Nascida nas trevas - Born in the dark escrita por Letícia Pontes


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Essa história contem violência e tortura, se você for sensível à esse tipo de literatura recomendo que não continue.
Obrigada e boa leitura a todos! S2



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Ainda no inicio do século 21 lá por volta de 2018 e 2019, o mundo tinha 7,7 bilhões de habitantes. Pelo menos é o que contam os livros, mas eu acho difícil de acreditar que o mundo já teve tanta gente assim. Algo estava errado com o universo, porém é claro que ninguém notou. Até antes da metade daquele século alguma coisa matou mais da metade da população mundial. Repito: é o que dizem os livros. De repente as pessoas começavam com uma tosse, febre, dores de cabeça e no corpo, logo em seguida um ataque cardíaco matava-os. Era uma coisa rápida, as vezes as pessoas acordavam bem e na hora do almoço já estavam morrendo. Em um mês mais de 300 pessoas no mundo morreram assim e em quinze anos haviam menos de 3 bilhões de pessoas vivas no mundo.

Na minha opinião, 3 bilhões de pessoas no mundo é praticamente super lotação. Pelo menos no mundo de hoje seria. Mas nós estamos falando do século 21 e nesse século isso era uma população minúscula. Como se isso já não bastasse, houveram dez anos consecutivos de desastres naturais que matou quase que a população completa do planeta.

De 2031 até 2040 tornados, furacões, tsunamis, vulcões, incêndios ciclones, tempestades e nevascas devastadoras, fluxos de lama e ondas de calor de níveis absurdos, entre coisas desconhecidas e não relatadas com exatidão nos livros. Esses desastres naturais foram muito discutidos no século seguinte e alguns livros dizem que foram a ira divina, outros falam sobre consequenciais resultantes de tanto descuido com o planeta. Algumas pessoas acreditam que foi o próprio planeta tentando se livrar da gente (sem sucesso por que continuamos aqui e o mundo continua uma merda, até pior acredito eu).

No século vinte e dois o mundo estava um verdadeiro lixão, não existia mais a energia elétrica (eu só conheço-a através dos já citados livros), sem água limpa, escassez de comida e medicamento. Os que não morreram nos desastres, morreram com as consequenciais deles. Alguns pelos ferimentos, outros pelas doenças adquiridas, outros por não conseguirem alimentos, por infecções, brigas por comida (isso ficou comum) que sempre acabavam em sangue...

Eu nasci quando isso já estava mais equilibrado. O mundo tinha tentado se reerguer no século vinte e dois e foi nesse século que meus pais nasceram, foi nesse século que fui concebida. Eu nasci em 2200, o último ano do século vinte e dois. Cresci em uma cidade construída no meio do mar e praticamente inacessível para os estrangeiros.

Prazer, meu nome é Tamryn, essa história se passa quando eu tinha meus exatos vinte anos de idade e morava em uma cidade flutuante de trinta habitantes. Lá era proibido assassinatos e quem cometia tal ato era jogado para os tubarões na baía dos tubarões (nunca fomos criativos com nomes como você pode perceber).

Minha mãe se chamava Zia e meu pai Hoden, os dois já estavam velhos, mas eram fortes e saudáveis. Meu pai, um ser celeste e minha mãe um ser marinho, eram as duas raças que tínhamos ali. Terrestres nunca se adaptariam naquele lugar. Acho que pulei uma parte da história desse  novo mundo. Somos todos mutantes.

Desde que o planeta virou um grande pedaço de merda flutuando no espaço, somos basicamente água para todos os lados. Algumas doenças no passado acabaram por não matar e sim evoluir alguns humanos que simplesmente desenvolveram algumas anomalias que foram então consideradas normais depois de tanto tempo. É incomum você ver alguém que não tenha asas, ou guelras por ai (fora mil outras coisas), inclusive se você for um humano que não tenha alguma mutação dificilmente sobrevive mais do que alguns anos neste mundo. Além disso, pessoas como eu eram um pouco raras. Mesmo quando os pais são um de cada espécie, ainda assim os filhos saem ou de uma espécie ou de outra. Eu era a única  da minha cidade que era tanto celeste quanto marinha. Existiam sim outros, mas não em todas as cidades. E eu não sabia exatamente como era em terra firme porque nunca havia ido lá então só ouvia historias que nunca dava para saber até que ponto eram verdadeiras.

Dizem que a primeira pessoa mutante do mar ficou doente de repente e começou a sentir uma forte coceira e ardência na pele. A pessoa era uma menina de quinze nos que estava grávida, acreditaram então que havia algo errado com a sua gravidez. Ela continuou assim por muitos anos até um dia se matar. Espera, eu sempre pulo partes, deixa eu explicar melhor.

Essa moça teve a bebe que nasceu com estranhas estrias na pele, mas não estrias normais e sim em muito alto relevo. Deu-se pouca importância à isso devido ao estado da mãe da criança: A pele estava caindo nos lugares que ela sentia a queimação. A moça coçava o corpo como uma louca e era sangue e pele pra todo lado. Até que um dia ela cometeu suicídio. A bebe ainda tinha três anos de idade quando isso aconteceu. Após isso a bebe cresceu, virou adulta e teve uma filha que quando nasceu  descobriu que podia respirar em baixo da água. Assim foram evoluindo e hoje em dia temos uma grande população de seres marinhos, nunca calcularam, mas deve ter mais de 2000.

Além de conseguir respirar em baixo a água, como todo ser marinho, eu também tenho algumas outras características legais. Você conhece o peixe baiacu de espinho? Ele infla e assim coloca pra fora espinhos da sua pele. Pois é. Eu posso fazer igual. Além disso também tenho uma mordida venenosa. Não que eu saia por aí mordendo  meus inimigos, mas seria uma boa forma de sair de uma situação difícil. Por causa disso, sou imune aos venenos. Descobri que tinha a mordida venenosa depois de me defender de um peixe mordendo-o. Longa história, não estou afim de contar.

Voltando ao assunto, vamos resumir minhas características marinhas: Posso respirar em baixo da água, tenho espinhos e veneno em meu corpo e também enxergo muito bem no escuro. Nem todos os marinhos são iguais, cada um recebe uma característica de um ser do mar com alguma outra coisa.  A minha mãe por exemplo tinha uma voz que encantava - literalmente - os homens. Antigamente as sereias eram lendas, até que tudo aconteceu e descobriu-se que elas são sim reais. Mas nada como aquele conto da pequena sereia Ariel. As sereias são seres ferozes que comem carne humana e carne de tubarão. Elas nunca foram realmente descobertas no passado porque moram no mais profundo e obscuro do oceano e são terrivelmente destruidoras. Minha mãe tinha a voz delas e também comia tubarões - comeria humanos também se não fosse civilizada -. Além disso ela possuía traços de uma enguia elétrica. O nome já diz tudo não é?  Para eu usar meus espinhos e para ela usar a energia elétrica dela era preciso que estivéssemos em situações bem terríveis porque são coisas que além de requerer muita energia nossa, também nos machucava. Não da mesma forma que machucaria a nossa vítima, mas machucava um pouco.

Das trinta pessoas que moravam nessa cidade flutuante, vinte eram marinhas nove eram celestes e uma mista. No caso eu era a mista. Rey era o nosso líder, ele é quem mantinha a ordem aqui e que distribuía funções. Apesar de todos termos funções especificas, todos sempre ajudavam em tudo.

Por fim, a minha mãe estava grávida naquela época; grávida de 9 meses esperando ansiosamente por um filho ou filha.

 


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Notas finais do capítulo

Obrigada pro começar a minha nova história, espero que você curta e não enjoe dela. pode me dar sugestões aqui nos comentários também, eu aprecio isso.



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