Isso é ridículo.

Por que eu não consigo me livrar de você?

Até parece uma parte do meu corpo, uma sombra, uma coisa perfeita e imperfeitamente projetada na minha mente, invadindo meus sonhos e meus desvaneios mais felizes e obscuros.

Eu não consigo nem viajar ouvindo alguma música com letra romântica sem lembrar desse seu sorriso que faz minhas pernas ficarem bambas.

PARE, POR FAVOR!

Isso é ridículo.

Quando eu te dei o direito de se impor na minha cabeça? Ah, é, verdade. Peço desculpas, acho que isso foi minha culpa. Quer dizer, metade dela é sua, já que você que quis entrar.

Sim, entrar. Entrar direto no meu coração, sem bater antes ou pedir permissão.

É isso que eu ganho por deixar a porta entreaberta, aguardando silenciosamente pela pessoa (nesse caso você) que tivesse a coragem de entrar e eu disse "sente-se, fique a vontade".

Esse foi meu mais belo e estúpido erro.

Eu queria tanto que não queria, desejava o possível e alcançava o impossível, cada vez chegando mais perto de você e você de mim.

Deixar você entrar e me motivar a cair em meus próprios delírios de romance e luxúria foi a parte fácil. Como diria minha vó: "vapt, vupt", ou, melhor ainda, "PUTZ GRILA! OLHA A BARBARIDADE QUE ACONTECEU". E eu juro que ela fala isso desde que eu me conheço por gente.

A parte difícil foi me deixar levar por cada toque bem (ou mal) intencionado. Aquele abraço comum de amigo que levava uns segundos a mais do que o normal, as piadas com duplo sentido, cantadas que para todos eram iguais, mas para mim eram acompanhadas de uma sutil piscada no fim.

Provavelmente você só queria confundir a minha cabeça. Pois bem, parabéns! Porque se esse era o objetivo, ele foi totalmente atingido.

Eu não pensava mais direito. Minhas pernas tremiam, minhas mãos geladas suavam, minhas pupilas se dilatavam e meus olhos brilhavam. E, mais ainda, a cereja do bolo eram as borboletas incansáveis em meu estômago e o coração acelerado e totalmente sem ritmo, já que, depois disso, ele dançava nos acordes da sua música.

Parecia que tudo me levava a você e que nada no Universo conseguiria parar aquela coisa que nos aproximava.

Eu estava errada, Deus, como eu estava errada. Nada deu certo entre nós. Eu nunca vou reclamar da nossa amizade, eu te amo desde o dia que rimos da mesma bobeira, iniciada por alguém da turma daquela época.

Mas eu me apaixonei. E eu sei que aconteceu o mesmo com você, por mim e por outra pessoa no meio do caminho. Te apoiei e aconselhei até não aguentar a dor no meu pobre coração ou segurar as lágrimas que, depois, vinham a descer impiedosamente pelo meu rosto.

Isso é ridículo.

Sofrer por alguém que não vive o sentimento com a mesma intensidade. Infelizmente essa é a mais pura verdade.

E eu quero, do fundo do meu remendado coração, que você seja feliz, nem que isso signifique ser com outra pessoa o que nunca foi ao meu lado.

Talvez isso nunca aconteça ou seja agora, ou amanhã, ou ano que vem, mas estarei no aguardo caso você resolva dizer "ei, eu ainda estou aqui pra te dar um beijo" e nossas almas se juntarem em uma nem que por um único segundo.

Então, obrigada por ser que você é, minha ridícula.