas para reviver um amor do passado é realmente um exemplo a ser seguido?

— Além de arrogante agora você está sendo injusta também...

— Claro, claro... – ela ironizou – Steve Rogers era um santo.

— Não, não era... Mas se tem alguém que tem créditos com esse país e com a humanidade por tudo o que fez, esse alguém é Steve. Ele cumpriu seu dever com louvor e tem todo o direito de buscar sua felicidade.

— Ainda que a felicidade dele impeça a nossa...

— Uma coisa nada tem a ver com a outra. Eu sou feliz, você deveria tentar fazer o mesmo com a vida que ele se esforçou para te dar de volta. Agora está sendo mal agradecida também.

— E você ainda acha que uma pessoa arrogante, injusta e mal agradecida pode realmente ser uma boa líder? – Natasha falou sem alterar o tom de voz.

— Coloque a máscara que quiser, Natasha Romanoff, inclusive essa, de agente durona. Você não me intimida e também não me irrita com suas provocações. Te conheço bem demais, você não me engana... – Clint falou sério, olhando-a nos olhos uma vez mais – E se quer um conselho...

— Não quero... – ela interrompeu, virando-se, olhando para onde estava antes, de costas pra ele.

— Mas eu vou dar mesmo assim... – ele interrompeu ela também – Aceite as coisas como são e principalmente como estão. Busque sua felicidade em outras coisas. Assim como ele, e como o resto de nós, você também merece ser feliz.

O Gavião saiu e deixou a Viúva Negra pensativa pra trás. Várias coisas passavam em sua cabeça ao mesmo tempo e ela sentia-se estúpida ao lembrar-se principalmente da primeira tarde de amor com ele, no chuveiro da casa do Sam. E sentia-se assim porque aquele teria sido o momento que mudaria sua vida pra sempre se ela tivesse reagido de forma diferente com ele. Se ela não tivesse sido medrosa, se tivesse investido... talvez agora ele fosse seu presente e não uma lembrança doce do passado.

Ela sabia que Clint tinha razão. O que ela não tinha conhecimento até aquele momento, porém, é que sua felicidade estava tão ligada à presença de Rogers ao seu lado. E por isso a irritava profundamente as lembranças dos momentos que passaram juntos ser tão recorrente nos últimos meses, porque aquilo a lembrava de coisas boas que ela sentiu mas que não teria mais. Mas ela tinha que seguir em frente. Ficar presa ao passado era uma característica de Rogers e não dela. Ela sempre pensou pra frente, no futuro. E se a felicidade dele era voltar pra trás, a dela poderia estar adiante.

— Muito bem, Romanoff. – falou pra si mesma – Hora de voltar a ser a Viúva Negra.

++++++++++

Nova Iorque, 1948

Na sede da Shield, o burburinho no grande salão estava alto. Todos conversavam entre si, perguntando o que de tão importante teria acontecido para que Howard Stark convocasse uma reunião urgente e às pressas.

Peggy e Howard entraram antes para organizar tudo. Conversavam no pequeno palanque que tinha no salão entre si, repassando todo o discurso elaborado por ele para informar a todos a versão oficial sobre o retorno do Capitão América. Steve ficou no carro com Jarvis, aguardando até que não houvesse ninguém no escritório para que ele pudesse entrar.

— Muito bem, muito bem... – Howard falou no microfone, chamando a atenção de todos para si, que instantaneamente se calaram, atentos ao que ele tinha a falar – Sei que estão todos ansiosos para saber o que tenho a dizer e não sou de rodeios, então, vou direto ao ponto.

— O que ele inventou dessa vez? Uma máquina de teletransporte? – ironizou um dos agentes, cochichando com outros.

Peggy os repreendeu com o olhar de cima do palanque, mas os homens não se importaram.

— Como todos sabem, ganhamos a guerra, porém, não sem dor. – prosseguiu Stark - Tivemos e ainda estamos tendo muito trabalho para reconstruir tudo o que foi destruído e estamos progredindo bem neste sentido. Porém, o que jamais será recuperado são as vidas de todos aqueles que se sacrificaram para que essa vitória pudesse acontecer.

Todos se entreolharam e baixaram a cabeça. Apesar de alguns anos terem passado, a guerra ainda era uma memória recente que trazia dor, já que praticamente cada uma das pessoas daquela sala havia perdido alguém nos campos de batalha.

— Todas as vidas são inestimáveis e cada uma tem o seu valor, sem sombra de dúvida. Porém, uma perda em especial foi mais sentida que as demais, pois foi sentida por cada um de nós, que de certa forma nos sentíamos parte da família deste grande homem. – Stark suspirou antes de continuar – Sim, estou falando de Steve Rogers, nosso Capitão América.

O burburinho recomeçou e alguns já reclamavam, considerando tudo aquilo perda de tempo uma vez que aquela não era nenhuma data especial que merecesse comemoração. O empresário tratou de retomar a palavra brevemente, para evitar que aquilo virasse uma confusão.

— Não quero ensinar história a vocês. E sei que todos aqui neste salão conhecem de cor os detalhes do sacrifício que o Capitão Rogers fez ao se atirar naquele mar congelado com o avião para evitar que as bombas da Hidra destruíssem nosso país. É do conhecimento de todos também que o capitão foi declarado morto, mas que o corpo dele nunca foi encontrado. O que vocês não sabem, no entanto, é que nossos esforços nas buscas nunca cessaram...

Ao ouvirem a última frase, todos pararam de falar e fez-se um silêncio absoluto. Todos os olhos grudados no que Howard Stark tinha a dizer que ainda não tivesse dito exaustivamente sobre aquele assunto.

— Eu os chamei aqui para dizer que após três anos de trabalhos intensos, nós finalmente localizamos o Capitão Rogers. Mas não se preocupem! Não vamos ter nenhuma cerimônia de velório ou enterro simplesmente porque não há um morto para ser lembrado. E eu poderia explicar a vocês a razão pra isso, mas acho que tem uma outra pessoa que pode fazer isso melhor do que eu.

Ao dizer isso, as portas do salão se abriram e ninguém podia acreditar no que seus olhos viam: Steve Rogers, em carne e osso.

Ele engoliu seco e ajeitou a gravata do uniforme militar que vestia enquanto tomava coragem para seguir seu caminho até o palanque, até o seu retorno como Capitão América. Podia dizer que estava tão ou mais nervoso que quando saiu da máquina de raios vita que lhe deu poderes suficientes para realizar seu grande sonho: ajudar aqueles que precisavam e lutar por seu país.

Olhou uma vez mais para o palco e seu olhar cruzou com o de Peggy, que acenou com a cabeça positivamente e sorriu, incentivando-o a seguir em frente. O olhar dela lhe deu forças e ele enfim conseguiu saiu do lugar, seguindo a passos lentos porém firmes, até se posicionar entre Carter e Stark. Respirou fundo antes de iniciar seu discurso, seguindo a versão criada por Howard e que seria a única versão oficial de seu reaparecimento. Olhou todos aqueles homens, surpresos, ávidos por alguma explicação, repassou mentalmente uma vez mais o que ia dizer e começou:

— Sei que estão todos confusos... Acreditem, eu também estou. Mas tudo será esclarecido após o que tenho para lhes contar.

E assim, Steve discursou por alguns minutos, explicando que tinha ficado congelado por todo este tempo, até ser resgatado pela equipe de Howard Stark, que o manteve inanimado até criar uma máquina que tivesse capacidade de descongelá-lo sem mata-lo. O esforço do equipamento foi tal que acabou por destruí-lo, porém, foi eficaz para trazer o Capitão América de volta à vida.

Sousa retornou ao escritório no mesmo momento em que Steve fazia seu discurso. Estava feliz pois após muita insistência, finalmente conseguiu reservar uma mesa no restaurante mais romântico de Manhattan. Carregava um buquê de rosas vermelhas em suas mãos, as favoritas de Peggy.

Chegou ao prédio da telefonia e estranhou o aviso de “Fechado” na porta. Entrou e notou que nem mesmo as operadoras estavam ali. Isso nunca tinha acontecido antes, o que fez com que o agente deduzisse que algo muito grave devia ter ocorrido. Tentou não seguir sua intuição, preferindo acreditar que a sorte enfim estava sorrindo pra ele: não teria que explicar o porquê das flores para aquelas moças fofoqueiras.

Chegou ao andar no qual trabalhava e a intuição gritou mais forte: também o escritório estava vazio. Aproximou-se da mesa de Peggy, onde pensou que seria bom deixar as flores, mas sem o cartão que ele havia escrito, para surpreendê-la mais tarde. Sorriu, enquanto deixava o buquê em sua mesa, imaginando qual seria a reação dela. Imaginou que seria positiva, se levasse em consideração o que viveram durante as férias dela na Califórnia, os melhores dias da vida dele, que infelizmente sua covardia foi incapaz de manter e prolongar. Suspirou pensando no quanto seu sentimento de inferioridade já tinha o prejudicado em relação a ela, no tempo que ele já tinha perdido. Retomou a confiança ao relembrar seu plano: isso foi passado, nunca mais seu medo lhe impediria de conquistar a mulher que amava.

Seu pensamento foi interrompido pelo som distante de um microfone. Sousa se esforçou para tentar identificar de onde vinha o som e rapidamente deduziu que só havia uma possibilidade. Com o cartão das flores de Peggy ainda em mãos, pegou o elevador e partiu em direção ao andar inferior, onde localizava-se o salão de conferências da Shield. Notou que o som aumentava à medida que se aproximava, mas não conseguia identificar a voz de quem falava. Uma ligeira interrupção se fez e na sequência outra pessoa começou a falar. Mas esse ele conhecia bem: era Howard Stark que discursava.

Acelerou o passo conforme pôde. Se Stark havia juntado todos logo pela manhã, algo muito sério realmente tinha acontecido. Chegou na porta e abriu-a devagar, não queria atrapalhar o que quer que estivesse acontecendo ali dentro por chegar atrasado. Pela fresta, pôde ver Peggy no palanque, no canto à esquerda. Não pôde conter um sorriso ao olhá-la. Não sabia o que era, mas de fato ela estava linda naquela manhã. Ela parecia feliz, pois sorria, algo não muito comum, principalmente quando dentro da Shield. Viu que ela olhava admirada para quem estava ao centro do palanque, mas não parecia ser para quem discursava. Abriu a porta um pouco mais, apenas o suficiente para que ele entrasse, mas sem visualizar o palco diretamente. Encontrou na última fila um assento, o que era ótimo, assim seria mais fácil ser discreto.

— E então, alguém tem mais alguma pergunta? – Howard perguntou, porém dessa vez, ninguém se manifestou – Muito bem, então. Sei que estão todos muito ocupados, e não pretendo tomar mais o tempo de nenhum de vocês. Também sei que tem várias missões em andamento, algumas bem complicadas. Mas o importante, é que agora vocês também sabem que terão reforço extra, para o que precisarem, afinal, o Capitão América está de volta.

Sousa ainda se ajeitava no assento enquanto ouvia o fim do discurso de Howard Stark. Deixou sua muleta cair no chão ao ouvir a última frase, porém ninguém notou, pois os presentes estavam comemorando, se abraçando e aplaudindo a ótima notícia de que o grande herói nacional admirado por todos enfim tinha retornado. Só então ele olhou para o palco e notou que havia uma terceira pessoa ali, além de Stark e Peggy. E sentiu uma facada no peito ao ver que o olhar carinhoso que Peggy dirigia era para Steve Rogers. Ele nunca tinha o conhecido pessoalmente, mas o reconheceu das fotos de registros da Shield e de notícias de jornal. E aqueles poucos segundos foram suficientes para ele perceber que tinha perdido o jogo de vez. E isso nada tinha a ver com seu sentimento de inferioridade. Por mais que confiasse, por mais que fizesse, ele sabia que havia apenas uma pessoa com a qual ele não poderia competir, pois jamais teria chance: e esse alguém era Steve Rogers, o Capitão América.

Pegou a muleta do chão e levantou-se lentamente, tentando sair sem chamar atenção. Não seria difícil, ser invisível era algo comum pra ele. Caminhava sem saber direito para onde ir. Ainda se sentia atordoado, era muita informação para processar. Ele precisava de ar puro. Apertou desesperadamente o botão do elevador, queria sair dali o quanto antes, sem precisar se encontrar com ninguém. Voltou ao escritório, ainda vazio, e andou o mais rápido que pôde em direção à saída, não sem antes pegar o buquê da mesa de Carter e jogá-lo no lixo mais próximo que encontrou.

Quando finalmente chegou na rua, rasgou o cartão que havia escrito em mil pedacinhos, com raiva e jogou-os no chão. Assistiu o vento levar cada um deles pra longe e com eles, sua esperança de enfim ficar com Peggy Carter.

++++++++++

Dentro do auditório da Shield, Stark, Carter e Rogers conversavam entre si, após o último agente se retirar, depois de ter cumprimentado o famoso Capitão América.

— Muito bem, podem me agradecer. Meu plano foi perfeito, ninguém desconfiou de nada. – Howard falou sorridente ao que Peggy apenas revirou os olhos.

— Muito obrigado, Stark. – Steve disse agradecido, colocando a mão no ombro do outro.

— Viu só, Carter? Ele sabe ser grato. – Howard cutucou a agente que balançou a cabeça em negação antes de responder.

— Quer alguma forma de agradecimento especial, Sr. Stark? Por favor, não responda... – ela respondeu à própria pergunta, antes que Howard fizesse algum tipo de comentário inconveniente.

— E você, Capitão América? Pronto para retornar à vida de herói?

— Estou pronto para ajudar no que for necessário. – Steve respondeu.

— Quanta humildade... – ironizou Stark – Vamos ver quanto tempo consegue manter a modéstia, agora que além de herói, é também uma celebridade.

Steve ia retrucar, mas Stark o puxou de canto, trazendo-o próximo de si e virando-o de costas para Peggy:

— Aliás, se quiser, posso te apresentar vários dos melhores lugares de Manhattan, para que possa te atualizar do que perdeu neste tempinho em que ficou fora... – ele falou piscando.

— Te agradeço, Stark. – Steve respondeu confuso, sem entender o duplo sentido do comentário do outro.

— Ora, isso não será trabalho algum, meu amigo! Principalmente se você me deixar fazer a gentileza de organizar sua agenda e selecionar as moças que adorariam mostrar sua gratidão ao Capitão América e sua felicidade pelo retorno dele.

Steve ruborizou no mesmo momento, entendendo finalmente o que Stark quis dizer. E embora não estivesse vendo, podia sentir o olhar fulminante de Peggy sobre eles. Sim, ela tinha ouvido o que Howard disse.

— Não julgue os outros por si mesmo, Sr. Stark. – Peggy disse, puxando delicadamente Steve de volta para o seu lado.

 - Ora, Peggy... – Stark riu, ao perceber os ciúmes que ela não fez questão alguma de esconder – É justo que o homem tenha um pouco de diversão após ter retornado do mundo dos mortos.

— O único morto será você se leva-lo para qualquer uma de suas aventuras pecaminosas com alguma de duas amiguinhas despudoradas. – Peggy falou ameaçadoramente para Stark enquanto se reaproximava dele, em um tom mais baixo.

Ela retornou para o lado de Steve e caminhou pra sair dali, fazendo-o caminhar também.

— Venha, Steve, vou te mostrar nossas dependências e mostrar aonde pode ficar para analisarmos as missões atuais.

Stark ficou pra trás, assistindo-os partir enquanto ria e falava pra si mesmo:

— Meu amigo... Você mal voltou e já está perdido...

++++++++++

Sousa ainda estava do lado de fora da Shield, sem coragem de voltar pra dentro. Sem coragem de encarar Peggy. Estava quase partindo e pensando em uma desculpa qualquer para tirar o dia de folga quando foi abordado por uma voz que ele conhecia bem:

— Agente Sousa, há quanto tempo!

— Sr. Jarvis... – ele respondeu sem ânimo algum.

Jarvis estava empolgado como todos com o retorno do Capitão América e levou alguns segundos para entender o motivo de Sousa não compartilhar da mesma felicidade. Era óbvio que o motivo era Peggy. Era óbvio que ele ainda tinha sentimentos por ela. O mordomo sentiu-se compadecido e permaneceu em silêncio. E foi o próprio Sousa quem quebrou o gelo.

— Aguardando o Stark?

— Sim, ele... bem, ele veio fazer um pronunciamento importante hoje e...

— Jarvis, Jarvis... – Stark chegou interrompendo – Vamos rápido que eu preciso ir ao carro para pegar algumas coisas. Agente Sousa, prazer em revê-lo.

Sousa apenas acenou com a cabeça enquanto assistia os dois partirem. Respirou fundo e decidiu entrar novamente, porém, ao virar-se quase trombou com Peggy e Steve, que vinham logo atrás.

— Daniel... – ela falou sem graça – Estava te procurando. Queria te apresentar, este é...

— Steve Rogers, eu sei... – ele falou sem muito entusiasmo, mas tentando ser educado – É um prazer poder conhece-lo, Capitão. Peggy sempre falou muito bem de você. – ele completou e esticou a mão, cordialmente.

Steve reconheceu o agente como sendo o rapaz com quem Peggy conversava no restaurante, no dia anterior. Olhou rapidamente para ela e para ele, percebendo o clima tenso que tinha se formado ali. Estendeu a mão, cumprimentando o agente de volta, mantendo uma sobrancelha erguida, o que mostrava que ele também não estava confortável.

— O prazer é meu. – limitou-se a responder o loiro, seco.

— Bem, eu... Preciso resolver alguns assuntos... – Sousa falou, enquanto preparava-se para sair – Se me dão licença...

Peggy abaixou a cabeça e Steve a olhou, ainda com o cenho franzido.

— Quer dizer então que... vocês dois... – ele questionou.

Peggy lhe dirigiu uma mirada assustada e revirou os olhos, balançando a cabeça negativamente.

— Venha, precisamos conversar.

Ela trouxe ele pra dentro, para uma das salas reservadas da Shield e fechou a porta. Steve apoiou-se na mesa, cruzando os braços e os pés, deixando os ombros caírem e mantendo o olhar baixo. Ele estava decepcionado, e Peggy podia ler isso pela expressão dele. Aproximou-se devagar, com as mãos pra trás, e quando ficou diante dele, baixou a cabeça, tentando fazer contato visual.

— Steve... – ela chamou, fazendo com que ele levantasse os olhos para olhá-la, mas ainda permanecesse com a cabeça baixa. Ela respirou fundo, tomando coragem para contar a ele tudo o que aconteceu. Não seria fácil, mas seria ainda pior mentir pra ele. E isso ela não faria.

— Quando o avião caiu e você... bom, quando todos achamos que você tinha morrido, passei por um período muito difícil. Foi um luto de mais de um ano, e só Deus sabe o que passei. Se não fosse por Stark, Jarvis e Sousa, teria sido muito pior. – vendo que ele ainda permanecia na defensiva, ela se aproximou mais, buscando a mão dele – Você se lembra de como era difícil uma mulher ocupar a posição que eu ocupava no exército e pode imaginar como foi quando a guerra acabou e eu perdi minha utilidade, me resumindo a uma secretária que se deitou com cada oficial que conheceu e que era a amante oficial do Capitão América.

Ao ouvir essas palavras, Steve levantou os olhos e mudou a feição para preocupado. Vendo que agora tinha a atenção dele, ela continuou.

— Várias coisas aconteceram e eu consegui novamente provar meu valor, porém minha vida pessoal era inexistente e meu coração estava em frangalhos.

— Você sempre foi uma mulher admirável, Peggy. – ele comentou, já mais calmo e segurando a mão dela de volta. A morena sorriu e continuou:

— Foi muito difícil, mas eu precisava superar. Você não ia mais voltar e eu tinha que seguir em frente. Sei que isso é o que gostaria que eu fizesse. – ele não interrompeu, então ela prosseguiu – Sousa sempre demonstrou muito carinho por mim, mas eu nunca lhe dei abertura. E ele sempre foi muito respeitoso, nunca forçando nenhuma situação. Eu sempre tive apreço pelo agente Sousa, mas não neste sentido. No entanto, houve um tempo em que ele se transferiu para a Califórnia e eu fui escalada para ajuda-lo com uma missão.

Ela notou que ele ficou tenso novamente, mas tinha que continuar.

— Ficamos muito próximos durante o processo, ele me ajudou muito e... eu achei que podia ser que... enfim. Achei que ele podia ser uma chance de recomeçar. Dessa forma, quando finalizamos a missão, eu deveria voltar para Nova Iorque, mas optei por ficar com ele e tirar um período de férias. - Steve franziu o cenho e apertou a mão dela involuntariamente enquanto ouvia – Ficamos juntos durante este curto período e tivemos um romance...

Steve soltou a mão dela e se dirigiu para a janela que dava para fora do prédio. Deu um leve soco na mesa e abaixou a cabeça novamente. Ele sabia que não tinha esse direito, mas não era agradável escutar que outro homem beijou sua Peggy enquanto ele não estava por perto.

— ... mas não deu certo. – ela seguiu falando, fazendo com que ele olhasse para o lado, mas não na direção dela – Eu percebi que não poderia fazê-lo feliz já que meu coração ainda era de outra pessoa. Então, achei melhor seguir em frente... me concentrando em meu trabalho e...

Ele se aproximou dela e segurou seu rosto entre suas mãos, beijando-a em seguida. Era a forma de se desculpar por ter sido egoísta e ela entendeu. Colocou as mãos sobre as dele e aprofundou o beijo.

— Caham... – Stark pigarreou atrás dos dois, fazendo com que se separassem e Steve ruborizasse ainda mais do que da primeira vez.

— Que postura inadequada para o ambiente de trabalho... – ironizou, balançando a cabeça negativamente – Ainda mais pra você, Capitão, no primeiro dia de retorno às atividades... que exemplo.

— Stark, eu... – Steve tentou se justificar enquanto Peggy ria.

— Bem... Mas como eu sou um ótimo chefe...

— Companheiro de trabalho. E sócio. – Peggy corrigiu.

— Sim, sim, que seja... – Stark prosseguiu – Enfim, eu vim até aqui pra trazer suas ferramentas de trabalho, Capitão Rogers... – Howard falou enquanto abria sua enorme maleta na mesa, mostrando o uniforme totalmente restaurado do Capitão América e Jarvis, ao seu lado, segurava seu escudo - Bem vindo de volta oficialmente, Capitão.

++++++++++

2015, ex-base remanescente da Hidra, em localização desconhecida

Um dos agentes da base, responsável pela guarda do cetro de Loki, que continha a joia da mente, olhava impacientemente para o relógio. Já passava e muito da hora do próximo vigia entrar e nada. Mexeu nervosamente no cabelo quando escutou passos apressados.

— Já era hora, novato. – resmungou para o outro.

— Me desculpe, eu estava atrasado.

— Não se atrase mais. – falou o homem emburrado, saindo sem ao menos se despedir.

— Idiota... – o atrasado falou para si mesmo.

Aguardou alguns minutos e, ao notar que ninguém se aproximava, olhou pela pequena janela da porta que guardava e observou o receptáculo no qual se encontrava o objeto que tanto almejava do lado de dentro. Não podia vê-lo, mas conseguia sentir sua energia.

Usou seu crachá para abrir a porta e caminhou vagarosamente até ficar bem próximo do objeto. Esticou a mão para abrir a caixa onde se encontrava o báculo quando seu rádio transmissor tocou.

— McLean, na escuta?  - a voz do outro lado perguntou.

— Na escuta, prossiga. – respondeu o vigia, revirando os olhos impaciente.

— Pegue a maleta a traga aqui, o Strucker solicitou. Imediatamente.

— Entendido. A caminho.

O vigia pegou a maleta com o báculo e se dirigiu até a sala onde estavam o cientista que havia chamado pelo rádio e o Barão Von Strucker. Já havia analisado aquele local milhares de vezes e repassado mentalmente o plano de fuga. Não foi difícil se infiltrar e conquistar a confiança de todos para ficar próximo do báculo. Com uma vida falsa, de histórico totalmente convincente, ninguém desconfiou de nada. Seria ainda menos difícil escapar dali com ele. Já se preparava para executar seu plano, porém, enquanto se aproximava, um diálogo lhe chamou a atenção:

— Nickolas, assim que estiver com a maleta, leve-a até a sala 9. Vamos iniciar os experimentos.

— Será hoje então, Sr.? – perguntou o cientista.

— Sim, Nickolas. Vamos iniciar os testes nos gêmeos. Acredito que dessa vez seremos bem sucedidos.

— E o que o faz ter essa certeza?

— Eles são especiais. Acredito que ficarão ainda melhores quando finalizarmos.

O vigia ainda estava parado com a maleta na mão e só então foi notado pelos demais.

— Pode deixar a maleta aí. – falou Strucker de forma seca. Ao ver que o outro não a soltou e permanecia na mesma posição, aumentou o tom de voz – Está surdo, rapaz? Falei que pode deixar aí.

— Oh, mil perdões, senhor. – o vigia respondeu, fingindo estar amedrontado – Deixou a maleta no chão e se virou.

Saiu vagarosamente e fechou a porta atrás de si. Olhou pra trás e sorriu, vendo seu reflexo na janelinha da porta o olhando de volta, com aquela expressão tão característica do deus da trapaça.

— Isso parece interessante... – falou pra si mesmo – Parece que haverá uma mudança de planos.

++++++++++ CONTINUA ++++++++++


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E saiu o novo capítulo! Peggy e Steve só love e Natasha descontando em todo mundo a raiva por ele não estar com ela. Será que alguém consegue domar a fera? Só lendo pra saber! =) Até a próxima!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Uma Aventura no Tempo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.