A forma como você imagina seu futuro escrita por Tutti


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olha eu de novo aqui, mas sem uma Fic Yuri.
Sinceramente eu gostei do tema da Fanfic, embora tenha achado a forma em que eu trabalhei com ela meio... err... Ruim.

Vocês são livres para usar esse tema na fic de vocês, inclusive acho que vou dar essa ideia na pagina do Nyah! no Facebook, porque acho um tema bem interessante.

Tentei escrever de uma forma diferente, como puderam ver na sinopse, tentei escrever em segunda pessoa.... Não sei se ficou legal, então eu realmente espero um feedback sobre isso, sério.



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Existe um ditado popular em Canaban que diz: “A forma como você imagina seu futuro, diz como você vai morrer”. Você nunca ligou muito para isso, na verdade para você isso é mais um mito popular do que qualquer outra coisa, mas as pessoas, aparentemente, se importam.

Durante sua jornada com a Grand Chase você descobre que talvez o mito seja mais popular do que o esperado, já que outros reinos e continentes também comentam sobre ele. O mais inacreditável é que existe uma boa parte das pessoas que acredita nisso.

Naquela época você ainda não se importava muito sobre isso, embora uma leve inquietação as vezes ficasse em sua cabeça e nesses momentos, pensando sozinha, você se lembra de um tempo distante, a muitos anos atrás, quando você era uma jovem garotinha aprendendo a segurar uma espada e se lembra de seu avô, um homem robusto e musculoso, forte demais para a sua idade, lhe chamando com as mãos para contar alguma história de suas aventuras. Você abandonou sua espada de madeira jogada no gramado e foi correndo para os braços do mais velho, rindo quando era levantada no ar.

— Qual é a história de hoje vovô? – Você perguntou inocentemente. As histórias de seu avô sempre são as mais emocionantes, ao menos para você que é uma jovem criança.

— Vou lhe contar uma história diferente hoje. – Ele disse. – Uma lenda popular de Canaban.

Seus olhos brilharam, mesmo que você não entendesse exatamente. O mais velho sorriu e lhe colocou no chão.

— Essa história é passada de geração em geração. – Ele coça a barba e faz um silencio proposital. – Dizem que a forma que você imagina seu futuro, diz como será a sua vida.

Você olhou por um tempo sem entender, esperando algo mais, que nunca veio, até que você bufou e reclamou. – É só isso?

Seu avô riu e bagunçou seu cabelo.

— Elesis, me diga: Como você se imagina no futuro?

— Eu serei uma grande espadachim! – Você respondeu no segundo seguinte, sem hesitar.

— Ora, disso eu não duvido nada! Mas... – Ele parou novamente com aquele falso suspense que você aprendeu a amar e odiar quando ele lhe contava suas histórias – ... e mais adiante disso?

E naquele momento você olhou para ele por um tempo sem entender, o que teria para imaginar mais adiante do que se tornar a melhor espadachim? Seu avô esperou pacientemente, porque ele sabia o quanto essa conversa poderia ser complicada para uma criança.

— Veja... – Ele começou após um tempo em que você o olhava sem responder nada. – Na sua idade eu também sonhava em ser um grande espadachim.

— Mas você já é!

— Isso mesmo. – Ele sorriu simpaticamente – Eu já sou, mas eu não parei por ai. – E novamente aquela pausa. – Eu sonhava em encontrar um amor, me casar, ter filhos e quando estiver bem velhinho morar nos campos com a sua avó, até chegar a minha hora de morrer em paz. –  Concluiu ele, e você continua olhando sem entender. – Eu já conclui tudo que imaginei da minha vida: Me tornei o melhor espadachim. – Ele piscou para você. – Encontrei o amor da minha vida, me casei, tive filho e agora moro no campo com a sua avó. – Explicava. – Agora é a sua vez. Como você imagina o seu futuro.

— Eu... – E você hesitou. Você lembra de sentir, por algum motivo, um frio na barriga como se houvesse algum mistério por trás de tudo aquilo. – Eu... eu vou me tornar uma grande espadachim! – Você repete, porque você tem certeza disso – e... e... e eu quero conhecer alguém. – Você disse com certa cautela, porque isso era algo obvio, não? O vovô tinha a vovó e o papai tinha a mamãe, você então encontraria alguém.

— Certo – Ele concorda e incentiva. – E.... o que mais?

Você se lembra claramente desta parte. Havia uma certa expectativa na voz de seu avô como um pai que esperava a resposta certa de um filho que estava resolvendo um problema matemático sozinho. Você se lembra da forma em que ele te encarava esperançoso de algo.

E você se lembra de se esforçar para pensar em algo, qualquer coisa.

Porque nada vem a sua mente a não ser uma grande imagem negra.

E seu avô notou.

Quando criança você não entendeu muito bem, mas depois de lembrar e lembrar novamente e novamente desse dia você, hoje você consegue distinguir quando as feições dele começaram a mudar. Quando seus olhos, de esperançosos, começam a ficar ansiosos, quase angustiados.

— E eu vou.... vou ter a minha casa... – Você arrisca, diz pausadamente, e sai forçado, porque você se esforçou para pensar isso.

E seu avô não disse mais nada, ele não incentivou mais as respostas. Ele apenas te olhava e você não entendia por que o frio no seu estomago, de repente, ficou pior, mas você tentou ignorar. Você lembra de tentar empurrar aquele mal-estar para longe e sorrir com toda a inocência de uma criança.

— E é só isso! – Você terminou sorrindo.

Mas seu avô não estava sorrindo de volta e você não sabia por que ele parecia tão preocupado, só que isso te incomodou.

— É complicado demais! – Você emendou de repente, falando apressadamente. – Só me tornar uma grande espadachim já não basta? – E você bufou, porque você realmente, realmente, não entendia por que ele parecia tão sério ou porque você tinha que pensar tão a frente na sua vida.

Isso pareceu tirar seu avô de um transe e ele ri. – Você está certa. – Ele diz. – Você é apenas uma criança ainda, me desculpe. Ainda é cedo de mais para pensar nessas coisas.

Você não entendia, mas concordou com a cabeça. Principalmente porque você sentiu que aquelas palavras eram mais para ele do que para você. Seu avô passou o resto do dia estranho. Você se lembra de, mais tarde, perguntar a sua avó sobre isso, contando-lhe o que aconteceu, e de como seu olhar, de uma mãe atenciosa que escuta o filho contando sobre suas aventuras, mudou para lago triste e preocupado, de como ela teve a mesma reação do seu avô.

— Não pense muito sobre isso. – Ela disse fazendo um carinho na sua cabeça. – Aquele velho barbudo está apenas incomodado com algo, não é nada sério.

E você aceitou essa resposta.

O tempo passou e sua mãe adoeceu e morreu, seus avôs se foram alguns anos depois, você treinou e treinou, sempre esperando algo do seu pai, um reconhecimento e carinho que você só recebia dos outros membros da família que já morreram. Então seu pai sumiu, houve a guerra e você foi convocada para a Grand Chase.

Você quase havia esquecido a história, quase, se durante a jornada não fosse mencionado algumas vezes em algumas cidades, e como um fantasma do passado você sempre se lembra da mesma coisa.

Seu avô, o olhar, a pergunta, e o frio no estomago.

O mesmo frio que você sente anos depois toda vez que se lembra das coisas, mas você ignora como na primeira vez, embora as vezes passe noites e noites pensando e pensando no seu futuro.

— Eu vou achar o meu pai. – Você dizia sozinha a si mesma. – Eu vou me tornar a melhor espadachim, eu vou ter a minha casa, eu vou me relacionar com alguém e...

Só.

Com o tempo você esquivou da pergunta. Disse que achava isso idiota, que é besta.

— E você Elesis? – Amy pergunta, animada, depois de dialogar como será sua vida de estrela famosa e como será lembrada por décadas depois de sua morte. – Como você imagina o seu futuro?

E naquele momento você prende a respiração e se sente quando uma criança a anos atrás quando seu avô lhe fez a mesma pergunta.

E sente o mesmo frio no estomago.

— Eu não acredito nessas coisas. – Você finalmente diz, quando percebe que já passou tempo demais, com falso um desinteresse. – Como eu imagino o meu futuro que dita como eu vou morrer. – Você bufa e reclama. – Isso é uma história idiota para crianças dormirem.

Amy tenta insistir mais, e você corta o assunto rudemente. Os membros da Grande Caçada dão de ombros, todos já acostumado com seu jeito, e o assunto morre para você. O tempo passa, vocês enfrentam Cazeaje novamente na torre da extinção, são sugados pela fenda dimensional, se separam se encontram, voltam no tempo e seu pai morre.

Você está desolada. Respira fundo e segue em frente. Arme e Lire estão lá e você agradece, porque se torna mais leve. É mais leve, você não está sozinha. Até que o assunto é tocado novamente e você sente que pode se abrir, pode confiar.

E você da de ombros, porque é só uma lenda, você pensa.

Você não acredita nessas coisas.

— Eu vou me tornar uma grande espadachim. – Começa, do nada, e pela primeira vez quando esse assunto surge novamente todos os olhos estão em você, atentos. – Vou voltar para casa, continuar com os cavaleiros vermelhos e talvez eu vá me relacionar com alguém.

E você não diz mais nada.

Por um tempo todos esperam que você diga algo, outra coisa, qualquer coisa, e você se sente quando em frente ao seu avô esperando uma resposta.

— E é só isso. – Você dá de ombros.

A clareira ficou quieta, quieta demais, e há aquele frio no seu estomago.

— Só isso? – Jin arrisca perguntar, tentando algo a mais.

Você concorda com a cabeça. – Sim. – Coloca a mão no queixo pensativamente. – Eu planejo ainda sair em algumas missões. –  Da de ombros novamente – Mas não consigo imaginar nada além disso.

Todos ficam em silêncio, você ainda se sente como aquela pequena criança falando com seu avô e com a sua avó. Você olha para todos sem entender, porque você realmente não entende, porque é só uma lenda, e mesmo assim você abre a boca para tentar responder, para falar algo a mais, porque você sente que precisa falar algo mais.

Qualquer coisa.

E nada vem, e você tenta. Um calafrio percorre a sua espinha e você visivelmente estremece, seus joelhos ficam fracos e você perde ligeiramente o equilíbrio.

Arme e Lire reagem primeiro, levantando-se institivamente e indo em sua direção, Lúpus mantem um olhar crítico em você, Ronan, Jin e Ryan dão um passo para frente preocupados, Amy leva uma mão a boca, Lin e Lime olham tristemente para você, Sieghart se aproxima devagar.

— Elesis... – Alguém chama e soa triste. Todos carregam preocupação no olhar. Todos parecem o mesmo olhar de seu avô.

Você se sente patética.

Você se afasta das mãos de Arme e Lire rudemente. – É apenas uma lenda idiota, para que todas essas reações? – Você suspira e respira e depois bufa, – Eu vou dormir. – e se retira.

Você se deita em sua cama, sem sono, acordada de mais. La fora os Chasers conversam, sussurram, e você sabe que é sobre você, que é sobre essa lenda idiota, que é sobre o que aconteceu.

Mas o que aconteceu?

Você vira para um lado e para o outro, esquerda e direita, e depois para encara o teto. O sono não vem e imagens do passado voltam na sua cabeça, seu avô, sua avó, a pergunta. Você estremece novamente e se irrita.

— Isso é idiota. – Você repete. – É só uma lenda.

E você diz isso para si mesma.

*

Alguns anos se passaram desde que sua jornada terminou. Sua vida não foi exatamente como o planejado, seu pai havia morrido. Você está patrulhando com os soldados dos Cavaleiros Vermelhos os arredores de Canaban quando tudo começa. O dia parece noite, o ar fica gelado e o tempo parece se distorcer. Em frente a vocês um rasgo parece se abrir no ar quebrando as leis do espaço e do tempo e um grande monstro sai dele. A fera é descontrolada, animalesca e tem sede de sangue. Você rapidamente grita ordens e posições.

Pela primeira vez depois de anos você sente medo, e por cima de toda a emoção você consegue sentir, novamente, o mesmo frio no estomago, o mesmo arrepio na espinha, e é quase irônico.

Quase.

A luta é cruel, um a um seus companheiros caem, mortos e feridos de mais. Você grita para um soldado voltar para Canaban, dá ordens para chamar Sieghart, alertar a rainha, e o homem vai, corre por sua vida sem olhar para trás.

Ao menos uma vida você salvou.

Você aperta a mão esquerda sob o corte profundo aberto em seu estomago, sua mão direita mal conseguindo segurar sua espada trincada, ao seu redor corpos do que eram seus soldados e a sua frente uma grande fera enfurecida, os dentes e as garras banhados em vermelhos de sangue.

Você estremece, de dor e medo, e ajusta sua posição, aperta a espada em suas mãos.

A criatura ruge e avança ao mesmo tempo que você empunha sua espada, o resto de sua magia circulando em seu corpo, formigando sobre sua pele.

— Crítico X! – Você grita.

A última coisa que você lembra antes de fechar a distância com o monstro é de quando você era uma jovem criança, treinando no quintal de avô, até que ele lhe chama para contar uma história.

“Vou lhe contar uma história diferente hoje. Uma lenda popular de Canaban. Essa história é passada de geração em geração.”

“Dizem que a forma que você imagina seu futuro, diz como será a sua vida.”


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Notas finais do capítulo

Olha, sinceramente, eu não gostei muito do final. A ideia era bem mais legal na minha cabeça, mas né, é o que temos. Eu aceito feedback de criticas e o que acharam dessa fanfic, porque ela foi uma aposta bem alta sobre minhas expectativas de escrita, sério.

Espero que tenham apreciado a leitura, vejo vocês por ai em outra fic?



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