Uma Última Chance escrita por Samazing


Capítulo 1
O futuro nunca foi tão assustador.


Notas iniciais do capítulo

Venho depois de 823423894728975 anos postar uma fanfic do meu belíssimo otp, espero que gostem, boa leitura! fjkdjglf



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Quando se está a beira da morte, dizem que temos um momento de epifania, e que uma série de filmes e vislumbres do passado tomam conta da sua mente, como um filme. Isso acontece até que a sua vida se esvai, e tudo o que resta é uma vasta lembrança nas memórias daqueles que um dia te amaram.

E eu, o grande Gajeel Redfox, naquele momento, me perguntei se eu realmente já fui amado. Pensei primeiro na Juvia, a minha primeira amiga de verdade, desde a Phantom Lord. Depois pensei no Lily, meu companheiro de missões e meu melhor amigo. Também pensei na guilda, nos meus companheiros, e em como havíamos nos aproximado nos últimos meses. Em como eu havia me tornado parte daquela família. Então, eu pensei naquilo que eu estava evitando pensar desde o começo. Levy McGarden. Aquela certamente seria a maior das minhas perdas.

Senti o meu coração apertar-se ao observá-la debatendo-se contra Pantherlily, pronta para arriscar a sua vida por mim. Pronta para dar o seu último suspiro por mim. Naquele momento, eu tive certeza, tive a resposta para a minha pergunta bem na frente dos meus olhos — eu era amado. Mas não era só isso, eu também amava. E percebi isso quando um certo desespero tomou conta de mim, porque em um pensamento altamente egoísta, eu percebi que não queria morrer, porque eu queria passar mais tempo ao lado dela. Eu queria construir uma vida ao lado de Levy McGarden. E ver que ela daria a sua vida por mim, aquilo doeu no fundo da minha alma, ainda que eu soubesse que faria o mesmo por ela sem pensar duas vezes.

Era cômico, porque ali, à beira da morte, o que menos me importava era o fato de que eu estava prestes a morrer. Isso porque ver as lágrimas escorrendo pelo rosto pálido dela me proporcionava uma dor ainda mais insuportável. Tudo o que eu queria fazer era correr até Levy, abraçá-la e dizer que ficaria tudo bem. Dizer que recomeçaríamos de novo na guilda, ao lado de nossos companheiros, e que em breve embarcaríamos em uma nova aventura. Mas era mentira, e eu não podia mentir para ela.

Peguei-me pensando nos nossos momentos juntos. Em quando o Laxus voltou para a guilda e instaurou o caos, e em como eu percebi o quanto a baixinha era inteligente. Depois, lembrei-me de Tenroujima, quando lutamos lado a lado. Juntos. Quando ela me mostrou o verdadeiro valor de uma amizade e, de certa forma, me ensinou o que realmente é gostar de alguém. Relembrei também os grandes jogos mágicos, quando ninguém me apoiou tanto quanto ela. Levy sempre confiou e acreditou em mim, independentemente do que os outros dissessem. Recordei-me do ano que passamos juntos no conselho, de como ela insistira para que eu fosse com ela, e de como eu percebi que eu faria qualquer coisa por Levy McGarden. Eu faria absolutamente qualquer coisa para deixá-la feliz. No entanto, agora, ainda que contra a minha vontade, tudo o que eu deixaria para ela seria uma promessa quebrada e uma série de memórias que a assombraria por vez ou outra durante o sono. E eu sabia que isso não era justo.

Levy McGarden merecia mais. Ela merecia muito mais do que eu era capaz de dar, mas, mesmo assim, nunca desistiu de mim. Eu nunca pensei que fosse aprender o significado de uma família, ou de felicidade. Muito menos do que é o amor, ou que fosse capaz de amar, mas eu era. E aprendi tudo isso graças a ela, porque Levy McGarden era tudo isso. Levy era a prova viva de tudo o que eu era capaz. Era a minha felicidade, a minha família, e a pessoa que eu amava. O meu lar. Droga, de um momento para o outro, eu havia me tornado um idiota apaixonado. Mas isso era engraçado, porque dentro de toda aquela controvérsia que era a minha vida, eu realmente consegui ser feliz por um bom tempo.

E eu era grato. Levy, que tivera a pior das experiências ao meu lado, foi a pessoa que mais se esforçou para achar algo de bom por debaixo de todo esse metal frio de um dragon slayer um tanto quanto carrancudo. E ela, de fato, não só encontrou bondade, como também me ensinou a ser a boa pessoa que eu nunca achei que conseguiria me tornar. Ela me fez um homem melhor, e me ensinou a viver de uma forma que eu achei que jamais conseguiria.

Mais uma lágrima escorreu dos olhos dela e, ainda de longe, eu conseguia ouvi-la gritar o meu nome como uma súplica, com a voz embargada pelo choro. Eu detestava o fato de que a última memória que eu teria dela seria aquela. Ela não merecia sofrer por mim. Não de novo.

Naquele momento, eu percebi que Levy precisava saber a verdade, e aquele seria o último momento que eu teria para fazer isso. Não haveria uma próxima vez. Aquela era a minha última chance. Ao contrário dos outros dias, não haveria um amanhã. E nada doía mais do que acreditar que não a veria no dia seguinte.

Por um breve instante, eu sorri, conformando-me com o que o destino me reservava. Saber que eu havia conseguido salvar a mulher que eu amo fazia tudo valer à pena, mesmo que isso significasse perder todo o meu futuro ao lado dela. Mesmo que isso significasse sacrificar a minha vida.

— Levy... — A minha voz saiu mais trêmula do que eu desejava, mas poder ver um vestígio de esperança no fundo daqueles olhos castanhos me fazia deixar todo o meu orgulho de lado. — Eu... realmente... Era um lixo inútil que não poderia ser salvo...

Eu deixei uma risada repleta de desânimo escapar, mas pensar nisso lembrava-me da pior fase da minha vida, quando não havia esperança. Quando eu cometi os piores dos pecados. Mas, aos poucos, Levy tornou-se a minha esperança, justamente porque, por muito tempo, ela foi a única pessoa que viu um vestígio de luz em toda a escuridão que eu costumava ser.

— Então eu conheci você. — Eu sorri, lembrando-me de quando nos conhecemos de fato, na guilda, e ela me deu a chance de recomeçar, de tentar ser alguém melhor. Se não fosse por isso, talvez eu continuasse sendo o mesmo lixo de antes. O mesmo cara sem alma. — E, graças a você, eu pude me tornar alguém melhor.

Mais uma vez, todas aquelas memórias invadiram a minha mente, como uma verdadeira avalanche de emoções. Eu senti os meus olhos encherem-se de lágrimas, mas eu era orgulhoso demais para chorar, então, a princípio, eu apenas sorri, enquanto fitava os olhos marejados de Levy, que havia desistido de lutar contra Lily. Doía tanto ter que vê-la daquela forma.

— Você me ensinou como amar alguém.

— Gajeel... — A voz dela saiu embargada, certamente devido ao choro excessivo.

— Graças a você, eu... — Dessa vez, foi a minha voz que saiu afetada pelas lágrimas que insistiam em se acumular nos meus olhos. Por um breve momento, eu travei.

Fechei os olhos, suspirei e reuni toda a coragem que tinha. Levy merecia saber o que eu sentia, era o mínimo que eu poderia fazer por ela, principalmente sob aquelas circunstâncias.

— Graças a você, eu... Comecei a pensar em coisas que eu jamais havia pensado antes.

Era engraçado como todas as coisas boas que eu pensava se resumiam à Levy McGarden. Absolutamente tudo. Cada sensação boa, cada sentimento que antes eu desconhecia, Levy McGarden era a culpada por cada um deles. Desde uma boba preocupação desnecessária, até a mais pura felicidade. Levy era responsável por cada um deles.

— Sobre o futuro... Sobre família... Sobre felicidade...

Levy McGarden era o que representava cada uma dessas coisas para mim. Era a visão que eu tinha do meu futuro, era a minha família e, acima de tudo, a minha felicidade. Eu não me importaria de viver o resto da minha vida ao lado dela. Na verdade, ousaria dizer que era o maior dos meus desejos, isso se eu não fosse orgulhoso demais para admitir.

— Que engraçado, não é? Pensar naquele todo poderoso Gajeel. — De repente, eu não conseguia mais me controlar, as lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto sem pudor algum. — Querendo ser como todo mundo.

Eu nunca achei que fosse conhecer a sensação de um coração partido. Chegava a ser engraçado. Logo eu? O mais durão de todos, o impenetrável, o coração de ferro. Quem diria que eu poderia conhecer esses sentimentos? E quem diria que aconteceria tão cedo, de uma forma tão injusta. Talvez fosse merecido. Talvez fosse apenas o karma trazendo as coisas para a sua ordem natural. Pouco importava. O que era realmente importante era Levy, parada há alguns passos de distância de mim, chorando sem parar, enquanto tudo o que eu pensava era em confortá-la.

— Eu queria continuar caminhando ao seu lado... Nós dois, para sempre. — As lágrimas rolavam de maneira impiedosa, encharcando todo o meu rosto. Não me lembro de ter chorado assim em qualquer outro momento da minha vida. Era patético, mas genuíno. — Eu nunca pensei que perder o futuro fosse tão assustador.

Futuro. Aquela palavra não fazia mais sentido. Não existia mais futuro. Só existia o agora, que poderia acabar a qualquer momento; a qualquer segundo. Sem novos trabalhos com a Levy, sem levá-la de volta para a guilda, sem cumprir as minhas promessas. Era tudo um grande vazio. Restariam apenas o agora e as lembranças que ela guardaria daqui pra frente. Talvez aquilo fosse o suficiente para manter-me vivo, de alguma forma, ainda que somente em memórias.

— Gajeel... — Eu a ouvi murmurar mais uma vez, a voz ainda mais entrecortada, mas em tom de desespero, mais uma vez, como uma súplica.

— Eu confio o meu futuro a você. — Em quem mais eu confiaria para viver por mim? Só Levy poderia fazer isso.

— Não! Pare, Gajeel! — Eu a ouvir gritar, incrédula, e, mais uma vez, ela tentou se soltar dos braços de Lily, em um desespero do qual eu não me achava merecedor.

— Viva por mim, ok? — Eu pedi, tentando manter a minha voz o mais calma possível, apesar das lágrimas que teimavam em atrapalhar a minha fala.

— Não vá! — Ela implorou, com a mão estendida em minha direção.

Como eu queria poder concede-la aquele desejo. Deixá-la naquelas condições, sob aquelas circunstâncias, parecia tão injusto. Parecia tão errado. Talvez eu merecesse isso, mas Levy com certeza não merecia. Ela merecia mais, muito mais.

— Lily, você tem que levar a Levy de volta para a guilda, custe o que custar! — Eu pedi, por fim, lembrando-me da minha promessa.

Eu precisava cumprir a minha última promessa, afinal. Ainda que eu não estivesse mais lá, promessas eram feitas para serem cumpridas, e eu não costumava quebrar as minhas promessas.

— Custe o que custar! — Lily assentiu, também com a voz chorosa.

Era egoísta pensar dessa forma, mas enquanto sentia o meu corpo ser levado pelas partículas, pensei em como era bom ter pessoas que se importavam com você. Doía pensar que a última imagem que eu havia visto, era a de Levy com as lágrimas rolando pelo seu rosto impiedosamente, sem controle algum.

No ápice de toda a minha crise existencial, eu percebi que a vida é como um sopro. E, no meio de todo esse caos passageiro, são momentos como os que eu vivi ao lado de Levy que fazem a diferença. São eles que fazem a vida valer à pena, que fazem uma pessoa acreditar que viveu de verdade. Eu quis aproveitar isso até o último segundo.

Então, perdido na incerteza de um futuro quase inexistente, eu percebi que conhecê-la provavelmente foi o meu maior erro, mas amá-la, com certeza, foi o maior dos meus acertos.

Tomado por uma sensação de terrível de impotência, eu notei que fui mais feliz do que eu merecia, ou, pelo menos, mais do que eu achei que poderia ser.

Tudo porque Levy McGarden, definitivamente, era a razão de toda a minha felicidade.

Imaginar uma vida em que nós dois não andávamos lado a lado parecia uma ideia absurda, quase impossível. Mas talvez fosse assim de agora em diante. De fato, o futuro nunca foi algo tão assustador. 


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Sim, Gajevy/GaLe continua vivíssimo no meu coração, como sempre foi. Até a próxima (não disse quando). ♥



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