Wotakoi: Love is easy now! escrita por AfterCloudiaSan


Capítulo 1
A lovely tone


Notas iniciais do capítulo

* obrigada por lerem.
* desculpem por eventuais erros
* aceito criticas construtivas sobre a escrita.



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Não eram mais apenas um casal de amigos, ou um casal otaku que namoravam sob um acordo mútuo onde o bônus seria poderem compartilhar gostos recíprocos sem serem julgados e viverem pisando em ovos. Finalmente Narumi e Hirotaka eram de fato um casal de namorados, que haviam passado da fase de apenas comentar abertamente como foi o episódio do seu anime preferido, mas poder também dizer “eu te amo” claramente.

A oficialização na verdade, dependia de Narumi que nunca havia percebido o real sentimento de seu fiel amigo de infância Hirotaka. Este podia dizer que a amava desde o dia que trocou meros lápis colecionáveis com ela, e em troca nesse dia, recebeu de volta o sorriso mais lindo que ele conhecia e amava, nutrindo desde então, sentimentos por ela que ele tinha plena consciência de que ela não os notaria, estando esse tempo todo em um amor platônico e sem perspectivas de um dia sair do lugar, fosse pela sua decisão de não perder a amizade dela ou a concepção de mundo que tinham, uma vez que ela tinha vários hobbies e amigos, e ele apenas o seu tão adorado vídeo game.

O tempo havia passado e o destino resolveu os unir novamente desenterrando os sentimentos de Hirotaka que ele já havia aceitado guarda-los para si mesmo, e reservando para Narumi o real significado de amar alguém e ser amada de verdade. Desde o dia do rompante de coragem de Hirotaka, talvez impulsionado também pela bebida que havia tomado, propôs a ela uma icônica proposta de namoro uma vez que, os dois compartilhariam seus gostos em comum, e ele ainda a ajudaria no que quisesse. O tempo havia passado mais rápido do que imaginavam. Já fazia um ano que estavam naquele acordo de namoro que nunca havia caminhado além do que eles já eram quando tinham a amizade antes.

Qualquer casal normal acharia que o relacionamento dos dois era algo incomum. Como podiam manter um relacionamento sem afeto amoroso? Até mesmo Kabakura e Hanako, amigos íntimos do casal, não conseguiam entender como Hirotaka conseguia manter esse relacionamento, pois eles ao menos, já haviam percebido desde o início que seu sentimento era muito além do que um acordo. Entretanto, sabiam também que não podiam interferir na vida do casal desta maneira, afinal, eram adultos e vacinados, mas sempre mantiveram a torcida para que Narumi pudesse vê-lo além daquela lente de “melhor amigo otaku.”

 Hirotaka, admitia intimamente que preferia estar naquela posição do que não a ter mais do seu lado ou precisar inventar desculpas para vê-la. Aceitou então que a felicidade dela, era a dele também. Vê-la fazer coisas que gostasse e o dirigi-lo aquele sincero e intenso sorriso de felicidade, poderia se satisfazer com isso. No entanto, o que ninguém sabia e nem mesmo Narumi havia percebido, era que a lente de um “amigo otaku” que ela tinha havia pouco a pouco mudado, e a visão que tinha de Hirotaka era totalmente diferente do início.

 Pequenos atos e atitudes que ele tinha para com ela, a cativou aos poucos e quando menos percebeu estava lidando com as reações do seu corpo sobre ele. Como quando na viagem promocional da empresa a todos os funcionários, ao passarem por um dos pontos turísticos, um templo, sentiu um aperto no coração ao retirar a sorte, onde no pequeno bilhete embrulhado, dizia que quem ela esperava iria surgir em sua vida.

Ao ler isso, sentiu uma tristeza que nem mesmo ela entendeu o porquê. Desde que engatou nesse namoro ou acordo com Hirotaka que ela se sentia leve sem precisar pensar minuciosamente em cada frase que fosse dizer em um relacionamento. Podia finalmente ser ela mesma. Tudo o que ele havia falado no início, estava cumprindo, e poderia dizer que estava fazendo isso sem muito esforço.

Sim, Hirotaka sempre havia sido daquela maneira. Ele nunca havia a feito chorar, sempre a esperava quando ela fazia hora extra, a dizia a coisa certa para que não fizesse a escolha errada e em relação ao seu hobbie, ele não criticava, mas a ajudava no que fosse necessário incluindo na hora de vender nos grandes eventos nerds da cidade.

Então, diante de todos esses fatos, como ela ainda poderia estar esperando por alguém?  Não conseguia evitar o aperto no coração toda vez que lembrava disso. Embora fosse apenas uma previsão do templo, não significava que isso realmente iria se concretizar, mas então, ...por que?

No alojamento reservado para os funcionários, Narumi sentia-se um pouco sozinha e não conseguia deixar de pensar no que leu no bilhete. Ao sair do local que estava e se direcionar até a varanda para espairecer, encontrou Hirotaka de costas para onde ela estava e estagnou no lugar o observando. Afinal de contas, no fundo ele não era o que ela esperava? Ao intimamente admitir isso para si, sentiu outro nível de tristeza lhe abater. Não queria se separar dele, não por questões de comodismo em preferencias similares, mas sim, porque percebeu que gostava dele mais do que um amigo, mas sim, um homem!

Ele enfim havia percebido a presença dela ali, e devia ter percebido também que algo não estava bem.  Prontamente se aproximou dela perguntando se algo havia acontecido. Ela se perguntava mentalmente se seus sentimentos transbordaram a ponto de demonstrar isso facialmente. No momento que ele veio até ela, sentiu uma enorme vontade de abraça-lo e garantir que ninguém o afastaria dela, mas conteve-se apenas desconversando falando de um episódio aleatório de anime que havia visto.

Mesmo depois de admitir seus sentimentos ao menos para si, não conseguia coragem de confronta-lo ou até mesmo demonstrar em atos carinhosos. Desde o dia que ele roubou um breve beijo seu e ela acabou correspondendo da pior forma, ele havia se trancado totalmente em questão de gestos íntimos de casal. Deduziu então que, aquele momento havia sido apenas um desejo que havia surgido nele e nada mais. Limitava-se apenas a segurar sua mão e a proximidade ao ficarem sentados juntos jogando no sofá.

Ela também, as vezes achava difícil decifrar suas reações faciais. Sabia que ele era um cara de poucas palavras as vezes, e que não era de muita interação. Este nunca havia se declarado pra ela com todas as letras ou a dava frases de duplo sentido como um flerte, então concluiu, que não, ele não gostava dela daquela maneira e que certamente estava levando esse relacionamento pelo comodismo embora não admitisse.

A cada dia que passava e convivia mais com ele, só se questionava cada vez mais do que poderia mudar entre eles, ou então porque estava tão receosa de falar disso com ele abertamente, afinal, ele não era seu primeiro namorado, nem ela era mais uma garota na pré-adolescência vivendo todo o clichê de ter medo de se confessar para o garoto popular do colégio que todos cobiçavam. Era o Hirotaka! Antes de tudo, um amigo de infância. Porque então não conseguia se abrir logo com ele? Foi tirada de seus devaneios quando ele a segurou pelos ombros, evitando que pisasse numa poça de água que havia se formado pela chuva que caia sobre eles agora depois de saírem do trabalho para beber.

—Está tudo bem? Você tá calada demais ultimamente. Nem dos seus BL você tem comentado e agora anda até distraída assim.- perguntou com sua expressão impassível como sempre, mas ainda assim curioso.

—Ah, está tudo bem. Deve ser o frio me deixando um pouco lenta -desconversou como pode mesmo dando um sorriso improvisado, que ele sabia muito bem identificar quando era falso, ou no momento, ele havia deixado passar batido.

Finalmente chegando no bar, ficaram como de costume no balcão tendo acesso mais rápido a bebida e a comida. Em plena sexta feira e sentindo a cabeça cheia de pensamentos que tinham o nome e o sobrenome do homem ao seu lado, permitiu-se a começar sua primeira rodada de bebidas da noite com vodca, algo muito mais forte do que a cerveja que ela costumava tomar.

Tal escolha não passou despercebido por Hirotaka que sabia da tolerância baixa de álcool que ela tinha.  já tinha percebido que ela não estava dentro do que ele considerava normal com base do dia a dia. Havia adotado uma postura mais observadora para tentar desvendar o que a rosada resolveu guardar para si mesma.

Um, dois, três copos seguidos de vodca que ela havia tomado sozinha enquanto Hirotaka ainda estava na primeira caneca de cerveja. Ela obviamente parecia estar começando a ficar levemente alterada pela bebida forte consumida, mas ao ir intervi-la, ela apenas pediu para que a deixasse fazer o que queria. Constatou de vez, aquela não era sua Narumi.

Enquanto bebia sua cerveja e a deixava beber o que queria, a observava procurando por traços que poderia usar para começar seu questionamento, mas ela já parecia estar derrubada pela bebida mais rápido do que ele esperava. Não encontrando brechas, resolveu ir logo direto no que já havia o incomodado antes:

— Ei, Narumi, a propósito, por que você fingiu aquele sorriso falso antes quando empatei você de pisar na poça d’agua? – “então ele havia percebido mesmo? Quanta sinceridade!”  imaginava ela ainda debruçada no balcão com a cabeça acomodada nos braços.

—  Não fingi nada, você que está vendo demais... – aquilo realmente o irritava.

— É sério que você ainda esconde coisas e finge expressões para mim depois de tanto tempo? Você sabe que isso não precisa existir entre nós, ou não confia em mim o suficiente para contar? – Ele havia tocado na ferida atraindo finalmente a atenção dela como queria.

— Você sabe que não é assim Hirotaka! Eu confio muito em você. – Ele percebia que agora parecia ser algo de fato sério que ela poderia estar escondendo, diferente da última vez que estava triste secretamente porque seu personagem preferido morreu.

— O que foi? Algum personagem preferido morreu novamente, não está conseguindo desenvolver alguma ideia recente para um de seus “Boys Love’’?

— Não exatamente... - ela concentrava-se agora na garrafa de cerveja que estava bebendo sentindo a consciência sair do eixo.

—  Trabalho acumulado? Páginas restantes de um de seus livros para editar?

— Não, não...

— O que seria então para você ficar tão... – ela largou a garrafa de bebida de lado e levantou-se abruptamente se mantendo de pé em frente a ele, o pegando de surpresa. Agora estando ambos na mesma altura considerando que ele era alto e sua forma sentado, o nivelou com ela.

— Se quer mesmo saber... É você Hirotaka! – ele agora parecia confuso. O que teria feito de errado afinal de contas? – a culpa é sua, se estou tão distraída assim ultimamente a culpa é toda sua. – Já falava coma voz um pouco falha pela bebida.

— Narumi, realmente não sei o que fiz de errado, poderia ...

— Porque fomos naquela droga de viagem promocional naquele dia? Se eu não tivesse ... – parecia agora hesitar em continuar. Hirotaka a encorajava segurando uma de suas mãos para continuar.

— Aquela viagem? O que aconteceu? Te fizeram algo?

— Se eu não tivesse ido naquele templo ou não tivesse pegado uma das previsões eu não estaria pensando nisso até agora. “A pessoa que eu estava esperando virá”? fala sério, eu já o encontrei! – dizia agora com lagrimas ameaçando cair. – Eu gosto do Hirotaka... muito mais do que um melhor amigo otaku... então porque iria chegar outra pessoa e me separar dele? Eu não quero ninguém mais do que meu namorado! – agora ela tinha lagrimas rolando pelo rosto e um peso inconsciente sair do coração.

Em contrapartida, Hirotaka achava que quem estava bêbado não era a Narumi, mas sim, ele por estar escutando tais frases que nem em sonho ele havia imaginado. Diferente dela que havia desatado a falar, ele ainda se mantinha em silencio sem acreditar no que ouvia. Gostaria muito de receber um beliscão agora para que constatasse logo que isso não era um sonho, e que ao abrir os olhos deparasse com a realidade de que a garota dos seus pensamentos nunca iria nota-lo no sentido amoroso.

Se era um sonho ou não, a única realidade palpável naquele momento para ele, era a vontade crescente de beija-la ali mesmo no meio daquele bar sem contenções e realizar esse desejo de tanto tempo guardado apenas para ele. Mas foi trazido de volta a realidade com ela cambaleando devido a bebida forte.

Tentou sob muito custo, se manter racional no momento, e imediatamente a segurou pelos ombros a encostando no seu peitoral para que não caísse pagando a conta e pegando a bolsa e casaco dela que estava ao lado.

— Narumi, você já bebeu demais. Hora de irmos para casa.

— Não... não posso ir agora... eu tenho que dizer pra ele, pro Hirotaka que eu o amo e não quero me separar dele...

Hifuji desejava agora que o estado bêbado de Narumi não a permitisse que escutar seu coração batendo frenético e descontrolado depois dessa “declaração”. Conteve-se mais uma vez como pode apenas a acalmando sussurrando em seu ouvido:

— Saiba que, esse Hirotaka, nunca por nada nem ninguém se afastaria de você. Nem pelo jogo mais cobiçado do mundo!

Ela parecia ter se acalmado mais, aproveitando isso para leva-la até o apartamento dela relativamente mais longe que o dele.

Chegando lá, entrou no apartamento com ela em seus braços depositando-a na cama já dormindo no mais profundo sono, retirando seus sapatos para que pudesse relaxar. A cobriu cuidadosamente, e quando estava se afastando, escutou ela chamando seu nome durante o sonho. Obviamente ele não iria se aproveitar dela diante do modo que ela se encontrava, porém, não conseguiu conter a vontade de deixar um beijo na testa dela correspondendo a tudo o que não pode falar até o momento.

“Aishiteru, Narumi”

No dia seguinte, Narumi acordava com uma terrível dor de cabeça devido a ressaca pela bebida forte. Sua sorte era que, estava num sábado e não precisaria enfrentar o trabalho no escritório. Percebeu que ainda estava com a roupa do dia anterior e um guarda-chuva estava no canto da parede. Tentando processar rapidamente memorias da noite passada, se perguntava como havia chegado em casa e principalmente, o que havia feito na noite passada?!

Percebeu que não se lembrava de nada, apenas que saiu do trabalho com Hirotaka e foram beber como faziam todas as sextas. Mas, pelo viso, ela havia se excedido mais do que devia nas bebidas podendo sentir o cheiro de vodca ainda na sua roupa. Embora se esforçasse muito por memorias, tudo parecia ser apenas um borrão e certas cenas nem tinha certeza se eram verdadeiras, porem no fundo tinha a sensação de algo a mais ter acontecido.

Já havia acordado tarde aquele sábado, e verificando o celular, não havia mensagens do Hirotaka nem dos amigos. Até ligou para o namorado, mas este não a atendeu. Deduziu que ele devia estar dormindo depois de virar a noite jogando como sempre fazia nos fins de semana, então dedicou-se a adiantar alguns projetos em relação a seus livros que havia começado.

O dia inteiro havia se passado e Hirotaka, ainda não tinha falado com ela nem a convidando para jogar algo online. Decidiu ligar para ele casualmente, mas nem ao menos foi atendida, recebendo depois uma mensagem dele falando que estava na casa dos pais e depois falaria com ela direito. Isso definitivamente não parecia estar cordial com ele de alguma maneira. “Poderia estar acontecendo algo?” imaginava. Agora que pensava um pouco sobre isso, ele quase não falava em relação a família, se ele estivesse jogando algo que queria muito ele também teria a falado. Não havia porque mentir.  O respondeu apenas com um “me liga depois”.

Horas se passaram, virou metade da noite de sábado assistindo animes e quando menos percebeu já era domingo e as únicas mensagens que tinha era das redes sociais ou da Hanako e Kabakura convidando Narumi e Hirotaka para jogar online. O que imediatamente percebeu é que ele não havia respondido e nem havia retornando à ligação para ela. Obviamente que Hirotaka não ficaria longe dos seus amados jogos por tanto tempo, sendo o viciado que era. Uma preocupação a dizia para ir na casa dele imediatamente.

Aprontou-se pegando seu sobretudo na saída e comprou alguns acompanhamentos no caminho para casa dele, levando em consideração que ele sempre negligenciava a alimentação por jogos. Chegando lá as nove horas, sondou o corredor achando que escutaria algum barulho de jogo na tv da sala, mas não escutou nada. “poderia ainda estar dormindo?” continuou e chegando na porta bateu algumas vezes perguntando por ele, porém o silencio do outro lado talvez confirmasse que ele estaria de fato na casa dos pais dele. Ligeiramente sentiu-se uma idiota por não ter perguntado se algo havia acontecido.

Claro! Ele não ficaria longe de casa por tanto tempo se não fosse isso. Ligando para ele, escutou um toque abafado dentro da casa, e reconhecia muito bem aquele toque de celular de dragonite. Outra situação ocorreu em sua memória. Lembrou-se do dia que ele simplesmente havia passado quase um dia inteiro sem comer e havia desmaiado de fome em casa, tudo devido à claro, jogos! Segurando a maçaneta da porta e testando o que acontecia, acabou abrindo a porta e novamente apenas o silencio lá dentro.

Quem deixava a própria porta de casa aberta? Andando pelo cômodo, pode ver a os cabelos rebeldes dele no acostamento do sofá e a tv ligada em um jogo finalizado. Isso não a espantaria exatamente em outra ocasião, mas agora parecia ser diferente. Largando a bolsa no chão, foi vê-lo frontalmente e percebeu o estado lamentável que ele estava. Ainda estava com a roupa da noite de sexta feira, com metade dos botões desabotoados e um cigarro consumido pela metade apagado no chão.

 Mas o que a assustava mesmo era o tom avermelhado que ele apresentava no semblante, e ao verificar, constatou que ele estava queimando em febre. Balançou ele pelos ombros tentando acorda-lo, mas este continuava dormindo profundamente, estava começando a lacrimejar com o desespero lhe abatendo, mas se acalmou um pouco com ele sussurrando seu nome. Talvez estivesse delirando ou ele havia percebido que ela estava ali. Antes de qualquer coisa, retirou suas roupas e colocou uma camisa e calça de algodão velha de Hirotaka, já que não tinha muda de roupas sua na casa dele.

Com roupas trocadas, conseguiu acordar ele brevemente o conduzindo até o banheiro para que pelo menos se recompôs-se. Enquanto ele tomava um banho a contragosto reclamando da água fria, ela preparava algo para ele comer com a comida que provavelmente Naoya havia comprado e deixado na geladeira dele. Hirotaka finalmente limpo e alimentado, tomou os remédios que Narumi o deu e deitou-se na cama com uma toalha morna na testa.

Com o susto passado, Narumi se acalmou mais depois de vê-lo um pouco melhor e não ter sido nada sério de fato. Estava sentada ao lado de Hirotaka na cama e não resistiu a se aconchegar no peitoral dele, velando seu sono profundo como se nada estivesse acontecendo.

Não sabia quando exatamente, mas havia adormecido sob o peitoral de Hirotaka e agora acordava com uma voz de fundo a chamando e acariciando seu rosto. Lentamente abrindo os olhos, percebeu que era Hirotaka a chamando e terminou despertando elétrica o verificando

— Hirotaka, você se sente melhor? Está tudo bem? – perguntou nitidamente preocupada  

— Sim... eu acho. – respondeu ele ainda grogue e com a cabeça zonza. – Alias, como sabia que eu estava aqui?

— Bem, eu achei meio estranho você não estar online nos jogos ou não ter me retornado à ligação. Por sinal, eu que deveria estar fazendo perguntas por aqui! Que estado deplorável era aquele que você estava? Você adoece fácil também, por acaso andou na chuva ou ficou sem se alimentar de novo?

Hirotaka parecia buscar na memória a causa para aquele seu estado, até que lembrou o motivo, e basicamente um dos motivos estava ali na sua frente. Ao lembrar-se dela inconscientemente se declarando para ele sob o efeito de bebidas, sentiu o rosto esquentar levemente e talvez ela interpretasse isso como efeito de febre.

Depois de deixa-la em casa na sexta feira, esqueceu seu guarda-chuva lá, pegando um pouco de chuva na metade do caminho para casa. No momento não se importou tanto, pois estava tão extasiado relembrando ela dizer que gostava dele que podia até mesmo jurar que estava com um sorriso idiota no rosto enquanto andava sob a chuva. Ao chegar em seu apartamento, sentia-se agitado e nervoso com tais novidades e só sabia uma maneira de se acalmar, jogando!

A ideia inicial, era para ser apenas uma partida para que pudesse acalmar tanto sua mente quanto seu coração, mas deixou-se levar pela emoção dos games e virou a noite jogando e até tragando um cigarro durante o jogo, o que era algo raro ele fumar em casa. Horas depois despertou percebendo que seu corpo havia chegado ao limite de não ter forças nem para fazer algo e comer, fora o frio que sentia deduzindo que devia estar febril. Ao ver o celular na mesa de centro, viu as mensagens de Narumi.

Poderia dizer que estava em casa, mas a conhecendo bem, se dissesse que estava doente, ela certamente iria até ele e consequentemente adoecer também. Ela também conhecia a rotina dele, e sabia que se tivesse saído, certamente a teria chamado. Então para despistar, apenas disse que estava na casa dos pais, o que não chamaria tanto sua atenção.

 Desse ponto não lembra mais o que havia acontecido, acordando apenas no domingo com Narumi o chamando desesperadamente e com o mínimo de energia que tinha, fez o que ela pediu até finalmente comer algo. Adormecendo novamente, acordou depois com ela aconchegada no seu peito. Ainda se perguntava se estava delirando por conta da febre, mas percebeu que estava bem consciente quando levou a mão até o rosto dela, e pode senti-la calma sob si a observando um pouco antes de acorda-la.

Agora a sua frente, pensava bem no que a dizer. Mesmo muito feliz com a declaração dela, pensou friamente no caso. Sabia que ela o fez quando ainda estava bêbada. Era capaz de nem lembrar o que havia dito a ele na noite de sexta, se é que realmente queria ter dito aquilo. Não queria apenas confronta-la fora de um contexto e correr o risco de ela desconversar o assunto.  Então, escolhendo o que achava mais conveniente, falou:

— Era o lançamento de um dos jogos prometidos para ser um dos melhores do ano... então quis testa-lo e saber se era tudo isso mesmo. – falou com um rosto pouco expressivo como sempre. No entanto, o tempo ensinou Narumi a ler o mínimo possível de informações que as expressões dele repassavam, e ao julgar pela demora de resposta dele, poderia estar escondendo algo.

— ... e custava alguma coisa trocar de roupa, comer algo e depois ir jogar? Francamente, que gamer idiota!

— Calada fujoshi! Aliás, antes de que fique resfriada como eu, deveria se afastar ou ir pra casa.

— Não! – aquilo o surpreendeu um pouco e ela percebeu que deu ênfase demais a resposta - eu ... não quero me preocupar com o risco de você desmaiar de novo. Então... irei ficar aqui. – Hirotaka tinha certeza que estava vendo tudo nitidamente, e tinha certeza que um rubor apareceu no rosto dela depois de frisar que queria estar ali.

Assim fizeram. Depois de almoçarem e comerem besteira o resto da tarde, ele foi cegamente para os jogos e sob a reclamação de Narumi que ele devia descansar, ele alegou que morreria se não jogasse algo e ficasse enfurnado na cama. Sendo um voto vencido, juntou-se a ele numa partida, mas depois de perder três vezes seguidas, preferiu ficar apenas o vendo jogar sentada ao seu lado no sofá.

Como Hanako havia comentado uma vez, Hirotaka realmente era um cara atraente até na sua postura de jogar, e seu jeito concentrado nos jogos e com um controle na mão, o faziam parecer uma criança no seu mundinho feliz.

Não segurou uma risada anasalada com os próprios pensamentos atraindo a atenção dele para seu ato.

— O que foi? Perdi algo?  - Ela apenas com sua voz doce e despreocupada respondeu.

— Nada demais! Retorne ao seu jogo, gamer metido.

— Que fujoshi metida...

Aquele fim de tarde começava a esfriar mais do que o decorrer do dia inteiro, e mesmo com moletons, ambos sentiam frio. Hirotaka se encolhia mais no sofá e esfregava os próprios braços, buscando se aquecer como podia, até que apenas um ato inesperado o fez sentir mais quente do que o efeito de qualquer cobertor. Narumi havia se aproximado totalmente dele, agora estava abraçada ao seu braço esquerdo e com a cabeça recostada no seu ombro.

Chegou a esperar que talvez ele ficasse tenso com a aproximação repentina, mas sem nenhum protesto, continuou aconchegada a ele. Claro que já namorou antes e momentos assim não eram nada inéditos em sua vida, mas uma sensação ali era sim inédita. O conforto.

Sempre se sentia bem ao lado de Hirotaka, fosse conversando adversidades, caminhando de mãos dadas ou em seu abraço único e caloroso. Percebeu que apenas com ele, conseguiu ser ela mesma, se sentia aceita com toda a sua bagagem pessoal, e agora ali ao seu lado sentindo o breve calor corporal dele, se perguntava de o porquê não ter aproveitado isso antes desde o início.

Em contra partida, Hirotaka dividia sua atenção com o jogo e tentava não demonstrar nervosismo com a aproximação repentina de Narumi. Claro que tinha o mínimo de aproximação corporal com ela, mas aquele momento no sofá era algo que um casal de verdade costuma fazer. O que não era bem o caso deles.

— Narumi, posso ter melhorado um pouco, mas você ...

— “pode acabar doente”. Desde que acordou tem falado isso. Eu sei que ainda não está bem ..., mas um dos deveres da namorada é cuidar do seu namorado quando ele está doente, não é? – mesmo sendo ela a autora da pergunta, não o olhou diretamente no rosto para falar isso.

Hirotaka pela primeira vez havia perdido nesse jogo, deixando o controle cair no seu colo. Isso não o espantou na verdade, já sabendo que seu desempenho caiu com a proximidade repentina da rosada. Tal fato surpreendeu Narumi, que nunca o viu perder um jogo sequer.

No entanto ele estava quieto demais para uma mera falha no jogo. Estaria ele em algum estado de choque? Ainda abraçando seu braço, virou o rosto para ele perguntando:

—  Ei, hirotaka você não está ligando só porque perdeu uma vez na vida ne? Você ainda ...

— Porque Narumi? – ele perguntou ainda encarando o controle no seu colo. Ela não entendeu de início a indagação. - Porque é dever da namorada cuidar de seu namorado quando ele está doente? – então era isso.

Ela poderia responder da maneira mais óbvia possível, até abriu a boca e fechou de novo em sinal da sua ponderação de palavras, mas sentiu que deveria responder aquilo da forma que achava ser a correta para com ele.

— Porque, quando se ama alguém é isso que você faz. Você cuida dela para que melhore rápido. – Mesmo sob o frio que fazia sentiu seu rosto esquentar consideravelmente com o que dizia. Era a primeira vez que dizia algo assim para ele.

Hirotaka por sua vez sentia o coração falhar uma batida e a boca secar com o que tinha vontade de responder. Talvez esse não fosse o momento, mas não conseguia se conter. Ou melhor, ele não queria.

— Então, Narumi, você me ama? – dessa vez a olhou diretamente nos olhos prendendo Narumi a aquelas írises azuis

Era difícil desviar daquele oceano em seu olhar. Afinal de contas, porque parecia tão difícil dizer isso a ele, justamente quando estava tendo a oportunidade? 

— Bem, nós estamos namorando. Era o mínimo quis eu podia fazer como namorada, certo?  - Tentou puxar outro rumo de comversa.

— Você não respondeu minha pergunta Narumi. – por que era tão dificil encara-lo mesmo presa a aqueles olhos e sua expressão impassível.

— Não é como se você tivesse interesse em mim. Não faço seu tipo de qualquer forma. – Retornou ao seu lugar se recostando no braço do sofá e fingindo uma risada forçada.

Hirotaka dificilmente se irritava ou se importava de verdade com algo, mas aquilo já havia passado dos limites até para ele. Essa era a única coisa que ele não gostava; Narumi duvidar de seus sentimentos.

— Você é realmente uma idiota. – saiu do sofá deixando Narumi confusa com o que disse e foi buscar uma cerveja para se acalmar.

— Hã? Porque diz isso? – ele não a respondeu – Ei, Hirotaka! Por que parece tão bravo agora? Fiz algo de errado. – Ele ainda a ignorava bebendo a cerveja de costas para ela. Ele nunca havia a ignorado dessa forma. Resolveu confronta-lo indo direto até ele– Você não devia estar bebendo, pode acabar piorando – Hirotaka ao fita-la novamente, tinha uma expressão fria no rosto, surpreendendo Narumi que nunca recebeu esse olhar dele. “ele realmente está irritado...” – eu... fiz algo?

Constatou que nem ele poderia lidar com a lerdeza dela. Abandonando a cerveja na pia, em um movimento rápido, a puxou pela cintura, em seguida erguendo-a e colocando sentada na bancada da pia, ficando entre suas pernas para que não tivesse como fugir. Agora ele que não queria mais esperar para ter essa conversa. Tal ato a pegou tão de surpresa que sentiu seu rosto arder com a atitude. Não conseguia reconhecer seu amigo.

— Hirotaka-don! Ainda deve estar irritado pela perda no jogo, ou qualquer coisa, mas lembre-se de não machucar seu punho e afetar seu desempenho nos – sua voz sumiu. Ou melhor, seu folego foi tomado, seguido de um gosto de cerveja que envolvia seus lábios após um beijo firme e roubado de Hirotaka que já havia se cansado também dessa distância que ela havia colocado em seu nome, o tratando como um lorde e ela um samurai.

— Calada, fujoshi.

— ... Sim!... – Estava sem reação. Aquela atitude... aquele era mesmo seu amigo? Era a última coisa que esperava agora, já que ele nunca mais havia feito isso desde o dia que ela o correspondeu negativamente. Sentia seu coração ainda martelar no peito e seus lábios ainda sentirem o gosto da boca dele. Mas além de tudo, aquele beijo havia sido totalmente diferente do primeiro que tinha sido doce e casto. Nesse agora ele deixou claro; estava impaciente.  – Hirotaka... está tudo bem?

— O que te faz ainda achar ainda que não faz meu tipo? – levando em consideração a impaciência dele, resolveu ponderar no que ia dizer mesmo sabendo que ele não a faria mal algum.

— Bem... você prefere mulheres “turbinadas”, não é? Sem contar que somos otakus de gostos totalmente opostos... – tentava não desviar do olhar duro e impassível dele como sempre, mexendo em uma madeixa de cabelo como se fosse sua ancora de salvação.

— De todos no mundo você já deveria saber que eu não costumo seguir os padrões.

 - Mas você ainda tem suas preferencias, não é? Está sacrificando isso para estar nesse relacionamento, não é?

— Posso ate gostar de peitões, mas não são eles que me satisfazem, pois só tem duas coisas que eu amo. Games e você. – Ela pensava no que ia rebate-lo, mas a última frase simplesmente a travou. No entanto podia jurar que seu rosto estava queimando e seu coração estava mais inquieto do que nunca. Estaria escutando isso mesmo? Ainda o encarando, podia perceber que sua expressão estava um pouco menos dura e aparentemente estava reunindo coragem para terminar o que começou.

— Mesmo que ainda ache que estou nesse relacionamento por comodismo, e por ser otaku certamente ficarei sozinho, nada disso me importa na verdade. Ter a Narumi que sorri com sinceridade, faz as coisas que gosta e agindo como ela é de fato, é o que me importa. Por ama-la posso me contentar com a felicidade dela. Para mim, esse é o motivo que estou namorando com você. Mas gostaria qus fosse mais sincera com seus sentimentos também.

Sua expressão parecia ter se suavizado definitivamente e Narumi poderia até arriscar que viu um leve rubor no rosto dele, mesmo com a pouca luz de onde estavam. Ela ainda estava sem palavras para tudo aquilo, absorvendo o que hirotaka havia falado. Ele de fato nunca havia se aberto dessa maneira expondo seus sentimentos claramente. Porém, eram segundos em silencio entre os dois que pareciam ser longos minutos uma vez que ele ainda a encarava certamente esperando por alguma resposta.

— Não tem nada a dizer? ...

— O-o que? ... – ela havia falado sem pensar e ele agora a dirigia seu típico olhar impassível, mas incrédulo.

— Esquece, vou jogar. -  Já estava dando as costas a abandonando ainda em cima da pia, mas ela rapidamente o interceptou segurando seu braço.

— Espera Hirotaka! Eu só estou surpresa ainda com tudo isso.

— Que tipo de Otaku tão lenta você é?

— Da um tempo, ta bom? Tem noção do enigma que você é?  Nesses últimos meses você nunca havia falado sobre isso, nunca insinuou nada, sempre inexpressivo e guardando seus sentimentos para você mesmo. Mas ao mesmo tempo parecia ser injusto comigo, pois parecia que eu era a única alimentando sentimentos por aqui! Seus atos de cuidado sutis, sua companhia, até seus raros sorrisos, mas que me faziam falhar a respiração ... isso tudo foi difícil para que eu sozinha entendesse que eu estava sentindo.

Tentava agora recuperar o fôlego e se manter calma para continuar. Nem lendo o shoujo mais romântico havia sentido essa sensação de que seu coração ia sair pela boca. Aliás, nem nos outros relacionamentos essa sensação era presente nesssa intensidade. Esse era mais um efeito Hirotaka sobre si.

Hirotaka por sua vez, havia sido tomado pela curiosidade do rumo que aquela conversa tomava. Narumi finalmente estava sendo honesta no que dizia, chance essa que não perderia. Pretendia avançar mais um nível desse jogo de sinceridade que começou entre eles. Retornou ate onde ela estava novamente também recostando-se na pia ficando de costas para Narumi.

— Ficarei assim para que consiga continuar. E então? – Narumi ainda se sentia nervosa, mas agradeceu Hirotaka internamente pelo seu ato. Realmente, sempre pensando nela ate nesse momento.  

— Tenho pensado nisso a um tempo, tentando me compreender. Mas acho que fiquei confusa depois de... – ela hesitou em continuar por alguns segundos.

— Depois de ter tirado um dos papeis de previsão no templo? – aquilo a surpreendeu. O segurando pelos ombros, fez com que ele se virasse para ela.

— Como você sabe disso? Teve a sensação de ter feito besteira em algum momento.

— Basicamente, sexta à noite no bar, você parecia estar bastante incomodada com isso, e deixou escapar um ou dois detalhes... – agora ele havia atiçado sua curiosidade.

— Hirotaka! Não ouse me esconder nada! – o segurava pelo colarinho do moletom – o que eu fiz nessa noite?! – depois de falar o que ela havia feito, ela só conseguir o peso na consciência por se deixar levar tão rápido com bebidas.

— Tecnicamente foi isso. Se estava tão incomodada, deveria ter falado antes, realmente estava preocupado com você.

— Não é como se eu pudesse falar isso sem me comprometer...

Hirotaka também reconhecia isso nela. Mesmo ela em várias ocasiões falando em pensar, também era a que mais ponderava. Eram opostos nesse quesito.

—  Particularmente, me sinto melhor dizendo o que penso ou o que sinto. Inclusive, dizer “eu te amo” para a pessoa que sempre amei, realmente é libertador.

— Acontece que eu estava muito confusa sobre o que estava sentindo. Aquele recado no bilhete também não me ajudou muito. Eu ... não queria me separar de você no fundo...

— Fala sério. Como podia acreditar cegamente nisso?  Mesmo que alguém viesse, a escolha era unicamente sua em se afastar de mim, não é? – a franqueza inabalável dele a fez encarar seu rosto e esboçar um leve sorriso de contentamento.

O abraçando pelos ombros, afundou o rosto na curva do pescoço dele sentindo o repentino arrepio de sua pele com a proximidade dela, mas não o soltou. Permaneceu ali naquela posição, percebendo que era a primeira vez que o abraçava daquela forma.

Hirotaka não esperava esse ato dela no momento, mas não se conteve também em abraça-la pela sua fina cintura aproximando seus corpos e inalando o cheiro dela tão próxima a si. Não queria estragar aquela atmosfera que havia se formando entre ambos, mas a vontade de escutar a resposta dela para o que sentia era maior. Ainda sem se afastar, falou próximo ao seu ouvido:

— Narumi, você ainda não respondeu o que havia falado antes. – Ela era trazida a realidade de novo, o escutando atentamente – conseguiu entender o que sentia?

Mesmo que já tenham avançado tanto nesse jogo de sinceridade entre eles, no fundo ainda temia a resposta dela. Talvez ela não o amasse da mesma maneira e tudo o que sentia não passava de uma ilusão. Mas a resposta veio logo em seguida.

Narumi se afastou um pouco, as sem quebrar a proximidade olhando diretamente naqueles olhos oceânicos.

— Sim, consegui entender. – Ela conseguia perceber sua curiosidade misturada com aflição só de olha-lo. De fato, aquele suspense dela já estava o matando por dentro, mas foi surpreendido logo em seguida. Narumi gentilmente pegou seu rosto e dessa vez foi sua vez de beija-lo brevemente olhando novamente em seus olhos e dizendo sua resposta. – Entendi que, eu te amo, Hirotaka! Finalizou não contendo um sorriso por finalmente confessar seus sentimentos adequadamente.

Hirotaka em contrapartida quase não conseguia acreditar no que enfim escutava de Narumi. Foram anos de amor unilateral finalizados naquelas três palavras ditas por ela. Poderia dizer que os Deuses finalmente atenderam o pedido que fez ao ir no templo.

Encurtando a mínima distancia que ainda havia entre seus rostos, lentamente se aproximava da boca dela, tendo o ato finalizado por Narumi que selou seus lábios ditando o ritmo lento e apaixonado. O que não se manteve por muito tempo, com Hirotaka exigindo mais ate se separarem em busca de folego. Não se proferia mais palavras entre ambos, apenas gestos carinhosos e beijos quentes e apaixonados até dormirem agarrados no sofá.

No dia seguinte, ambos chegaram atrasados no trabalho não evitando levarem bronca e advertência de Kabakura, o que não podia evitar já que era o superior de ambos e não podia relaxar apenas por serem seus amigos. No entanto, isso parecia não os preocupar nem um pouco, inclusive, não passou despercebido por Hanako e Kabakura a aura diferente entre o casal na hora da saída. E claro, Hanako não deixou passar o comentário malicioso em relação aos dois estarem resfriados. Não confirmaram nada de início, mas também não negaram deixando a entender que a relação entre eles não era a mesma de antes.  

Um ano havia se passado desde a oficialização do casal. Muito não havia mudado no cotidiano de todos. Narumi e Hirotaka continuavam os mesmos de sempre, Naoya, irmão de Hirotaka, estava namorando Kou, e finalmente o casamento entre Hanako e Kabakura estava se consumando. Sim, depois de muitas brigas entre os ex capitães de times no colegial, havia chegado o dia de passarem a um nível superior de relacionamento.

Havia sido uma cerimônia simples e no estilo ocidental entre familiares e amigos do trabalho, seguido de uma breve festa para celebrar a felicidade do casal. Não haviam feito grande coisa já que os dois optaram por fazer uma viagem ao invés de gastar muito dinheiro com festa detalhada. Estavam no aeroporto acompanhados por Narumi e Hirotaka que foram se despedir do casal que estariam afastados por um mês, equivalente ao seu período de férias.  Ambos desejaram votos de felicidades e a rosada não conteve as lágrimas de emoção pela felicidade dos amigos.

Após os dois embarcarem, Narumi e Hirotaka ainda estavam no segundo andar do aeroporto especificamente na varanda matando o tempo enquanto viam vários aviões decolarem no fim da tarde.

— Quem diria que aqueles dois que viviam brigando chegariam tão longe – falou Narumi.

— Sim! No fim, os sentimentos deles falaram mais alto.

— Deve ser ótimo! – comentou ela por fim com um sorriso se debruçando no parapeito com o olhar perdido a frente.

Hirotaka embora nunca tenha comentado abertamente ou não tenha respondido a ultima frase dela agora, já cogitou algumas vezes pensar como seria um dia se casar, e nesses momentos lembrava-se do que uma vez seu pai havia comentado com ele quando era mais novo. Ele dizia para que algum dia se casasse com alguém que ele amasse até suas peculiaridades, pois se ele conseguisse sentir isso, certamente estaria com a pessoa certa. Certamente seu pai também teve essa mesma premissa com sua mãe.

A pessoa mais peculiar que conhecia, estava hoje ao seu lado. Sim, ele a amava com todos seus pontos positivos e negativos e não, não tinha dúvidas de que aquela era a pessoa certa para estar ao seu lado. O silêncio ao redor de Narumi passou a chamar sua atenção. Virando-se para Hirotaka, percebeu seu olhar sob si, que ela não soube dizer imediatamente o que significava:

— Hirotaka, aconteceu algo? – Virou-se para o namorado encarando-o.

— Narumi, quer casar comigo? -  Depois dessa pergunta pode perceber a expressão de Narumi mudar drasticamente, ficando imóvel por alguns segundos, passando a ficar vermelha fazendo contraste com os últimos raios solares que refletiam em seus olhos tendo os cabelos esvoaçando de acordo com a brisa que os circulavam. No entanto, sua feição logo mudou com o mesmo sorriso que cativou Hirotaka no primeiro dia que a viu.

Em um movimento rápido, direcionou-se ate ele roubando um breve beijo o pegando de surpresa com atitude seguido da melodiosa resposta.

— Sim!! – respondeu Narumi com seu contagiante sorriso, esboçando agora em seu noivo o sorriso mais lindo que ela conhecia, ambos selando seus lábios novamente.

“Meus desejos, se tornaram realidade.” Por fim, pensou Hirotaka.     


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Notas finais do capítulo

# em relação ao titulo, sinceramente não iria colocar nada mais do que o nome "capitulo único". mas no momento em que estou postando essa historia aqui, começou a tocar uma musica que gosto bastante da minha amada banda UVERworld que se chama "a lovely tone", acho que tem um pouco a ver no geral com a historia, inclusive, recomendo!



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