De volta para você escrita por Bhabie


Capítulo 17
Capítulo 16 - Tapas na cara doem menos do que uma palavra errada


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que ficou grandinho mas VALE A PENA PELO FINAL

HOJE É DIA DE PLOT BEBÊ!!!!

Boa leitura e preparem os desfibriladores!

****COMENTEM****



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PDV Edward

— Olha cara, vamos ter que aumentar nossos investimentos no marketing, isso aqui está horrível! Não convence ninguém!

Bufei.

— Carlisle não vai ficar nada contente em saber que vai ter que investir mais dinheiro nisso.

— Os King já estão cobrindo todo o custo da filial, nós não poderíamos estar melhores! A única coisa que temos que pagar é a campanha da TeleCullen’s e do banco King.

—Quanto?

— Uns setenta e cinco por cento a mais.

— Ok – Resmunguei anotando isso no papel, sabendo que era comigo que Carlisle ficaria bravo.

Garrett remexeu em mais alguns papéis que estavam por cima da mesa do escritório que ficava em sua casa.

— Como foi o jantar ontem com William?

Parei de escrever os tópicos que precisávamos discutir com meu pai ao relembrar do jantar.

Eu havia encontrado Bella. Depois de quase oito anos.

Nunca pensei que isso um dia fosse acontecer, eu parei de procurá-la de vez quando deu dois anos que ela havia me deixado; foi quando eu percebi o idiota que estava sendo e resolvi deixar essa história para trás.

Bom, não apenas eu; Kate, Jasper e Rosalie me ajudaram muito nesse processo, principalmente Kate que sempre estava tentando me animar, afinal, ela também entendia minha dor, Bella era sua melhor amiga e eu notava o quanto isso a atingia.

E ver Bella ali naquele restaurante depois de tanto tempo...foi diferente de como eu achava que seria.

Nos primeiros meses eu achava que quando a encontrasse iria correndo em sua direção e a ergueria no colo e então a beijaria. No primeiro ano, eu achava que quando a visse, fingiria que não a conhecia mais para mostrar superioridade, nessa época eu estava irado com ela. No segundo ano, eu achava que a abraçaria forte durante minutos e então a soltaria e perguntaria o quê aconteceu naquele fatídico dia. Depois do segundo ano eu deixei de pensar que isso de fato aconteceria, mas de vez em quando, quando estava distraído e sem nada para ocupar minha mente, me pegava elaborando um plano de como iria reagir.

Eu inventava vários cenários, alguns em que eu a pintava com vilã, mas na maioria deles ela apenas correria em minha direção também e me pediria desculpas. Mas todas essas ilusões eram deixadas de lado rapidamente quando eu arranjava algo para fazer.

Mesmo com todos os cenários que criei, não podia imaginar que eu caminharia calmamente até sua mesa – a qual ela dividia com outro homem – logo depois de finalizar o jantar de negócios e me despedir de William, e falaria com ela como se fôssemos velhos amigos. É claro que eu estava nervoso, meu coração batia tão forte que pensei que isso poderia me fazer mal, minhas mãos suavam e eu tentava disfarçar as passando pelos meus cabelos e meu terno.

Eu nunca fui uma pessoa que se dava bem em situações de muita pressão, eu sempre estragava o momento e acabava dizendo as coisas erradas; e foi exatamente o que aconteceu quando o homem que estava com ela me perguntou porquê eu tinha dito que éramos “mais ou menos amigos” e tarde demais, notei a expressão no rosto de Bella me alertava pedindo para não contar a verdadeira história.

Depois do clima constrangedor que ficou na mesa e de eu descobrir que aquilo era um encontro – o que eu já desconfiava, mas que minha mente fez questão de ignorar – não vi algo mais certo a se fazer senão ir embora, mas não sem antes dar meu número de celular à ela discretamente, eu ainda precisava de respostas e não poderia ignorar esse oportunidade que o universo deu a mim. Eu estava andando tanto com Jasper que já acreditava nessas coisas de universo, karma e forças maiores.

Era arriscado dar meu numera a ela e esperar que ela fosse me ligar, ela poderia fugir como havia feito no passado, mas naquele momento eu não vi outro jeito senão esse, agora eu apenas esperava que ela fizesse sua parte e viesse ao meu encontro. Não um encontro encontro, não que isso fosse ser ruim, até porque ela continuava linda, ela ainda parecia com a mesma Bella de dezoito anos que me fez encher a cara e ter minha primeira ressaca, mas agora ela estava com mais cara de mulher, suas expressões eram mais marcantes e ela tinha um pouco de olheiras, seus cabelos batiam um pouco antes de seus ombros e...Ok, foco Edward, você não pode sair com ela depois dela ter fugido de você e fingir que nada aconteceu.

Sacudi levemente minha cabeça para me livrar dos pensamentos e voltei minha atenção para Garrett.

— Foi bom, mas foi rápido. Ele estava cansado da viagem que fez do Alabama para cá então acabamos não resolvendo muita coisa, basicamente falamos sobre nossas metas e o que esperávamos dessa filial e ele me desejou sorte.

Garrett assentiu, ainda lendo alguns papéis.

— Só isso?

Hesitei.

Seria uma boa eu contar para Garrett que revi Bella? Ela estranhamente havia pedido para que eu não comentasse com Kate, pois queria fazer uma surpresa, e eu não tinha me oposto a isso e eu precisava contar ara alguém, nunca fui muito bom com segredos, principalmente com algo tão grande assim. Eu não poderia comentar com Rose, já que ela odiava Bella por me fazer mal e com certeza isso iria distraí-la de seu processo de tentar arrumar um emprego. Nos três dias que estivemos aqui, Rose estivera fora todos os dias, durante o dia inteiro atrás de alguma vaga em sua área, mas ainda não havia encontrado nada. Carlisle tinha ligado furioso atrás dela, mas Rose contou a mentira da promoção do emprego e desligou na cara dele, bloqueando seu número, o que fez com que Carlisle descontasse em mim toda a sua ira. Aparentemente, agora eu era seu único filho.

— Garret...- Comecei hesitante.

— Sim? – Ele não olhou para mim, continuando seu trabalho.

— Você lembra da Bella?

Garrett gelou, parando o que fazia e levantou os olhos para mim.

— Hãn, é, eu lembro. O que tem ela?

— Eu a encontrei ontem durante o jantar.

Garrett empalideceu e franzi o cenho para sua reação.

— Hãn...isso é...inusitado – Ele conseguiu falar depois de um tempo.

— É, foi estranho, mas foi bom ao mesmo tempo, eu tenho muito o que resolver com ela.

Garrett maneou a cabeça e o vi vacilar ao tentar escolher suas próximas palavras.

— Edward eu não acho que será saudável encontrá-la novamente.

— Por que não? Eu preciso ouvir o que ela tem a dizer.

— Eu sei como se sente, mas apenas se afaste, ok?

— Não posso, e mesmo se quisesse eu meio que dei a ela o seu endereço então...

— Você fez o quê!? – Garrett exclamou alto, o que me assustou.

Por quê ele estava tão nervoso? Apenas porque passei seu endereço para uma pessoa que não víamos há sete anos, que havia magoado profundamente sua família e que agora não sabíamos se tinha virado alguma espécie de serial killer?

É, eu não pensei muito na hora.

Garrett estava com os olhos arregalados e antes que ele pudesse abrir a boca para brigar comigo, ouvimos um estrondo no andar de baixo e provavelmente o que seria a porta da frente, bater com força.

Trocamos um olhar confuso e ao mesmo tempo, descemos a escadas para saber o que acontecia.

— Amor? O quê houve? – Garrett perguntou preocupado para uma Kate furiosa e descabelada que estava parada na sala com Noah e Dimitri ao seu encalço, visivelmente assustados.

— Garrett, amor, temos que sair daqui, essa cidade...- Ela olhou para mim e hesitou – Está contaminada.

Garrett assentiu.

— Kate, não podemos fazer isso, o projeto...

— Outro pode fazer! O quê é mais importante, seu emprego ou sua família? Não se esqueça que foi meu tio que lhe deu essa vaga então ele pode dar outras!

— Não é assim que funciona...

— Esperem aí, o que está acontecendo? Como assim a cidade está contaminada? E porquê tem uma marca de mão em seu rosto?

— Mamãe e a professora Isa brigaram! – Dimi falou alto e Kate lançou um olhar severo em sua direção.

— Isa? Isabella? A Bella? – Kate me olhou espantada.

Seria possível Bella ter feito aquilo na minha prima? Bom, sete anos haviam se passado, as pessoas mudavam e ela poderia realmente ter virado alguma espécie de serial killer.

— Vo- você...como...- Ela gaguejou.

Dei de ombros.

— Eu a encontrei ontem durante o jantar de negócios que tive, ela me disse que estava morando aqui e que estava dando aulas – Me virei para os meninos – Ela é a professora de vocês?

Noah encolheu os ombros.

— E como eu vou saber de quem você ta falando?

Justo, eles nunca tinham a visto.

Notei Kate e Garrett trocando um olhar intenso e demorado e mais uma vez estranhei.

— Edward, fique com os meninos, eu e Garrett precisamos conversar.

— Hãn, ok – Concordei e os observei sumir em direção a escada.

— Por que a mãe ta desse jeito? Ela gritou com a gente, ela nunca grita com a gente! – Dimitri sussurrou para Noah, mas eu pude ouvir.

— Ela me assustou. E a prô...por que ela e a mãe tavam brigando? Será que era sobre a gente? – Noah sussurrou de volta.

— Eu aposto que era por sua causa! É você que sempre se mete em confusão!

— Eu não! Vai ver elas estavam discutindo pra ver quem ficava com você! Ninguém quer um menino com um cabeção que nem o seu!

— Eu não tenho cabeção e se eu tiver você também tem porque somos iguais!

— Eu não sou feio assim!

— É sim!

— Então você também é! Toma essa, acabei com você do mesmo jeito que você acabou comigo!

Suspirei e segurei o topo da cabeça das duas crianças, as chacoalhando e fazendo-os parar a discussão.

— Ai, tio, para com isso! – Noah reclamou e eu parei, rindo de seus cabelos desarrumados.

— Sentem ali no sofá, eu quero saber exatamente o que aconteceu.

Eles me reviraram os olhos, mas me obedeceram.

— Então...? – Os incentivei, me sentando no chão de frente para eles.

— Bom... – Noah começou – A professora Isa disse que queria falar com a mãe e escreveu um recado pra elas terem uma reunião, aí a mãe chegou lá na escola pra nos buscar e foi falar com a prô, entã...

— Então elas começaram a gritar! E foi tipo assim, coisas muito feias! – Dimitri interrompeu com animação Noah, que lhe lançou um olhar mortal.

— Que tipo de coisas feias?

— Não podemos falar essas coisas!

— Mas se você quiser, eu digo bem baixinho, é só não contar pra mãe!

— Ok, ok, já entendi o que é e você não vai dizer nenhum palavrão, Dimitri! – O repreendi e ele cruzou os braços, chateado.

Continuando...- Noah frisou – Elas ficaram lá dentro da sala, aí a mãe saiu de lá gritando com a gente e dizendo que gente correr pro carro, aí a prô veio atrás e a mãe ficou bem mais nervosa, ela pegou meu braço com muita força e fez a gente entrar no carro. Acabou.

— Hum...- Encarava o chão pensativo. O que será que tinha acontecido naquela sala? Não esperava que Kate fosse reagir quando encontrasse Bella. Será que Bella sabia que Kate que era a mãe dos meninos? Acho que não, ela nunca tinha os visto e eu duvidava que ela tinha lido os email que mandei para ela explicando como as coisas andavam logo após ela ir embora.

— Foi assustador.

— O Noah ficou com medo!

— Não fiquei não!

— Ficou sim!

— Você também ficou!

— Não fiquei!

— Ei, vamos parar com isso agora mesmo! – Eles resmungaram fazendo um biquinho fofo, mas pararam - Falem para mim uma coisa: Como é essa professora de vocês?

— Bem legal.

— Não, como é o cabelo dela, a altura e essas coisas.

— Ah, ela não alcança a parte de cima da lousa então ela começa a escrever na metade dela.

— Sim, e ela tem o cabelo marrom!

— É castanho – Corrigi.

— É, e ele é bem curtinho, acaba aqui – Noah colocou sua mão um pouco acima do ombro.

É, pelo o que tudo indicava, era Isabella mesmo.

— Eu não quero ir embora, tio Ed – Dimi se enterrou no sofá fazendo uma carinha de choro que me quebrou ao meio.

— Nem eu! Eu já tenho amigos aqui! – Noah imitou a postura do irmão.

— Tem é? Conseguiu falar com alguém? – Perguntei orgulhoso.

Dimi deu um risinho.

— Ele tem uma namorada.

— Uma namorada!?

Noah ficou vermelhou e bateu na coxa de Dimitri.

— Eu não tenho namorada!

— Hum, e qual é o nome dessa namorada, hein?

— É Pietra!

— Para com isso Dimitri!

— Noah e Pietra estão namorando, Noah e Pietra estão namorando, Noah e Pietra estão namorando...

Noah o xingou e o atacou com uma almofada e mais uma vez, tive que conter a briga.

— Se comportem! Agora voltando ao assunto: Como essa professora é com vocês?

Eles deram de ombros e Dimitri falou.

— Ela é meio esquisita, mas é legal, ela até jogou no meu Nintendo!

— Ela é muito legal e sempre nos dá doce!

— Espera aí! – Os cortei - Como assim “meio esquisita”?

— Todo mundo fala que somos os queridinhos dela – Noah resmungou.

— É, só porque passamos o intervalo com ela!

— E ela fica nos abraçando e beijando nossos rostos quando estamos indo embora.

— E tudo bem isso para vocês? Se não quiserem ou não gostarem é só dizer.

Noah deu de ombros.

— Por mim tudo bem, mas o Dimi fica limpando o rosto depois.

— Foi só na primeira vez! Ela babou em mim! – Se defendeu.

— Ok, obrigado pelas informações, eu devo um sorvete a vocês!

— Oba! – Eles rapidamente se levantaram e eu ri.

— Mas não agora, mais tarde talvez.

Eles reclamaram e sentaram de volta.

— Tio, eu não quero ir, fala pra minha mãe que a gente não quer ir, eu gosto daqui, aqui faz calor e eu também gosto da Isa e gosto de você e a tia Rose morando com a gente! – Dimi falou baixinho, olhando para seu colo enquanto falava e vi Noah balançar a cabeça em concordância.

Suspirei. Kate e Garrett estavam sempre se mudando devido ao trabalho que Garrett aceitou na empresa de Carlisle, e eu via o quanto isso afetava os meninos; eles nunca ficavam mais de seis meses em um único lugar e quando estavam começando a se acostumar com a escola e fazendo novas amizades, se mudavam novamente.

— Eu vou tentar conversar com a mãe de vocês, mas não prometo nada.

Os olhinhos dos dois brilharam e eles assentiram eufóricos.

Eu ri da animação deles, mas parei quando ouvimos passos vindos da escada e Kate e Garrett surgiram na sala, visivelmente tensos.

— Vamos até a obra ver como a filial está ficando, Edward? Precisamos mandar um relatório para Carlisle , aí passamos em alguma sorveteria na volta porque sei que os meninos estão loucos para isso.

Noah e Dimitri vibraram.

— Claro, Garrett, só vou pegar minhas coisas no escritório.

— Eu já peguei para você – Ele me estendeu meu celular juntamente com minha carteira e as peguei, estranhando sua ansiedade.

— Hãn, valeu – Agradeci e me virei ara Kate que estava sentada entre os meninos no sofá, se desculpando pelos gritos e beijos em suas cabeças – Kate, será que podemos conversar um pouco? Vai ser rápido.

Ela e Garrett mais uma vez trocaram um olhar, então ela sorriu.

— Claro, Ed. Meninos, vão com o pai de vocês

Eles comemoraram a correram para a garagem.

— Eu te espero no carro – Garrett me avisou e saiu pela porta da frente.

Encarei Kate, que parecia nervosa, durante alguns segundos até ir sentar ao seu lado no sofá.

— O que aconteceu? Achei que gostaria de rever Bella. Os meninos me contaram que vocês brigaram feio. Foi ela que fez isso em seu rosto? – Soltei sem saber qual pergunta fazer primeiro.

— Sim, foi ela. Edward, ela não é a mesma pessoa que conhecíamos, ela mudou, nós mudamos e principalmente você mudou. Hoje ela me atacou dizendo que tudo era culpa minha, que ela ter ido embora era culpa minha...eu tentei acalmá-la, mas ele simplesmente me bateu! Ela virou uma mulher descontrolada, você conhece o passado dela, ela nos dizia que era uma rebelde antes de entrar na faculdade, lembra? – Assenti e ela continuou – Então, talvez isso tenha voltado dez vezes pior. Ela é uma mulher adulta com sérios problemas e não acho bom ficarmos na frente disso.

Balancei a cabeça em negação.

— Não, ela parecia perfeitamente bem ontem quando a vi, não pode ser isso, ela dá aulas para crianças!

Kate suspirou e afagou meu braço.

— Eu sei o quanto é difícil encontrá-la, ainda mais numa situação dessas, eu queria poder ajudar, mas ela não aceitou quando sugeri que cuidaria dela.

— Ela tem irmãos para isso, e uma governanta também, se bem me lembro.

— Uma governanta velha, uma irmã que está estudando no Texas e um irmão obeso que não consegue nem levantar sem ajuda.

É, eu tinha visto Emmett naquela foto que Jasper havia me mandado e a situação dele realmente não estava nada boa. Mas me perguntei como Kate tinha todas essas informações.

— Kate, eu preciso entendê-la, ela ter me deixado no dia de natal é algo que vem rodeando minha cabeça há anos! Eu preciso de respostas e depois disso que você me contou, eu preciso saber como ela está!

Kate apertou meu braço levemente.

— Edward, você ainda não enxergou a pessoa ruim que ela é? Ela só fez mal a nossa família. Me enganou, enganou seus irmãos, enganou você! Não vale a pena voltar nisso, vamos deixar o passado quieto.

— Kate...

— Olha Ed, eu sei que você já superou e seguiu em frente, não quero ela te manipulando e enganando de novo, brincando com seus sentimentos para depois que se cansar de você, fugir como da última vez. Pense no seu bem.

— Vocês eram melhores amigas...

— Exatamente! Eu sei como se sente, eu a amava como uma irmã e ela também me machucou, nem sequer soube dos meninos, não acompanhou minha gestão, não foi ao meu casamento e muito menos respondeu as milhões de mensagens que eu mandava a ela! – Kate suspirou tristemente e olhou para o tapete, tentando esconder seus olhos que começavam a ficar úmidos – Sabe, eu não a vejo desde aquele em que ela me mandou até a sua porta para dizer que estava indo embora. Eu fui uma boba, deveria ter ficado com ela no apartamento, ligado para você ou tentado convencê-la a ficar, mas eu fui tão burra! As coisas poderiam ter sido diferentes, vocês poderiam ter se casado, poderiam ter uma família, ela ainda seria minha melhor amiga e estaríamos presentes nos momentos especiais uma da outra.

Kate soluçou e eu a abracei quando notei as lágrimas rolando por seu rosto.

— Shiiiu, tudo bem Kate, não foi culpa sua. Você não sabia que as coisas seriam assim, apenas fez um favor à sua amiga. Está tudo bem, as coisas aconteceram como tinham que acontecer – Afaguei suas costas e ela soltou outro soluço, ainda encostada em meu peito.

— Nunca ficou bravo comigo por aquele dia?

— Claro que não, você é a melhor prima do mundo e sempre será assim para mim. Além do mais, como eu posso ficar bravo com a mulher que deu a luz aos bebezinhos mais fofos do mundo? Sério, aquelas pestes são as únicas crianças que eu amo!

Ela riu um pouco e eu fiquei aliviado em fazê-la rir.

— Então – Kate se afastou de mim enxugando seu rosto molhado -, vai ficar longe dela, não é? Não quero que ela cause mais nenhum dano a nós.

— Claro – Menti. Eu procuraria Bella, mas Kate não precisava saber disso.

Ela me deu um sorriso fraco.

— Ótimo.

— Kate, quanto a se mudarem, eu não acho necessário apenas por causa disso. Quer dizer, nós somos adultos, sabíamos que isso um dia poderia acontecer e acho que devemos lidar com isso de uma forma madura.

Kate negou rapidamente.

— Não, Edward! Garrett me contou que você deu nosso endereço a ela! Vou começar a empacotar as coisas ainda hoje, na verdade a grande parte das coisas ainda estão nas caixas já que faz apenas duas semanas que estamos aqui.

— Kate, os meninos não querem ir, eles amaram esse lugar, não faça isso com eles...

— Relaxa, não iremos mudar de estado dessa vez, apenas iremos mais para...o interior. Garrett conhece um cara que pode nos alugar uma casa em Bisbee.

— Bisbee? Kate, isso é praticamente o México! E como vai ficar o trabalho de Garrett aqui?

Ela encolheu os ombros.

— Ele pode trabalhar à distancia ou ficar aqui durante a semana e ficar comigo e os meninos no fim de semana.

— Isso é loucura e um exagero.

— Não seria exagero se fossem seus filhos tendo aulas com aquela mulher! Eles me contaram no carro que ela fica os cercando! Não sei o que ela pode fazer com eles, mas não irei arriscar!

— Ok! Você é quem sabe! – Levantei as mãos em defesa.

Garrett buzinou do lado de fora e eu dei um beijo nos cabelos de Kate, me despedindo e pedindo para ela parar de se culpar e ir colocar um gelo em sua bochecha.

Minha prima era muito sensível, sempre se empenhava para agradar as outras pessoas e sempre foi muito animada; eu sabia que ela era um ser especial e fazia questão de sempre lembrá-la disso, detestando vê-la mal.

Entrei no carro que estava já na entrada da casa e Garrett foi dirigindo em silêncio em direção a obra. Os únicos sons do carro eram os risinhos no banco de trás.

Eu não sabia o que estava acontecendo, eu podia ser lento em algumas coisas, mas não era idiota. Bella nunca daria um tapa em Kate por nada, não via sentido nem na metade das coisas que Kate contou e precisava ouvir a versão de Bella para ficar do lado de alguma delas.

Bella me contava do passado dela quando estávamos juntos, mas ter voltado a ser como uma adolescente rebelde e culpar Kate por aquele dia de natal? Não, algo estava errado e provavelmente Kate estava escondendo alguma informação importante.

E eu não sabia se gostaria de descobrir.

 

PDV Bella

Tome cuidado, Isabella, essa mulher é uma víbora, nós sabemos do que ela é capaz — Dolly me alertou do outro lado da linha.

— Não se preocupe, eu sei como lidar com ela.

— Tudo bem, me ligue assim que sair de lá, estou muito nervosa, irei orar para que tudo dê certo e que vocês consigam se resolver sem precisar brigar ou ir até a justiça.

— Ok Dolly, até mais.

— Até, criança. Boa sorte.

Finalizei a ligação que estava pelo viva-voz do carro sabendo que a oração de Dolly seria em vão.

Eu e Kate queríamos a mesma coisa e essa luta só terminaria de vez quando uma de nós estivéssemos prestes a morrer. Era dramático, mas era a verdade.

Eu havia saído da escola uns poucos minutos depois de Kate, mas ainda tive que colocar seu endereço em meu GPS e parar o carro uma vez por estar tremendo muito.

Mas assim que estava bem de novo, acelerei o máximo que o limite de velocidade permitia e só parei novamente quando estava na frente da grande casa localizada em um dos bairros nobres de Phoenix.

Respirei fundo e coloquei meus óculos de sol, pronta para enfrentar Kate pela segunda vez em menos de uma hora.

Bati a porta do carro e andei até a entrada, apertando a campainha três vezes com impaciência.

— Já vou! – Kate gritou de dentro da casa e alguns segundos depois abriu a porta.

Seu rosto estava vermelho, como se tivesse acabado de chorar e a marca dos meus dedos ainda estava um pouco visível em sua bochecha pálida. Assim que me viu, arregalou os olhos e tentou fechar a porta na minha cara, mas eu forcei do outro lado, conseguindo empurrá-la e forçar a passagem para dentro da casa.

— Saia da minha casa agora mesmo ou eu chamo a polícia!

— Isso são modos de cumprimentar as visitas, Katrina? Ainda mais uma velha amiga! – A deixei sozinha na entrada e avistei um grande sofá branco, me jogando nele.

— Como ainda tem coragem de vir até aqui depois do que aconteceu na escola? Eu posso a demitir se quiser, eu tenho testemunhas, eu tenho provas! – Apontou para a marca em seu rosto – Eu posso acabar com a sua vida imunda em um minuto!

— Ah, sobre o que aconteceu a menos de uma hora atrás? Esquece isso, gata, eu te desculpo, você não tem culpa de ter merda no lugar do cérebro. Além do mais, seu rosto ficou BEM melhor com esse pequeno diferencial. Quer que eu faça do outro lado também?

Ela rosnou, vindo em minha direção com os punhos fechados e eu ri alto.

— Eu não tenho medo de suas palavras, Isabella.

— E nem eu tenho medo de qualquer coisa que venha de você, Katrina. Quer que eu seja demitida? Pode ir lá me demitir. Quer me ameaçar? Pode ameaçar, fique a vontade. Quer me matar? Pode me matar, mas eu não vou morrer sem antes mostrar pra todo mundo a vagabunda manipuladora que você é! – Me levantei do sofá, jogando meus óculos de sol onde antes eu estava sentada; queria ver a cara de sonsa dela diretamente.

Kate riu e fingiu um aplauso.

— Uau, belo discurso, treinou por quanto tempo? Sete anos? Você é a covarde que foge quando as coisas apertam e SEMPRE será assim, eu sei que uma hora ou outra você irá se amedrontar e correr para o colinho daquela sua babá velha.

— Pode me testar se quiser, mas assim como eu sei que você nunca vai desistir, você também sabe que eu nunca a deixarei em paz! – Estávamos agora a centímetros de distancia e praticamente cuspi as palavras em sua cara.

— Isabella – Ela deu um sorriso debochado antes de continuar e eu só conseguia pensar em quebrar todos os seus dentes – Ninguém aqui nessa casa se importa mais com você. Nem eu, nem Edward e nem mesmo os meninos. Supere.

— Sua vaca maldita – Eu tremia e sentia que a explosão estava perto.

Ela sorriu mais ainda e se afastou alguns passos, ainda de frente para mim.

— Ah, e espero que você tenha se despedido nos meninos na escola, porque amanhã mesmo estaremos nos mudando para bem longe daqui e você nunca, nunca mais irá vê-los.

Não aguentei, aquele foi a gota d’água e avancei em seu pescoço.

— SUA VADIA IMUNDA, DEVOLVE OS MEUS FILHOS! OS MEUS FILHOS! VOCÊ NÃO IRÁ TOCAR MAIS UM DEDO NELES!

Eu apertava o pescoço de Kate enquanto via vermelho.

Kate agarrou meu pescoço com uma mão e com a outra, tampou minha boca,  empurrando meu corpo até minha cabeça se chocar com força na parede com um baque surdo.

Meu gemido de dor foi abafado por sua mão e eu continuava a segurar a garganta dela. Sentia meus olhos brilharem à medida que seu rosto ficava cada vez mais vermelho.

— Nunca, NUNCA MAIS, fale isso alto, sua vagabunda! – Ela rosnou, sua voz saindo sufocada.

Puxei seus cabelos e senti alguns fios se romperem em meus dedos. Kate gritou ao mesmo tempo em que eu me soltava de seu aperto e lhe dava outro tapa na cara, dessa vez do lado contrário, fazendo seu rosto virar com força e então, ela se encolheu, dando alguns passos para trás.

— O que foi, Kate? Medo de brigar comigo? O que você tem a perder, hein? A porra da sua vida escrota já é uma mentira mesmo!

— Eu vou chamar a polícia!

— E vai inventar outra mentira!? Dizer que eu que comecei com tudo isso!? Dizer que Noah e Dimitri são seus filhos biológicos!? Será que o resto da família sabe? O que acha de eu tirar um pouco de sangue seu para o teste de DNA, hein?

— Você nunca vai tirá-los de mim! Eles a odeiam! Eles amam a mim! É a mim que eles chamam de mãe! Fui eu que cuidei desses meninos antes de você os abandonar!

— Você que os tirou de mim, puta desgraçada! Você fugiu com os MEUS filhos, você os sequestrou! – Parti para cima dela de novo, agarrando seus cabelos e a jogando no chão.

Kate se debatia sob meu corpo, agarrando meus cabelos e arranhando minha cara e eu fazia o mesmo com ela. Minhas mãos foram famintas até seu pescoço, na tentativa de sufocá-la. Kate repetiu meu movimento e eu levantei sua cabeça do chão pelo pescoço e a bati contra o piso com força.

Ela fechou os olhos com dor e eu sorri satisfeita, mesmo que sentisse meu rosto arder com seus arranhões .

Eu parecia um psicopata, mas não ligava.

Kate gritou e puxou meu cabelo com tanta força, que me fez vacilar e ela conseguiu sair debaixo de mim, se levantando e dando um pontapé em meu estômago que me fez gemer de dor e me inclinar abraçando meu próprio corpo.

— Era isso o que queria, Isabella? Brigar? Descontar SEUS erros em mim? Parabéns, só conseguiu provar que você é louca! Delinquente! Patética!

Me levantei no chão com um pouco de dificuldade, ainda sentindo dor.

— Eu confiei em você! Eu confiei as duas coisas mais importantes da minha vida a você e você me enganou!

Eu gritava a fuzilando com os olhos.

Ódio era a única coisa que eu sentia.

— VOCÊ FOI A IDOTA! QUE VIDA DARIA A ELES!? UMA POBRE, DELINQUENTE QUE PIROU QUANDO DESCOBRIU QUE ESTAVA GRÁVIDA E RESOLVEU FUGIR! – Ela parou e respirou fundo – Me diz, Isabella, como a porra da cadela no cio que você é, iria conseguir cuidar de duas crianças SEM UM PAI?

— ISSO NUNCA FOI O QUE COMBINAMOS! VOCÊ É UMA VADIA DESGRAÇADA QUE FODE COM A VIDA DOS OUTROS SÓ PORQUE NÃO SUPORTA QUE OS OUTROS SEJAM MAIS FELIZES QUE VOCÊ!

— EU NUNCA IA QUERER A MERDA DA SUA VIDA! EU SALVEI AQUELAS CRIANÇAS! NEM VOCÊ SABIA O QUÊ QUERIA DA VIDA! A PORRA DO SEU PAI MORREU E SUA MÃE SE LIVROU DA FILHA VAGABUNDA QUE É VOCÊ!

— QUER ME CHAMAR DE VAGABUNDA, FILHA DA PUTA? – Kate levantou um dedo, me silenciando.

— Bom, você é a vagabunda que abandona os filhos, assim como sua mãe também foi a vagabunda que abandona os filhos. Isso é algum problema psicológico de família? Ou desenvolveu ele depois de ser criada por uma babá?

— EU NUNCA PRECISEI SEQUESTRAR CRIANÇA ALGUMA PARA COBRIR QUALQUER PORRA DE BURACO! QUEM PRECISOU FAZER ISSO FOI VOCÊ COM A VIDA DE MERDA QUE VOCÊ LEVAVA! VOCÊ É TÃO MISERÁVEL QUE NA PORRA DESSA SUA VIDA, AS COISAS QUE ERAM PARA SER AS MAIS IMPORTANTES SÃO UMA FARSA!

— EU OS CRIEI, ELES ME CHAMAM DE MÃE! SÓ O QUE VOCÊ FEZ FOI VISITÁ-LOS NO NATAL! VOCÊ NUNCA FOI E NUNCA SERÁ UMA MÃE PARA ELES! ELES SÃO MEUS FILHOS!

— FAÇA A MERDA DOS SEUS PRÓPRIOS FILHOS, KATRINA, E DEIXE OS MEUS EM PAZ!

Kate congelou e eu ofeguei ao notar o que havia dito.

— Kate, eu...

Ela balançou a cabeça e levantou a mão, me impedindo de prosseguir.

Ela ficou encarando o chão durante alguns minutos, trêmula e eu a observava com culpa. Os únicos sons da casa eram nossas respirações ofegantes pela briga e pela gritaria.

— Saia da minha casa – Ela disse depois de alguns minutos.

— Kate, eu não queria dizer isso, eu...

— Saia agora da minha casa ou eu chamarei a polícia e aí sim que você nunca verá nenhum fio de cabelo dos meninos pelo resto de sua vida!

A raiva voltou, dividindo espaço com a culpa dentro de mim.

— A polícia saberá que eles são meus pelo exame de DNA.

— Sou eu que tenho o direito sobre eles, é o meu nome que carregam. Para todos os efeitos, podemos dizer que você era uma drogada que me deu as crianças depois de eu convencê-la a não abortar os bebês!

— Você é uma cretina!

— Pode me chamar do que quiser, nada vai me ferir tanto quando se referir à Eve! Isso sim foi sua maior jogada! Está feliz por me deixar assim!? – Ela indicou seu próprio rosto que agora estava com vários arranhões. Mas ela se referia às lágrimas.

— Eu disse sem pensar, eu nunca diria algo assim porque SEI como é perder meus filhos! E assim como você também sabe, deve saber o quanto dói em mim não tê-los me chamando de mamãe como chamam você! – Funguei e pisquei várias vezes na tentativa frustrada de espantar minhas próprias lágrimas.

Kate negou com a cabeça.

— Justamente por saber como é perder a pessoa mais importante da minha vida, que eu nunca vou abandoná-los!

— E justamente por ter vivido longe deles por sete anos que não irei desistir.

— Isso nunca irá acabar.

Assenti.

— Nunca.

— Vá embora, eu nunca mais quero ver seu rosto novamente.

— É – Concordei com raiva -, também gostaria de nunca mais ter que olhar nessa sua cara cínica, mas eu irei te atormentar todos os dias, até conseguir meus meninos de volta.

— Isso nunca vai acontecer.

— Espere para ver – Desafiei chegando perigosamente perto dela.

Nos encaramos profundamente durante alguns segundos; eu via raiva, dor e uma dose de desafio em seu olhar e deixei que o meu olhar transparecesse todo o ódio que sentia por ela, toda a vontade que eu tinha de recuperar meus filhos e toda a coragem que habitava em mim para que eu fizesse o possível e o impossível para isso acontecer, sem me preocupar com emprego, dinheiro ou qualquer outra coisa.

Finalmente, desviei o olhar e passei trombando em seu ombro em direção à porta que não fiz questão de fechar novamente.

Entrei no carro e fiz a ligação que mais esperei fazer durante todos esses anos.

— Alô?— A voz grossa soou.

— Emmet, eu a encontrei. Acabe com a porcaria da vida dessa vagabunda.


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Notas finais do capítulo

AI QUE DELÍCIA FINALMENTE POSTAR ISSO!

*****COMENTEM*****

Pois quero saber o que acharam!

Agora entenderam o real motivo da Bella ter ido embora?

Preciso saber o que vcs acharam aaaaaaaaaaa



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