Aquele com quem a Morte conversa escrita por Kemur


Capítulo 4
O Informante


Notas iniciais do capítulo

Eis o penúltimo capítulo, espero que gostem.
Boa leitura.



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Wolf e eu então continuamos a entrar mais fundo no laboratório. Vieram alguns caras armados para cima da gente, mas se aqueles armadurados eram quem supostamente deviam ter nos parado, então eles já haviam perdido essa batalha. Pouco a pouco nós íamos chegamos até nosso objetivo e cada vez mais nosso caminho ficava sujo de sangue inimigo. Até que enfim, chegamos numa sala pequena com um computador cujo monitor era enorme e na frente havia uma cadeira giratória com alguém sentado.

— Nem precisamos dizer para você se render, né? – pergunto, enquanto nos aproximamos.

— Se colaborar, no mínimo você morre rapidamente. – Wolf completou.

Normalmente esse tipo de ameaça funciona de primeira, mas não houve resposta dele. Wolf então gira a cadeira e temos uma surpresa, a cabeça da pessoa ali sentada caiu e rolou no chão.

— Merda. – Wolf reclama.

— Sabiam que a gente ia vir.  – digo, enquanto tiro o corpo da cadeira e me sento. — Vamos ver se descobrimos algo.

— Cuidado para não ativar uma...

— Bomba? – interrompo Wolf ao notar que já havia um bomba ativa. — Um minuto!

— Eu avisei! – Wolf e eu começamos a correr até a janela a mais próxima.

Ao saltarmos pela janela, Wolf agarrou meu ombro e usou sua magia de troca para colocar em nosso lugar uma caixa d’água e um ar condicionado que estavam no prédio a frente do laboratório. Por pouco não fomos pegos na explosão.

— Esses miseráveis pensaram em tudo. – reclamo.

— Devem estar preparados para próximos ataques. – Wolf diz. — Melhor nos separarmos dessa vez.

— Quem são os próximos? – pergunto, concordando com a decisão.

— Mahiro Akechi, o informante e a Gangue da Carpa. – ele responde com uma expressão pensativa. — Vá atrás do informante, aquela namorada dele me dá nos nervos.

— O grande herói da justiça está com medo de uns fantasmas? – zombo dele.

— É justamente por eu não conseguir vê-la sem uso de magias que eu não consigo suportar ela. – ele responde irritado, mas logo. — E venhamos e convenhamos, o Batman tem medo de morcegos.

— Você tem um ponto. – solto uma leve uma leve risada. — Se cuida cara.

— Você também.

— Deveria ficar feliz por mim caso eu morra. – reclamo e começo a me afastar dele. — Mas caso eu sobreviva, vê se não morre.

— Pode deixar. – ele começa a andar na direção oposta e então nos afastamos um do outro.

...

— Nada mais lindo que a amizade entre dois homens. – ele sorri.

— Nunca deve ter tido amigos, não é? – pergunto irritado.

— Na verdade, eu tive alguns. – uma resposta seca. — Entre todos eles, dois se destacavam. Um deles foi quem me mostrou coisas sobre o mundo fora de onde eu vivia, graças a ele eu tive o desejo de conhecer outros países e aprender sua cultura e costumes.

— E o outro?

— Me traiu. – escutar aquilo doeu na minha alma. — Não o culpo por fazer aquilo, eu estava fora de mim. Fiz escolhas erradas e não dei a atenção para aqueles que careciam dela. Minha morte era inevitável, mas ele me fez se suicidar ao invés de tirar minha vida, pois eu devia pagar pelos meus pecados com minha própria vida e não perder ela para alguém.

— Era um espadachim? – pergunto.

— Sim, ou algo do tipo. – ele responde. — Continue a história, por favor. Não é de mim que viemos falar.

— E por que começou a falar?

— Carência, talvez.

— Você é estranho.

— Você conversa com a Morte, eu não sou o estranho aqui.

— Você é um miserável.

— Obrigado. – eu já mencionei que odeio esse cara?

...

Após me despedir de Wolf, fui até o centro de Ikebukuro. Lá estava sempre cheio e movimentado, não é atoa que tem quem diga que essa cidade não dorme. Porém, até mesmo no mais reluzente dos castelos, sempre haverá uma masmorra sombria onde as piores coisas no mundo se encontram e era lá onde eu estava.

A princípio, o lugar se parecia com um prédio de apartamentos caros. Algo bem comum para falar a verdade, mas o problema era que em um desses apartamentos havia um escritório do informante mais “confiável” de Ikebukuro, seu nome é Mahiro Akechi. Ele trabalha com todo tipo de informação, inclusive, informações sobre qualquer coisa relacionada a magia, pois aparentemente ele é algum tipo de feiticeiro.

— Desculpa, mas tô entrando. – digo após chutar a porta.

— Ora, se não é Shiro Kagerou. – a voz dele ecoa do andar de cima do apartamento. — O que devo a gentileza?

— Tenho negócios à tratar com você. – respondo, enquanto me sento na cadeira favorita dele.

— Sempre mal educado. – ele sorri, enquanto desce as escadas. — Aceita uma cerveja?

— Tem whisky?

— Infelizmente, não.

Acho incrível que todo mundo que me convida para beber ou quer tomar mijo de cevada ou suco de uva alcoolizado. No pior dos casos eles me chamam pra tomar café, mas nunca me oferecem whisky.

— Então, sobre o que quer falar? – ele pergunta após me jogar uma lata de cerveja. — Seja rápido, pois estou resolvendo negócios de minha mudança.

— Está fugindo de alguém? – pergunto curioso.

— Não, apenas fiz um último bom negócio aqui. Agora eu e Kimiko vamos apostar mais alto, em outro país. – vejo dois braços pálidos abraçando Mahiro por trás. Tratava-se de Kimiko Akatsuki, o fantasma da namorada morta dele, uma garota de cabelos brancos e olhos vermelhos que foi caçada por exorcistas devido sua descendência demoníaca.

— Esse último grande negócio, foi com Kagutsuchi?

— Alguém tão bem informado não deveria procurar um informante. – ele ri. — Mas sim, foi com eles.

— E o que ganhou disso? Ou melhor, o que eles ganharam disso?

— O que vai me dar em troca por essa informação? – nos encaramos seriamente.

— Ei, Mah. – disse a fantasma. — Não gosto como ele te encara. Eu não permitir que ele me roube de você.

— Não se preocupe, Kimi. Ninguém vai me tirar de você. – ele acaricia a cabeça da fantasma.

Uma coisa interessante sobre Kimiko é que ela presa no mundo material devido a um ritual necromante que Mahiro realizou para que sua alma se tornasse um tipo de fantasma que pode ser visto e tocado apenas por pessoas com sangue sobrenatural ou através de um feitiço de revelação.

— O que quer em troca? – pergunto. — Já que vai embora, vou te dar o luxo de escolher.

— Nós estamos indo para Seleanna, mais especificamente a capital da ilha, Key. – ele diz. — Se você ou algum conhecido seu forem pra lá, não deixe de me indicar. Começar um negócio em outro país não fácil.

— Pode deixar, farei. – ou não.

— Pois bem. – ele se senta na mesa. — Como fez duas perguntas, vou responder as duas. Primeiro, eu ganhei uma enorme quantia em dinheiro, coisa que eu só teria em mãos se todo mês por dois anos, três dos meus melhores clientes me pagassem por uma informação.

— E segundo?

— Eles queriam que eu usasse meus contatos para que eu pudesse atrasar você de descobrir os negócios deles. – fico surpreso ao escutar a resposta. — Fui quem forneci aquele equipamento de combate para eles, fui eu que mandei que colocassem um bomba no laboratório, sou eu que vazei a informação de que eles vieram me procurar.

— Então foi você... – rapidamente o puxo pela gola, crio uma espada de gelo e a coloco em seu pescoço.

— Como ousa?! – Kimiko estava pronta para me atacar.

— Vamos, acalmem os ânimos. – ele sorri. — Shiro, não pense que estou contra você ou algo do tipo, apenas fiz o que fui pago para fazer.

— E eu vou fazer o que sou pago para fazer quando arrancar sua cabeça fora. – respondo com raiva.

— Que tal fazermos um novo acordo? Eu não posso morrer agora e você ainda tem trabalho para fazer. – ele diz ao afastar a lâmina da espada com o dedo. — Em troca de, não apenas me manter vivo, mas também cumprir sua parte do nosso outro acordo, que tal eu te dar um informação valiosa?

— Ah é? Que tipo?

— Do tipo que você está sendo traído. – fico confuso com a resposta.

— E quem seria o espertinho? – pergunto. 

— Veja. – ele pega seu notebook, abre, digita alguma coisa e abre um vídeo. — São gravações de três dias atrás feitas pela câmera de segurança.

— E o que tem nela... Wolf? – demoro um pouco para raciocinar, mas então começo a ligar os fatos.

— O que posso fazer por você, Wolf? – dizia Mahiro na gravação.

— Você fez bem em fornecer material e informações para a Kagutsuchi, porém nós fomos descobertos e a Providência já me escalou para investigar esse caso. – disse Wolf. — Vou estar com Shiro nos próximos dias, eventualmente vou mandar ele até você. Tenha certeza de que ele saberá de tudo.

— Tem certeza? Você quis deixar isso escondido por tanto tempo.

— Shiro é meu amigo, ele não me deixaria na mão.

Naquela hora eu não conseguia mais acreditar no que estava vendo e ouvindo. Por um momento pensei que poderia ser mentira, uma edição feita por alguém para incriminar Wolf, poderia ser qualquer coisa, menos que Wolf , meu professor,  melhor amigo e autoproclamado herói estava andando  com os caras maus.


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Notas finais do capítulo

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