Marinette seguiu Alya, Nino, Mylene e Ivan até o local aonde o sorveteiro dos apaixonados estaria hoje. A garota estava muito triste por Adrien não vir, mas sabia que não era culpa dele – seu pai não tinha dado permissão, como sempre.

— Ah, ele tá aqui! – Nino apontou e saiu correndo.

— Vem! – Alya puxou a sua melhor amiga.

— Pistache, baunilha e morango para os apaixonados da Itália. – estendeu o sorvete para um casal que estava na fila.

— Obrigado, André. – eles agradeceram.

— Não tem de que, meus amigos. Aproveitem o sorvete e que o amor nunca acabe! – levantou as mãos para cima animado e o casal assentiu, saindo em seguida.

— Oi André. – Mylene cumprimentou, chegando ao lado do namorado.

— Mylene, a doce e Ivan, o grandão. Então me digam, como vão vocês, pombinhos? – questionou e virou para o carrinho, servindo o sorvete – Chocolate, caramelo e baunilha do sorveteiro, para o amor verdadeiro. – estendeu para o casal que sorriu e saiu para o lado, então foi a vez de Alya e Nino. – Ah, vocês dois eu não conheço. É a primeira vez que vêm aqui? – sorriam um para o outro.

— É. – responderam em uníssono.

— Coco, banana e um toque de maracujá. – disse André animado.

Enquanto isso, Marinette observava a cena sentada em um dos bancos. Tikki, ao notar que ela não havia saído do lugar, abriu a bolsa e encarou a azulada.

— Não quer tomar sorvete, Marinette? – a kwami questionou.

— Mas pra quê? O Adrien nem veio com a gente. – olhou para as próprias sapatilhas, desanimada.

— Tá, ele não veio. Mas isso não te impede de tomar um sorvete gostoso com os seus amigos, não é verdade? – Tikki disse empolgada – Eu também vou querer. – Marinette sorriu, Tikki sempre conseguia a fazer se sentir melhor.

— E para a senhorita. – André veio na direção dela, a surpreendendo – A bonitinha no banco, a suspirar. Tenho um sabor especial que vai te animar. – gesticulou com os braços abertos.

— Hã.. Quem? – Marinette olhou para os lados – Eu? – apontou para si mesma, para ter certeza de que o sorveteiro falava com ela.

André colocou o braço sobre os ombros dela e a conduziu para perto do carrinho de sorvetes. Não poderia deixar a jovem sentada ali triste.

— Qual é o seu nomezinho?

— Marinette.

— Rosa pêssego como a boca, menta verde como o olhar. – disse enquanto montava o sorvete – Tome esse sorvete e o amor vai chegar! – a garota encarou a taça, como se as palavras de André fizessem sentido pro alguns segundos. Mas logo depois pareceu cair na real.

— Não, acho que você está enganado. Eu não estou apaixonada e acho que perdi a vontade de tomar sorvete. – estendeu a taça para ele, porém o mesmo recusou.

— É inútil tentar esconder. Pode acreditar, se o amor acontece, o André sempre reconhece. – colocou a mão sobre o ombro dela – Tome o seu sorvete e vai ver, ele vai aparecer.

Marinette encarou a taça novamente, sentindo a esperança tomar conta de si. Mas qual seria a probabilidade de Adrien aparecer?

— Olhos verde menta... Mas quem será que é? – Ivan indagou, pensativo e rapidamente Marinette voltou sua atenção para o sorveteiro dos apaixonados.

— Olha, valeu André. Mas você se enganou. Eu não tenho... – parou de falar assim que ouviu um assovio e olhou rapidamente na direção do barulho. Não demorou muito para que todos prestassem atenção na direção que ela olhava – Adrien? – Marinette sussurrou sorridente ao ver a camiseta muito conhecida por ela, a favorita de Adrien. Porém logo o seu sorriso se desfez ao notar que na verdade se tratava do fã número um do Agreste, Wayhem.

— E aí cara? – um garoto passou correndo por Marinette e bateu no seu ombro, fazendo com que ela derrubasse o sorvete no chão – Que bom que você veio! – cumprimentou Wayhem.

— Os sorvetes do André sempre derreteram corações, mas a mágica só acontece se você tomar. – disse preocupado, ao ver o sorvete no chão – Eu vou fazer mais um.

— Obrigada, mas não precisa. De verdade. – Marinette agradeceu, desanimada.

— Preste atenção, querida. É o seguinte, foram meus sorvetes que uniram todos eles, os namorados mais famosos de Paris. – falava empolgado, citando os nomes de alguns deles e logo se virou na direção de Marinette – Seu príncipe encantado está por aí, em algum lugar. É só acreditar na magia do sorvete do André, que ele vai chegar. – estendeu o sorvete para ela.

Marinette encarou o sorvete, depois encarou os seus amigos. Alya e Nino fizeram finais positivos com os polegares e Mylene e Ivan sorriram, a encorajando. A garota também pensou nas palavras de Tikki e acabou se dando por vencida. Não custava tentar.

— Tudo bem. – deu de ombros e pegou a taça, fazendo André sorrir.

Os cinco amigos sentaram juntos no banco, enquanto conversavam e tomavam o sorvete. Marinette aproveitava alguns momentos de distração e colocava algumas colheradas secretamente dentro da sua bolsa para Tikki, afinal, a kwami merecia.

Passou um tempo e depois que terminaram, Mylene e Ivan foram os primeiros a irem embora.

— Não quer que a gente te acompanhe? – Alya questionou a melhor amiga.

— Ah, não. Não precisa. – balançou as mãos – Pensei em ficar mais um pouco e dar uma volta. – mentiu. Na verdade estava com a esperança de Adrien aparecer, visto que o sorvete nunca deveria falhar.

Alya suspirou, tinha entendido a real intenção da amiga. E por mais que quisesse que Adrien aparecesse – porque ela tinha certeza de que o sorvete era referência a ele –, sabia que seria quase impossível. O pai de Adrien era muito rigoroso.

— Marinette, eu sinto muito por isso. Mas ele não vem. – a azulada encarou a amiga com tristeza no olhar e logo recebeu um abraço apertado – Vem, eu e Nino vamos te acompanhar até em casa. – ela assentiu, sendo conduzida pela morena.

É, vai ver o sorvete não funcionava mesmo. Ou ela realmente não tinha um príncipe encantado.

***

Marinette deitou na sua cama e abraçou o travesseiro. Por alguns segundos acreditou que o sorvete de André funcionaria com ela.

Mas quem ela queria enganar? Era óbvio que Adrien não viria.

— Não foi tão ruim. Pelo menos você comeu um sorvete delicioso com os seus amigos. – disse Tikki tentando consolá-la.

— Eu nunca vou conseguir tomar sorvete com o Adrien. – a garota suspirou e colocou a mão sobre a foto dele, que estava no mural ao lado da sua cama.

Depois de um longo suspiro, Marinette decidiu ir até o terraço. Estava precisando tomar um ar e esvaziar a mente.

Tikki apenas a observou, intrigada. Contudo, sabia que tinha feito o que podia e seria melhor dar um tempo a garota. Então voltou novamente para dentro do quarto.

O que nenhuma delas imaginava, é que um certo gato preto estava entristecido em um telhado próximo. Chat Noir tinha preparado um jantar especial para Ladybug, porém ela não tinha aparecido. Ele sabia que não era culpa dela, afinal, ela havia avisado que teria compromisso. Porém mesmo assim ele tinha esperanças de que ela poderia aparecer.

Mas quem ele queria enganar? Era óbvio que Ladybug não viria.

Chat Noir olhou para cima e notou Marinette, que parecia pensativa no terraço do seu quarto. Como já estava ali mesmo, decidiu conversar com sua amiga. Talvez Marinette fizesse ele se sentir melhor, como ela sempre fazia.

— Oi. – cumprimentou, parando na estrutura do prédio. O que fez a azulada dar um pulo, surpresa.

— Chat Noir?

— Desculpa, eu não queria te assustar. – se aproximou.

— Tá fazendo o que aqui? Você não tem coisas de super-herói para fazer? – perguntou mesmo sabendo que não, no entanto, precisava parecer desentendida.

— Não. – deu de ombros – Eu não estou a fim de ser super-herói hoje, não. E também não estou a fim de ficar sozinho. – encarou o chão e depois olhou para a garota com um sorriso – Será que eu posso ficar um pouquinho aqui com você? – ela sorriu e assentiu. Então o loiro sentou no parapeito, de frente para a vista da cidade – É Marinette, né? – questionou mesmo já sabendo a resposta – Acho que já nos encontramos por aí.

— Já, várias vezes. – arregalou os olhos ao perceber que nem foram tantas assim – Enfim, quero dizer... Aconteceu, poucas vez. Uma delas um vilão estava apaixonado por mim. – rapidamente lembrou de Nathaniel como Ilustrador do Mal e deixou seus ombros caírem – Eu tenho um azar com isso.

— Eu te entendo. Ultimamente eu também não tenho tido muita sorte no amor, sabe? – disse olhando para as estrelas.

— É mesmo? Como assim?

— Olha... Essa noite eu tinha preparado uma surpresa especial pra Ladybug.

— Tá apaixonado pela Ladybug? – questionou surpresa. Sabia que o gatinho tinha sentimentos pela heroína, inclusive vivia flertando com ela. Porém não imaginava que era algo tão sério como amor. – É sério? – ele não respondeu, entretanto o silêncio parecia dizer tudo.

Marinette se aproximou do parapeito e encarou Chat Noir, ao mesmo tempo que o loiro havia a encarado. Os dois coraram com a troca de olhares e desviaram rapidamente, encarando a noite parisiense.

— Então... Qual era a grande surpresa? – a garota questionou.

— Ah, não tem importância. Ela não apareceu mesmo.

— É, parece que nós dois estamos sem nenhuma sorte hoje. – disse se sentindo culpada por não ter aparecido para a surpresa do herói. Entretanto, ela tinha esperanças de encontrar Adrien também e no fim, acabou que deu tudo errado para ambos.

— Espera aí... Você também está sofrendo por amor? – questionou um pouco surpreso. Não imaginava que Marinette sofria por algum garoto ou coisa do tipo.

— Aham. – respondeu sem encará-lo. Chat Noir então sorriu e saltou, ficando atrás dela.

— Ei, vem comigo! – estendeu sua mão. Marinette ponderou, porém logo sorriu e segurou a mão do loiro, sabia que ele nunca a faria mal. Chat Noir então a puxou e a segurou em seu colo – Fecha os olhos e segura firme, tá legal? – a azulada assentiu e o fez.

O herói saltou pelos telhados até chegar ao local da sua surpresa especial para Ladybug. Delicadamente ele colocou Marinette no chão de joelhos.

— Só um segundo. Não abre ainda, hein! – ela riu, enquanto o loiro preparava as coisas. – Tá bom, já pode abrir os olhos. – a azulada ficou de pé e se surpreendeu ao ver as velas iluminando o telhado, pétalas de rosas pelo chão e algumas almofadas espalhadas, provavelmente para ele e Ladybug sentarem.

— Wow, Chat Noir... Isso aqui está lindo! – exclamou encantada, no entanto a sua expressão se desfez, assim que viu o felino escorado no parapeito com a cabeça baixa. – Eu sinto muito!

— Não é como se fosse culpa sua. – Marinette abriu a boca, mas decidiu não falar nada. Ele não sabia, mas era culpa dela sim. – Mas e você, por quem está sofrendo? – o garoto virou na direção dela, com as costas escoradas no parapeito.

— A-Ah... – a pergunta tinha pego Marinette de surpresa. Não é que ela não confiasse no herói, mas dizer para ele quem era a sua paixão secreta, parecia uma ideia assustadora. – Eu prefiro não falar dele.

— Tudo bem. O que acha de sentar um pouco? Podemos ficar aqui e esquecer um pouco dos nossos fracassos no amor. – ela assentiu rindo e sentou ao lado de Chat Noir nas almofadas.

Os dois ficaram em silêncio, apenas encarando as estrelas. Marinette então, escorou sua cabeça no ombro do herói, que sorriu involuntariamente com o ato. Chat Noir olhou para a garota de relance e notou que a noite estrelada parecia ter realçado sua beleza. O pensamento fez com que ele corasse de leve.

— Você é bonita demais para sofrer por amor. – disse de repente, sem nem mesmo perceber. Logo Marinette o encarou surpresa e ele arregalou os olhos de leve – Q-Quer dizer, você é bonita e muitas outras coisas. Não precisa sofrer por ninguém. – a garota sorriu, com as bochechas vermelhas.

— Obrigada, Chat. Você também é. – o loiro retribuiu o sorriso e os dois permaneceram se encarando.

Foi nesse exato momento que Marinette percebeu dois detalhes muito peculiares sobre o herói.

“Rosa pêssego como a boca, menta verde como o olhar”.

Chat Noir possuía olhos verdes, que mesmo com a máscara, era possível ver o quanto eram lindos. Além do que, seus lábios eram basicamente rosa pêssego.

“Tome o seu sorvete e vai ver, ele vai aparecer”.

Adrien não apareceu. Mas Chat Noir sim. E falando sério, qual seria a probabilidade do herói a visitar sem mais nem menos na noite de hoje? Seria o destino? Era dele que o sorveteiro falava?

— O que foi? Algo errado? – o loiro questionou preocupado, ao notar que o olhar de Marinette estava preso em seu rosto.

— Não, nada. – ela desviou rapidamente – Eu só... – olhou novamente para ele e logo uma onda de coragem invadiu o seu corpo. Então antes que se arrependesse, segurou o rosto dele com uma das mãos e se inclinou, encostando seus lábios nos dele.

Chat Noir arregalou os olhos e pensou em sair dali, porém simplesmente não conseguia se mover.

— Me desculpa, eu... – Marinette se afastou assustada. O que tinha na cabeça? O que tinha acabado de fazer? – Eu não deveria ter feito isso. Eu... – o loiro ainda estava em choque pelo que tinha acontecido e em um movimento involuntário, se inclinou beijando Marinette novamente.

O herói segurou o rosto dela, dessa vez se entregando totalmente para o beijo. Foi a vez de Marinette se surpreender, porém segundos depois ela retribuiu, segurando em seus ombros.

Nenhum dos dois sabia ao certo o que estava fazendo e nem o porquê disso – embora no fundo eles na verdade soubessem sim. Contudo, sabiam que aquilo era uma das melhores coisas que já tinham feito.

Um misto de sentimentos e sensações os invadia e era impossível analisar cada uma delas, só sabiam que eram boas e que não queriam que elas fossem embora tão cedo.

Os dois se separam ofegantes, com vergonha demais para se olharem nos olhos. Então Marinette escorou sua cabeça no ombro dele novamente e permaneceu ali.

— Obrigado. – foi só o que ele conseguiu dizer depois de um tempo em um silêncio reconfortante. Em seguida, estendeu uma rosa vermelha para ela, que a pegou, suspirando.

— Eu é que agradeço.

Sorriam um para o outro, finalmente se encarando.

E naquele dia Marinette percebeu que o sorvete do amor realmente nunca erra.