A Million on My Soul escrita por Izzy


Capítulo 1
Morte ao Prólogo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/779786/chapter/1

Há quem diga que nós nascemos para viver, alguns dizem que nascemos para morrer. Assim como também acreditam que somos seres especiais, e não uma simples forma que nasce, desenvolve-se e morre, sem nenhum propósito. Alguns dizem que somos como um fruto, que precisa de solo para nascer ou renascer, dando suporte a ideia de reencarnação. E acreditam que esse sim é o ciclo da vida.

Outros mantém a crença que nascemos, fazemos nosso legado e simplesmente morremos. E com legado, isso quer dizer que fizemos pelo menos uma pessoa lembrar-se de nós, do nosso número de telefone, da rua da nossa casa.

Mas o que faz a vida especial, somos nós? Vêm em nós? Aparece nas nossas vidas? Mas e o seu propósito?  Você se acha uma alma especial? Importante? Não?

Bom, então agora são vocês dois. Você e uma garota chamada Sky Walker, nascida e criada nas perigosas ruas do Brooklyn em Nova York.

Ela está em chamas, literalmente. Seu corpo formiga e está frio ao lado de fora do Million Dollar Saloon. Como todos os dias, testemunhou milhares de coisa que não se orgulha, como no sujeito tremendo na sarjeta com uma seringa na mão. Ele está muito longe dali. 

Deus, o qual ela acredita, sabe que ela não seria capaz de nenhuma delas, apesar também querer um refúgio.

O vestido curto não ajudava nada, mas a dor do frio gritava silenciosamente. Apenas se encostou na parede de blocos, desejava um cigarro apesar de não fumar.

Um homem forte saiu de dentro, batendo a porta bruscamente. Abriu o zíper da calça e começou a urinar, sem se incomodar com a presença dela. Sky o lançou um olhar de desgosto, e voltou a se encostar, a olhar o céu negro em cima da sua cabeça. Achava irônico ela ser o céu embaixo das estrelas.

O frio se abatia na pele morena, então esfregou as mãos em cada um dos braços, tentando fazer calor. Os sapatos pretos e a peruca rosa que usava no trabalho começava a incomodar. Olhou novamente para o céu, até ver o homem parado em sua frente, oferecendo-lhe um casaco. Desgastado, mas ainda era um casaco. 

Ela hesitou mas ele insistiu. Enquanto erguia o braço pra pegar, observou uma tatuagem na clavícula, mas por conta da má iluminação não deu pra ver exatamente o que era.  A metade se mantinha pra fora, achou aquilo extremamente atraente.

Sky colocou o casaco, sentiu a quentura e bem macio, como penas. Como penas. E realmente observou uma pena, escuro como a extrema noite. Começou a se perguntar que tipo de pássaro tinha deixando-a para trás. Só poderia ser um do inverno, um comum morreria com todo ar gélido. Ou talvez não, talvez ele tivesse se adaptado, ou então morreria. Morrer no frio parecia uma péssima escolha.

Olhou dentro dos bolsos, as mãos apanharam um maço de cigarro, um dos caros. Pegou um da caixa e ficou com ele entre os dedos. 
O homem voltou pra dentro, sumindo entre a aglomeração de pessoas. Em poucos segundos outro homem saiu, apressado, pálido. Estava fugindo.

Mais um homem saiu, esse tinha olhos escuros, cabelos colocados para trás encharcado de gel. Invejou o casaco preto e estiloso.

Para Sky, tudo tinha acontecido muito rápido, o primeiro homem foi na direção dela, e o segundo atirou. Duas vezes. Um corpo por si só é pesado, um morto parecia o dobro.
Sentiu o cheiro forte de sangue, acompanhando de uma quentura que não a fez nada bem.

O primeiro saiu correndo, mas o segundo apenas ficou lá, em cima dela. Afastou-se do corpo, tremula. E pensar que só queria aproveitar o frio em paz.

O sangue fresco nas mãos fez o estômago embrulhar. Se levantou, tentando achar o celular, estava toda confusa quando viu as cores azul surgir como um flash na ruazinha. O som também era bastante típico pra ela.

Parecia tudo correr em câmera lenta. Distinguiu a face do policial Ethan Henderson, um homem charmoso no auge dos quarenta anos. Ele tinha sido, por muitos anos, amigo de profissão do pai dela, e se ele ainda estivesse aqui, seria tudo diferente.

— Sky, está tudo bem? Está machucada? — perguntou, levando-a  para a ambulância.

— Estou bem.

Claro, bem na medida do possível. Não estava nada bem, não estava nada contente. Ethan sabia que ela não estava, mas o melhor que ela podia dizer é que não estava triste.

Depois da morte dos pais em um acidente trágico de carro, estava sozinha. Eles eram tudo pra ela. Fazia exatamente cinco anos, mas não conseguiu de fato superar o peso. Ainda tinha um mistério ao redor, disso tinha certeza.

Uma assistente tratou de limpar o sangue das roupas dela, ainda estava vestida com o casaco, agora encharcado de sangue, e nem ao menos era dela, ou do dono do casaco, nem mesmo o agradeceu.

Pegou novamente o maço de cigarros e ficou brincando com um entre os dedos.
Depois de alguns minutos, o policial Ethan voltou.

— Sky, eu preciso que venha comigo até a delegacia, como testemunha.

Maravilha! Como se não pudesse piorar.

— Claro — concordou à contragosto.

Entrou na viatura, sentando-se no banco traseiro. Todo o carro tinha o cheiro dele, perfume masculino, era bom.

Ouviu duas batidas no vidro, tinha acabado de piorar.

— Ora, ora se não é a Brooklyn Baby. Foi pega assaltando o que agora? Givenchy? — perguntou Jessica em tom de deboche. Jessica sempre foi a queridinha do papai, ele dava tudo pra ela, sempre teve uma boa vida, uma boa casa. Mal sabia eles que ela era uma vadiazinha viciada em heroína, tinha apenas dezoito anos.

— Jessica, não chega não? Vai pra casa! E a Givenchy está fechada esse horário — torceu o nariz. Ethan apareceu logo atrás.

— Algum problema?

— Não senhor, nenhum. Que tal me levar também, talvez eu tenha visto alguma coisa... — ela fez uma voz que deixava Sky enojada, subiu o vidro e encostou a cabeça na outra janela.

Ethan conversou algo com a garota e a dispensou, entrando e dando partida no carro.

Pigarrou duas vezes, com medo de tocar no assunto.

— Sky, eu notei essas marcas no seu pulso. Quem fez isso?

Ela encolheu os braços, pensou que ninguém notaria a vermelhidão viva, mas claro, ele era policial, era seu dever notas as coisas pequenas e detalhes.

— Não foi nada, só um mal entendido semanas atrás. Já está resolvido.

Mentira. Nada tinha sido resolvido desde que tentaram a violentá-la. Por sorte não havia chegado muito longe, porém se sentia destroçada do mesmo jeito pois em todo ato tinha sido inútil. Não adiantou lutar, ele era mais forte. Não adiantou gritar, ninguém iria ouvir.

Olhou a rua, para as casas antigas. Imaginou quantas histórias cada uma delas teriam para contar se as paredes falassem.

— Anda fumando, Sky? — ele perguntou enquanto observava pelo retrovisor o cigarro passar pelos dedos dela.

— Não, mas é quase um reconforto estar com, literalmente, a morte entre os dedos.

— Gosta de falar sobre isso não é?

— Na verdade não, mas é inevitável.

— O que é inevitável? — ele olhou pra trás, fitando a garota.

Ficaram em silêncio, na verdade ele não queria já ter começado o interrogatório, mas era uma das únicas pessoas que se importava de verdade com ela.

— O poste em frente, senhor.

Ethan agiu rápido, desviando do poste em que quase tinha batido. Soltou uma gargalhada, passando as mãos pelo rosto.

Chegaram em poucos minutos na delegacia, onde ela passou quase a madrugada, dizendo o que tinha visto e com quem falado. Foi liberada quando o sol nasceu, o próprio Ethan a levou pra casa. Saiu rapidamente do carro, estava exausta.

— Sky, seu casaco — viu ele estender o braço para entregar-lhe o casaco. Não era seu, mas era a segunda vez naquele dia que alguém estava a entregando.

Ela foi em direção à ele, pegou o casaco e subiu os degraus do apartamento. A pena escura e macia ficou caída novamente junto aos pés. Pegou-a novamente, não sabia distinguir se era outra ou a mesma que havia encontrado mais cedo, mesmo assim a levou pra dentro.

O pequeno e confortável apartamento é a única coisa bonita em tudo aquilo. Ela sempre teve bom gosto com decorações. Havia plantas, flores, quadros contemporâneos, velas, CDs e livros organizados corretamente. Tudo comprado por ela.

Tirou os sapatos, sentindo a textura do piso amadeirado. O gato alaranjado com o nome de Floyd veio lhe dar boas vindas, ele é sua única companhia.

Colocou o casaco na lavanderia e tirou a peruca rosa, deixando os cabelos castanhos e volumosos tomar forma no rosto, como a moldura perfeita de uma obra de arte — uma obra de arte estragada — parecia horrível, desgastada e cansada. Se se jogou na cama e esperou o sono vir.

✦✧✦✧

Acordou no final da tarde, Floyd lambendo seu rosto. Com fome, e não era só ele.

Levantou e colocou o resto do sachê, o último. Olhou a geladeira e correu ao horror, não tinha nada. Precisava sair para comprar urgente se não morreria de fome. O único problema era o dinheiro restante, pouquíssimo havia sobrado desde que teve suas economias de anos levada. Ethan tinha a dado uma quantia para recomeçar, mas não era o suficiente, nem o salario que ganhava da boate. Era apenas uma garçonete, não uma stripper. Quando o trabalho era bem feito, dava para lucrar, mas ela prometeu a si mesma que não se submeteria a isso, isso tinha sido quando as coisas ainda não estavam tão ferradas.

Tomou banho, vestiu uma roupa bonita e confortável. Ela tinha uma habilidade de mesmo com pouco dinheiro, andava sempre muito na moda. Claro, teve a vez que assaltou uma bolsa na loja da Fendi, mas a devolveu horas depois. Não sabia se tinha sido corajosa ou estupida, ou os dois.

Pegou as chaves e saiu de casa, indo na casa ao lado onde morava sua vizinha e melhor amiga. Bateu na porta três vezes, na quarta ela atendeu.

— Liv, eu vou no supermercado, quer alguma coisa?

Mas a amiga não respondeu, estava ali mas não estava. Sky ficou desconfiada e entrou nas pressas na casa.

— Sky, oi, não... eu...

O apartamento era pequeno, cheirava a mofo, mas dava pra viver.

— Liv, está usando novamente? — perguntou preocupada, as palavras quase que não saia da boca.

— Foi só dessa vez okay? Foi a ultima eu prometo! — disse rapidamente, a pele pálida, as olheiras vividas embaixo dos olhos a dedurava totalmente.

Ela entrou no apartamento com pressa, vasculhando o sofá desgastado, o guarda roupa, a lavanderia. Liv corria atrás dela, desesperada e chorando, tentando se explicar.

— Eu sinto muito Sky, eu tentei... mas...

Ela abraçou a garota, chorando. Mas não era a primeira vez que tinha visto aquela cena, aquele momento, aquele choro.

Sky passou as mãos contra ela, alisando o cabelo macio. Ela estava quente, estava viva.

— Venha pra minha casa hoje, não fique aqui sozinha.

Liv a olhou com um sorriso no rosto, mas era um sorriso triste, Sky sentiu aquilo. Os olhos azuis transmitia uma sensação acolhedora. Ela era perfeita, mas estava indo direto ao declínio. Tinha frequentes ataques de ansiedade e bipolaridade. Sua mãe a abandonou quando completou dezoito anos pois não suportava mais, estava fora do seu alcance.

— Pegue suas roupas, eu vou comprar algo para comermos ok? — perguntou. Liv apenas acenou com a cabeça.

Saiu do apartamento dela tão preocupada que nem se deu conta da noite caindo. O supermercado mais próximo não ficava muito distante.

Andou pelos quarteirões, viu uma viatura passando, garotos andando de skate, uma cafeteria, pequenas lojas vazias e a livraria que costumava passar o tempo. Se sentia segura lá e conseguia fugir dos pensamentos. A mulher atrás do balcão acenou pra ela que estava do outro lado da rua, ela acenou de volta. 
Não entendia o motivo de um lugar tão perfeito como aquele não estava lotado, mesmo assim ela abria todos os dias. 

Andou mais alguns minutos até chegar ao local predestinado.

Pegou uma cesta e escolheu as coisa mais importantes, o dinheiro era pouco a fome e era muita. Foi para o caixa, encontrando Chaim à sua frente.

— Sky, Oi! — cumprimentou ele. Chaim era um homem alto, cabelos loiros, beirando aos vinte e seis anos, o nariz fino, a boca carnuda. Ele era tudo que alguém solitário poderia pedir, e quando Sky ficou solitária, ele estava lá. Namoraram por uns três anos. Depois disso continuaram bons amigos, e ela gostava assim.

— Oi Chaim, como vai?

— Estou bem — ele deu de ombros. — Arabella disse que está com saudades suas, e eu também. Você deveria aparecer mais.

— Eu ando sem tempo esses dias, tenho que trabalhar com tudo para conseguir o dinheiro perdido, você sabe... Mas irei tentar, prometo! — sorriu. Arabella era a irmã dele, muito gentil e atenciosa. Já Chaim era mais áspero em comparação a irmã, apesar disso, os dois se davam muito bem.

Ele pagou os produtos e a esperou na saída.

— Foi bom te ver, Sky. Está bonita, do jeito que eu lembro — sorriu de canto, exalando charme. Quando ele fazia isso ela costumava ficar com o coração a mil, quase saindo pela boca. Agora não sentia nada, apenas um carinho por ele.

— Foi bom te ver também. Se cuida — ela se despediu, seguindo seu caminho.

Sky fez o mesmo percurso de volta, viu novamente a mulher gentil da livraria, o casal da floricultura e os garotos andando de skate. Apenas observou apreensiva as viaturas e ambulâncias indo na mesma direção que ela. Seguiu em frente, entrando na vizinhança.

As luzes do quarteirão eram geralmente amareladas, hoje estava tudo azul e vermelho, principalmente na frente da casa da amiga.

Gelou por completo, se aproximando lentamente da aglomeração de pessoas que se montava atrás da fita amarela.

As faces eram familiares, viu Ethan dentro do círculo amarelo como de costume, os Jacobson com rostos entristecidos, os outros vizinhos dando depoimento. Infelizmente soube que eles estavam lá por ela quando avistou Liv caída na porta do apartamento, pálida, enquanto a colocava em um saco preto. A cena que veio a seguir ficou marcada na memória de muitos ali presente.

Correu pra cima gritando o nome dela, ignorando o aviso de não ultrapasse. As compras caíram no chão, junto com o sorvete favorito de Liv. A cabeça girando naquele momento, o coração a mil. Dois policiais altos a seguraram, mas ela continuou se debatendo.

— Sky! Pare! — a voz do policial Ethan soou como um sermão.

— Não! Me solta! — se debateu novamente, tentando chegar até o corpo sem sucesso. Ethan pousou a mão dele em seu ombro, a aconchegando para um abraço.

O coração apertou de tal forma que pensou que pararia de respiração a qualquer minuto. Se sentiu culpada, não era pra tê-la deixado sozinha, não naquele estado. Dentro dela, algo muito forte dizia que foi inevitável.

— Era inevitável, Sky — confortou Ethan, como se tivesse lido sua mente.

Apenas quando o furgão foi fechado que ela se deu ao luxo de chorar. Sentou no asfalto frio, não tinha forças suficientes pra ficar em pé. Gostaria que os pais tivessem vivos, para ter o conforto do pai, o abraço gentil da mãe, sentia falta da comida dela e dos pequenos momentos. A cabeça ficou quente, sentia como se fosse desmaiar a qualquer momento. Observou o policial Ethan falar alguma coisa, mas não escutou, não estava ali por completo. Se levantou, indo pra casa, é logo ao lado.

Floyd a esperava na porta, miou como se soubesse que tinha algo errado.

Sky tirou toda sua roupa e se jogou na cama, onde chorou mais um pouco. Tentou dormir, mas era impossível. A voz da amiga não saía da mente, os olhos, as coisas engraçadas que ela contava. Tinha sonhos, planos, paixões, habilidades, tudo isso interrompido daquele modo. Era injusto, tudo era injusto, a vida era injusta, principalmente com ela.

Caiu levemente no sono até acordar antes do sol nascer.

Levantou de modo arrastando e vestiu uma de suas melhores roupas, junto com o casaco que até ontem era de um estranho. 
Olhos avermelhados, grandes olheiras abaixo deles. Essa é a atual ela, e não tinha nenhuma BB que conseguisse disfarçar.

Pegou o pouco dinheiro que restava e carregou Floyd em uma caixa de papelão, saindo do apartamento.

O céu permanecia obscuro, caminhando com ela pelas ruas na madrugada fria com um gatinho assustado numa caixa. Ela o confortava a todo momento, fazendo carinho no topo da cabeça o animal.

Chegou até a porta casa de Chaim, que mora na rua ao lado. Colocou a caixa na porta dele e o gato a chamou de volta com um baixo miado.

Seguiu caminhando pelas ruas do Brooklyn e andou o suficiente para estar fora dele. Percorreu mais quilômetros do que na verdade notou. O sol já visível no horizonte. Um novo dia.

Um enorme lago natural para piquenique, com arvores e pedras em volta. Havia uma inclinada pra cima que dava para se sentar e aproveitar o sol e a vista, adorava fazer aquilo quando criança. Seus pais se conheceram naquele local, e após anos juntos, suas cinzas também. Permaneciam juntos esse tempo todo, tendo certeza que estavam felizes.
Sentiu uma pontada de inveja, queria aquele sentimento também, queria mais que tudo, de estar perto de quem ela ama.

Sentou-se no chão coberto de folhas, esperando o sol nascer por completo. Quando começou a esquentar-lhe a pele, se levantou, tirou os sapatos e o celular do bolso, colocando tudo junto.
Pôs os pés na água e tremeu, se encolhendo. Não gosta mesmo do frio, só decidiu ignorar a frigidez.

Entrou mais afundo, sentindo a correnteza do lago a puxar cada vez mais, parecia que ele a chamava, ou seus pais, parecia que ele conhecia sua história.
Algumas lágrimas correram pela face, pingando involuntariamente na água. Pesavam uma tonelada.

Ficou imóvel dentro da água, observando tudo à sua volta. 
Com um pequeno deslize em uma pedra, afundou, se debatendo pra voltar. Então os pássaros pararam de cantar, a leve cascata ao fundo não fez mais barulho. Tudo ficou no mais sereno silencioso.
Mas uma coisa que nunca esperava foi recuperar a consciência cinco minutos depois. A respiração pesada, a água fria correndo entre as curvas do corpo.

Precisou de mais que um instante para se recuperar. Olhou ao redor, encontrava-se no mesmo local e lembrava de tudo. Não conseguia entender o momento. Foi um acidente.

Recuperou o fôlego e começou a sair lentamente da água. Sentia-se no automático.

— Será que você, hã... Poderia devolver meu casaco? — a voz doce foi como músicas para os ouvidos dela. Veio na direção da grande pedra inclinada, um garoto estava sentado nela. Ele olhou pra baixo, os olhos escuros e afiados, cabelo grande e bonitos da mesma cor dos olhos. Ele era lindo, parecia um anjo.

— Este casaco não é seu, um homem me deu — contestou ainda de pé dentro do lago. Teve a sensação que o frio tinha cessado.

— Sim, eu lhe entreguei, mas você quase foi embora, então eu tenho que pegá-lo de volta. Não precisa mais dele.

— Está louco? E quem é você pra pegar uma coisa que não é sua?

Ele rolou os olhos, balançando os pés e inclinando o corpo pra trás.

— Eu sou morte, Sky. Eu pego todos os dias coisas que não são minhas, mas que em breve passam a ser.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A história também está sendo postada no Wattpad e Spirit :)

https://www.wattpad.com/story/186044778-a-million-on-my-soul

https://www.spiritfanfiction.com/historia/a-million-on-my-soul-16420631



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Million on My Soul" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.