Dia de outono. Uma borboleta fêmea vai para a sua árvore favorita.

Ela estava para dar a luz a vários filhotes. Seu marido morreu um dia antes.

A borboleta-mãe estava nos seus últimos dias de vida. Antes de morrer, ela colocou uma dúzia de ovos.

Para cada um dos ovos, ela pensou nos momentos e nas tribulações que ela teve que passar pra chegar até a árvore.

Logo depois de colocar seu último ovo, ela cai da árvore.

Agora a borboleta-mãe não era nada exceto um corpo sem vida.

Alguns dias depois, seus filhos nascem. Sabendo que eles não tinham mais uma mãe para cuidar deles, cada um teve que lidar com sua própria vida.

As lagartas se separam, e tentam sobreviver na perigosa, mas desafiante natureza. 

Cada uma delas possuem apenas dois objetivos: Comerem todas as folhas e não serem comidas pelos outros animais. Apesar da tarefa relativamente fácil, a sorte pode variar de lagarta pra lagarta.

As lagartas tem vários inimigos, porém os mais perigosos são os pássaros. Embora eles possam ser um deleite para os olhos humanos, para os olhos da lagarta eles são monstros, demônios que possam ter vindo do lado sombrio da natureza.

A cada dia que passa, as lagartas tentam sobreviver ao lado negro da natureza. Algumas usam de sua esperteza pra sobreviver. Mas outras não. Elas são devoradas pelos pássaros, que não fazem isso por mal, mas porque eles não são tão diferentes das lagartas.

Todos os animais, sem exceção, são leais a apenas duas leis - Comer, e evitar ser comido a qualquer custo. Os pássaros tinham várias presas pra comer, mas eles também tinham que lidar com seus próprios demônios.

As lagartas eram um caso especial, pois elas são um dos poucos animais que tinham um dos presentes mais belos da natureza - A metamorfose dinâmica.

As lagartas não continuam lagartas. Quando elas nascem, elas já são destinadas a se tornarem borboletas quando se tornarem adultas.

Mas para isso, as lagartas devem sobreviver aos perigos que a natureza ronda. Acima de tudo, elas devem se alimentar bem, porque como todo bom animal que se preze, a alimentação é aquela que dá energia ao ser vivo, para que ele possa sobreviver.

Só que nem todas sobrevivem. As vezes, o desejo de seguir o destino faz com que as lagartas tenham uma vida prematura.

O tempo passa. Das doze lagartas, apenas seis sobrevivem.

Chega o inverno. Após as lagartas terem comido o suficiente para se manterem no mais frio inverno, elas tecem seu próprio casulo.

Enquanto elas tecem, elas pensam: "Será que um dia eu vou me tornar uma grande borboleta? Mas e se eu não sobreviver? E se eu morrer antes que minha transformação se complete?"

Felizmente, o inverno é mais tranquilo, se comparado com o mais agitado outono. Todos os pássaros já voaram para o sul, e as lagartas podem ficar mais tranquilas.

Mas ainda assim, elas tem um novo, mais potente inimigo - O frio do inverno. Será que seus casulos irão resistir as temperaturas congelantes?

Durante todo o inverno, as crisálidas tentam resistir ao frio. Enquanto isso, outros animais sobrevivem: As formigas aproveitam o inverno para se divertirem, já que durante o outono elas ficaram trabalhando e trabalhando como se fossem empregados. Já as cigarras tentam se aproveitar delas, com resultados variados. Algumas formigas tinham pena delas, mas outras, furiosas, as expulsaram, temendo que as cigarras possam se aproveitar da generosidade delas. 

O tempo passa. Agora só o destino selará a vida de todos os animais.

A primavera chegou. Agora todos os animais saem de suas tocas para aproveitar o primeiro dia da primavera.

Das seis crisálidas, apenas três sobrevivem. As outras não sobreviveram ao frio congelante e morrem.

As três crisálidas saem de seus casulos e finalmente se transformam em borboletas. Elas saem de sua árvore para enfim voarem para um jardim.

Agora seus objetivos eram outros. As borboletas não podiam mais comer, exceto chupar o pólen das flores. Seu tempo de vida era limitado, com dois destinos diferentes: A morte pelos predadores, ou a morte pela velhice.

Então as borboletas não tinham outra escolha, exceto viver a vida tentando conseguir pólen para comer, e ao mesmo tempo beneficiando as flores que futuramente servirão de alimento para outros animais.

O tempo passou, e cada uma das três borboletas continuaram vivendo as suas próprias vidas. Eventualmente elas começaram a se acasalar e criarem seus próprios filhos.

E com isso, o ciclo da vida continua. Ovos se tornam lagartas, e lagartas se tornam crisálidas. Crisálidas viram borboletas que poem os ovos novamente. Apesar da vida limitada que as borboletas tem, haverão sempre outras que continuarão o seu trabalho, porquê elas são importantes para a natureza, não apenas enfeitando a paisagem, mais cuidando das flores para que elas  se tornem mais bonitas.

E esse é o conceito de metamorfose dinâmica: A transformação de um animal em outro, enquanto este ganha um novo papel para colaborar com a natureza.