Drastoria - Certain Things escrita por Blank Space


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Ooieeee meus amores!! ❤ Tudo bem com vocês?? Aqui estou eu com mais um projeto que eu tava louca pra vocês verem! ❤
Essa one-shot aqui foi criada com base na minha Text!Au Scorose - What Your Father Says e eu fiquei muito feliz que vocês embarcaram nessa ideia comigo (pra quem caiu aqui de paraquedas: vocês não precisam ler a au pra entender, isso se passa antes dela). Essa é a história de como Draco e Astoria Malfoy ficaram juntos na Scorose, pra vocês conhecerem um pouco mais da família do Scorpius, isso vai ajudar vocês a entender muita coisa sobre ele ❤ Eu simplesmente sou apaixonada por esse casal e por tudo o que ele representa e estava louca pra fazer alguma coisa com eles, por esse motivo decidi postar aqui no lugar de postar só no Twitter, desse jeito as pessoas que shippam podem ler e quem sabe até se interessam pela au né?? ❤
PLAYLIST (eu sou a louca da playlist KKKK)
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WHATSAPPP: (32)99105-3550
TEXT!AU SCOROSE:
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Espero que gostem! ❤



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Os corredores do St Mungus sempre foram um caos, prontos para enlouquecer qualquer pessoa que passasse por ali desavisada. Vários pacientes sendo levados em todas as direções, medibruxos correndo de um lado para o outro e enfermeiros muitas vezes sem dormir.

Astoria Greengrass porém, recebia tudo aquilo com todo o fascínio e todo o amor que havia dentro de si. A estudante que estava em seu último período de medibruxaria gostava de passar seu tempo livre ali, absorvendo toda aquela energia e imaginando seu futuro. Com certeza era melhor do que estar em casa, com seus pais reclamando a respeito de dinheiro em uma tentativa de pressionar não só a ela, mas sua irmã a se casar com um homem rico. Não era um grande sacrifício pedir aquilo a Daphne, afinal a loira se preparava para encontrar o marido com a maior conta no banco há muito tempo, mas ela? Com ela era diferente.

Ela não procurava um casamento por interesse. Já havia presenciado a catástrofe que era um deles em sua própria casa, se tivesse filhos não queria que eles passassem pelo mesmo que ela. Ela queria amor, um daqueles intensos e que ela assistia nos filmes. Daphne dizia que era bobagem, que o amor não existia, mas ela ainda tinha esperanças, embora realmente achasse difícil que alguém fosse capaz de se apaixonar por ela.

A mulher de cabelos castanhos olhava ao redor, até que a entrada de dois homens atraiu sua atenção e curiosidade. O homem negro vinha desesperado, trazendo um caderno em mãos e um homem levitando atrás de si, sua expressão era de total desespero. Ela se levantou, se aproximando devagar para ver melhor. Um líquido branco escorria pela boca do homem que flutuava sem camisa e todo o seu corpo pálido tremia. Nunca havia visto coisa parecida.

—Ajuda! Por favor, eu preciso de ajuda! –O outro gritava. –Ele está morrendo, eu preciso de ajuda agora!

Os rostos familiares logo a levaram de volta para os corredores de Hogwarts e ela soube exatamente quem eram. Blaise Zabini era o homem desesperado, então o homem loiro que ele trazia consigo só podia ser Draco Malfoy.

Uma equipe de medibruxos veio até ele rapidamente, - parando por um momento ao ver o contorno da marca negra mais forte do que nunca – o conduzindo para uma sala enquanto um deles tentava descobrir o que aconteceu para deixá-lo naquele estado.

—E-eu não sei! –Zabini disse, exasperado. –Eu passei para uma visita e o encontrei no chão ao lado de um caldeirão.

—Sabe que poção ele tomou, senhor? –Perguntou, tranquilo.

—Nenhuma que conhecemos. Draco é muito bom em poções, acho que criou uma nova. Aqui, eu trouxe suas anotações. –E entregou ao homem o caderno. Ele o abriu, dando uma olhada. –Eu tentei dar a ele bezoar, não está funcionando!

—Draco...?

—Malfoy. Acha que ele vai sobreviver? –Blaise questionou, passando as mãos pelo cabelo completamente tomado pelo nervosismo.

—Faremos tudo o que pudermos, senhor.

E ele saiu, entrando na sala para onde o haviam levado e deixando Zabini ali. O homem soltou o ar, cansado e sentou-se em uma das cadeiras. Astória, porém, não parou por lá. Estava realmente curiosa sobre o que ele estava tentando fazer com aquela poção, então deu a volta no hospital e entrou no armário de vassouras. Conhecia aquele lugar como a palma de sua mão e sabia que o armário ficava em frente à sala. Tirou uma das orelhas extensíveis que havia comprado na loja dos gêmeos Weasley de sua bolsa e a colocou na parede.

—Ele morreu? –Ouviu o médico que havia ficado com o caderno perguntar ao entrar.

—Ainda não. –Uma das mulheres respondeu. Como assim “ainda não”?

—Essa coisa está se mexendo. A marca de Você-Sabe-Quem. –Disse e por um momento Astoria conseguiu visualizar todos ao redor dele, apenas observando enquanto a aquela vida se esvaia. Torceu para que estivesse errada.

—O que faremos, doutor?

Houve uma pausa. Diante de todo o silêncio era possível ouvir os gemidos de dor vindos de Draco. Astoria prendeu a respiração e seus olhos marejaram. Alguém estava morrendo, aquela pergunta era realmente necessária?!

—Eu perdi a minha irmã na guerra. Lavender foi mordida por aquele lobisomem asqueroso e não sobreviveu. –O doutor disse.

—Minha tia foi torturada e mandada para Azkaban por não ter sangue puro. –A mulher contou.

—Meus pais e eu fomos para as florestas, eu pensei que fosse morrer. Se não de fome então devorado por algum animal. Eu não acho que ele merece ser salvo, não quando pessoas como ele nos tiraram tanto.

—Mas doutor... –Um dos homens com uma voz incrivelmente familiar tentou dizer, mas foi interrompido.

—A poção vai matá-lo. Espere que aconteça e diga ao homem lá fora que ele não resistiu. –O médico disse e pelo seu tom Astoria soube que aquela era sua palavra final. Ouviu os passos de todos saindo da sala e, sem nem ao menos pensar, roubou um dos jalecos que estava no armário de uma das médicas.

Greengrass o vestiu e respirou fundo, andando por aqueles corredores como se realmente fosse uma deles. Naquele momento agradeceu por ser uma das invisíveis, a garota em quem ninguém prestava atenção. Era como se fosse apenas uma das novas medibruxas que haviam sido contratadas e estavam começando naquela semana. Passou pela recepção dando um breve cumprimento com a cabeça e entrou na sala sem maiores dificuldades.

Draco Malfoy ainda estava lá, seu corpo tremia cada vez mais e, por sorte, o caderno ainda estava ali. A imagem era dolorosa. O corpo já pálido e os olhos vidrados combinados com os gemidos agonizantes faziam com que ela quisesse chorar. Tentou pensar em alguma coisa e então se lembrou de um feitiço que havia aprendido em sua última aula. Ainda não haviam praticado, mas com sorte o executaria.

Tardius magis et plus. —Disse, sacudindo sua varinha e apontando para ele. Não aconteceu nada. –Tardius magis et plus!—Quase gritou e ele enfim parou de tremer conforme uma luz saía de sua varinha.

Respirou fundo. Era um feitiço complicado, usado para atrasar o efeito de poções de maior risco até que conseguissem enfim revertê-las. Astoria sabia que não o seguraria por muito tempo, talvez até menos do que deveria porque nunca havia o realizado antes, mas lhe daria uma chance de pelo menos tentar salvá-lo.

A castanha pegou o caderno com as anotações. Precisava sair dali rapidamente e a melhor forma de fazer isso sem ser vista era aparatando. Sabia que era um risco movê-lo, mas não o deixaria ali, esperando pela morte. Usou sua varinha para fazer um feitiço de levitação e foi surpreendida pela porta sendo aberta novamente.

O homem que havia hesitado, que agora ela reconhecia como Seamus Finnigan, a encarava tentando entender o que estava acontecendo. Ela se encolheu. Da última vez que se encontraram, ele havia pedido que ela se casasse com ele quando estavam deitados na cama na casa dele. Ela disse não porque ainda havia dúvidas se ela realmente o amava dentro de si e foi embora. Seamus a olhava com um misto de surpresa e mágoa.

—O que está fazendo aqui?

—Não podemos deixá-lo morrer, Seamus. –Disse, exasperada. –Eu consigo salvá-lo. –Assegurou, embora não fizesse ideia de como faria aquilo.

—Eu vigio o corredor. –Ela respondeu, olhando para a castanha e ela lhe deu um pequeno sorriso de agradecimento.

Seamus saiu da sala e Astoria pôde ouvi-lo conversar com algumas pessoas. Se apressou. Era arriscado, mas precisava tentar. Aparatou em sua casa. Por sorte seus pais e sua irmã haviam viajado em uma tentativa de casar a Greengrass mais velha e ela teria a casa para si por duas semanas.

Colocou o loiro em sua cama e devorou aquele diário naquela mesma noite. Era possível ver o feitiço perdendo sua força à medida que ele começava a suar frio novamente. Tudo naquelas anotações era assustador, mas isso não a impediu de continuar. Pelo que pôde entender, Draco tentava tirar a Marca Negra de seu braço, já que havia desenvolvido uma poção que supostamente tiraria todo o vestígio de magia negra de seu corpo.

Riscos: Foda-se.

Estava escrito em uma das páginas. Sabia que as coisas estavam cada vez mais complicadas para o Malfoy. Seu pai havia sido condenado ao beijo do dementador após a guerra e sua mãe fez questão de assistir. Como esperado, ele a acompanhou. Assistir, no entanto, foi demais para Narcisa Malfoy e a mulher acabou morrendo logo depois. Ele estava sozinho e cenas como aquela no hospital eram cada vez mais comuns no mundo bruxo.

Ele havia voltado para Hogwarts para terminar seus estudos e a figura imponente, que se julgava melhor do que todos ao seu redor não chegava nem perto da sombra do homem que havia restado. Sempre de cabeça baixa e quase nunca falavam com ele. Os alunos eram maldosos, mas ele não se importava ou pelo menos agia como se não se importasse.

Por sorte, Draco havia explicado perfeitamente como havia sido realizado o feitiço que colocou aquilo em seu braço. Parecia horrível, além de permanente. Ele nunca conseguiria remover aquilo sem acabar morrendo e era doloroso ver que parte dele sabia disso.

Astoria tentou tudo o que pôde para cortar o efeito, mas nada funcionou, até que ela resolveu testar uma teoria. A marca negra continuava se mexendo no braço dele e os gemidos aumentavam. E se a responsável por deixá-lo naquele estado não fosse a poção e sim a marca, o punindo por tentar tirá-la dali?

Fez todos os exames que conseguiu com tão poucos – quase nenhum - equipamentos a sua disposição e todos eles apontavam que a principal causa daquela reação era dor. Ele morreria por causa da dor intensa, como se estivesse preso em uma eterna maldição cruciatus.

E como na maldição cruciatus, era impossível que qualquer feitiço que diminuísse a dor realmente funcionasse. Mas era possível dividí-la.

Ela conhecia um feitiço. Era quase tão antigo quanto o voto perpétuo e ela nunca o havia testado, mas aquela era a sua última esperança. Pegou um pequeno barbante e amarrou no braço de Draco, o braço da marca negra, prendendo-o ao seu com a outra ponta.

Dolor participatur. ­—Disse baixinho, apontando sua varinha para o elo que havia criado. Uma luz dourada contornou o barbante e Astoria se ouviu gritar quando a dor tomou conta de seu corpo. Lágrimas saíram de seus olhos e tudo se tornou tão intenso que ela foi levada a inconsciência.

Astoria acordou algumas horas depois. Draco permanecia dormindo, agora mais tranquilamente. A dor havia se tornado suportável e ela sabia disso porque ainda a sentia e sabia que ela nunca mais iria embora. O barbante que ainda os mantinha unidos estava preto quando ela os separou, guardando-o dentro de uma caixa. Teria que cuidar para que ele nunca arrebentasse ou a dor atingiria o loiro novamente, tão forte e rápido como uma bala e dessa vez ela sabia que ele não resistiria.

...

Três dias depois, Astoria saía do banheiro enrolada em seu roupão. Os cabelos castanhos e curtos estavam molhados após um banho relaxante que nos últimos dias ela havia aprendido, eram muito bons para ajudar com as dores em seu corpo. Ela sentia a magia de Voldemort percorrendo o seu corpo, ansiando para tomar o controle e agora entendia mais do que nunca porque o temiam tanto.

Distraída, a castanha pulou ao ver que Draco finalmente havia acordado. Ele estava sentado em sua cama um tanto desnorteado, olhando para as mãos trêmulas e a marca que continuava ali com uma expressão que ela não conseguiu decifrar. A movimentação atraiu a atenção dele e vê-la foi o suficiente para que entendesse tudo.

—Como está se sentindo? –Perguntou baixo, se encolhendo naquele roupão como se sua vida dependesse disso, envergonhada. Ele não respondeu.

—Aonde você guardou?

—O quê?

—O barbante. Aonde guardou?

—Eu não sei do que está falando.

—Ouvi você fazer o feitiço, quero saber aonde está. –Draco disse autoritário, com uma expressão não muito boa.

—Em um lugar seguro. –Devagar e sentindo as bochechas corarem pela forma como estava vestida, Astoria se aproximou, ignorando totalmente a irritação dele e sentando-se a sua frente. A castanha pegou suas mãos, observando que continuavam tremulas. Ele rapidamente as puxou, fazendo com que ela o soltasse. –É uma magia muito forte e por isso sempre deixa uma compensatória. Sinto muito, eu fiz o que pude.

—Suas mãos estão tremendo também?

—Não, eu não bebi a poção.

—Mas agora você tem magia negra correndo dentro de você. Por que fez isso?

—Você estava morrendo.

—Isso não é uma justificativa. Quer alguma coisa? Dinheiro? Deixo tudo pra você se me der a droga do barbante, eu não ligo.

—Que tipo de pessoa acha que eu sou?! –Ela gritou, ofendida, se levantando de braços cruzados. –Não fiz isso para ganhar algo em troca!

—É claro que fez, todo mundo espera algo em troca. –Malfoy disse, quase rindo da inocência da mulher à sua frente que, com a raiva, havia deixado a vergonha de lado e esquecido completamente que não usava nada menos que um roupão.

—Pois eu não! –Ele usou toda a sua força de vontade e se levantou, ficando diante dela.

Draco ainda estava pálido e fraco, ela podia ver, mas um sorriso divertido e quase perverso brincava em seus lábios. A diferença de altura, porém, não a fez baixar a cabeça. Ela o encarava nos olhos, o desafiando a fazer qualquer coisa que fosse.

—É isso ou você é louca. Por que outro motivo traria um Comensal da Morte pra casa? –Malfoy disse, se aproximando mais e mais conforme ela recuava até que o corpo da morena se viu sem saída, encostado a escrivaninha. –Arrependida agora?

—Eu sou uma medibruxa, não uma louca e muito menos interesseira. Não é meu trabalho julgar as escolhas das pessoas, meu trabalho é salvá-las.

—Escolhas? –Ele riu, irônico, colocando as mãos ao lado do corpo dela e a deixando sem escapatória. –Acha que foi uma escolha?

—Eu não sei e sinceramente não me importo. Agora pode, por favor, me dizer como está se sentindo?

Draco Malfoy a encarou por mais um tempo e ela sustentou o olhar, arqueando as sobrancelhas e o desafiando. Aquela troca de olhares não durou muito tempo, já que ele desceu o olhar pelo corpo dela, coberto apenas por um fino tecido branco. Os seios pequenos marcavam o roupão assim como suas curvas, combinados com suas pernas a mostra, aquilo foi o suficiente para as bochechas dela logo ficaram vermelhas. Ela se abaixou, fugindo de seus braços e se trancando no banheiro, saindo de lá apenas quando estava devidamente vestida.

Encontrou o loiro no mesmo lugar, se segurando a escrivaninha, porém com os olhos fechados. Ele estava fraco e a dor – que estava aumentando, ela sentia – apenas contribuía para que ele se sentisse cada vez pior.

—Descanse um pouco, vou fazer algo pra você comer. –Murmurou. –Vai se sentir melhor.

—Eu deveria ir embora.

—Não vou deixar que saia até ter certeza de que está melhor.

—Isso é um sequestro, agora?

—Se fosse eu teria feito um feitiço pra você ficar em silêncio. –Rebateu e ele riu, fazendo o que ela mandou, sentando-se na cama. –Queria poder dizer que as dores vão passar totalmente, mas eu não acho que este seja o caso.

—Podem passar pra você.

—Isso não é uma negociação.

E ela saiu, voltando com uma sopa para os dois. Ele ficou por mais um dia e passou a maior parte dele dormindo. Quando Astoria finalmente o liberou para que fosse embora pensou que talvez nunca mais fosse vê-lo e isso a preocupava. E se ela tentasse de novo?

—Você ainda não me disse o seu nome. –Draco observou, encostado a porta da casa da mulher.

—Você se importa?

—Mais do que gostaria de admitir.

—Pode me chamar de Ast.

—Só Ast?

—Só Ast.

—Tudo bem, só Ast. –Ele sorriu, intrigado. –Ainda não vai me dar a droga do barbante?

—Não e como eu disse, está num lugar seguro, accio não vai funcionar e muito menos vasculhar a minha casa durante a noite. –Ele revirou os olhos. Realmente havia pensado que ela estava dormindo.

—Você parece ser uma boa pessoa, eu não quero ser o responsável por toda a magia negra percorrendo suas veias agora. Você pode sentir, ela tenta tomar conta de você e dói. Admiro e agradeço o que fez, mas eu não pedi ajuda.

—As pessoas que mais precisam raramente pedem.

—Por que não me deixa apenas morrer em paz?! –Gritou, olhando nos olhos dela.

—Você estava certo, eu realmente quero uma coisa em troca. –Ele a olhou, interessado. Sabia, não existia nenhuma pessoa que fosse boa o suficiente para não querer nada. –Quero que vá para a sua casa e entenda que sim, você tem uma parcela de culpa nos acontecimentos da guerra, mas isso está no passado. Você precisa se perdoar, só assim vai conseguir viver no meio desse mundo escuro em que se enfiou.

Diante da falta de reação de Draco, ela fechou a porta, deixando-o sozinho com seus pensamentos. Astoria sentou-se no chão e respirou fundo, realmente esperando que ele fizesse o que ela pediu porque ninguém deveria viver com tamanha culpa e dor dentro de si. Enquanto isso ele apenas pensava que aquela era talvez a primeira pessoa que não queria nada dele em sua vida.

...

—Esse vestido não ficou bom em você. –Daphne disse ao ver a irmã pronta. –E esse cabelo... Eu disse que era uma péssima ideia cortar.

—Acha que eu devia me trocar? –Perguntou.

—Não, está perfeito.

—Você está me deixando confusa.

—Foi pra isso que eu chamei você, Tory. Não me entenda mal, mas tudo o que eu não preciso é que seja o centro das atenções essa noite.

—Ainda confusa.

—Se eu quisesse que ele reparasse em outra pessoa além de mim, teria convidado a Pansy. Ele não vai perder tempo olhando pra você quando pode olhar pra mim. Logo você, tão sem graça e.. Merlin eu realmente odiei o que fez com o seu cabelo.

A loira saiu, deixando a irmã mais nova sozinha no quarto. Astoria se olhou no espelho mais uma vez e soltou o ar, vendo todos os milhares de defeitos que sua irmã sempre apontava. Será que algum dia realmente gostaria de ver seu reflexo no espelho?

Astoria permaneceu em silêncio durante todo o caminho até o tal jantar para onde sua irmã a estava arrastando. Daphne acompanharia um dos homens mais ricos do local, mas quis manter o suspense e não disse a ninguém o nome do cara com quem vinha saindo nas últimas semanas, enquanto sua irmã iria com um amigo do “futuro marido” dela, como fazia questão de chamá-lo.

As dores naquele dia estavam mais intensas, ela reparou, como se facas estivessem entrando e saindo de seu corpo a cada movimento. Pensou em Draco e como ele estava lidando com tudo e por um momento realmente desejou que ele estivesse bem já que, após dois meses, ela ainda não havia tido notícias do homem petulante de quem havia salvado a vida.

Chegaram até o local e ela apenas seguiu a irmã, atraindo olhares no momento em que entraram. Ela não gostava de atenção, então manteve-se atrás de Daphne, a acompanhando enquanto ela procurava o homem misterioso.

E quando encontraram, Astoria não poderia ter ficado mais surpresa. Assistiu enquanto sua irmã caminhava até Draco Malfoy e lhe dava um beijo demorado antes que ele pudesse dizer qualquer coisa. Ao lado dele estava um homem de cabelos negros e olhos verdes que ela reconheceu como Theodore Nott.

—Sentiu saudades? –Daphne perguntou, mas os olhos dele ficaram fixos na castanha que permanecia parada atrás dela. –Draco?

—Sim? –Ele disse, voltando sua atenção para a loira, agarrada em seu pescoço.

—Esta é minha irmã, Astoria Greengrass. Astoria, este é Draco Malfoy e o amigo dele, Theodore Nott.

—É um prazer. –Ela disse, sem desviar os olhos do loiro.

—Astoria Grengrass? –Draco perguntou, e ela balançou a cabeça, implorando mentalmente para que ele calasse a boca. –Tenho a impressão de que já nos conhecemos.

—Não, nós nunca nos vimos. –Se apressou em responder e ele sorriu.

Os quatro se sentaram na mesma mesa. Draco não tirou os olhos de Astoria por nada, fazendo com que a garota quisesse enfiar a cabeça no jarro de flores no centro da mesa. A atenção que a castanha recebia estava começando a irritar Daphne e ele podia dizer que a mais velha estava prestes a surtar já que nada que ela fizesse parecia ser capaz de chamar a atenção de Malfoy. Enquanto isso, Theo e ela simplesmente percebiam que não tinham nada em comum e o papo simplesmente não estava fluindo.

—Vem, vamos dançar. –Daphne chamou e nem ao menos esperou uma resposta. Saiu puxando Draco até a pista antes que ele tivesse chance de protestar, deixando Theo e Astoria sozinhos.

—Então... Você e o Draco...? –Theodore perguntou.

—Eu e Draco? Não tem nada entre eu e Draco. Não aconteceu nada. Não vai acontecer nada. Nunca aconteceria nada. –Despejou tudo de uma vez e ele riu. Astoria então pegou um pouco do Whisky de fogo que ele havia deixado na mesa e virou de uma vez.

—E por que não? Ele não está esperando nada sério da sua irmã, se você quer saber e ela nem ao menos gosta dele.

—Não posso fazer isso com ela. Além disso, não sou o tipo dele.

—E qual o tipo dele? –Nott arqueou as sobrancelhas.

—Alguém interessante, tipo a Daphne, que vive nesse mundo de gente bonita. Eu nunca me encaixaria. Por que nós estamos falando sobre isso? Eu nem quero isso.

—Nem você acredita nisso.

Ela o encarou por um tempo. Mas que audácia!, pensou. Ele nem ao menos a conhecia para dizer aquilo. E então sentiu uma dor lancinante percorrer seu corpo e fechou os olhos, se encolhendo. Draco sentiu também e, por um momento, parou de se mover e desviou os olhos para a garota que ele sabia, entendia perfeitamente o que ele estava sentindo.

Astoria não disse nada, apenas se levantou e foi em direção aos banheiros, mas ela não entrou. Apenas encostou-se a parede do corredor e se abraçou, fechando os olhos e esperando que a dor passasse.

—Respire fundo. –Draco disse e ela abriu seus olhos, encontrando os acinzentados dele. O loiro estava bem ao lado dela, também encostado a parede.

Ela balançou a cabeça, assentindo e fez o que ele disse. Seus olhos marejaram pela dor, que aumentava cada vez mais. Ele mordeu os lábios para que o gemido de dor não escapasse e encostou sua cabeça a parede.

—Aperte a minha mão. –Murmurou, estendendo as mãos para ela. Suas mãos ainda estavam tremulas, e com a dor ficavam ainda piores e ela podia sentir quando pegou sem hesitar.

Quando a dor finalmente cessou, Astoria o viu dar um leve sorriso. E então, ainda sem soltar suas mãos, ele deu um passo em sua direção. Draco estava pronto para beijá-la e por um momento ela se deixou levar. Um breve momento. Não poderia fazer aquilo, não com sua irmã, então ela o afastou, se obrigando a soltá-lo.

—Eu não posso. Sinto muito, eu não posso. –Murmurou, andando de um lado para o outro, passando as mãos pelos cabelos curtos.

—Não pode ou não quer?

—Você está com a minha irmã. Pelas barbas de Merlin, eu sou a pior pessoa de todas.

—Nós passamos uma noite juntos e eu a convidei para vir, nada além disso.

—Ela gosta de você.

—Ela gosta do meu dinheiro. –Corrigiu e ela não respondeu. Sabia que era verdade. –Se esse é o problema eu posso esclarecer tudo com ela.

—Você ficou maluco?

—Olha, eu realmente não estou entendendo o que você quer. –Draco se aproximou dela devagar, ela tinha toda a sua atenção e sentiu seu corpo se eletrizar quando ele passou sua mão pelo cabelo dela, colocando uma mecha atrás de sua orelha. –Venho pensando em você nos últimos meses e em tudo o que me disse. Você salvou a minha vida, Ast. Vem salvando todos os dias.

—Por que não me procurou?

—Sua irmã realmente não lhe disse como nos conhecemos, não é? –Malfoy perguntou, soltando uma risada cheia de ironia quando ela não respondeu. –Eu estava procurando por você quando ela atendeu a porta e me disse que não havia mais ninguém na casa. –Ele se aproximou e ela fechou os olhos, prendendo a respiração até que sentiu um beijo demorado em sua testa. –Eu realmente espero que você afaste as pessoas que se aproveitam do seu coração, Astoria. Ela não merece que você a coloque em primeiro lugar dessa forma.

E então ele saiu, não só de perto dela, como da festa. Daphne decidiu esperar por ele até que Nott avisou que ele já havia ido embora. A loira não disse nada, apenas se trancou em seu quarto.

—Por que não me disse que ele esteve aqui procurando por mim? –Perguntou após dois dias de total silêncio da parte da mais velha.

—Eu não sabia que era você.

—É claro que sabia, eu sou a única Ast dessa casa.

—Não fale comigo como se eu tivesse arruinado as suas chances, Astoria. Você sabe que aconteceu exatamente o contrário. Você e Draco Malfoy? Você tem que ser muito idiota para realmente acreditar que aconteceria.

—Você deveria ter me contado.

—E então o que aconteceria? Vocês ficariam juntos e seriam felizes para sempre? Faça-me o favor né, Astoria. Ele nunca ficaria com alguém como você. Você não se encaixaria no mundo dele, no máximo ele te usaria por uma noite e nunca mais te procuraria.

—Você não sabe disso, nem ao menos o conhece. –Ela disse, fechando os olhos com força por um momento conforme sentia a escuridão tomar conta de seu corpo e fazer com que a dor aumentasse. Ela queria gritar, quebrar tudo.

—Já se olhou no espelho, Astoria? Eu não preciso conhecê-lo pra saber que ele nunca se interessaria por alguém tão insignificante, trivial...

Mas ela havia parado de ouvir quando tudo ficou escuro dentro e fora dela. A dor tomou conta e a expressão irritada de sua irmã era a última coisa de que ela se lembrava antes de acordar em seu quarto com sua mãe ao seu lado.

—Pelas barbas de Merlin, Astoria você quase nos matou de susto! –A senhora Greengrass disse, olhando para a filha.

—Não precisa se preocupar, eu estou bem. –Ela disse se sentando e gemendo de dor pelo esforço. Pelo menos não estava tão intenso quanto antes.

—Tem certeza de que não deveríamos chamar um médico? –O senhor Greengrass perguntou, adentrando o quarto.

—Não, nada de médico, eu estou ótima. –Disse, forçando um sorriso.

—Bem, se é assim... Você tem uma visita. –A mais velha disse, com um sorriso.

—Uma visita?

—Ele é rico e bonito. Não sei como ele soube o que aconteceu, mas parece bastante preocupado. Vá se arrumar, Astoria, não desperdice a oportunidade.

—E Daphne?

—Se trancou no quarto. –Seu pai disse.

—Separei suas roupas, troque-se rápido. Nós não queremos deixá-lo esperando, não é mesmo?

A senhora Greengrass disse, orgulhosa e em seguida os dois deixaram o quarto da filha. Ela não estava nem um pouco disposta a usar o vestido justo que sua mãe havia separado, então pegou o que havia de mais confortável em seu guarda-roupa: uma calça de moletom e uma blusa branca simples, com mangas longas.

Assim que colocou os olhos nela, Draco se levantou e sorriu, feliz por ver que ela estava bem. Astoria decidiu que ignoraria o olhar de seus pais e rapidamente se dirigiu até ele, cuja a expressão era igualmente cansada.

—Você é linda, sabia? –Malfoy disse e ela franziu o cenho, estranhando. Elogios? Essa era nova. Tanto sua mãe quando sua irmã sempre reforçavam as coisas que ela deveria mudar – e aquele moletom com certeza era uma delas -, simplesmente não soube como reagir.

—Podemos conversar em outro lugar? –Ela pediu e ele logo entendeu o motivo. Os pais dela acompanhavam tudo o que acontecia, atentos.

—Claro.

Como se já tivesse feito aquilo várias vezes, Draco estendeu a mão e ela a pegou e juntos eles saíram da casa, caminhando pelos jardins daquela mansão. Juntos eles mantinham-se firmes, lutando para se segurar um no outro.

—Me desculpe pelos meus pais, eles só...

—Ficaram empolgados?

—Querem o seu dinheiro.

—Ah. –Ele riu. –Como você está?

—Melhor. A dor está passando e você?

—Bem.

—Não parece estar te afetando tanto quanto a mim. O que é estranho porque a dor que sinto, você sente na mesma intensidade.

—Ainda é melhor do que a maldição cruciatus. –Ele deu de ombros.

—Você passou por muita coisa naquela guerra, não foi? –Perguntou e ele deu um pequeno sorriso.

—Está no passado. –Ela deu um leve sorriso também.

—Fico feliz que seguiu o meu conselho.

—E você? Seguiu o meu? –A castanha parou, por um momento. –Está se colocando em primeiro lugar?

—Ainda falta uma coisa.

—O quê?

Sem pensar em mais nada, Astoria se aproximou dele lentamente e, ficando na ponta dos pés, o beijou. Draco realmente não estava esperando por isso, mas não a afastou. Levou uma de suas mãos até a cintura dela e a outra até o seu rosto delicado, acariciando-a e fazendo-a sorrir.

Naquele momento ficou mais claro do que nunca que o motivo para Draco ainda estar vivo era muito mais do que um feitiço complicado e sim o fato de que não havia mais apenas escuridão dentro dele. Agora também havia luz e essa luz vinha dela, a garota de tímida de cabelos curtos que o havia conquistado por ser extremamente boa, além de ser inteligente e encantadora.

Enquanto para ela, ele não era apenas seus erros do passado. Era muito mais do que o que diziam e o fato de que ele se arrependia mostrava que ele era muito melhor do que todos os outros, que ele era diferente.

Depois daquele dia eles nunca mais se separaram. Se casaram em uma cerimônia pequena com poucos convidados. Filhos? Draco nunca quis e Astoria estava bem com isso, mas o destino os surpreendeu com o que logo eles descobririam ser um menino lindo e adorável, bastante parecido com o pai, mas com o jeito da mãe.

Astoria deitou seu corpo nu ao lado do dele, com a cabeça em seu peito e respirou fundo. Sentia que aquele era o momento e, embora estivesse nervosa com a reação que receberia, sabia que dariam um jeito.

—Draco? –Chamou, levantando os olhos para encontrar os acinzentados dele.

—O que foi, querida? –Ele perguntou, descendo as mãos por suas costas.

—Nós precisamos conversar.

—Aconteceu alguma coisa? –O loiro estranhou.

—Eu sei que você disse que não queria e eu disse que estava tudo bem, mas... Eu estou grávida. –Diante do silêncio dele, a mulher decidiu continuar. –Recebi os resultados dos exames ontem e... Por favor, diz alguma coisa.

Mas ele não respondeu, apenas se sentou e olhou nos olhos da esposa. Antes que o pânico tomasse conta de Astoria, porém, ele a beijou, cobrindo o corpo pequeno dela com o seu e a puxando para perto. Uma lágrima escorreu quando eles se separaram e Draco a limpou, deslizando sua mão pelo corpo dela até parar em sua barriga.

—Eu tenho que ser honesto com você, não faço ideia de como vamos fazer isso. –Murmurou e os dois riram. –Mas eu prometo que vou dar o meu melhor, okay?

—Eu te amo.

—Eu também te amo. –Disse, beijando a ponta do nariz dela, que agora chorava com a emoção. –Eu vou amar você e o nosso bebê com todo o meu coração por toda a minha vida.

—Eu acho que é um menino. –Confessou.

—E suponho que já tenha pensado em alguns nomes? –O loiro riu, com a empolgação da esposa.

—Gosto da tradição da sua família então estava olhando algumas constelações e o que acha de Cepheus? –Perguntou e ele fez uma careta.

—Que bom que ainda temos tempo pra pensar nisso. –Draco murmurou e ela gargalhou alto, ficando por cima dele e o beijando intensamente.

Astoria rapidamente aprofundou aquele beijo, deslizando as mãos pela barriga de Draco e fazendo com que ele se arrepiasse ao toque. As mãos de Draco foram para o quadril dela, que rebolava lentamente em seu colo, o levando facilmente a loucura.

—Round três? –O loiro perguntou.

—Round três!!


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam genteee?? Vocês gostaram? Mereço favoritos?? Deixem pra mim, eu simplesmente AMEI escrever essa história ❤
Aqui vai o link da Text!Au Scorose que eu mencionei pra quem se interessou:
https://twitter.com/GetawayTT/status/1119285898246610944
Eu, como a louca da playlist que sou, não pude não criar uma inspirada nessa casal maravilhosa, eu espero que vocês gostem ❤
https://open.spotify.com/playlist/1UUJm8zRahAVZ8cBiXeq1t?si=s71OYyqnRp-McashGRkuEg
WHATSAPP: (32)99105-3550
Arte da capa do capítulo e da playlist pela DIVA: @artblvnk
Obrigada a todos mais uma vez ❤
Beijinhos!!



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