Música Tema

— S -strange.... Eu.. O Steve.... –

Quando Tony apareceu na porta do santuário, com os olhos marejados e visivelmente abalado eu não soube o que fazer, mas quando ele me abraçou e sussurrou alto o suficiente para eu ouvir eu apenas o abracei de volta e fiz um carinho leve na cabeça dele o puxando para dentro do santuário.

Sabia que não seriamos interrompidos, pois Wong estava sabe-se Deus aonde e eu havia ficado sozinho... Bom, não mais pelo menos.

Eu entrei com ele e o coloquei sentado no sofá de uma das salas do lugar que chamo de casa, e esperei até que ele se acalmasse, o que não aconteceu. Eu já não aguentava mais o ver chorar, algo dentro de mim falava que um rosto lindo como o dele não deveria ser "estragado" por causa de um choro, e pela fala do moreno logo que chegou aqui, deduzo que a causa do choro era o Capitão Rogers, mais um motivo para ele não estar chorando – não me entenda mal, não sou eu que não gosto dele, ele não gosta de mim, e eu não tenho a menor ideia do por quê.

Decido então, tentar iniciar uma conversa sobre o por quê dele estar daquele jeito.

— Tony.... Quer conversar sobre o aconteceu? -Pergunto com um tom de voz calmo enquanto fazia um carinho solicito' nas costas dele.

De início, ele parece relutante a falar sobre isso, mas quando lhe lanço um olhar encorajador o moreno ao meu lado que estava abraçado a mim funga e se ajeita no sofá pra ficar sentado olhando para frente.

— Eu e o Steve brigamos.... E-eu.... – Ele olha pra mim, e naquele momento parecia que apesar do rosto molhado e com aparência cansada – a qual ele sempre carregava – estava um anjo na minha frente, fiquei encarando ele o suficiente pra saber que estava ficando estranho (irônico não?).

— Você? - Digo desviando o meu olhar por segundos e voltando a olhá-lo.

Antes de me dar uma resposta ele fecha os olhos e posso ver uma lágrima escorrer pelo olho direito dele, e contra todos os meus impulsos de me controlar, coloco a minha mão em seu rosto limpando a lágrima e fazendo um carinho ali, Stark por sua vez toma um leve susto mas logo se acostuma com o carinho e deita sua cabeça na minha mão pra aproveitar o contato, e mais uma vez desde que nos conhecemos eu senti uma vontade incontrolável de o beijar, mas sabia que ali, naquele momento não era apropriado. Quando ele abriu os olhos ele me deu um leve sorriso e colocou a sua mão sobre a minha a pegando e tirando de seu rosto, não com agressividade, mas de uma forma gentil, não a soltou como eu imaginei que fosse fazer, manteve a mão dele junto a minha e ficou as olhando unidas.

Não sei quanto tempo passou, ele ali apenas observando nossas mãos unidas e eu olhando ele com um sorrio bobo – que sequer percebi estar.

— Nós brigamos hoje.... Eu e o Steve... Eu estava falando sobre um novo projeto que eu estava trabalho e ele não tava me dando atenção.... Parece bobo eu sei... Mas... -Ele diz soltando nossas mãos passando as dele em seu rosto, limpando-o' e fungando logo em seguida.

— Mas? -Digo calmo o puxando para um abraço lateral, o deixando com a cabeça apoiada em meu ombro, sinto ele começar a desenhar linhas imaginárias no peito e sorrio com a idéia de que isso sempre poderia acontecer, mas me controlo e volto minha atenção para o moreno.

— Mas eu já tava percebendo que ele tava mudado, sorrindo pelos cantos, cantarolando músicas românticas, passava tempo de mais caminhando, e eu comecei a surtar – Ele respirou fundo quando sua voz ficou trêmula, mas não demorou a continuar – Nós não estávamos mais como antes, ele sequer me beijava – Ele para de fazer círculos aleatórios no meu peito e se apoia em mim me olhando diretamente, deixando nossas bocas a centímetros de distância, fazendo meu coração errar pelo menos duas batidas – QUE TIPO DE NAMORADOS NÃO SE BEIJAM STRANGE? -Ele altera a voz e percebo os olhos deles se enchendo d'água de novo, minha mão que antes estava em seu ombro agora estava em sua cintura, eu o olhava com a boca semiaberta, nunca tinha visto ele ficar daquele jeito – Desculpa.... Eu só fico um pouco puto com isso, porque parecia que só eu ainda me esforçava pra aquilo dar certo. Eu tô cansado Stephen, dele e de tudo....

— Fica comigo - Falei automaticamente, ele, que ainda estava naquela posição me olhando diretamente, pareceu ficar realmente surpreso e eu tratei de me corrigir, mesmo a frase anterior tendo um duplo sentindo que nem eu mesmo naquele momento notei –  V-você pode ficar aqui se quiser... Eu não me importo e tenho certeza que o Wong também não - Termino de falar e engulo a seco, ele tinha um olhar indecifrável no rosto.

Ele voltou a encontrar em mim, ficamos em silêncio, desconfortável por sinal.

—  Prometo pensar nisso doutor..... – Ele diz calmo, e eu tentei parar de surtar internamente – Sabe Stephen.....

— Hmm?

— Eu tô com fome – Ele diz rindo levemente, e eu sorri por conseguir o deixar mais calmo.

—  Se quiser... Eu posso fazer algo para comermos... –  Ele me olha rapidamente e se ajeita melhor o seu corpo ao meu, e coloca minha mão em sua cabeça indicando que queria carinho, dou uma leve risada e passo mão no cabelo do moreno que fecha os olhos aproveitando o cafuné.

—  Eu não sabia que você sabia cozinhar, e sim eu quero.... Mas não agora – Ele fala a última parte mais baixo e eu apenas solto um som afirmativo.

Ficamos ali, acho que no mínimo por uma hora, eu fazendo carinho na cabeça dele, não sei em que ponto Tony pegou no sono, mas isso ocorreu, fico o observando, e parando pra pensar, eu realmente poderia ficar horas apenas olhando ele, não sei quando passei a nutrir esse tipo de sentimento por ele, mas eles existem e eu simplesmente não posso (não quero) ignorá-los.

Levanto calmamente e o deixo ali deitado descansando, e parto para a cozinha para preparar uma refeição para ambos, minha barriga também roncava.

— Sabe, a sua comida tem um cheiro ótimo –  Anthony surge na cozinha como um passe de mágica, me fazendo dar um pequeno pulo pelo susto recente. –  Te assustei? Me perdoe, é que é muito bom ficar te observando cozinhar – Ele se aproxima de mim que no momento cortava alguns legumes para por num risoto de carne que estava preparando.

Não pude deixar de demonstrar o meu abalo com a fala dele, ele gostou de me ver cozinhar?

—  Por quanto tempo eu dormi? – Disse se encostando na pia. Ali estava novamente o Anthony 'Tony' Edward Stark que eu conheci, recoberto por uma aura imponente, e de puro sarcasmo.

— Uma hora e meia talvez – Falo como se fosse nada –  Não prestei muito a atenção.... – Minto, descaradamente. Prestei atenção sim, até de mais inclusive.

— Uau, pra mim pareceu que eu só pisquei.... – Ele sorri, porém escutamos uma espécie de vibração, volto a minha atenção aos legumes mas consigo perceber que ele não gostou nem um pouco da ligação que recebia.

— Não vai atender? – Falo com o meu tom de voz normal. O moreno lança um olhar de desgosto ao aparelho e me olha tentando manter um sorriso no rosto.

— Não, é o Rogers, ele é a última pessoa que eu quero ouvir a voz e ver o rosto.

— Ah.... Entendo..... – Então vocês terminaram?— complementei mentalmente. – Não se abale por causa dele...

— Não vou. -E o silêncio se instalou no recinto.

Stark ainda me observava cozinhando, olhava cada passo que eu dava, como se fosse um leão caçando, particularmente não me importei com aquilo.

Depois que terminamos de jantar, ele ficou decidido a arrumar a cozinha junto comigo, mesmo eu podendo resolver isso facilmente com magia.

—  Sabe... Eu poderia facilmente limpar tudo isso... - Começo depois de um tempo que estávamos limpando, eu lavava os pratos e o moreno os secava. Stark havia colocado uma música pra tocar que eu não conhecia,  mas era realmente boa.

— Eu sei, mas você também podia ter feito o jantar de forma mais fácil, hm? – Nós olhamos por segundos e de certa forma houve uma tensão entre nós dois.

Quando terminamos ele coloca o pano que usava para secar os pratos em cima da mesa, sorrindo, um sorriso tão lindo que involuntariamente sorri junto. Me aproximei dele o puxei para um abraço depositando minhas mãos em sua cintura, ele, por sua vez, colocou os braços ao redor dos meus ombros e se afastou me olhando de uma forma que eu não pude identificar.

—  You're the boy my boy asked me to avoid—Ele canta modificando a letra ainda me encarando –  Essa música fala bastante sobre você –Ele ri, só não sei se é de sua fala ou do meu olhar confuso –  Você é o cara que o meu cara pediu pra eu evitar...

—  Não é mentira pra ninguém que o Capitão Rogers me odeia.... -Ele ri e deita a cabeça no meu ombro, iniciando uma espécie de dança desengonçada entre a gente o que me faz rir – I know better than call you mine...

— Let's fall in love for the night, and forget in the morning...— Ele sussurra alto o suficiente para eu ouvir.

— Não sei se vou querer esquecer disso pela manhã – Rimos e ele parou a dança para me olhar – I love it when you talk that nerdy shit...

—  É? Você não acha baboseiras científicas? – Nego com a cabeça e o puxo pra perto de mim e sorrio quando nossos rostos estão a centímetros de distância.

Ficamos assim por longos segundos, e para minha surpresa ele que inicia um beijo lento e calmo. Nos separamos apenas quando o ar faltou.

— Desculpa... Eu não deve... – O corto com mais um beijo, muito mais sedento e necessitado do que antes.

— Deveria sim.... -Falo baixo e ofegante, a música que tocava foi trocada por outra que deixou o ambiente propício, se é que vocês me entendem.

— Stephen.... Eu... – O interrompo de novo, contando sua fala com um selinho demorado e carregado de sentimentos.

— Let's fall in love for the night..... Depois a gente resolve isso – Sorrio e ele concorda com a cabeça me beijando de novo, ainda mais sedento do que antes.